sábado, junho 30, 2018

De volta à URSS: o simulador perfeito do sonho socialista

Alguns anos atrás, o blogueiro ucraniano Albert Tolokonnikov, escreveu um texto brilhante que é uma leitura obrigatória para todos os fãs da União Soviética. Albert criou um manual prático, que pode ser implementado na vida real – a receita mágica, mas bastante simples.

Hoje apresentaremos aos nossos leitores a receita prática que permite voltar à União Soviética dos anos 1960-1980, em forma de uma instrução detalhada do tipo “passo à passo”:

1. Você aceita o emprego em um qualquer instituto de pesquisa científica (ou outra instituição do estado) bastante moribunda.
Líder soviético Konstantin Chernenko (13 de fevereiro de 1984 — 10 de março de 1985)
com esposa Anna D. Lyubimova
2. Desconecta a Internet e o telefone celular, deixando na sua TV unicamente o 1º Canal da televisão russa (funciona bem apenas na Rússia, noutros países assiste, então, apenas um único canal estatal, onde estes canais da TV ainda funcionam).

3. Substitua o papel higiénico por jornais.

4. Para alimentação pode comprar a mortadela de boa qualidade, pão, leite, conservas de laminaria, a vodca barata, queijo tipo mussarela de produção nacional (nunca mozzarella importado, muito menos italiano), massas e chá baratas e de má qualidade, a cerveja nacional terá que ser diluída com água, os legumes apenas meio podres e de fruta se permite somente a maçã.

5. Antes de efetuar qualquer compra, para simular a fila, deve ficar em frente da loja entre 20 à 2.000 minutos.

6. Se for possível, compre uma “Lada” e concerte a viatura sozinho, sem ajuda do mecânico. Para trabalhar se desloque usando apenas o transporte público.

7. Não pode usar a roupa de boa qualidade. Os sapatos devem ser os mais baratos e sempre deixar passar água, os pés sempre devem ficar molhados.

8. Os dentes devem ser tratados sem uso da anestesia.

9. E, mais importante, terá que criar a sensação de insensatez do quotidiano e de angústia sem fim. Se for possível reproduzir estes dois elementos, haverá a imersão quase completa na URSS. Na verdade, aos jovens de esquerda, adoradores e defensores das coisas que desconhecem e dos regimes que nunca viram, recomenda-se a organização dessa experiência algumas vezes por ano.

E vocês, queridos leitores do nosso blogue, gostaram da receita? Quem de vocês tem a coragem de experimentar este tipo de simulador? Nem que seja por apenas uma semana?

Fotos: GettyImages | Internet | Texto: Albert Tolokonnikov e (Ucrânia em África).

A Cuba e terror brasileiro: a morte do Mário Kozel Filho

No dia 26 de junho de 1968, o grupo terrorista brasileiro VPR atacou o QG do II Exército, o atual Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo. Em resultado do ataque perdeu a vida o soldado Mário Kozel Filho (18) e outros 6 militares brasileiros foram feridos.
Sargento (à título póstumo) Mário Kozel Filho, 18 anos para sempre
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O livro 1964: O elo perdido traz ao público a lista de terroristas brasileiros que viajaram para Cuba via Praga na “Ação Manuel” (operação de transporte clandestino para treino em terrorismo urbano). Um dos nomes da lista foi acusado do atentado que ceifou a vida do jovem soldado e marcou para sempre os restantes militares envolvidos.
Therezinha e Mário Kozel seguram foto do filho Mário Kozel Filho, soldado morto em atentado em 1968,
foto: 26.jun.1970 - Folhapress/26.jun.1970 - Folhapress
Militares e civis prestam homenagem a Mário Kozel Filho, no cemitério do Araçá, dois anos após a sua morte,
foto: 26.jun.1970 - Folhapress/26.jun.1970 - Folhapress
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Homenagem do General Villas Boas, 27/06/2018

quinta-feira, junho 28, 2018

A disputa pela compensação monetária do mercenário russo morto na Síria

Na Rússia decorreu a primeira disputa judicial sobre a compensação monetária que EMP russa grupo Vagner paga aos seus efetivos feridos e mortos. Os pais de um mercenário morto processaram a viúva que se recusava à partilhar o “bolo” com os sogros por estes “serem velhos e com pouco tempo de vida”, informa o serviço russo da rádio BBC.

O russo Andrei Litvinov vivia na província de Chelyabinsk, trabalhava como estivador-expeditor no supermercado local, depois como o guarda. No verão de 2017 foi para Síria, mas antes disso fez o curso de preparação na base da EMP “grupo Vagner” na localidade de Molkino, na região russa de Krasnodar.
Tanques T-72 no polígono de Molkino na região russa de Krasnodar. 18 de março de 2017
foto: Vitaly Timkiv / TASS / Vida Press
Os pais velhos não sabiam da sua decisão, a segunda esposa sabia e três vezes recebei o salário do marido: «Não tinha dívidas, não tinha créditos por pagar. Podia viver ao seu belo prazer. Mas queria construir um curral e comprar a viatura nova» — conta a mãe.
Mãe com retrato do filho
Andrei Litvinov e pelo menos outros cinco cidadãos russos morreram num único combate no dia 28 de setembro de 2017 nos arredores da cidade de Tais na província de Homs. O seu atestado de óbito diz: «carbonização do corpo». A «carga-200» chegou à Rússia em Outubro, na cidade de Rostov-on-Don a viúva e irmão receberam o caixão, as “medalhas” não oficiais (sem nenhum valor legal) e compensação pela morte do mercenário: 5 milhões de rublos, mais o salário e subsídio de enterro, no total equivalente aos cerca de 83.560,36 dólares americanos.
Atestado de óbito emitido pelo Consulado russo em Damasco
Cerca de 40 dias depois os pais velhos do mercenário abordaram a viúva, exigindo 1 milhão de rublos (cerca de 15.886,00 dólares): “para comprar uma viatura ao marido, construir a cerca, arranjar os nossos dentes e colocar o resto na conta da sua filha do primeiro casamento até a idade adulta”, explica  a mãe, Nadezhda Litvinova. Mas a viúva respondeu: “Vocês são velhos, não tem muito que viver, para que precisam de dinheiro”.

Mãe até se queixou telefonicamente ao “EMP Vagner”. Explicou que a nora ficou com todo o valor e disse aos velhos: “fuck you”.

Em abril de 2018, os pais de Litvinov entraram na justiça russa com uma ação judicial contra a nora – exigindo que os cinco milhões da EMP “grupo Vagner” sejam colocados no “bolo” geral da herança do mercenário, para ser partilhado entre todos os herdeiros. Esta é a primeira vez na história russa que um tribunal tinha que lidar com a “compensação paralela” – as autoridades russas simplesmente não reconhecem oficialmente a existência da EMP “grupo Vagner”.
O comandante da EMP "grupo Vagner" Dmitry Utkin no Kremlin
 
O Comissariado Militar de Chelyabinsk não tem dados
de como os russos param na Síria e como morrem lá...
Na secção do julgamento, que decorreu no dia 22 de junho, os pais do mercenário explicavam que o seu filho trabalhava para uma empresa militar privada (EMP) e combateu na Síria. O juiz pediu para confirmar essa alegação de forma documental e aconselhou aos velhos assistir menos a TV, dado ele próprio não encontrou no registo de entidades jurídicas russas nenhuma EMP “grupo Vagner”. A advogada da viúva explicou que Andrei Litvinov trabalhou na Síria na plantação, “na coleta de frutas e vegetais”, e que os cinco milhões de rublos é apenas um presente que não é obrigatório à compartilhar com outros herdeiros. O tribunal indeferiu a ação dos pais.
Dado que oficialmente a EMP grupo Vagner não existe na Rússia,
a procuradoria militar não investiga a morte dos seus combatentes
Bem, você mesmo acredita que ele foi lá para coletar fruta?” – novamente interferiu a mãe do mercenário falecido. “Considero que sim”, respondeu a advogada. — As pessoas viajam para outros países e mesmo para a África, podem ir ao qualquer país para ganhar dinheiro. Uma pessoa física ou jurídica ofereceu à ela [viúva] este dinheiro. Não é necessariamente por causa de uma morte qualquer”.
Cartoon soviético de 1987. O burocrata ao veterano soviético do Afeganistão:
"Eu não mandei você para lá..."
No fim da secção, após a sua ação for indeferida, os pais do mercenário falecido saíram à vazia rua central que se estende por toda a sua localidade: “chegará a hora, e o governo reconhece que nossos meninos estavam lá e eram verdadeiros patriotas”, diz Nadezhda Litvinova na despedida...

Blogueiro: neste momento não existe a informação sobre a possível participação do Andrei V. Litvinov (07.01.1976 – 28.09.2017) nas atividades terroristas russas no leste da Ucrânia.

8 factos que você (possivelmente) não sabia sobre George Orwell e a sua distopia «1984»

Diversas distopias tenham sido escritas antes e depois de “1984” do George Orwell – mas foi a sua obra que, de uma forma fundamental e com muita precisão registou os horrores do totalitarismo de esquerda, apoiados pela propaganda estatal sem limites.

A luta contra totalitarismo
Em dezembro de 1936, George Orwell chegou à Espanha – para participar na guerra civil nas fileiras do POUM (Partido Operário de Unificação Marxista), partido oposto à influência de Estaline e em luta contra os nacionalistas. Na Espanha, Orwell passou cerca de seis meses até ser ferido por um atirador alemão. O tiro atingiu o pescoço do escritor e, de acordo com suas memórias, muitos disseram que, após essa lesão, apenas os sortudos sobrevivem. Embora o próprio Orwell tivesse uma opinião ligeiramente diferente, e acreditava que, se ele realmente fosse um homem de sorte, simplesmente seria capaz de evitar o tal ferimento. Em julho de 1937, o escritor retornou à Grã-Bretanha e, após a recuperação no sanatório do condado de Kent, começou a trabalhar na novela “Em memória da Catalunha”, na qual ele descreveu sua experiência de luta armada contra o totalitarismo nazi.
Orwell na BBC
Com o início da Segunda Guerra Mundial, Orwell novamente tentou ir à frente, mas em 1938 ele foi diagnosticado com tuberculose – não conseguindo passar pela comissão médica. No entanto, ele lutou contra os nazis na guerra de propaganda: durante dois anos ele estava conduzindo o seu próprio programa na BBC.

O romance “1984” nasceu de uma parábola sobre o golpe bolchevique russo de 1917
A capa da edição britânica da “A Revolução dos Bichos” | “A Quinta dos Animais”
Em 1946 Orwell publicou um ensaio intitulado “Por que eu escrevo”, no qual ele disse que quase todas as suas obras, ele direta ou indiretamente queria prejudicar o totalitarismo. Uma das suas obras mais conhecidas é a sua distopia “A Revolução dos Bichos” (no Brasil) ou “A Quinta dos Animais” (em Portugal): no exemplo de uma farma/fazenda – onde os animais domésticos se revoltaram e expulsaram o seu mestre – o autor descreveu a forma como as ideias de igualdade universal se transformam numa ditadura brutal. Orwell trabalhou na obra entre novembro 1943 à dezembro de 1944 e não escondia o facto de que seu conto é uma sátira sobre os acontecimentos da Rússia bolchevique de 1917.
"Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros" - uma das principais frases da obra
A tradução ucraniana da distopia “A Revolução dos Bichos” (sob o nome Kolkhoze dos animais) foi a primeira tradução estrangeira da obra, publicada em 1947. Ao pedido dos refugiados políticos ucranianos, George Orwell deu a sua autorização para a tradução, prescindiu dos honorários e até suportou financeiramente a edição ucraniana. O tradutor ucraniano, Ihor Shevchenko (mais tarde se tornou o professor em Harvard), que na altura usava o pseudónimo Ivan Chernyatynskiy, optou pela palavra kolkhoze, para melhor situar os seus leitores contemporâneos. 
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Quase 45 anos após a publicação original do livro, na URSS, foi publicada a sua tradução russa, nas páginas da revista letã “Rodnik”, já após o início da Perestroika, em 1988.

Absurdo lendário “2 + 2 = 5” como tributo aos planos quinquenais soviéticos
“Assignment in Utopia” com autógrafo do Eugene Lyons
No romance há um interessante reflexo do personagem principal sobre o poder do partido e do Big Brother, que não precisa muito para obrigar todos acreditarem que dois mais dois são cinco. Este absurdo aritmético – simples e terrível – foi visto pelo Orwell, de acordo como os estudiosos da sua obra no livro “Assignment in Utopia” (1937), do jornalista norte-americano Eugene Lyons, que descreveu a sua estadia na União Soviética (1928-1934). No livro essa equação foi mencionada no capítulo dedicado aos planos quinquenais soviéticos, quando o plano quinquenal alegadamente era cumprido em quatro anos.
"Aritmética do contra plano industrial financeiro, mais entusiasmo dos operários"
Cartaz de 1931 da autoria de Yakov Guminer, que morreu de fome em Leninegrado em 1942.  
Orwell usou esse absurdo aritmético no seu trabalho “Recordando a Guerra na Espanha” (1943):

«A teoria nazista simplesmente nega que existe a própria noção de “verdade”. Este é o caminho direto para um mundo horrível, onde o líder ou o partido controla não apenas o futuro, mas também o passado. Se o líder disser que algo nunca aconteceu – então não aconteceu. Se o líder quiser que dois mais dois sejam iguais a cinco – será igual ao cinco. E isso me assusta muito mais do que as bombas».

Romance poderia ter outro título
"Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força": três pilares do duplo pensamento
No processo da escrita o livro mudou seu nome por várias vezes. O primeiro título de trabalho foi “O último homem na Europa”, que mais tarde mudou para “Os vivos e os mortos”. Em algum momento, Orwell decide usar no título o ano em que se desenvolve o trama do livro. Primeiro era 1980, que passou para 1982 e, no final, ele escolheu 1984. A editora não ficou satisfeita com essa ideia e insistia para que o autor escolhesse um título que desse aos leitores pelo menos uma vaga ideia sobre o que era o livro. Mas Orwell foi inflexível e conseguiu defender a sua posição.
A obra do artista francês Guillaume Morellec, 2016
Até hoje não está muito claro por que o autor escolheu 1984 como o tempo da ação do seu romance. A versão mais comum diz que “1984” é uma espécie de “data-espelhada”: Orwell terminou o romance em 1948.

«1984» é apenas um remake livre do livro "Nós" do Yevgeny Zamyatin
Capas de diversas edições do romance "Nós"
Alguns estudiosos da obra do Orwell sugerem que existe uma enorme influência sobre o “1984” por parte da distopia Nós do escritor russo Yevgeny Zamyatin. Esta obra também é dedicada ao futuro do Estado totalitário e contém muitos paralelos com a obra de George Orwell, por exemplo, Estado Único e Benfeitor facilmente recordam Oceania e Big Brother. Orwell estava familiarizado com a obra de Zamyatin, em 1946 ele se tornou o revisor da edição britânica do romance “Nós”, assim como na sua correspondência Orwell expressou grande interesse neste tipo de literatura. 
Ilustração do romance de Zamyatin "Nós"
Tal como “1984”, a distopia de Zamiatin foi publicada pela primeira vez na URSS somente em 1988.

O destino do romance confirmou suas teses amargas
Mapa político do mundo segundo o romance "1984"
Descrevendo a política externa da Oceânia, Orwell criou a fórmula da guerra sem fim: o Estado está em constante confronto com o Ostásia, ou em seguida, com a Eurásia. As vitórias sempre foram exageradas, as derrotas foram silenciadas ou subestimadas; o conflito com uma das potências rivais foi sempre acompanhado por um acaloramento das relações com a outra, com a subsequente mudança obrigatória de papéis. No segundo capítulo do romance, esse estado de coisas foi descrito da seguinte maneira: “A Oceânia está em guerra com Ostásia / Eurásia. A Oceânia sempre lutou contra a Ostásia / Eurásia”. Os funcionários do Ministério da Verdade só precisam ajustar os documentos de arquivo, alinhando-os com os interesses atuais do partido e do Big Brother.
A obra do artista A. Romanov
Desde a sua publicação, “1984” foi percebido na URSS como literatura subversiva, destinado a enfraquecer a ordem comunista existente: a decisão foi tomada por autoridades oficiais da censura soviética, o que tornou-se público após o colapso da União Soviética e da abertura dos arquivos. Com início da Perestroika, na URSS foi dada a nova ordem para neutralizando o efeito do conjunto de artigos incriminatórios, publicados na imprensa soviética contra George Orwell na década de 1950: “A URSS é amiga / inimiga do Orwell. A URSS SEMPRE era amiga / inimiga do Orwell”.

O romance “1984” teve duas sequelas literárias

O romance sonante teve duas sequelas, escritas por dois autores diferentes e independentes um do outro.
A edição brasileira (?) de "1985" do Anthony Burgess
O primeiro romance é da autoria do britânico Anthony Burgess, conhecido pelo seu livro “Laranja Mecânica”: um romance de culto sobre a violência, imortalizado no cinema pelo Stanley Kubrick. Burgess chamou a sua novela de “1985”, dividiu-a em duas partes. Na primeira, o autor faz uma análise do trabalho de Orwell, e na segunda ele conta sua própria versão da vida no país totalitário do futuro, onde os bombeiros entram em greve durante um incêndio e as ruas são controlados pelo crime. O livro foi publicado em 1978.
A edição francesa do György Dalos
O segundo romance foi escrito pelo dissidente húngaro György Dalos e sua versão, ao contrário de Burgess, tornou-se uma continuação direta do romance “1984”. Os eventos de seu livro – também intitulado “1985” – começam com a morte do Big Brother e subsequente amolecimento gradual do sistema estatal. Romance do Dalos foi publicado em 1983.

Orwell morreu, sem saber sobre o triunfo da sua obra

Desde o final dos anos 1930 até o final dos anos 1940 – Orwell foi constantemente criticado. Primeiro, ele foi severamente atacado por representantes de vários movimentos comunistas e socialistas, que desfrutavam uma considerável popularidade na Grã-Bretanha e abertamente simpatizavam com a União Soviética (Orwell, ao contrário, era categoricamente contra a identificação do socialismo com a URSS). Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a URSS totalitária tornou-se uma aliada na luta contra o 3º Reich e os Países do Eixo, e portanto as obras críticas de Orwell foram simplesmente ignoradas. “1984” foi muito desconfortável e visto como contrário da linha geral de amizade com Estaline e com a URSS.
Orwell na capa da edição de novembro da revista Time, 1983
Terminado o romance em 1948, Orwell, recebeu a recusa de vinte editoras e conseguiu a primeira publicação apenas em meados de 1949 com a tiragem mínima de 1.000 exemplares. Seis meses depois Orwell morreu: a sua morte coincidiu com a formação da NATO/OTAN e a declaração aberta da URSS como o inimigo geopolítico do mundo livre. Em total concordância com o romance, a linha ideológica britânica mudou 180 graus: a Guerra Fria começou e o romance de Orwell foi visto como uma boa arma literária contra o comunismo. Os eventos foram uma confirmação das teses do Orwell; teses, que não perdem sua relevância até os dias de hoje [fonte].

quarta-feira, junho 27, 2018

O terrorista brasileiro Rafael Lusvarghi é abandonado pelo seu advogado

O Tribunal Interdistrital da região ucraniana de Dnipropetrovsk, atendendo o pedido da Procuradoria (MP), extendeu, por mais dois meses, a detenção do terrorista brasileiro Rafael Lusvarghi, nomeadamente até o dia 24 de agosto de 2018, informa a dio Svoboda.

Além disso, no dia 26 de junho, às 14h30, o mesmo tribunal, na presença de três juízes, efetuou a secção ordinária em que o terrorista brasileiro é acusado ao abrigo 1ª parte do Art. 258-3 e da 2ª parte do Art. 260 do Código Penal da Ucrânia – “participação nas formações ilegais armadas e nas organizações terroristas”.

É de notar que o advogado do terrorista, Valentim Rybin, não apareceu no tribunal, alegando que “tem coisas muito importantes em Kyiv, incluindo os processos judiciais”. Na ausência do advogado, que está engajado em vários processos, sempre em defesa dos terroristas russos ou separatistas locais, a seção do dia 26 decorreu na presença do advogado oficioso, apontado pelo estado ucraniano. O que significa que Lusvarghi concordou com essa mudança e com a sua defesa pelo advogado oficioso.
Lusvarghi explica que é um nazi(sta) e "desde pivete"
A próxima secção do tribunal foi marcada para o dia 21 de agosto de 2018 às 13h00.

terça-feira, junho 26, 2018

Os massacres comunistas soviéticos na Lituânia ocupada em 1941

Uma série de massacres foram organizados e executados pelo NKVD na Lituânia ocupada em junho de 1941, apenas alguns dias após o início da guerra nazi-soviética. A sua brutalidade desumana se ombreia e mesmo supera a violência nazi exercida na mesma época.   

Massacre de Rainiai: 24-25 de junho 24-25 de 1941
As fotos de arquivo relativas aos massacres soviéticos de Rainiai, de Pravieniškės e de Panevėžys.
O massacre de Rainiai (em lituano: Rainių žudynės) foi o assassinato em massa de 70 à 80 prisioneiros políticos na Lituânia, ocorrido na noite de 24 à 25 de junho de 1941, com a ajuda do Exército Vermelho (RKKA), na floresta perto de Telšiai. Foi um dos muitos massacres similares realizados pelas forças soviéticas na Lituânia, e em outras partes da URSS, em junho de 1941. Milhares de pessoas foram mortas nesses massacres. O massacre de Rainiai de longe não foi o maior desses massacres, mas é um dos mais conhecidos, devido à brutalidade e às torturas. Atrocidades semelhantes foram cometidas em outros lugares, como o massacre de Tartu, no qual quase duzentos e cinquenta pessoas foram assassinadas.

“De acordo com o exame do legista após a exumação, tanto o relatório como os testemunhos de testemunhas oculares, se conclui que os soviéticos cortavam as línguas, orelhas, genitais, couro cabeludo, colocaram genitais na boca, vazavam os olhos, arrancaram as unhas, fizeram cintos da pele de vítimas, amarrando, dessa maneira as suas mãos, queimando as vítimas com tochas e ácido, esmagando ossos e crânios, tudo isso foi feito enquanto os prisioneiros ainda estavam vivos”.

Massacre de Pravieniškės: antes de 24 de junho 26, 1941

“Prisão de Pravieniškės, perto de Kaunas: em junho de 1941, o NKVD assassinou 260 presos políticos e todo o pessoal auxiliar lituano que trabalhava naquela prisão”.

Massacre de Panevėžys, 26 de junho de 1941

“Operárias de fábrica de açúcar estupradas, torturadas, mortas”.

Ler mais: inglês | espanhol  

Fonte: “Forgotten Soviet War Crime”, A. Šiušaitė, V. Landsbergis, Vilnius 2007, EPP-ED, descarregar/baixar livremente em inglês: Rainiai (PDF, 112 pp.)

Ver o documentário «Kodėl mes bėgome» («Por que fugimos») feito em 1951-1960 pelos refugiados lituanos (Vytautas Beleckas e K. Matuzas) sobre as atrocidades soviéticas na Lituânia em junho de 1941:

Ver o filme completo “Vienui Vieni” (Absolutamente Sozinhos) que se baseia na vida real do Juozas Lukša (nom de guerre Daumantas), o líder insurgente lituano que lutou contra a ocupação soviética do seu país após o fim da II G.M.:

Ver o trecho do filme “Pavergtųjų sukilimas” (Revolta dos Cativos) que conta a história da Revolta de junho dos militantes da Frente dos Activistas Lituanos contra os nazis que teve lugar nos dias 22-28 de Junho de 1941: