quinta-feira, março 31, 2016

Guerra na Ucrânia: o quotidiano da linha da frente

Desde dia 27 a linha da frente em Dokuchaievsk, controlada pela 72ª Brigada especial aerotransportada da guarda das FAU, vive uma certa acalmia. Embora os grupos russo-terroristas usam os franco-atiradores, os seus grupos de sabotagem tentam penetrar na retaguarda ucraniana, à procura dos pontos mais acessíveis das suas defesas.  

A fotógrafa e voluntária ucraniana Olena Bilozerska, próxima da ala militar do “Setor da Direita” conta como é viver a vida quotidiana na linha da frente...


Claro, na vida quotidiana, usamos a loiça diferente :)
A vida diária, de propósito, gradualmente fica melhor. Eu recebi a luz e até mesmo a minha própria tomada elétrica e a minha própria extensão! Não se riam, vocês sabem quantos dispositivos electrónicos eu tenho na linha da frente que precisam de serem carregados? Seis. Este é um recorde absoluto na nossa unidade.

Aquecimento, não há, como não havia, mas a rua está se aquecendo, assim, em breve, o aquecimento já não será muito necessário.

Dois últimos dias tivemos problemas com alimentos. Os nossos acabaram e nós fomos alimentados pelo pessoal das FAU. Ou seja, na base temos muita comida, mas não temos o transporte próprio e nem sempre podemos ir à onde precisamos. Hoje trouxeram a comida da base, teremos um banquete :)

Ontem à noite, a propósito, tivemos uma pequena guerra. O adversário alvejou as nossas posições com uma dúzia de mísseis antitanque, usava os morteiros AGS, metralhadoras pesadas e lança-minas. Os nossos, claro, respondiam com tudo, por isso está tudo bem.

Bem, parece que são todas as nossas novidades. Vou embora, senão os meus queridos malandros vão comer tudo sem mim :)


Viver sem a electricidade e sem o aquecimento não é tão difícil como pode parecer. Ainda mais, porque alguns dos nossos já tem tudo isso, então há uma esperança de que em breve tudo isso estará ao meu alcance.

Difícil é outra coisa: perceber que a zona industrial de Avdiivka é o inferno e não estar lá.
Anteontem telefonei ao Yuri Skrebets, famoso neurocirurgião e chefe médico da do posto “Mechka”. Todas as suas férias ele gasta na linha da frente como um simples paramédico com nome de guerra Yuzyk. Yuri disse: “Temos aqui o Estalinegrado. Diariamente 15-17 feridos. Combates de armas ligeiras numa distância de 50 metros. Eu posso vê-los, eles me podem ver – não é à toa que cá cheguei”. Foi antes de ontem. Ontem Yuri já estava no hospital – retirava os feridos e perto da ambulância caiu o morteiro de 120 mm. A contusão forte. Pelo menos, assim me disseram os voluntários da unidade Hospitallers.

Yuri Skrebets é um herói.

Na nossa base tudo é muito tranquilo. No período noturno, nos últimos três ou quatro dias alguns morteiros vão caindo e é tudo, todo o resto acontece muito raramente. Os feridos são poucos, são principalmente “surpresas”, os sérios, graças à Deus, não temos.

Eu acho que agora é assim, em todos os lugares onde deste ou daquele motivo existem as “zonas cinzentas”. Temos uma “zona cinzenta” bastante pequena, mas ainda está lá. O nosso comandante entende que todos nós agora pensamos sobre a zona industrial, e diz que alguém tem que estar aqui.

Consolo-me com o pensamento de que é possível visitar “Estalinegrado” por um ou dois dias e voltar de lá ferida, por não sei quantos dias ou até para sempre. Pois a guerra está em curso. E alguém tem que estar aqui. E até o final da guerra alguém tem que estar em lados diversos. Todas as noites, em todas as posições frias, em todos os postos de observação – alguém tem que lá ficar. Alguém tem que ir até a pequena zona neutra. A guerra em 90% é composta por isso.

Não estamos aqui...
Dmytro Yarosh e a inscrição na parede à verde: "não estamos aqui"...
No dia 17 de março o deputado e chefe do Exército Voluntário da Ucrânia (UDA), Dmytro Yarosh e o comandante do 8º Batalhão do UDA “Aratta”, Andriy “Cherven” Gergert, visitaram as forças ucranianas na vila de Shyrokyne. Dmytro Yarosh [que deixou a liderança do “Setor da Direita”] disse na conversa com os voluntários ucranianos que ficou encantado com o espírito de luta dos nossos. Yarosh frisou que a vitória será ucraniana, mas que essa não será nem rápida, nem fácil, que esta guerra ainda está para durar.
Voluntários ucranianos com Dmytro Yarosh em Shyrokyne  
Ver mais fotos da vila de Shyrokyne após esta for visitada pelo mundo russo:

quarta-feira, março 30, 2016

Uma página Web e uma rádio angolanas na Ucrânia

A página Megaangola.com, criada na Ucrânia pelos estudantes angolanos residentes na cidade de Vinnitsya, firmou recentemente a sua primeira parceria estratégica com a dio Ucrangola, fundada pelos estudantes angolanos de Dnipropetrovsk.

Deste jeito, se uniram dois núcleos de estudantes angolanos da Ucrânia: o núcleo mais “médico” do oeste e o núcleo dos “engenheiros” do leste, falando de um modo descontraído e generalizando no bom sentido.
O CEO da MegaAngola prometeu aos seguidores das iniciativas “as boas surpresas ao respeito do crescimento das ambas e informou também que já é possível ouvir a rádio Ucrangola à partir do site. Pois as empresas possuem os  objectivos semelhantes, trazer a informação e o entretenimento ao seu público.
Os ouvintes podem seguir os programas da rádio Ucrangola no Facebook ou on-line em rádio Ucrangola, contactando a estação pelo telefone +38 0938983531

Bónus
O estudante e músico angolano residente na Ucrânia, Oseias Gime, também conhecido como Mister G, se apresentou recentemente no Festival da Cultura Internacional em Vinnitsya, onde foi bastante aplaudido ao cantar o seu novo hit chamado “Homem Fiel”. Mas antes disso, o músico deu alguns toques do clássico ucraniano “Stozhary”, apresentado pela primeira vez 35 anos atrás pelo grande cantor ucraniano Nazariy Yaremchuk.
https://www.youtube.com/watch?v=cFhXqzy59DU

terça-feira, março 29, 2016

Mulheres das FA da Ucrânia: Amina Okueva

A Internet ucraniana adorou a seção fotográfica da paramédica ucraniana de origem chechena, Amina Okueva, que mereceu a mais ampla divulgação na blogosfera da Ucrânia. Moradora de Odessa e ativista da revolução da dignidade, Amina é voluntária na Operação Antiterrorista (OAT).
Como diz a própria Amina na sua página de Facebook: “na realidade não esperava que as imagens vão cair no gosto dos internautas, não me sinto muito à vontade naquelas vestes. Mas estou contente por vocês gostaram, amigos e seguidores.) Numa outra oportunidade tentaremos fazer mais algo interessante, no mesmo estilo.)”
Amina também agradece a fotógrafa Alexandra Lisitskaja e recorda que no texto do artigo mais uma vez erradamente foi chamada de franco-atiradora.
Ver as fotos no tamanho maior.
Amina e a sua medalha popular (não oficial) "Herói da Ucrânia"
  
A exposição fotográfica “As mulheres na polícia ucraniana”
O fotógrafo americano Misha Friedman apresentou em Kyiv o seu trabalho dedicado às mulheres na nova polícia da Ucrânia. A exibição foi aberta na capital ucraniana na sexta-feira passada, como parte da DocudaysUA, o festival internacional de cinema dedicado aos direitos humanos.

Misha Friedman: “No país onde machismo existe, onde a violência doméstica é alta, ter as mulheres em uniforme, ter as mulheres que patrulham as ruas ... você sabe que eu vivo em um estado [Nova Iorque nos EUA] onde a sua presença é significativa, eu sei que se uma reforma for bem-sucedida, as mulheres estarão no seu centro”.

De acordo com as estatísticas, o número das mulheres na nova polícia ucraniana ronda 30 por cento. Todos os grupos de patrulha são mistos, compostos por um homem e uma mulher. A oficial da patrulha Oksana Kapytanska conta que os seus colegas homens tratam ela como igual, sem esquecer que ela é uma mulher.

Ler e ver mais em inglês:

segunda-feira, março 28, 2016

O Centro Ucraniano de Imprensa é lançado em português

Os ativistas da Diáspora ucraniana em Portugal lançaram na Internet em forma da página Web e na rede Facebook o Centro Ucraniano de Imprensa que pretende divulgar as notícias e organizar os eventos, dedicados à atualidade da Ucrânia em português.

O objectivo do projeto é fornecer as informações oportunas e precisas sobre os acontecimentos na Ucrânia ao público mais amplo em português.
O conteúdo do projeto: semanalmente é preparado o digest de principais notícias ucranianas em português que é oferecido aos jornalistas, especialistas em diversas áreas sociopolíticas, deputados da AR e pessoas interessadas em atualidade ucraniana e internacional, provenientes de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e outros países lusófonos.

De momento no projeto trabalha uma equipa de 6 tradutores e 2 editores do Porto e Lisboa, bem como os seus parceiros do “Ukraine Crisis Media Center” de Kyiv.

As páginas do projeto: http://uacrisis.org/pt , todos os interessados também são convidamos à seguir e compartilhar a página do Centro na Facebook.

O centro será grato pelas vossas sugestões, críticas e contribuições!

Atenciosamente, Tetiana Franchuk (Porto)
A juventude da comunidade ucraniana em Portugal

Os ucranianos de Portugal protestam contra o ex-embaixador da Ucrânia

A comunidade ucraniana residente em Portugal ficou bastante preocupada com a presença do ex-embaixador da Ucrânia Sr. Okexandr Nikonenko, apoiante fervoroso do regime corrupto do Viktor Yanukovych em particular e da política pró-russa em geral, como um dos palestrantes no III Seminário Internacional de Segurança Transatlântica que terá lugar no dia 12 de Abril de 2016 no Instituto de Defesa Nacional em Lisboa.
Foi por iniciativa da comunidade ucraniana em Portugal, que sr. Nikonenko foi convidado pelo governo ucraniano à regressar à Ucrânia e não o representar mais o país ao nível internacional porque não defendia os interesses ucranianos.

Achamos também, que na atual situação de assim chamada “guerra híbrida” que Federação Russa mantém contra Ucrânia, a representação da posição ucraniana deve ser feita pela embaixadora actual, a Sra. Inna Ohnivec que representa o governo legítimo e não pelo ex-embaixador que perdeu o nosso voto de confiança. Solicitamos aos organizadores do evento substituir a participação do Sr. Nikonenko pela Senhora embaixadora da Ucrânia.
Na nossa opinião, desta forma V. Excias ajudariam na não divulgação da propaganda do governo russo ao nível internacional que já originou diversos conflitos, entre os quais a guerra na Ucrânia.

Com os melhores cumprimentos,
Presidente da Associação dos ucranianos em Portugal, www.spilka.pt
Pavlo Sadokha

Escrever ao Instituto da Defesa Nacional:

Empresas militares privadas russas como ferramenta licenciada do terror

A comunidade voluntária internacional InformNapalm apresenta um artigo da autoria do Vyacheslav Gusarov, especialista de segurança da informação do grupo Resistência Informativa. A InforNapalm criou a infografia para visualizar os dados do artigo.

A década de 1990 caracterizou-se pela desintegração da ex-Jugoslávia, onde no verão de 1992 apareceram os primeiros “voluntários” russos, formados na guerra na Transnístria (Moldova). Vieram, alegadamente, para defender os eslavos locais.

Entre eles figurava Igor “Strelkov” Girkin, hoje amplamente conhecido pelo seu papel na invasão da Ucrânia. Os meios de comunicação russos (com lágrimas nos olhos) apresentavam estes “voluntários” como arquétipo do “patriotismo russo”.

No entanto, podemos questionar: será possível na Rússia pós-soviética sair do país com os equipamentos de combate, e até mesmo tomar parte nas hostilidades?

O escritor russo Mikhail Polikarpov assegura na biografia do Igor Girkin que várias centenas de “voluntários russos” operaram continuamente na Bósnia, em 1992-1995, usando a tática de grupos de reconhecimento e sabotagem. A base dos “voluntários” eram funcionários de empresa de segurança “Rubikon” do São Petersburgo.

Então seria lógico perguntar: será que todos eles se infiltraram na ex-Jugoslávia sob o disfarce de turistas russos? É claro, neste caso, nada seria feito sem a participação da SVR-FSB. Imediatamente após o colapso da União Soviética, as autoridades de segurança estatal criaram uma unidade especial e secreta não oficial, composta pelos profissionais militares, que foi utilizado nos diversos locais quentes da antiga União Soviética e no exterior.

Sob o pretexto da protecção dos interesses da Rússia, os militares da unidade especial eram usados nas diversas áreas de conflitos – Transnístria, Alto Karabakh, Geórgia, Crimeia.

Com o tempo, surgiu a necessidade de criar a base legal que legalizaria as atividades de grupos armados ilegais no interesse do estado russo.

A ilusão legal e regulamentar

A informatização global é uma dor de cabeça para as operações especiais russas, frequentemente os materiais indesejáveis ​​apareciam em fontes abertas. Havia uma necessidade da criação da plataforma legal, à semelhança dos países civilizados.

Uma das primeiras tentativas foi a alteração da lei russa “Sobre o armamento” (2008), que permitiu às estruturas estrangeiras das corporações russas como “Transneft”, “Lukoil” ou “Gazprom” usar as armas de fogo para garantir a segurança dos locais no estrangeiro. Sob a capa desta alteração, foram criadas as primeiras formações armadas no exterior.

Isso não pareceu ser suficiente, por isso, a partir de 2011, os meios de comunicação russos começaram a discutir ativamente o estabelecimento de um instrumento militar de influência governamental russa. Em seguida, na imprensa apareceram os artigos que defendiam a necessidade de formar “destacamentos voluntários de reservistas do FSB, do Serviço de Inteligência Externa e das Forças Armadas da federação russa”.

Os representantes do partido de Putin, “Rússia Unida” apresentaram à Duma Estatal (câmara baixa do parlamento russo) o projeto-lei № 574.772-5 “Sobre às alterações aos determinados actos legislativos da federação russa na questão de criação da reserva humana de mobilização”.

A lei foi aprovada e entrou em vigor em 1 de janeiro de 2013 e muitas das questões específicas foram dissimuladas sob as formulações pouco claras:

A Lei № 288-FZ (2012), determina a ordem de serviço nos serviços especiais da federação russa via “permanência na reserva”, criada pelo presidente russo. A permanência na reserva é definida quer por um estatuto especial, quer por “outros actos jurídicos reguladores da federação russa”. Além disso, os reservistas podem receber formação em “instituições profissionais especiais”, que hoje podem ser as empresas privadas militares russas (que possuem o direito de formar e treinar especialistas do determinado perfil militar).

Em 2013, o deputado da Duma, Aleksandr Mitrofanov apresentou o projecto de lei № 62015-6 “Sobre a regulação estatal da criação e das atividades das empresas militares privadas”. A lei previa permitir às EMP o seguinte: 
  •         Possuir em seu uso os itens militares;
  •         Se envolver em actividades empresariais e geradoras de rendimentos;
  •         Prestar outros serviços militares.
Para a referência: no art. 27 da Lei “A autoridade do Governo da federação russa”, se diz que as autoridades federais controlam totalmente as atividades das EMP e “exercem outras competências em matéria de empresas militares privadas”. A lei não especifica o conceito de “prestação de outros serviços militares” (Art. 18, p. 2).

Um ano antes, em 2012, o deputado Mitrofanov recebeu a bênção do então primeiro-ministro Putin para a criação daquela lei. Na altura Putin chamou o sistema de empresas privadas militares na Rússia de “ferramenta para a implementação dos interesses nacionais sem a participação direta do Estado”. Bem, esta é a definição exacta das actividades das EMP russas.
Em outubro de 2014, outro deputado da Duma estatal, Gennadiy Nosovko apresentou um outro projecto de lei “Sobre as empresas militares privadas”. De momento ambos os projectos estão em processo de revisão.

Gennadiy Nosovko é bastante explicito no seu anteprojeto:

«Essas empresas estarão sob o controlo especial e escrutínio do FSB, e, naturalmente, as suas actividades serão completamente transparentes para o Estado. Todas as atividades das EMP se planeiam para serem realizadas somente com a aprovação das autoridades, e no exterior – com o consentimento dos respectivos governos».

«Hoje, a república popular da Luhansk e república popular de Donetsk possuem os seus próprios governos. Na minha opinião, o poder da lnr e da dnr poderia autorizar as atividades de nossas EMP nos territórios das repúblicas. [...] Alguém deve proteger os moradores de Donbas e a Rússia agora não tem a base legal para intervir e ajudá-los. Há voluntários, mas na existência das empresas militares de segurança a escala da ajuda poderia ser muito maior».

«Isso permitirá ao estado se distanciar dos conflitos militares mencionados, à fim de evitar a responsabilidade pelas implicações políticas e pelos crimes inevitáveis durante a guerra, cometidos pelas EMP, agindo no interesse da Rússia».

Empresas privadas militares da Rússia

Cerca de dez empresas privadas militares foram criadas na Rússia ao longo dos últimos anos. Na zona de OAT foram detetados diversos terroristas que passaram o treino especial nas EPM russas. As mais conhecidas entre elas:

RSB-Group” – se considera como empresa privada de consultoria militar. Um detalhe importante: a empresa oficialmente opera em áreas com situação política instável em coordenação com os governos legítimos de outros países. As atividades militares ilegais em Donetsk e Luhansk, na sua visão, se encaixam nesta formula, uma vez que os líderes separatistas são reconhecidos, de facto, pela Rússia como representantes dos respetivos “governos”;

Anti-Terror” – grupo de empresas que conta com um centro de formação, unidade de desminagem e dá cobertura à algumas organizações formadas por ex-oficiais das forças especiais russas. A organização é especializada em formação e treino para a realização das diversas tarefas especiais nas áreas com alto risco militar. A empresa conta com o apoio direto do FSB que lhe permitiu ganhar os contratos no Iraque;

MAP” – empresa militar privada que fornece uma gama completa de “serviços de segurança'” nas áreas com altas atividades terroristas ou em situação política instável. Está envolvida na formação, consultoria, inteligência, as vendas de bens militares, etc. Na prática, “MAP” enviava ilegalmente os seus funcionários à zona de OAT, alegadamente para garantir a entrega da “ajuda humanitária” nos territórios ocupados pela “dnr”;

Moran Security Group” – grupo de empresas de perfil militar, dedicado a protecção de cargas marítimas e terrestres. Tem um centro de treino naval em São Petersburgo;

Centro R(edut)”, também conhecida como “Tiger Top-rent security” e “Redut-Antiterror” – organização militar privada, cujos membros participaram nas hostilidades na ex-Jugoslávia, Cáucaso, Iraque e Afeganistão. A empresa treina os franco-atiradores (e anti franco-atiradores), infantaria, sapadores, engenheiros de rádio, membros das unidades de reacção rápida em ambiente urbano, etc.

É provável que as atividades das EMP enumeradas são, de alguma forma, ligadas à guerra na Ucrânia, em forma de recrutamento, formação de terroristas ou prestação do apoio. No entanto, os membros das EMP pertencentes às “ATK-group”, “Slavonic Corps Limited”, “Vizantiya”, foram vistos na área da OAT, bem como na Síria.

Além disso, na Rússia funcionam as EPM com a “reputação cinzenta”, que podem ser classificadas de grupos terroristas.

Por exemplo, “Empresa militar privada Vagner” (nome anterior “Corpo Eslavo”) apresenta-se como uma estrutura militarizada fechada; o seu campo de treino está localizado na região de Krasnodar na Rússia, no centro de formação da 10ª Brigada de Forças Especiais da Direcção de Inteligência Principal do Estado-Maior Geral da federação russa. Com elevada probabilidade, podemos supor que observamos aqui o mencionado acima mecanismo da criação de unidades voluntárias de reservistas do GRU russo.
Empresa apresenta a organização semelhante às forças especiais: chegada, entrevista, testes, quarentena, treino especial intensivo, exame e envio em uma missão. A principal prioridade é sigilo absoluto. De acordo com fontes fechadas, a principal tarefa da “EMP Vagner” é preparação e envio dos combatentes russos à guerra na Síria. Esta versão é confirmada pelos dados publicados na imprensa russa.

Obviamente, estes homens são a espinha dorsal da infantaria russa que sob o disfarce de “voluntariado” combatem na Síria ao lado do al-Assad. Sabe-se que os destacamentos de “voluntários” são enviados para a Síria do aeródromo militar russo Primorsko-Akhtarsky, que está localizado à 200 km do centro da formação da “EMP Vagner”.

De acordo com informações confidenciais, a “EMP Vagner” já perdeu na Síria algumas centenas de seus combatentes. Esta informação é parcialmente confirmada pelos dados OSINT: 10 mortos chegaram à cidade de Sebastopol da Síria em 24/09/2015; 26 corpos de fuzileiros navais da 810ª Brigada especial chegaram à Sebastopol em 20/10/2015; 1 caixão com um soldado morto na Síria chegou à Sebastopol em 27/10/2015, etc.

E.N.O.T. Corp” é mais uma “estrutura sombra” russa. Ao contrário da anterior, a empresa possui uma página online onde coloca uma breve descrição de suas tarefas: educação militar-patriótica e recolha de ajuda para “novorossia”. No entanto, existem os dados que indicam o envolvimento do “E.N.O.T. Corp” nas operações militares na área da OAT, operações de aniquilamento da “milícia em Antratsyt”, combates ao lado dos terroristas e acompanhamento dos “comboios humanitários”. O famoso líder dos separatistas, o cidadão russo A. Borodai, ligado ao FSB russo está envolvido nas actividades desta EMP.


A empresa possui um arsenal de armas, a possibilidade de treino em tiro, desminagem, reconhecimento e planeamento de batalha. É provável que o componente “militar patriótico” e “humanitário” é apenas um elemento de ocultação dos seus principais objectivos – as operações especiais de fornecimento do armamento e do material militar aos terroristas de Luhansk e participação em combates contra as forças ucranianas.

De acordo com fontes confidenciais, os curadores da “E.N.O.T. Corp” recrutam os terroristas do Donbas para participação nas operações na Síria. Há informações de que entre 700 à 1.000 terroristas já deixaram as regiões ocupadas da Ucrânia. Como motivação lhes é prometida a cidadania russa, a anulação dos registos criminais e os salários na ordem de 90.000 – 250.000 rublos (1.343 – 3.731 USD). Além disso, aos terroristas recomendam “defender a Rússia” não só na Síria, mas também no Tajiquistão e no Alto Karabakh, onde a situação é complicada e pode ser escalada à qualquer momento.

Os cossacos como uma organização pública militar russa

A função histórica dos cossacos da protecção das fronteiras do império russo degenerou ao longo do século passado, e este grupo social se transformou em um grupo de mercenários. As unidades de cossacos russos são amplamente utilizadas pela liderança russa para desestabilizar situação nos estados vizinhos da Rússia.

Esta prática teve lugar na Chechénia, na Abecásia, na Ossétia do Sul, na Transnístria, na Crimeia, no Donbas e na ex-Jugoslávia. Recentemente, os cossacos de Krasnodar participaram na anexação da Crimeia em 2014, e os grupos armados da região de Rostov vieram ilegalmente à Ucrânia para “proteger o mundo russo”.
Os cossacos terroristas russos algures na Ucrânia, 2014-2015
Como no caso anterior, uma pergunta lógica surge: como podemos explicar o surgimento de unidades paramilitares de cossacos no território do adversário e com as tarefas de combate? O funcionamento das comunidades cossacos da Rússia está sob o controlo do governo russo através do Conselho para os Assuntos cossacos afecto ao presidente da federação russa.

Por exemplo, de acordo com a lei “Sobre o serviço estatal dos cossacos da Rússia”, as unidades de cossacos podem ser envolvidas em:
  •          Medidas para a prevenção e eliminação de situações de emergência de desastres naturais, defesa civil e territorial;
  •          Protecção da ordem pública, protecção das fronteiras, a luta contra o terrorismo;
  •         Várias atividades, realizadas em conjunto com as autoridades executivas federais.
As tropas cossacas são oficialmente autorizadas se dedicar não apenas à história e tradições, mas também ter as atividades militares e treino de combate. Na realidade, algumas cidades russas delegaram aos cossacos a esfera de segurança pública que permite que eles possuem o seu próprio arsenal de armas. Além disso, os cossacos russos são “domesticados” pelos subsídios do Estado. Esta situação permite usar estes esquadrões em atividades pseudo-patrioticas de acordo com os planos do Kremlin.

***
Assim, as guerras na Donbas e na Síria demonstram a participação das organizações militares privadas russas nesses conflitos. Com ajuda das EMP, o Kremlin realmente criou uma alavanca clandestina de influência militar sobre a vida político-social dos outros países.

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domingo, março 27, 2016

A secreta ucraniana SBU comemora o seu dia profissional

No dia 25 de março o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), comemora o seu dia profissional. Para assinalar o dia, SBU apresentou a sua nova página e produzia um vídeo para “felicitar” os traidores que após a ocupação da Crimeia traíram o seu juramento, passando servir o FSB russo.

A nova página do SBU funciona no seguinte endereço: http://www.ssu.gov.ua A página anterior foi criada mais de 10 anos atrás, é tecnicamente e moralmente obsoleta (essa pagina estará em funcionamento por mais algum tempo: http://www.sbu.gov.ua).
O novo sítio possui o novo design, integração com as redes sociais, acesso fácil às fotografias, arquivo de vídeo e um motor de busca potente. Algumas utilidades serão acrescidas oportunamente; de momento, são corrigidos os possíveis erros e falhas no seu funcionamento.

O serviço de imprensa do SBU pode ser contactado de seguintes formas: Tel. +380 44 2555186, pressinfo@ssu.gov.ua ou nas redes sociais: https://www.facebook.com/SecurSerUkraine e https://twitter.com/ServiceSsu

Aproximação ao cidadão

Não é segredo que durante longo período SBU não estava próximo ao cidadão da Ucrânia, vivendo a sua própria vida, ganhando o dinheiro de forma mais ou menos obscura, servindo o regime do Viktor Yanukovych. 
SBU e a sociedade civil
Neste momento na Ucrânia funciona o Conselho Comunitário da Renovação do SBU, onde os voluntários e ativistas sociais trabalham em conjunto com a liderança de secreta para reformular o serviço (a síntese do último encontro). A sociedade civil ucraniana quer que SBU faça limpeza dos seus quadros, livrando-se dos membros corruptos e dos agentes infiltrados, desejando contribuir ao processo.

SBU na defesa da Ucrânia
O grupo "Alfa" do SBU em treinos
Dezenas de oficiais do SBU, os membros  do Centro das Operações Especiais “Alfa”, da contra-inteligência e dos diversos outros departamentos, pelo segundo ano consecutivo defendem Ucrânia no decorrer da guerra russo-ucraniana, oficialmente conhecida como Operação Anti-terrorista (OAT). Eles já conduziram diversas operações de sucesso, sobre muitas das quais hoje ainda não é possível falar publicamente, para não comprometer a segurança nacional da Ucrânia.
Numa das paredes do aeroporto de Donetsk que contém a lista das unidades que participaram na sua defesa, no fim da lista, podemos ler: CSO “A”-Grom-Nikolaev (Mykolaiv). A inscrição foi deixada pelo major Roman, conta o blogueiro ucraniano Roman Sinicyn:
Major Roma(n) passou duas rotações no aeroporto de Donetsk, no seu tempo livre (!), em segredo, quer da família, quer das chefias. Pedia as férias e viajava até a vila de Pisky, de lá, já na companhia dos pára-quedistas ia até o aeroporto. Como voluntário, sem nenhum estatuto oficial e com armamento capturado ao inimigo.
Major Roman do "Alfa" do SBU na OAT
Um dia, a sua cara apareceu na reportagem dos jornalistas ucranianos, ele foi reconhecido e chamado à capital ucraniana para ser reprimido. Felizmente, o senso comum ganhou e em vez de repreensão, Roman recebeu a ordem militar “Bohdan Khmelnytskiy” do 3º grau.
O grupo "Alfa" do SBU na linha da frente
Major Roman sofreu diversas contusões, mas continua a chefiar uma das unidades especiais de “Alfa” do SBU na zona de OAT.

Felicitamos o major Roman com o dia do SBU!

As felicitações aos traidores...

Para recordar o 2º aniversário da anexação da Crimeia, SBU produziu o vídeo desmotivacional “Lembramo-nos dos traidores”, onde reuniu as imagens fotográficas e de vídeo dos antigos funcionários da secreta ucraniana que após a anexação da Crimeia passaram à servir o FSB russo. O vídeo foi publicado na Internet no dia 24 de março, nas vésperas do Dia do SBU.
Os traidores do SBU
“25 de março é um feriado profissional dos funcionários do Serviço de Segurança da Ucrânia, que, dedicadamente resistem à agressão da federação russa. Mas há funcionários, que na hora crucial para o país, traíram o juramento e se passaram para o lado do inimigo. [...] Esta é apenas uma pequena parte dos traidores, mas lembramo-nos de todos. No final, ainda gostaríamos de felicitar todos os ex-funcionários da SBU, que estão ao serviço do FSB. Parabéns pelo 16 de março – o dia do traidor”, – se diz na legenda do vídeo (16/3/2014 é a data de ocupação da Crimeia pela Rússia), informa a Rádio Liberdade.

A vida dos traidores

Na primavera de 2014 o SBU perdeu cerca de 90% dos seus efetivos da Crimeia: dos cerca de 2.300 funcionários, apenas 215 se mudaram para Ucrânia continental, os restantes ou se passaram para FSB ou deixaram o serviço.

Por sua vez, sabe-se que o próprio FSB expulsou os 13 “integrais” (assim a secreta russa chama, de forma não oficial, os ex-funcionários do SBU), outros 17 foram movidos e colocados nas diversas regiões russas fora da Crimeia. Por vezes colocados nos postos de menor importância, embora à todos os traidores foi prometida a permanência na península e manutenção das suas regalias e postos de trabalho.   

Desde 2014 Ucrânia não julgou nenhum dos seus ex-funcionários da secreta por alta traição, uma das razões é a dificuldade de sua detenção e apresentação nos tribunais ucranianos.

“A regra do que os traidores não são respeitados em lugar nenhum foi confirmada na Crimeia. Os traidores da Crimeia não foram respeitados no FSB desde o seu primeiro dia. E até agora, lá continua a limpeza dos indesejados. Foram lhes criadas as condições de trabalho intoleráveis, eles estão sob a pressão psicológica das chefias, eles são punidos por menores infrações, tendo em conta de que os operativos “puros” do FSB são intocáveis. Assim, os traidores gradualmente são expulsos: são transferidos aos serviços longe da Crimeia, ou são demitidos, temendo que eles podem trair novamente, como fizeram em 2014”, – informam as fontes ucranianas.

https://www.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=QaMZWyDW3q0