Na
Rússia decorreu a primeira disputa judicial sobre a compensação monetária que
EMP russa grupo
Vagner paga aos seus efetivos feridos e mortos. Os pais de um mercenário morto processaram a viúva que se recusava à partilhar o “bolo” com os sogros por estes “serem velhos e com pouco tempo de vida”, informa o serviço
russo da rádio BBC.
O
russo Andrei Litvinov vivia na província de Chelyabinsk, trabalhava como estivador-expeditor no supermercado local, depois como o guarda. No verão de 2017 foi para Síria, mas antes
disso fez o curso de preparação na base da EMP “grupo Vagner” na localidade de
Molkino, na região russa de Krasnodar.
Tanques T-72 no polígono de Molkino na região russa de Krasnodar. 18 de março de 2017 foto: Vitaly Timkiv / TASS / Vida Press |
Os
pais velhos não sabiam da sua decisão, a segunda esposa sabia e três vezes
recebei o salário do marido: «Não tinha dívidas, não tinha créditos por pagar. Podia
viver ao seu belo prazer. Mas queria construir um curral e comprar a viatura
nova» — conta a mãe.
Mãe com retrato do filho |
Andrei
Litvinov e pelo menos outros cinco cidadãos russos morreram num único combate
no dia 28 de setembro de 2017 nos arredores da cidade de Tais na província de
Homs. O seu atestado de óbito diz: «carbonização do corpo». A «carga-200» chegou
à Rússia em Outubro, na cidade de Rostov-on-Don a viúva e irmão receberam o
caixão, as “medalhas” não oficiais (sem nenhum valor legal) e compensação pela
morte do mercenário: 5 milhões de rublos, mais o salário e subsídio de enterro,
no total equivalente aos cerca de 83.560,36 dólares americanos.
Atestado de óbito emitido pelo Consulado russo em Damasco |
Cerca
de 40 dias depois os pais velhos do mercenário abordaram a viúva, exigindo 1 milhão
de rublos (cerca de 15.886,00 dólares): “para comprar uma viatura ao marido, construir
a cerca, arranjar os nossos dentes e colocar o resto na conta da sua filha do
primeiro casamento até a idade adulta”, explica a mãe, Nadezhda Litvinova. Mas a viúva
respondeu: “Vocês são velhos, não tem muito que viver, para que precisam de
dinheiro”.
Mãe
até se queixou telefonicamente ao “EMP Vagner”. Explicou que a nora ficou com todo
o valor e disse aos velhos: “fuck you”.
Em
abril de 2018, os pais de Litvinov entraram na justiça russa com uma ação judicial contra
a nora – exigindo que os cinco milhões da EMP “grupo Vagner” sejam colocados no
“bolo” geral da herança do mercenário, para ser partilhado entre todos os
herdeiros. Esta é a primeira vez na história russa que um tribunal tinha que
lidar com a “compensação paralela” – as autoridades russas simplesmente não
reconhecem oficialmente a existência da EMP “grupo Vagner”.
O comandante da EMP "grupo Vagner" Dmitry Utkin no Kremlin |
O Comissariado Militar de Chelyabinsk não tem dados de como os russos param na Síria e como morrem lá... |
Na
secção do julgamento, que decorreu no dia 22 de junho, os pais do mercenário
explicavam que o seu filho trabalhava para uma empresa militar privada (EMP) e combateu
na Síria. O juiz pediu para confirmar essa alegação de forma documental e
aconselhou aos velhos assistir menos a TV, dado ele próprio não encontrou no
registo de entidades jurídicas russas nenhuma EMP “grupo Vagner”. A advogada da
viúva explicou que Andrei Litvinov trabalhou na Síria na plantação, “na coleta
de frutas e vegetais”, e que os cinco milhões de rublos é apenas um presente
que não é obrigatório à compartilhar com outros herdeiros. O tribunal indeferiu
a ação dos pais.
Dado que oficialmente a EMP grupo Vagner não existe na Rússia, a procuradoria militar não investiga a morte dos seus combatentes |
“Bem,
você mesmo acredita que ele foi lá para coletar fruta?” – novamente interferiu a
mãe do mercenário falecido. “Considero que sim”, respondeu a advogada. — As
pessoas viajam para outros países e mesmo para a África, podem ir ao qualquer
país para ganhar dinheiro. Uma pessoa física ou jurídica ofereceu à ela [viúva]
este dinheiro. Não é necessariamente por causa de uma morte qualquer”.
Cartoon soviético de 1987. O burocrata ao veterano soviético do Afeganistão: "Eu não mandei você para lá..." |
No
fim da secção, após a sua ação for indeferida, os pais do mercenário falecido saíram
à vazia rua central que se estende por toda a sua localidade: “chegará a hora,
e o governo reconhece que nossos meninos estavam lá e eram verdadeiros
patriotas”, diz Nadezhda Litvinova na despedida...
Blogueiro: neste momento
não existe a informação sobre a possível participação do Andrei V. Litvinov (07.01.1976
– 28.09.2017) nas atividades terroristas russas no leste da Ucrânia.
1 comentário:
Oficialmente, "nada existe" e "eles não estão lá"... Morreu, ou foi capturado, se vire sozinho.
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