segunda-feira, dezembro 31, 2018

A face real do CyberCaliphate, a unidade № 54777 da GRU

A Unidade 54777 da GRU, conhecida como o 72º Centro de Serviços Especiais, é o centro de guerra psicológica dos militares russos, que usa diversas fachadas, tais como supostos hackers CyberCaliphate, escreve The Washington Post.

A estudante russa Nina Loguntsova (17) da 11ª classe da escola № 1101 da cidade de Moscovo, faz parte de um programa de educação militar em expansão nas escolas públicas de Moscovo, que visa incutir nos alunos o respeito pelos serviços de segurança russos e aumentar o conhecimento matemático e computacional de potenciais recrutas.
Nina Loguntsova, foto Mary Gelman para The Washington Post
Um dos parceiros do programa é a agência de inteligência militar russa GRU – cujas impressões digitais são cada vez mais encontradas em operações suspeitas do Kremlin em todo o mundo.

GRU na sala de aula

O poder da GRU é reforçado por um aumento do apoio público às forças armadas russas e suas agências de inteligência – com foco no patriotismo russo e no conflito com Ocidente, que é um tema recorrente na imprensa estatal russa. A GRU em si, mostram os registos, está agora envolvida na promoção dos serviços de inteligência nas escolas públicas russas.

Documentos publicados na página da escola mostram, que a sua classe de cadetes é patrocinada pelo Serviço Federal de Segurança (FSB), e pela unidade militar № 26165, o departamento de guerra cibernética da GRU, também chamada de APT28 ou Fancy Bear por pesquisadores americanos.
Ver os originais dos documentos
A unidade 26165 ajudou a projetar o currículo na escola de Nina Loguntsova e em pelo menos seis outras em Moscovo nos últimos anos, segundo “acordos de cooperação” publicados nas páginas oficiais das escolas. Embora a GRU parece funcionar, em grande parte, em segundo plano.
O complexo militar em Moscovo que abriga a Unidade 26165.
Foto: Mary Gelman para The Washington Post
O acordo de cooperação entre os serviços de segurança e a escola de Loguntsova é assinado pelo comandante da Unidade 26165, Viktor Netyksho. Em julho de 2018, ele foi acusado oficialmente pelos EUA de liderar o esforço da GRU para hackear as contas de e-mail de funcionários da campanha democrata e da Hillary Clinton.

Centro de gravidade secreto

Em fevereiro de 2015, quando o conflito no leste da Ucrânia se arrastou para o segundo ano consecutivo, uma dúzia de senadores dos EUA recebeu um e-mail de alguém pretendendo pertencer a um grupo chamado “Patriots of Ukraine”. O e-mail continha um link para uma petição para salvar Ucrânia, cujo governo pró-ocidental luta contra os separatistas pró-russos.

Em um inglês básico a petição implorava aos senadores americanos, que pareciam ser escolhidos apenas em virtude de seus apelidos/sobrenomes, já que eram a primeira dúzia ou mais por ordem alfabética – a enviar oficiais ocidentais à Ucrânia para o controlo direto de nossas Forças Armadas” para substituir o alto comando militar ucraniano.

O e-mail aparentemente não criou nenhum impacto em Washington. Mas foi o primeiro esforço conhecido, embora um tanto grosseiro, da principal divisão de operações psicológicas da GRU a influenciar os políticos dos EUA.

Analistas ocidentais da inteligência viram essa campanha com dois objetivos geminados, desmoralizar os ucranianos e semear confusão entre os formuladores de políticas dos EUA – para fazê-los acreditar que os próprios ucranianos haviam perdido a fé em suas forças armadas.

A unidade da GRU por trás dos e-mails, conhecida como Unidade 54777, ou o 72º Centro de Serviços Especiais, é o centro de guerra psicológica e das operações psicológicas dos militares russos.

Em novembro de 2018, quando os navios da guarda-fronteira russa (parte do FSB) atacaram a aprisionaram três navios ucranianos no Mar Negro, jovens de uma região fronteiriça ucraniana receberam as SMS para se apresentarem ao serviço militar. As mensagens de texto, segundo uma agência de inteligência ocidental, foram enviadas pela unidade de psy-war russa – uma avaliação anteriormente não conhecida.

A Unidade 54777 tem várias organizações de fachada que são financiadas através de subsídios do governo russo como organizações de diplomacia pública, mas são secretamente administradas pela GRU e focados nos expatriados russos. Dois dos mais significativos são agência InfoRos e o Instituto da Diáspora Russa. Em fevereiro de 2014, por exemplo, pouco antes de a Rússia anexar a Crimeia à Ucrânia, o instituto e a InfoRos lançaram um apelo, supostamente em nome de organizações russas na Ucrânia, pedindo a Putin que interviesse no país.
Hacker “solitário romeno” Guccifer 2.0 é oficial do GRU russo
A Unidade 54777 também é considerada pela inteligência ocidental como o pólo que trabalha com outras unidades de operações psicológicas e cibernéticas, como o CyberCaliphate, um grupo de supostos hackers, que se apresenta como apoiante do Daesh/Estado Islâmico, mas que faz parte da mesma unidade da GRU, que penetrou no servidor dos Partido Democrata dos EUA em 2016.

Ucrânia como campo de testes

De muitas maneiras, o conflito na Ucrânia forneceu a base de teste para as operações de informação e ciberguerra da GRU, dizem os analistas.

Os espiões dirigidos pela Unidade 54777 criavam personagens falsas e postavam comentários em plataformas de redes sociais em russo, ucraniano e em inglês, bem como em artigos em publicações ocidentais, de acordo com a agência de inteligência ocidental. Frequentemente, eles procuravam estimular as divisões entre os ucranianos. Em dezembro de 2015, hackers da GRU atacaram a rede elétrica da Ucrânia. Foi o primeiro ciberataque conhecido a resultar em uma queda de energia.


Unidades de GRU também são suspeitas de implantar um vírus de computador altamente perturbador, lançado em 28 de junho de 2017 – o Dia da Constituição da Ucrânia. O vírus atacou os computadores de bancos, empresas de energia, altos funcionários do governo e um aeroporto na Ucrânia, mas também afetou computadores na Dinamarca, na Índia e nos Estados Unidos. A Casa Branca chamou isso de o ataque cibernético mais destrutivo e caro da história. Em resposta, os Estados Unidos impuseram, em março de 2018, as sanções contra os seis funcionários da GRU.

A Ucrânia é [o local] da guerra híbrida do século XXI, tal como a Espanha foi na década de 1930 para técnicas blitzkrieg de campo de batalha – o lugar onde os bandidos experimentam o que podem usar contra nós mais tarde, diz Daniel Fried, ex-funcionário do Departamento de Estado que ajudou liderar a resposta do Ocidente à agressão de Moscovo contra Ucrânia.

domingo, dezembro 30, 2018

Israel compra na Ucrânia o sistema de radar passivo Kolchuga-M

A empresa israelita/israelense Airsom Ltd., recebeu o sistema de radar passivo de longo alcance móvel de nova geração, Kolchuga-M, fabricado pela Ucrânia, escreve a página ucraniana Defence-blog.com.

A venda se deu em março de 2018, e foi efetuada pela subsidiária da empresa estatal “UkrSpetsExport” – “UkrOboronServis”:
Imagem: ImportGenius
O Kolchuga-M é um sistema passivo de suporte eletrónico que permite identificar alvos terrestres e superficiais e rastrear seu movimento em um raio de até 600 km e alvos aéreos aos 10 km de altitude – até 800 km, o que torna este sistema bastante eficaz de defesa antiaérea.

A estação Kolchuga-M é equipada com cinco antenas ativas de gama métrica, decimétrica e centimétrica, que fornecem alta sensibilidade de rádio dentro de uma faixa de 110 dB/W – 155 dB/W, dependendo da frequência.

De acordo com a página GlobalSecurity.org, a faixa de detecção de 800 km é alcançada apenas pelo sistema ucraniano Kolchuga-M. O melhor que o AWACS (EUA) faz é de 600 km, enquanto os complexos terrestres Vera (República Checa) e Vega (Rússia) podem alcançar até 400 km – metade do que o complexo ucraniano alcança. O limite inferior da frequência de trabalho de Kolchuga-M é de 130MHz, o mais baixo de todos os seus análogos. O AWACS usa 2.000 MHz, Vera fica aos 850 MHz, Vega aos 200 MHz.

O sistema Kolchuga-M poderá ser usado nos exercícios da Força Aérea Israelita/Israelense, principalmente, para perceber melhor como a aviação do Israel poderá se tornar menos visível aos sistemas de radar, usados pelos seus potenciais e reais inimigos.

Calendário 2019: “Elite militar da revolução ucraniana de 1917-1921”

Instituto Ucraniano da Memória Nacional produziu o calendário de 2019 baseado numa série de cartazes “Elite militar da revolução ucraniana de 1917-1921” – que pode ser descarregado/baixado gratuitamente pelos interessados.
Fevereiro de 2019
Mikhaylo Bilinsky (1883 - † 1921), Ministro da Marinha da UNR
Março de 2019
Vsevolod Petriv (1883 - †
1948), general, historiador e professor
A prioridade do Instituto é envio do calendário às unidades do exército e outras agências da lei e ordem da Ucrânia. O calendário não está a venda, mas pode ser recebido gratuitamente pelos interessados após o preenchimento de um pedido online: https://bit.ly/2CUszdn
Abril de 2019
Petró Bolbochan (1883 — †
1919), coronel do exército da UNR 
Maio de 2019
Petro Franko (1890– †
1941), aviador, educador e político
Calendário foi terminado graças ao desempenho e boa vontade do pessoal da WARTA.
Agosto de 2019
Marko Bezruchko (1883– †
1944), general do exército da UNR

A Diáspora ucraniana das Ilhas Maurícias

Ilhas Maurícias ou a Ilha Maurício é um pequeno país insular do Oceano Índico, a cerca de 2.000 km da costa sudeste do continente africano, onde também vivem ucranianos, milhares de quilómetros longe da sua terra natal.

Na foto (de esquerda à direita): Iryna Shybetska, Olga Rathacharen, Olga Ladanivska, Viktoria Sakhnovska,
Nadia Sivasanun, Tatiana Jhoree, Olesia Lim, Anastasia Thomas - Taranenko e Nadia Makarenko Labiche.
La Prairie Beach, Baie du Cap, Savanne, 26.08.2018
As primeiras ucranianas que se mudaram às Maurícias eram as mulheres, que ainda na década de 1970 se casavam com os estudantes mauricianos, que estudavam nas universidades da Ucrânia ainda soviética. Assim surgiram os primeiros casamentos mistos, que naturalmente resultaram em filhos e depois netos ucraniano-mauricianos.
O cenário parecido funciona até hoje, uma parte das ucranianas são domésticas, elas cuidam do lar e dos filhos pequenos, outras trabalham, principalmente no sector do turismo. Embora também acontece que nas Maurícias vem trabalhar algum ucraniano, funcionário de alguma empresa mauriciana ou internacional, e que acaba por ficar à viver na ilha, trazendo ao país a sua família ucraniana.
Olga Rathacharen
Nadia Sivasanun
Segundo uma avaliação informal, feita pelo Cônsul honorário da Ucrânia nas Maurícias, Dr. Abdool Mahaboob Kureemun (ver os dados do Consulado), na ilha vivem, de forma permanente, cerca de 100 ucranianos. Eles representam todas as regiões da Ucrânia: desde Lviv à Donetsk, sem esquecer a Crimeia.
Nadia Sivasanun e seu marido
Desde abril de 2018 entre os ativistas surgiu a ideia de criar uma comunidade ucraniana mais organizada, para preservar as tradições, língua e cultura, auto-identificação ucranianas no país. Sensivelmente ao mesmo tempo na rede social Facebook foi criada uma página fechada, que neste momento conta com cerca de 37 usuários ucranianos.
Os ingredientes que não podem faltar, raiz forte e toucinho ucraniano
Graças aos ativistas, a comunidade ucraniana de Maurícias se encontra regularmente, prepara os pratos da cozinha tradicional, se comunica, se apoia e inspira mutuamente, celebrando as diversas festas ucranianas e mauricianas.
Nadia Sivasanun e Tatiana Jhoree (uma das pioneiras da Diáspora local)
Anastasia Thomas - Taranenko e seu marido
Iryna Shybetska e a sua família
Em 2018, a comunidade ucraniana, e pela primeira vez, festejou, de forma notável o Dia da Independência da Ucrânia. Foi feito um churrasco festivo na praia La Prairie Beach. Usou-se a bandeira da Ucrânia, que era visível de longe. Graças à bandeira, o grupo dos ativistas foi visto por um outro ucraniano, que estava no local de passagem, que, dessa forma, se juntou à comunidade.
Todas as fotos: La Prairie Beach, Baie du Cap, Savanne, 26.08.2018
A Diáspora ucraniana das Maurícias é uma comunidade jovem, mas bastante ambiciosa, que sonha um dia abrir o Centro Cultural Ucraniano, não apenas para preservar as tradições ucranianas, mas também para difundir a língua e cultura ucraniana à todos os interessados.

sábado, dezembro 29, 2018

O mercenário russo pede esmola nas ruas de Moscovo

A foto do mercenário russo Viktor “Vampir” Sorokin, à pedir esmola, criou uma verdadeira agitação nas redes sociais, após ser revelada no Twitter pela influente conta IgorGirkin, que monitora a Internet, procurando a informação sobre a guerra na Donbas.
Na foto, o mercenário russo, que perdeu na Donbas uma perna, usando o fardamento da organização terrorista “lnr”, pede esmola na rua moscovita Znamenka “para a operação”.
Victor Sorokin (1987), realmente participou nas atividades terroristas no leste da Ucrânia. Ele está registado na base de dados do centro ucraniano Myrotvorets (Pacificador). Na Ucrânia ocupada este cidadão russo estava ativo na região de Sorokyne (ex-Krasnodon), inserido no grupo ilegal armado “Vityaz”. Em setembro de 2014 foi detido e preso na Rússia, pela posse ilegal de armas, que trouxe do leste da Ucrânia.
Victor Sorokin é mais um cidadão russo que foi usado e abusado pelo Kremlin, esquecido logo de seguida, pois devido ao tipo do seu ferimento, ele não poderá servir como mercenário na Síria. 
Sorokin não recebeu nenhuma simpatia, mesmo dos internautas russos: “Tão bonito segurava a espingarda automática/o fuzil de assalto”, escreveu um dos comentaristas, constatando que famosa “caça aos ucranianos” tinha falhado.

Bónus

A redação russa da Euronews colocou o líder da dita “dnr”, Alexander Zakharchenko (explodido em Donetsk no dia 31 de agosto de 2018), na lista daqueles que “o mundo perdeu no ano à terminar”. Juntamente com Lyudmila Alekseeva, Stephen Hawking, George H. W. Bush, Bernardo Bertolucci, Stan Lee, Montserrat Caballé, Charles Aznavour, John McCain, Aretha Franklin, Philip Roth e Hubert de Givenchy, entre outros.
conferir a notícia
É tudo que vocês precisavam de saber sobre a Euronews, principalmente sobre a sua redação russa...

A árvore “marxista-leninista” da União Soviética (15 imagens)

Capa da revista satírica soviética "Krokodil" (Crocodilo), 1936, № 01
A ditadura comunista soviética nunca gostou da festa de Natal, mas era necessário substituí-la, tal era a sua popularidade. Os ideólogos soviéticos decidiram manter a árvore e os enfeites, concentraram as atenções no Ano Novo e não se esqueceram de dar um toque “marxista-leninista” aos festejos.
Cerca de 1928-1931. Fundos da Biblioteca Pública russa (RGD)
Capa do jornal "Bezbozhnik u stanka" (Ateísta no local do trabalho), 1931, № 22 | Wikipédia/New York Public Library
Texto: É proibido cortar para as árvores de Natal. Coelho: "Vai com deus! Cortadores de lenha como você estão acabados!"
por: José Milhazes, Da Rússia
A estrela manteve-se no topo da árvore, mas deixou de ser a de Belém para ser a vermelha.

Os anjinhos foram substituídos por cosmonautas (após 1961), soldados militares do Exército Vermelho ou personagens de contos populares Died Moroz (Avô Geada) e a sua neta Sniegurochka (Nevasca).
Na última foto (imagem: myslo.ru):
Died Moroz com a caçadeira nas mãos e um gorro na cabeça com a estrela vermelha 
E a Sagrada Família? Não fiquem preocupados pois esse problema também foi resolvido. O seu lugar passou a ser ocupado pelos camaradas Lenine e Estaline mais ou menos toscos. Claro que nas bolas e não na manjedoura.
Imagens em baixo: myslo.ru
E todas as crianças deviam saber que os líderes se preocupavam muito com elas. Lenine e Estaline gostavam muito das crianças, podiam era não gostar dos pais delas, mas isso é uma outra história.
Lenine e as crianças
Estaline e Molotov e as crianças
Bónus
A guerra civil na Espanha, num brinquedo soviético da árvore do Ano Novo.
Final da década de 1930, o avião vermelho derruba um avião negro.
A organização internacional de colecionadores de enfeites de árvore de Natal “Golden Glow” considera que em 1966 na URSS foi lançado último brinquedo “produzido e pintado inteiramente à mão”. Na sua opinião, os brinquedos soviéticos produzidos após 1966 não possuem qualquer valor artístico e/ou comercial. Fonte.