sábado, junho 02, 2018

As crianças da União Soviética: fuzilamento do Mikhail Shamonin

O jovem russo Mikhail Shamonin foi uma criança abandonada pelos pais (nada se sabe deles). Aos 13 anos Misha, esfomeado, roubou dois pães, foi denunciado, detido pela milícia (polícia) e fuzilado em 9 de dezembro de 1937 nos arredores de Moscovo.

No seu processo, arquivado na Direção-geral do Ministério do Interior da região de Moscovo (volume VI, pág. 270), como a data de nascimento é mencionado ano de 1922 e como a data de fuzilamento 9 de dezembro de 1937.
Transporte de prisioneiros na URSS, conhecido como "Corvo Negro"
O jovem com estatuto social de “sem abrigo”, sem nenhuma educação formal, russo étnico, nascido em Moscovo, foi detido em 4 de dezembro de 1937 e fuzilado apenas 5 dias depois, em 9 de dezembro. O local do seu fuzilamento e da sepultura (na vala comum) é o Polígono de Butovo, nos arredores de Moscovo.

No dia 7 de abril de 1935, o Comité Central Executivo da URSS e o Conselho dos Comissários Populares da URSS adotaram uma lei sem precedentes, permitindo que as crianças à partir de 12 anos poderiam ser fuziladas. No caso de Misha Shamonin, existe a informação de que a data do seu nascimento foi emendada, de 1924 para 1922. Os chekistas soviéticos lhe “acrescentaram” mais dois anos e menino foi fuzilado. É de notar que na época o NKVD fuzilava por “crimes” muito menores, por exemplo, pela tatuagem do Estaline numa perna.
O dia em que URSS decidiu fuzilar as crianças
Ultimamente, os fãs da URSS e do comunismo lançaram na Internet o “desmentido”, negando a existência do caso, argumentando que não há provas que Misha Shamonin foi fuzilado. Naturalmente isso não é verdade, por isso publicamos a cópia da resposta oficial do FSB russo, emitida em 27 de dezembro de 2017. O documento da secreta interna russa confirma que Mikhail Shamonin foi fuzilado (e sepultado) em 9 de dezembro de 1937 no Polígono de Butovo.
Os fãs da URSS e do comunismo um pouco mais intelectuais usam outro tipo de argumentação: “Misha é um ladrão e foi bem feito...”, conversa fiada do costume. Eles não têm a razão. Misha perdeu os seus pais, sozinho no mundo e sem nenhuma “safety net”, ele ficou vis-à-vis com o estado soviético. Não quis entrar no orfanato (uma espécie de cadeia para os jovens e crianças que poderiam não cometer nenhum crime). Foi colhido pela onda de repressões em massa, que acabou com a sua vida.

Num país capitalista Misha poderia receber o apoio de uma misericórdia católica ou de alguma caridade protestante. Podia prestar pequenos serviços aos cidadãos e ser pago pelo seu esforço...
  
Nada disso existia na URSS comunista em 1937, o país vivia no auge do Grande Terror e todas as pessoas estavam apavoradas. A ética cristã e o sentimento de auto-ajuda desapareceram. Reinava a lógica do GULAG: “morre você hoje, para que eu puder morrer só amanha”. A culpa de toda essa catástrofe social é o comunismo soviético e não do Misha Shamonin.

1 comentário:

Anónimo disse...

https://bancada.pt/futebol/grandefutebol/o-dia-em-que-russia-boicotou-e-roubou-a-ucrania-para-jogar-o-mundial