domingo, abril 30, 2017

Meet the real Ukraine – Eurovisão 2017

Um grupo de voluntários profissionais da TV criou o vídeo alternativo, para apresentar Ucrânia no festival de canção Eurovisão 2017. O vídeo se chama Meet the real Ukraine e mostra Kyiv e Ucrânia fora dos padrões ideais, não escondendo mesmo as imagens da guerra russo-ucraniana em curso.
“O mundo ideal não existe. Um mundo onde todos estão felizes e sorridentes... Não existe o mundo em que todos são saudáveis. Onde não abandonam as crianças. Onde não há guerras e mentiras... Assim como não há mundo sem a paz, beleza, amor, felicidade e verdade ... O mundo em que há apenas uma destas coisas é irrealista e incompleto. Mundo sem a harmonia. Tudo o que é unilateral – não tem a harmonia. Tudo o que unilateral – não é realista”, – dizem os criadores do vídeo.
Autora da ideia é realizadora e produtora criativa Natalia Pyatygina. Depois de ver o vídeo promocional da Eurovisão em Kyiv, publicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Natalia reuniu uma equipa de 20 colegas de TV e propôs-lhes fazer o vídeo alternativo.
Todos os membros da equipa – realização, editores, operadores de vídeo de diferentes canais de TV e estúdios de produção – trabalharam em regime de voluntariado. Equipamentos de filmagens também foram lhes emprestados pelos colegas. Assim, o orçamento do projecto é igual à 0 hryvnia.
Na atual situação que enfrenta Ucrânia, Natália tem a certeza: “se falar com os visitantes de forma honesta as chances de que eles irão visitar o país são maiores. Se você disser que sim – a situação não é fácil agora, mas temos o prazer de vê-lo, e nada vós ameaça, e com certeza, venham... Vocês certamente serão impressionados com as formas arquitetónicas brilhantes das barraquinhas da cerveja Chernihivske, mas a nossa atmosfera é sempre muito cool, mesmo quando o país está ferido”.
Na próxima semana o pessoal apresentará um outro vídeo: “Terá um pouco menos da filosofia e mais a cor local. É mais leve, mais curto e mais divertido, é um fôlego e um epílogo”.
Os voluntários que participaram no projeto estão listados AQUI

Combate Wladimir (Volodymyr) Klitschko vs Anthony Joshua

O combate histórico entre o pugilista ucraniano Wladimir (Volodymyr) Klitschko e britânico Anthony Joshua terminou em Londres no estádio de Wembley com a vitória caseira. Apesar disso, Ucrânia agradece Volodymyr por todas as suas vitórias que também representavam o país no mundo desportivo.  
O combate Klitschko vs Joshua (nas versões IBF, WBA e IBO de pesos pesados) já é considerado um dos maiores na história do boxe mundial, transmitido em 150 países, foi visto ao vivo por cerca de 90.000 espetadores – o recorde absoluto para o estádio Wembley.
Entre os espectadores ricos e famosos foi visto Arnold Schwarzenegger, não querendo perder o combate, ele estava presente em Wembley numa das primeiras filas.

Um dos condicionantes importantes do combate era uma grande diferença de idades entre os dois pugilistas, ucraniano Volodymyr Klitschko (41), conhecido como “Dr. Steel Hammer” efetuou na sua carreira 68 combates, obteve 64 vitórias, destas, 54 pelo KO. O britânico Anthony Joshua (27), efetuou 18 combates, obteve 18 vitórias, todas por KO.
No fim do combate com irmão Vitaly
As empresas de apostas, em geral apostavam na derrota do Klitschko, a sua vitória valia o coeficiente 2,85; a vitória do Joshua 1,4 e o empate 34,0.
Volodymyr Klitschko entrou no estádio acompanhado pela composição Can't Stop dos  Red Hot Chili Peppers. Recebendo todo o apoio dos “pobres” ucranianos, presentes no estádio de Wembley em peso.  
Após 10 assaltos, onde a iniciativa passava de um ao outro e onde ambos ficaram derrubados no chão, o penúltimo, 11º assalto decidiu o combate. Joshua agarrou a iniciativa, realizando uma série de golpes ele conseguiu derrubar Volodymyr por duas vezes. Volodymyr Klitschko mostrava que poderia continuar, o juiz parou o combate, quando ucraniano ganhava pelos pontos.
Como escreveu a página da TV ucraniana 24tv.ua, realmente “hoje não foi o nosso dia”, embora como reparam os internautas, Volodymyr Klitschko ganhou pela sua participação neste combate qualquer coisa como 8 milhões de dólares (outros falam dos 22!), nada mal para um menino pobre que nasceu numa família humilde no Cazaquistão e que possivelmente agora poderá se dedicar aos negócios ou à política. Aos 41 anos uma nova vida espera pelo Volodymyr Klitschko na Ucrânia ou em qualquer parte do mundo.
O nosso blogue também diz “Obrigado, Volodymyr!”
Glória à Ucrânia!

sábado, abril 29, 2017

Tajiquistão: o título completo do Líder da Nação

Uma nova regra entrou em vigor no Tajiquistão na semana passada, que obriga os meios de comunicação social estatais a se referir ao presidente Emomali Rahmon pelo seu título oficial: “O Fundador da Paz e da Unidade Nacional, Líder da Nação, Presidente da República do Tajiquistão, Sua Excelência Emomali Rahmon”, e que leva 15 segundos para passar na tela das principais notícias televisivas.

Embora pareça haver um pouco de margem para que os jornalistas se refiram a ele como meramente “Líder da Nação”, o chefe da emissora estatal disse que os meios de comunicação social devem seguir a nova regra em todas as reportagens oficiais. A mesma regra também está sendo aplicada às agências de notícias e páginas governamentais.

A decisão governamental foi recebida com o humor quase previsível e resignação nas redes sociais, com usuários à oferecerem lhe outros títulos como “o homem na Lua”, “o criador do Universo” e “o magnífico governante dos tajiques”. Argumenta-se que o Tajiquistão tem problemas mais urgentes para resolver em vez de conceder títulos ao seu líder. “Proporcionar a todos os seus cidadãos os empregos e estabilidade e, em seguida, se chamar como quiser, mesmo Todo-Poderoso”, comentou um usuário do Facebook.

Falta de liberdade

O uso de títulos lisonjeiros para com os seus líderes não é incomum na Ásia Central pós-soviética. A imprensa do Cazaquistão se refere ao presidente Nursultan Nazarbayev como Yelbasy (Líder da Nação), enquanto o seu homólogo do Turqmenistão Gurbanguly Berdimuhammedov, goza do título de Arkadag (Protetor).
O presidente Rahmon é líder tadjique desde 1992, e o país tem sido criticado por seu pobre historial em termos dos direitos humanos e a falta de liberdade de expressão, onde insultar o presidente é uma ofensa criminal. Tajiquistão ocupa o 149º lugar entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, elaborado pelos Repórteres Sem Fronteiras, que diz que “a intimidação e a chantagem passaram a fazer parte da vida diária dos jornalistas independentes”, escreve o serviço mundial da BBC.

A prostituição na União Soviética (9 fotos)

Muitos fãs da URSS acreditam veemente que a União Soviética era um estado de alta moral comunista onde não existia e nem poderia existir a prostituição. Naturalmente, a prostituição sempre existia na “pátria do socialismo triunfante”, apenas se encontrando na clandestinidade, a profundeza desta, dependia e muito, da situação política de cada momento.

No longínquo ano de 1956, o 9º Departamento da Milícia criminal de Leninegrado possuía o dossier operativo de 600 prostitutas que trabalhavam na cidade (são apenas as que foram apanhadas pela milícia de segurança pública); 40,5% tinham uma residência, mas não trabalham; 37,3% possuíam a residência e o emprego e 25,3% estavam sem a ocupação fixa e sem o local de residência.

02. O processo da procura dos clientes não era muito diferente daquilo que as suas companheiras praticassem nos outros países — as meninas procuravam os clientes nas estações de comboios, nos parques públicos, nos restaurantes e cafés, os levando às suas casas ou aos locais especiais, geralmente nalgum apartamento de uma avozinha que vivia sozinha e que recebia uma determinada taxa por cada cliente. Além disso, havia a possibilidade de praticar o sexo num táxi (o motorista também recebia o seu quinhão), ou mesmo nas escadas de algum prédio calmo ou num quintal esquecido (a cidade de Leninegrado tinha vários).
Os preços na década de 1950 variavam entre 25 aos 100 rublos, que após a reforma monetária de 1961 equivaliam aos 2,5  10 rublos (4,23 – 16,95 dólares). À título de comparação, uma garrafa de vodca custava na URSS (até 1972) os 2,87 rublos; um bom almoço numa cantina cerca de 1 rublo.

Por sua vez, na cidade de Moscovo, apenas no 3º trimestre de 1958 pelas “visitas aos quartos onde viviam os turistas estrangeiros e cidadãos soviéticos, bem como pelo assédio agudo de homens nas ruas e nas praças junto às estações de caminhos-de-ferro de Moscovo, foram detidas 278 mulheres de comportamento fácil”. Destas, 191 vivia em Moscovo, 52 na província de Moscovo e 35 nas outras cidades soviéticas. Em termos de ocupação, 98 nem trabalhavam, nem estudavam; 17 eram estudantes do ensino médio e superior. Do universo de todas as mulheres detidas, 8 foram presas por violação do sistema de registo domiciliar, 9 deportadas da cidade de Moscovo e da região de Moscovo (na base da Deliberação № 1578-796s do Conselho de Ministros da URSS de 10 de dezembro de 1956) e 42 foram atuadas criminalmente, acusadas de atos de pequeno hooliganismo, na base da Deliberação do Presídio do Conselho Supremo da Rússia Soviética de 19 de outubro de 1956.
Em 1961 a União Soviética adapta o Decreto “Sobre o reforço da luta contra as pessoas que se evadem do trabalho socialmente útil e levam uma vida anti-social parasitária”, as prostitutas soviéticas são alvos de repressões severas, geralmente as deportações forçadas fora dos grandes centros urbanos.

Quando em 1965, após a queda do Khrushov, este decreto deixou de funcionar de facto, as prostitutas novamente foram alvos de medidas, geralmente educativas, de cariz ideológico. Em algumas cidades, eram pendurados os “jornais do povo”, com as imagens, regra geral, de uma mulher pintada e seminua, exposta à vergonha, apontando o seu local de trabalho e endereço residencial. Dado que os cidadãos estavam algo baralhados, sobre a ideia da existência (ou não) da prostituição na União Soviética, por vezes tinham a dificuldade de entender se isso era uma anti-propaganda visual ou a publicidade (fonte).

02. Ao mesmo tempo, a prostituição não era proibida, nem reconhecida oficialmente na URSS até 1986. De jure, este fenómeno social não existia na União Soviética, e o Código Penal não tinha os artigos que o criminalizassem. O conceito foi simplesmente retirado da jurisprudência soviética, pela decisão da alta liderança do partido comunista, para mostrar ao mundo que URSS não padecia dos males do “capitalismo burguês petrificante”.
As profissionais de alta classe em algum hotel nos meados da década de 1980
Como tal, as prostitutas eram atuadas criminalmente por “delitos relacionados” menores, como alcoolismo, comportamento ruidoso, conduta desordenada e outros semelhantes. Em geral, a situação neste domínio não é muito diferente das outras esferas da vida na União Soviética – tudo estava guiado pelo princípio de “há cú, mas não há o termo”. A “caça” às prostitutas e seu castigo posterior sob o peso dos artigos “relacionados” era efetuado não somente pela polícia, mas também por todos os tipos de “vigilantes voluntários”, os destacamentos da juventude comunista Komsomol e as “brigadas de ajudantes da milícia”. Muitas vezes, as cenas engraçadas de prostitutas trazidas às esquadras de milícia de segurança pública podem ser vistas no cinema soviético da época de Perestroika.

03. Uma etapa interessante na vida de prostitutas soviéticas começou no início da década de 1970. Segundo pesquisa de criminologistas, naquela época emergiu uma nova classe dos chamados “prostitutas de luxo” que trabalharam com os estrangeiros, cobrando os seus serviços em divisas. Neste negócio estava envolvido toda uma infra-estrutura, incluindo os gestores de hotéis, que facilitavam os locais dos encontros, gerentes dos restaurantes (que tinham o poder absoluto de reservar as mesas), etc. É claro que todas as pessoas envolvidas beneficiavam dos rendimentos das prostitutas.
Sensivelmente na mesma época KGB percebeu que seria proveitoso usar a situação decorrente, após disso muitas “prostitutas de elite” que servem estrangeiros se tornaram as informantes e colaboradoras não oficiais do KGB. As tarefas podiam ser diferentes – tentar descobrir essa ou aquela informação, seguir alguém, fazer fotocópias de certos documentos, e assim por diante. Bem, ou simplesmente recolher a o kompromat, ou seja a informação confidencial e potencialmente prejudicial à reputação de uma determinada pessoa.
A ligação prostitutas-KGB funcionava particularmente ativamente durante os poucos eventos internacionais realizados na URSS, como os Jogos Olímpicos de 1980. No decorrer dos Jogos Olímpicos de Moscovo as prostitutas recrutadas trabalhavam nos hotéis moscovitas “Russia”, “Metropol”, “Intourist”, “Belgrado”. Na capital da Ucrânia, de um dos melhores hotéis de Kyiv, “Rus”, nas vésperas dos JO foram retiradas (e deportadas fora da cidade) todas as prostitutas, sem tocar nas “de elite”, permitindo-lhes o acesso total ao hotel aberto os estrangeiros a absolutamente fechado ao comum cidadão soviético.

04. Sobre a hierarquia do negócio. A do período soviético não difere muito da existente atualmente. Classe superior as que cobram em divisas, operando em hotéis caros. Classe menor – as prostitutas que cobravam em rublos. Ao contrário as de “elite”, estas senhoras encaravam a prostituição como um “negócio extra”, além do seu emprego principal. A “casta inferior” eram as prostitutas que trabalhavam nas ruas, estações de comboios ou as prostitutas das auto-estradas, servindo camionistas/camionhoneiros de logo curso e os motoristas em geral. A “casta inferior” tinha a taxa mais alta de mortes e doenças sexualmente transmissíveis, muitas vezes elas trabalhavam em conivência com o crime organizado, cujas vítimas eram os motoristas e camionistas.
05. No final da década de 1980, com o início da Perestroika, as prostitutas começaram agir com mais ousadia e de forma aberta, muitas vezes provocando a inveja de cidadãos soviéticos comuns, e até mesmo dos funcionários e oficiais da milícia de segurança pública:
A jovem prostituta em Moscovo nas proximidades da praça Vermelha
Em 1983-1989 um ato com a prostituta de elite custava $50 dólares, a noite valia $200-300... Eram as meninas de primeira classe, com conhecimento de línguas, e todas registadas num departamento especial da milícia (não eram admitidas as “turistas”)”.

Por volta da mesma época, o início da política de Glasnost, as revistas soviéticas, começaram publicar diversos materiais sobre o fenómeno anteriormente tabu, apareciam também uma grande quantidade de material cartoonista sobre as prostitutas:
"Elas cá estabeleceram a ditadura feminina!"
"Desculpe, senhor, começaram nos levar para a safra de batata!"
Anúncio: "a Fábrica precisa de moleiros, moldadores, tecnólogos, putanas"
Nada à fazer: a empresa precisa de divisas... 
À esquerda: "Saudamos a subida de preços!" | À direita: "Nos temos as relações do mercado"
– Juntamo-nos para ir à aldeia à descansar.
– Que inveja. Nos vamos para Sochi à trabalhar...
Bónus: uma anedota daquela época (+18).

Uma prostituta se desloca de táxi, na hora de pagar, em vez de tirar os 25 rublos (o valor do taxímetro), está dando os 100 (salários mensal de uma professora) ao taxista e diz que este pode ficar com os trocos.
Taxista em choque – onde que você trabalha?
Mulher – sou operadora de minetes...
Taxista – cê chupa as piças ou algo assim?
Mulher – meu bem, qual é o seu salário?
Taxista – uns 200 rublos por mês.
Mulher – então, você é que chupa as piças, eu sou operadora de minetes...

Fotos | Internet | Texto | Maxim Mirovich

quinta-feira, abril 27, 2017

Chornobyl em documentos secretos do KGB

O informe do agente do KGB "Garcia", 3/02/1987
Hoje publicamos uma série de documentos originais dos arquivos do KGB da Ucrânia Soviética que recentemente foram tornados públicos e que podem explicar melhor as causas e consequências da catástrofe.

Em 2015, o Parlamento ucraniano aprovou a lei “Sobre o Acesso aos Arquivos de Agências Repressivas do Regime Comunista Totalitário de 1917-1991”, que abre ao público os documentos da Cheka, NKVD e KGB, atualmente nos arquivos da Ucrânia, incluindo os documentos até recentemente classificados. Os arquivos centrais e regionais do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) que contêm mais de 900.000 volumes de documentos do período soviético em breve serão entregues ao Instituto Ucraniano de Memória Nacional.

Consoante os documentos são estudados, eles gradualmente são digitalizados, e atualmente publicados na página do Centro Ucraniano de Estudo do Movimento de Libertação (http://avr.org.ua). Para marcar o 30º aniversário do acidente de Chornobyl, o Centro publicou 32 documentos classificados do KGB da Ucrânia Soviética (ver o arquivo completo) sobre as causas e consequências do acidente do Chornobyl, bem como sobre o esforço soviético de ocultar as informações relacionadas ao acidente. A página Bird in Flight (link deixou de funcionar hoje!) escolheu os documentos mais interessantes.

Oito anos antes do acidente, as fontes do KGB entre as pessoas que participaram na construção da central nuclear de Chornobyl relataram a qualidade insatisfatória dos trabalhos de construção e instalação, o que poderia levar à “destruição dos objetos construídos e contaminação radioativa do ambiente”.

Dois anos antes da explosão, os colegas de Moscovo informaram o KGB da Ucrânia Soviética sobre uma opinião generalizada entre os profissionais nucleares na capital de que os reatores instalados na central nuclear de Chornobyl têm deficiências estruturais que “podem se tornar uma causa de um acidente grave”.

O nível de radiação de um carro que chegou a uma aldeia na região Kyiv, vindo da cidade de Prypiat no dia seguinte após o acidente (27/04/1986) apresenta os níveis de radiação 5000 vezes (!) superiores aos níveis normais antes da explosão.

As informações comunicadas através de um canal de comunicação criptografado do local do acidente seis dias (1/05/1986) após a explosão descrevem os níveis reais de radiação, o processo de evacuação de cidadãos locais e os primeiros passos para investigar as razões do acidente.

Duas semanas após o acidente (6/05/1986), o oficial não identificado do KGB da Ucrânia relata a situação nos locais de evacuação, o sentimento do povo, a situação nos centros de transporte e nos principais locais industriais em Kiev, bem como as medidas tomadas para impedir os jornalistas estrangeiros de fazer o seu trabalho, colhendo as informações sobre a catástrofe.

Era 1986, os efeitos da Perestroika estavam surgindo, o que permitiu que muitos ucranianos que expressaram as suas opiniões bastante ásperas sobre acidente de Chornobyl evitassem as consequências graves. O documento mostra que a obtenção de informações à partir de conversas privadas era uma prática padrão do KGB na época.

As evidências incríveis dos métodos que o KGB empregou para impedir os jornalistas (Steven Strasser da “Newsweek”) e cientistas estrangeiros de obterem as informações sobre a escala real do acidente nuclear de Chornobyl.
O jornalista Steven Strasser em 1999
A capa da revista "Newsweek" de 12 de maio de 1986
Para “impedir a recolha da informação caluniosa”, KGB da Ucrânia efetuou uma série de ações com a participação dos 8 ex-oficiais do KGB na reforma; mais 19 membros do grupo especial de milicianos, entre eles 7 (!) fontes; mais um agente especial “Rota”. Em resultado das medidas tomadas, “o estrangeiro não recebeu dos cidadãos soviéticos a informação tendenciosa. Se conseguiu limitar os contactos do Strasser às nossas fontes”.
Em 2-4 de junho de 1986 em conjunto com a 5ª, 6ª Direções do KGB da Ucrânia “foi efetuado um complexo de ações de agentes e operativas em relação aos Dr. [Robert Peter] Gale (EUA)”. O KGB foi informado pelo agente “Richard” (algum médico ou cientista) “usado nas posições oficiais” que “da parte do americano foi mostrado o interesse em saber o número dos doentes [atingidos] pela radiação, evacuados de Chornobyl e Pripyat, obtenção de dados estatísticos relacionados com as consequências do acidente”.  
Dr. Robert Peter Gale
E, finalmente, provavelmente o documento mais repugnante de todos publicados. O documento mostra que não só as causas e as consequências do acidente de Chornobyl foram classificadas de secretas, mas também os métodos de luta contra as doenças relacionadas, que poderiam ter sido úteis para outros países e para os pacientes, assim como as informações sobre a contaminação de produtos alimentares, o que foi importante para os cidadãos ucranianos.

As lamúrias do Lusvarghi: o terrorista brasileiro preso na Ucrânia

Um dos comparsas do terrorista brasileiro Rafael Lusvarghi, detido na Ucrânia desde 6 de outubro de 2016, pelo seu envolvimento nas actividades terroristas no leste do país e condenado aos 13 anos de prisão, acaba de anunciar a recepção de uma carta, alegadamente escrita pelo próprio Rafa Lusvarghi.
De esquerda para direita: 2º é Ortege (de preto) e último é Lusvarghi pousando com um gesto
considerado anti-semita, uma espécie de "zieg" pós-moderno, um quenelle, oficialmente
O propagandista pró-terrorista, André Drumond Ortega, promete no seu Facebook que o conteúdo da carta será publicado em breve, adiantando que no texto Lusvarghi esclarece os seus posicionamentos, as suas motivações, denuncia as autoridades brasileiras e ucranianas.
O mesmo Ortega algures na Ucrânia ocupada, armado e em fardamento militar,provavelmente tentará argumentar que assim lá andam todos os "jornalistas" ;-) 
Como quase todo o terrorista apanhado, Lusvarghi passa da posição de “sou viking cossaco berserk destemido” à do “mamãe, sou jovem cidadão humilhado e ofendido”, queixa-se muito dos “difamadores [que] o condenam à uma desumanização que complementa a ação dos tribunais” (“pessoas má intencionadas deturparam minhas galhofas, sátiras e ironias e até inventaram coisas para me atacar”), se refere à obra de Kafka (embora deveria à do Dostoevski) para falar da seu mágoa com a “corte anônima e invisível”, que “acusam e julgam (...), lamentando que alegadamente seja “condenado sem ser ouvido”.
Rafael Lusvarghi: "EU SOU NAZISTA e desde pivete"....
Para já, tudo evidencia que Lusavrghi tem grandes dúvidas sobre o seu futuro, acusando o Consulado brasileiro em Kyiv de mentir para a família sobre a sua integridade física, e mais do que isso, segundo o terrorista, o Vice-Cônsul do Brasil lhe disse que as autoridades brasileiras não vão fazer nada “nem no evento da sua morte”.

Mas será que Lusvarghi realmente é um terrorista?
Rafael Lusvarghi e os seus comparsas (Rodolfo Cunha Codreiro "Magayver" com a cara descoberta e ex-PM Ronan "Al Hassan" Passos de óculos e shapka idiota) com o canhão de 100 mm "Rapira" num quintal comum de vários prédios habitacionais num bairro residencial. Temos aqui um típico “atentado contra pessoas ou bens cometidos mediante o emprego de bombas, granadas, foguetes, minas, armas de fogo, explosivos ou dispositivos similares”, agravado pelo facto de usaram os moradores dos prédios circunvizinhos como os escudos humanos...
Neste aspeto a posição, alegadamente assumida pelo Vice-Cônsul do Brasil na Ucrânia, é juridicamente blindada pela própria legislação brasileira, nomeadamente, pelo Decreto da Presidência da República do Brasil № 5.938, de 19 de outubro de 2006 que promulgou o Tratado de Extradição entre a República Federativa do Brasil e Ucrânia, celebrado em Brasília, em 21 de outubro de 2003, e que estabelece a seguinte definição do terrorismo: “o atentado contra pessoas ou bens cometidos mediante o emprego de bombas, granadas, foguetes, minas, armas de fogo, explosivos ou dispositivos similares” (artigo № 3, alínea 5, ponto c) III).

Ler mais:

Blogueiro: dado que o novo advogado do Lusvarghi, Valentim Rybin, esteja ocupado com outros casos, por exemplo, com a defesa dos ex-polícias “Berkut” que recentemente fugiram para federação russa, é compreensível a sua jogada de tentar envolver alguma voz dos “idiotas úteis” brasileiros, que podem (em teoria) se movimentar em defesa do terrorista detido, sob a argumentação “ad nauseam” de gorpi-gorpi, embora não nos parece que seja uma tática ganhadora. 
Rafael Lusvarghi na companhia do terrorista e nazi russo Alexey "Fritz" Milchakov (no meio),conhecido por desfigurar os corpos dos militares ucranianos mortos e se gabar disso na Internet

quarta-feira, abril 26, 2017

Os bombeiros de Chornobyl: a morte dos heróis

Nas primeiras horas de 26 de Abril de 1986, o 4º reactor da central nuclear “Lenine” de Chornobyl explodiu. Enfrentando um desastre nuclear numa escala sem precedentes, as autoridades soviéticas tentaram conter a situação, enviando milhares de homens mal preparados e mal equipados para um turbilhão radioativo.
Os bombeiros, os pilotos e tripulações de helicópteros, os condutores de camiões, os operários das limpezas e outros, mais tarde chamados de "liquidadores" do acidente, mal duraram algumas semanas (!) após a carástrofe, sofrendo mortes dolorosas e persistentes. 
Um dos chamados liquidadores se prepara para entrar no telhado do 4º bloco.
Morreu no mesmo ano de 1986. 
A explosão do 4º reator da estação nuclear de Chernobyl é considerada o maior acidente da história da geração de energia nuclear. Os ucranianos marcam o 31º aniversário da tragédia de Chornobyl em 26 de abril de 2017.
Apesar de parecer a imagem de um filme apocalíptico, a foto é real, foi tirada no telhado do 4º reator
destruído, onde os níveis de radiação superavam, por centenas e até milhares de vezes, os níveis permitidos