sábado, janeiro 31, 2015

Rússia inicia a caça aos “traidores da pátria”

A jovem dona de casa russa, Svetlana Davydova (36), moradora de província de Smolensk, mãe de 7 crianças (última das suas filhas nasceu apenas 2 meses atrás, Svetlana está à amamentar), foi presa pelo FSB e colocada na cadeia de Lefortovo, acusada de “traição à pátria” à favor da Ucrânia.

Em abril de 2014, a ex-militante comunista, Svetlana testemunhou as atividades anormais na sua vizinhança, na unidade militar № 48886, o aquartelamento da 82ª Brigada especial rádio-técnica do GRU. Depois, no transporte público, escutou a conversa que um dos militares da brigada manteve no telemóvel, contando que os seus colegas: “em pequenos grupos, são enviados à Moscovo, obrigatoriamente em trajes civis, e de lá (seguem) além, em uma missão de serviço”.

Svetlana, que seguia os acontecimentos na Ucrânia, concluiu que a unidade da GRU era enviada para o leste ucraniano, onde certamente se transformaria em “rebeldes ucranianos pró-russos”. Em casa, ele contou tudo ao marido e depois ligou à Embaixada da Ucrânia em Moscovo, contando sobre o sucedido aos diplomatas ucranianos e explicando que queria prevenir as possíveis vítimas.

Agora, ela é acusada ao abrigo do Artigo 275º do Código Penal russo (traição de Estado), poderá ser condenada à pena de prisão que varia entre 12 à 25 anos de pena efetiva.

“Svetlana, em geral, é contra essa guerra, – explica o seu marido, Anatoli Gorlov, – mas não diria que somos os participantes ativos dos comícios anti-guerra e membros da oposição. Anteriormente ela estava filiada no Partido Comunista da Federação Russa (KPRF), mas depois saiu para criar os filhos”. Em 2009, ela concorreu pelo KPRF à deputada do Conselho Distrital local.

No dia 21 de janeiro de 2015, o seu apartamento foi invadido por um grupo de homens em fardamento camuflado negro, comandados pelo investigador de casos particularmente importantes do 1º Departamento da Direção de investigação do FSB, coronel da justiça, Mikhail Svinolup.

O investigador explicou à detida que ela é suspeita de cometer a “traição de Estado” e que o número do seu processo criminal é 221-601. Depois disso, Davydova foi levada e FSB começou a busca no apartamento que durou várias horas e culminou com apreensão de todos os cadernos telefónicos, computador e laptop.

No dia seguinte, a juíza do tribunal moscovita de Lefortovo, Elena Galikhanova, ignorando o facto de Davydova ser mãe de 7 crianças menores, legalizou a sua prisão (caso criminal 3/1-10/2015, neste momento a informação não está disponível publicamente). A prisão efetiva foi pedida pelo investigador do seu caso e Davydova foi encarcerada na cadeia (ou isolamento operativo, SIZO) de Lefortovo, controlada, de forma não oficial, pelo FSB.

O seu marido não esteva presente na audição que culminou com a prisão, dado que foi desinformado propositadamente, recebendo a “dica” que a sua esposa foi levada à cidade de Smolensk. Ao pedido do jornal russo Kommersant, o serviço de imprensa do FSB prometeu emitir um esclarecimento sobre o caso dentro de 30 dias de calendário.

O advogado oficioso da acusada, nomeado pelo Estado russo, Andrey Stebenev, disse ao rádio Govorit Moskva (Fala Moscovo) que “não considera a acusação de traição de Estado como completamente infundada”. Na sua opinião o caso possui: “as informações, os factos, as razões”. Embora o advogado acrescenta que: “a investigação irá investigar posteriormente, pois lá existem os pontos importantes que precisam de ser investigados e obter, sobre os mesmos as conclusões de especialistas na área de segredos de Estado” (FONTE). Na entrevista ao serviço russo da rádio Liberdade, o advogado explicou que na sua opinião, Svetlana sofre pois: “telefonou para onde não devia ligar e disse o que não devia dizer”.

Diversos advogados russos argumentam que não existem os indícios de traição de Estado nas ações de acusada: pois ela não tinha acesso aos segredos de Estado e as informações dadas por ela aos diplomatas ucranianos tiveram o caráter supositório.

No entanto, até o seu diário íntimo e pessoal foi apreendido pelo FSB, fazendo, de momento, parte do processo criminal contra Davydova. Numa das passagens citadas no processo, Svetlana escreve (FONTE):

Eu sou a mãe de muitos filhos, deterioram-se as leis, os direitos humanos na expressão do pensamento. Mais cedo ou mais tarde eu posso me deparar com a violência aberta contra a minha família. Esses bandidos que estão agora na Ucrânia (“voluntários russos”), voltam à Rússia e vão continuar o obscurantismo”. Numa outra passagem citada pelo FSB lê-se: “Se na Ucrânia lutam pelo povo, na Rússia, Putin está lutando contra as pessoas”.

Quando se escrevia este artigo soube-se que na audição preliminar Davydova “confessou tudo”. E que em Lefortovo, ela se encontra na cela № 83, onde tem como única companheira uma mulher de 60 anos. Acusada de burla, por algum motivo desconhecido, ela se encontra na prisão controlada pelo FSB, juntamente com acusados de espionagem e terrorismo...

Blogueiro

Dado que o presidente da federação russa, os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, negaram categoricamente e por diversas vezes a participação do exército russo na guerra contra Ucrânia, significa que Svetlana Davydova desinformou a embaixada da Ucrânia. Ou seja, em vez de trair a pátria, enganou o “adversário potencial”.

O artigo 275º do CP russo define a traição de Estado como: “transferência de informações classificadas à um Estado estrangeiro”. A acusação de traição de Estado significa, realmente, que a mulher disse a verdade e efetivamente, o exército russo participa na guerra contra Ucrânia, fazendo-se passar por “independentistas e insurgentes ucranianos”.

Neste contexto, esperamos que todos os militantes comunistas e todos os defensores do Edward Snowden, irão defender Svetlana Davydova contra a perseguição do FSB com o mesmíssimo vigor que defendem o ex-analista da CIA e da NSA, contra a perseguição dos EUA. Pois afinal das contas, Davydova protagonizou um acto heróico que significou grandes sacrifícios pessoais por ter assumido uma posição de integridade e ética e por expor a verdade.

Temos também a plena confiança do que as possíveis escutas do FSB à embaixada da Ucrânia em Moscovo não irão ficar fora da firme indignação daqueles que veemente protestavam contra as escutas dos EUA da presidenta Dilma e de outras entidades fora da jurisdição norte-americana.  

A arte imita a vida, a história se desenvolve em espiral...

A história da Svetlana Davydova possui uma forte semelhança com o enredo do romance do Alexander Soljenitsin, “O Primeiro Círculo” (1968). O seu herói, Inocêncio Volodin, ligava para a embaixada dos EUA em Moscovo, para alertar os diplomatas sobre a catástrofe mundial iminente, caso o segredo da bomba atómica americana caísse nas mãos do Estaline. Em resultado, ele foi preso pelo NKVD.



No dia 28 de janeiro último, no programa “Concerto vivo”, na rádio FM 106,4 da cidade de Barnaul (região russa de Altai), os dirigentes e funcionários da Casa de Cultura tradicional russa contaram que na celebração das festividade de Maslenitsa, num dos capitais distritais locais, a personagem do teatro de marionetas, Petrushka, irá matar Barack Obama, o queimando. Isto acontecerá numa apresentação infantil (Fonte).

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Cultura, car@lho!

Piquete ucraniano em Nova Iorque
— Quando é que vocês todos vão morrer, porra!
— Vão trabalhar!
— Desaparecem para vossa ucrânia!
— Logo-logo mesmo Alasca será nosso!
— O que falar com eles? Eles são fodidos...

Assim, os músicos russos da orquestra do teatro Mariinsky (São Petersburgo), reagiram ao pacífico piquete ucraniano em Nova Iorque, na sua caminhada para atuar no Carnegie Hall. Um outro grupo de músicos russos com os seus instrumentos criticavam os manifestantes em voz alta e riam-se. O natural de Kyiv e graduado pelo Conservatório de Moscovo, o pianista ucraniano Pavel Gintov, um dos participantes no piquete disse-lhes:

— Vocês estão rindo? Mas vocês sabem quanta gente já morreu?
Um dos músicos russos respondeu, mais uma vez rindo-se:
— E em África, em geral, diariamente morrem milhares de pessoas, e daí?

No dia 27 de janeiro, o pianista Pavel Gintov tentou conversar com os jovens-músicos russos do teatro Mariinsky que atuaram em concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque. Gintov, veio para protestar contra o torneio da orquestra do maestro Valery Gergiev, um daqueles que em 2014 assinou a carta pública de figuras da cultura russa em apoio às políticas do Vladimir Putin em relação à Ucrânia.
Piquete ucraniano em Londres
Em resposta, da boca de músicos russos choveram diversos insultos. O próprio pianista ucraniano classifica a reação dos seus colegas russos de seguinte maneira:

São músicos. São jovens que tenham concluído ou ainda à estudar no Conservatório. São os que hoje tocaram a música no palco do Carnegie Hall. É escuridão, horror e loucura.
Pavel Gintov
Fonte:
http://www.svoboda.org/content/article/26820998.html

quinta-feira, janeiro 29, 2015

Batalha de Kruty: as lições à retirar

No dia 29 de janeiro de 1918, nos arredores da vila de Kruty, na província ucraniana de Chernihiv, decorreu a batalha desigual entre armada bolchevique e os voluntários ucranianos. Cerca de 400 jovens ucranianos foram defender a cidade de Kyiv face aos cerca de 4.000 bolcheviques russos, mas se transformaram no símbolo de auto-sacrifício em defesa da Ucrânia.
"Caíram 300, se levantam milhões".
Cartaz de OUN-M, 1938. Autor: Mykhaylo Mykhaylevych
No dia 5 de dezembro de 1917, o governo comunista russo, encabeçado pelo Vladimir Ulianov (Lenine), declarou a guerra à República Popular da Ucrânia (UNR), de inspiração socialista. Nos meados do mesmo mês, começaram os combates, bolcheviques não aceitavam a existência da Ucrânia independente, apostando na difusão da “revolução mundial” (hoje em dia no “mundo russo”), ao território da Ucrânia.
Os jovens combatentes ucranianos antes da batalha
No dia 12 de dezembro foi proclamada a Ucrânia Soviética, com a capital na cidade de Kharkiv, que imediatamente começa receber a ajuda militar da Rússia bolchevique (os atuais “comboios humanitários”). Alem disso, uma armada de 20.000 homens, comandada pelo Antonov-Ovseenko (fuzilado pelo Estaline em 1939) invadiu o leste da Ucrânia, do sudeste avançava o grupo do Mikhail Muravyov (liquidado pelos bolcheviques no mesmo 1918).

De quase 300.000 militares favoráveis à Ucrânia que a república possuía no verão de 1917, restavam cerca de 15.000 homens, fruto de desmoralização, cansaço e o trabalho dos agitadores e propagandistas bolcheviques que conseguiam passar as unidade inteiras ucranianas para o seu lado. Nesta situação, o governo ucraniano, a Rada Central, contava apenas com jovens estudantes de Kyiv, à quem confiaram a defesa da cidade capital.
Ihor Loskiy
Um dos participantes na batalha, Ihor Loskiy, em 1918 estudante do Ginásio de Cyrilo e Metódio de Kyiv recorda: “Apenas no último momento, quando o desastre já era inevitável, alguns estadistas ucranianos começaram às pressas criar novas unidades militares, mas já era tarde”. 

Apenas 3 semanas antes da batalha foi criada a Unidade (Kurin) Estudantil dos Atiradores de Sich. A decisão da sua criação partiu da reunião magna dos estudantes da Universidade de São Volodymyr (atualmente a Universidade Nacional “Taras Shevchenko”) e da Universidade Popular de Kyiv. Um pouco mais de 100 jovens se inscreveram na unidade, os “desertores” eram alvos do boicote da classe estudantil.
Apesar de Rada Central possuir a munição e equipamentos em quantidade suficiente, os estudantes receberam piores uniformes e espingardas velhas e enferrujadas. A própria batalha também mostrou a desorganização das chefias ucranianas: na retirada, o estado-maior levou consigo o vagão com a munição para as espingardas e canhões. Os estudantes e cossacos livres lutaram até o fim, mas a batalha foi perdida.
Não muito longe, estava estacionada uma forte unidade militar ucraniana, comandada pelo Symon Petliura, mas recebendo a notícia da sublevação comunista na fábrica “Arsenal” de Kyiv, ele se dirigiu à capital, considerando que aquele era um perigo maior.
Matviy Danyliuk, último veterano ucraniano da Batalha de Kruty,
morreu em 1994 aos 103 anos.
Na retirada ucraniana, perdendo a orientação no terreno, uma unidade estudantil entrou diretamente em Kruty, já tomada pelos bolcheviques. Chateado com as perdas entre os efetivos (a unidade bolchevique perdeu na ofensiva cerca de 300 pessoas), o seu comandante, Yegor Popov, ordenou o fuzilamento dos estudantes ucranianos. As testemunhas contam que primeiro os 27 ucranianos foram alvos de torturas e maus-tratos, depois foram fuzilados. O estudante da 7ª classe, Hryhoriy Pipskiy, foi o primeiro que começou cantar o Hino nacional da Ucrânia, os restantes estudantes o seguiram (FONTE).
Hryhoriy Pipskiy
Em memória dos Trinta

No túmulo de Askold
Enterraram-os –
Trinta mártires ucranianos
Jovens, gloriosos...

No túmulo de Askold
Flor ucraniana! –
Na sangrenta na estrada,
Ao mundo iremos.

Atreveu contra quem levantar
A traiçoeira mão?
Floresça o sol, brinca vento
E rio Dnipro...

Contra quem começou Caim?
Deus punirá! –
Eles amaram acima de tudo
A sua terra amada.

Morreram no Novo Testamento
Com a glória dos santos. –
No túmulo de Askold
Enterraram-os.

Pavlo Tychyna no jornal “Nova Rada”, Kyiv, 1918.
Transladação de corpos de mártires ucranianos para o túmulo de Askold, na margem direita do rio Dnipro em Kyiv, 1918
Homenagens atuais e o monumento aos heróis de Kruty  

Apenas Espere...

O cantor ucraniano Vladislav Levitskiy e o realizador de Lviv, Taras Khymych, apresentam um novo vídeo musical, de cariz patriótico, “Apenas Espere”.

Vladislav Levitskiy, cantor e compositor, é o autor da letra da canção. Como é possível compreender pelo título, a música pede que a mulher apenas espere o seu amado e isso será a força motriz que o fará voltar vivo do campo de batalha...  
https://www.youtube.com/watch?v=J6zsQ1h9b_k

e os terroristas que esperem!

Anton Gerashchenko, o assessor do ministro do Interior da Ucrânia, avançou no seu Facebook algumas ótimas notícias para o país e para os seus defensores.

O Gabinete dos Ministros da Ucrânia aprovou o Decreto-lei sobre os estímulos financeiros aos participantes na Operação Anti-terrorista em curso. A iniciativa partiu do presidente ucraniano Petró Poroshenko.

O Decreto-lei prevê os aumentos na ordem de 50% e 75% dos salários dos militares que participam na OAT ou conflitos militares semelhantes; os militares que participam diretamente nos combates passarão receber 1000 UAH (62,5 USD) por cada dia do seu serviço efetivo.

Mas os maiores prémios são previstos para a aniquilação dos equipamentos militares inimigos: a destruição de uma viatura vale 12.000 UAH (750 USD); do blindado – 48.000 UAH (3000 USD); do sistema de mísseis 60.000 UAH (3750 USD) e do avião militar 121.000 UAH (7562 USD).

O Decreto entrará em vigor imediatamente após a sua publicação nos jornais oficiais: “Voz da Ucrânia” e “Diário Governamental”, que no país servem, entre outras coisas, para a publicação das novas leis.

Blogueiro


Obviamente, ninguém se torna o ciborgue por nenhum dinheiro do mundo. Por isso o perigo de comercialização da guerra não assusta os ucranianos. Quem precisa de ficar assustado são diversos “voluntários” russos e outros mercenários, pois foi criado um motivo extra para que eles voltem para casa no estado de “carga-200”.   

quarta-feira, janeiro 28, 2015

Legião da NATO

Recentemente, huylo definiu o exército ucraniano em seguintes termos: “"Na realidade, este não é um exército, é legião estrangeira, neste caso, a legião estrangeira da NATO”. Os criativos ucranianos decidiram aproveitar essa ideia brilhante.

As insígnias “NATO LEGION” custam apenas 30 UAH (1,88 USD), deste valor, 17 UAH são custos de produção e 13 UAH serão usados para apoiar o exército ucraniano em combate contra os agressores russos.

Insígnias prontas podem ser levantadas aqui: http://www.lisenbart.com/ukr/contact.html

Os pagamentos podem ser feitos via:
PrivatBank (UAH): 5168 7556 0244 4040 (Dmytro Lisenbart)
PayPal: lisenbart@me.com


Mariupol enterra as vítimas


Na cidade de Mariupol, no cemitério “Starokrymske”, no dia 27 de janeiro foi enterrada uma família inteira de quatro pessoas, vítimas do último bombardeamento russo contra a cidade, ocorrido no dia 24 de janeiro. Na foto é o caixão da rapaz de 5 anos que morreu juntamente com os seus pais (FOTOS). Este é o “mundo russo” que federação russa traz à Ucrânia desde o abril de 2014...
A cidade de Mariupol, ano 1890, a igreja no fundo da avenida foi dinamitada pelo regime comunista soviético em 1934.
É para todos aqueles que perguntam como e porque surgem na Ucrânia as pessoas que não se identificam com Ucrânia.

terça-feira, janeiro 27, 2015

Rússia considerada país-agressor

 
Com um certo atraso de quase um ano, a federação russa foi considerada como país-agressor pelo Parlamento ucraniano; o Parlamento também designou oficialmente os grupos terroristas de “dnr” (rpd) e “lnr” (rpl) de terroristas.

Os 271 deputados dos 289 presentes votaram “sim”, o Bloco de Oposição, a força anti-ucraniana e pró-Kremlin foi a única que não deu nenhum voto, dado que os seus deputados se dividiram entre os ausentes e os não votantes.

Os resultados de votação por cada grupo parlamentar foram tornados públicos na Internet:

Bloco Petró Poroshenko (148): sim: 116; não: 0; abstiveram-se: 0; não votaram: 5; ausentes: 27
Frente Popular (Arseniy Yatsenyuk, 81): sim: 69; não: 0; abstiveram-se: 0; não votaram: 3; ausentes: 9
Bloco de Oposição (pró-Kremlin, 40): sim: 0; não: 0; abstiveram-se: 0; não votaram: 14; ausentes: 26
Partido Radical (Oleh Liashko, 22): sim: 16; não: 0; abstiveram-se: 0; não votaram: 2; ausentes: 4
Desenvolvimento Económico (19): sim: 7; não: 0; abstiveram-se: 0; não votaram: 2; ausentes: 10
Vontade do Povo (19): sim: 3; não: 0; abstiveram-se: 0; não votaram: 1; ausentes: 15.

A onda da Mobilização

Na Ucrânia começou uma nova onda de Mobilização para as Forças Armadas e o Ministério da Defesa e Ministério da Política Informativa prepararam diversos cartazes da publicidade social para apoiar essa ação. 
Ciborgue, nom de guerre "Poliglota", 27 anos 
Criticada por não ser perfeita, a publicidade usa slogans simples e compreensivos:

Dignidade, liberdade e vitória!
Se mobiliza – protege o mais importante
Um exército forte é você forte


Guerra de libertação em fotografias
A fila de dadores de sangue aos ciborgues feridos, cidade de Dnipropetrovsk 
Liberdade para Nádia Savchenko!
O novo cemitério russo na cidade de Rostov-no-Don
A placa diz: "restos cirúrgicos"...
É nisso que se transformam os diversos invasores vindos da Rússia (cossacos, neo-nazis, "voluntários", tropas regulares e unidades especiais) que atualmente semeiam o terror na Ucrânia para mais tarde ou mais cedo se transformar nisso mesmo, no lixo humano, liquidado pelas forças ucranianas cirurgicamente ou nem por isso... 

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Em Auschwitz pela Ucrânia

Os nazis exterminaram milhões de ucranianos. Os ucranianos lutaram contra o regime nazi com as armas nas mãos e foram vítimas deste regime desumano. Mesmo assim, persiste o estereótipo pejorativo que descreve os ucranianos como os perseguidores e não como as vítimas. Pelo menos assim afirmam as diversas correntes anti-ucranianas que se opõem a independência e soberania da Ucrânia. Estas memórias irão ajudar a reverter a grande mentira. Escritas pelo nacionalista ucraniano e sobrevivente do Holocausto, as memórias guardam para a posterioridade a histórias da vida de alguns ucranianos que se dedicaram à luta pela liberdade de Ucrânia.

Dr. Mykhailo H. Marunchak, prisioneiro de Auschwitz № 120482

O livro de memórias de Stefan Petelycky, chamado “Into Auschwitz for Ukraine” (ISBN 1896354165), pela primeira vez foi publicado em Kyiv em 1999 pela editora Kashtan Press e reeditado em 2008. O livro foi publicado em edições idênticas em inglês, francês e ucraniano e conta a história pessoal do Stefan Petelycky e outros prisioneiros ucranianos do hediondo campo de concentração nazi de Auschwitz-Birkenau.

Membro da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), Stefan Petelycky (prisioneiro № 154922), passou 16 meses em Auschwitz, depois foi transferido para o campo de concentração de Mauthausen e mais tarde ao Ebensee. Denunciado pela primeira vez aos nazis por um colaboracionista polaco, em Ebensee, já moribundo, ele foi salvo do crematório por um outro polaco. 

Nascido em maio de 1923 na Galiza ucraniana, Stefan Petelycky, recorda como os ucranianos ocidentais recolhiam os alimentos para os seus irmãos do Leste durante o Holodomor, mas os alimentos eram recusados pelas autoridades soviéticas, que afirmaram não “haver a necessidade neles”. Sabe-se quantas vidas ucranianas poderiam ser salvas, se as autoridades comunistas agissem em boa-fé.

O seu irmão mais velho, Safron, foi assassinado em 1959, acusado de esconder os guerrilheiros do Exército Insurgente Ucraniano (UPA), espancado até a morte pelos agentes da NKVD. Em 1938, aos 15 anos, Stefan Petelycky, aderiu à juventude da OUN. No início as suas atividades eram simples, distribuição de jornais e panfletos, colheita de donativos que população ucraniana oferecia à resistência.

Em 1940 Stefan foi despedido da cooperativa onde trabalhava pela sua recusa a aderir à juventude comunista Komsomol. Após a invasão nazi, em novembro de 1942, Stefan foi informado que Gestapo procurava por ele. Denunciado por um polaco como membro da OUN, Stefan Petelycky foi preso pela Gestapo em maio de 1942. Algemado e espancado, Stefan foi intensamente interrogado sobre as atividades da OUN. Preso na cadeia na Lonckoho em Lviv, onde foi interrogado durante alguns meses, chegando a ser eletrocutado, em outubro de 1943 ele foi enviado para o campo de concentração de Birkenau, também conhecido como Auschwitz II.

Os circuitos do inferno

Moribundos, após os meses de interrogações da Gestapo, quando finalmente os prisioneiros políticos chegaram ao campo de concentração, logo na entrada eles receberam “as boas vindas”, que consistiam em um espancamento brutal, executado por outros presos, homens fortes armados com cassetetes, que tinham as faixas vermelhas e amarelas nos braços e um triângulo verde no peito.

Colocado na barraca № 4, na primeira noite Stefan Petelycky e outros prisioneiros foram forçados à carregar a terra de um lado para outro, usando as suas próprias camisas como sacos. Liberados apenas às duas horas de madrugada, eles foram obrigados a dormir quatro homens em uma só cama. Na manha seguinte ele contou vários homens falecidos, entre aqueles que tinham chegado na noite anterior.

Após alguns dias na barraca № 4, Stefan e os seus companheiros conseguiram passar para a barraca № 7, ajudados pelo Bohdan Komarnytskyi, prisioneiro sénior, que sendo ucraniano, oficialmente era tido como polaco. Apenas uma semana depois de se instalar na barraca, Stefan Petelycky e outros nacionalistas ucranianos (cerca de 150 em todo o campo) foram transferidos ao bloco № 11 de Auschwitz. Cada bloco daqueles possuía dois níveis habitacionais, o segundo nível era ocupado quase exclusivamente pelos nacionalistas ucranianos. Por alguns dias Stefan tinha como vizinhos um grande grupo de prisioneiros do exército soviético, na sua maioria mulheres ucranianas, que cantavam as canções ucranianas à noite. Dias depois todas elas foram fuziladas pelos nazis.

Algumas semanas mais tarde, os “banderivtsi” foram mais uma vez transferidos, desta vez para o bloco № 17. O grupo estava muito unido, tentando salvar os seus companheiros, conseguindo-lhes os trabalhos mais leves. Nem todos tiveram essa sorte, o próprio Stefan Petelycky foi destacado para a construção da autoestrada de Sola Brucke, onde esteve até o janeiro de 1944. O seu próximo trabalho foi na cozinha dos guardas da SS, onde trabalhavam apenas Volksdeutsche (alemães étnicos), russos e ucranianos. Mas depois de um dos funcionários Volksdeutsche tentar escapar, os nazis mudaram a totalidade dos funcionários. De seguida, destacado para a lavandaria, Stefan trabalhou lá até o dia 19 de janeiro de 1945, apenas 8 dias antes de libertação do campo pelo exército soviético.
Setenta e cinco anos após a libertação de Auschwitz, os historiadores identificaram
cerca de dois terços das vítimas judias do campo
Obrigado a marchar fora do campo, ele só conseguiu a façanha graças à ajuda do Yaroslav Pavlyshyn e Roman Kostiuk, ambos sobreviventes de Auschwitz e mortos às mãos do NKVD em 1952 durante uma missão da UPA na Ucrânia.

Em 21 de janeiro o grupo chegou ao campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. O campo era extremamente frio, apinhado da gente e pareceu ao Stefan muito pior do que o próprio Auschwitz. Em Mauthausen, Stefan recebeu o novo número prisional, № 120169, mas já no dia 29 janeiro de 1945 foi transferido para o campo de Ebensee, que descreve como “campo de morte”, onde trabalhou na construção do complexo subterrâneo, onde eram fabricados os famosos mísseis V-2. Campo quase não possuía médicos, nem a enfermaria, por isso cada prisioneiro adoecido era cruelmente abatido pelos guardas nazis. Stefan assistiu pessoalmente várias mortes de italianos e ucranianos soviéticos. Um dia, ele próprio foi brutalmente espancado por faltar o trabalho até ficar inconsciente, pensando que chegou o seu dia final.

As condições de vida em Ebensee eram tão duros, que a comida faltava até aos guardas alemães da SS, o que fazia estes desinteressar-se por completo das condições da vida dos seus prisioneiros. Em março de 1945 apenas 10 prisioneiros ucranianos saídos de Auschwitz ainda ficavam vivos. Já no fim de abril, restava apenas Stefan. Ele foi visto por um médico polaco, sobrevivente da Revolta da Varsóvia, que o perguntou sobre a sua naturalidade. Sem saber porquê, Stefan disse em polaco que é natural da cidade de Tarnow, da rua Sanguszka. Antes da guerra o médico também vivia em Tarnów naquela mesma rua. Médico lhe deu os comprimidos anti-inflamatórios e passou o atestado que livrou Stefan da necessidade de trabalhar.

No dia 8 de maio de 1945 o campo de Ebensee foi libertado pelo exército americano. Dois dias antes, em 6 de maio, ele foi descoberto por dois companheiros ucranianos, Hryhorii Naniak e Oleksa Vintoniak, que vieram do campo de concentração de Menk para a procura dos ucranianos sobreviventes. Stefan não se lembra das datas, nas vésperas ele foi dado como morto e atirado para a pilha de corpos que aguardavam a sua vez para serem queimados no crematório.

Retirados fora do campo, os sobreviventes eram tratados pelos médicos americanos e enfermeiras alemãs. Nas próximas três semanas Stefan continuava semi-inconsciente, até que com ajuda de um médico jugoslavo conseguiu chegar às facilidades médicas geridas pela Cruz Vermelha da França Livre. Procurando dar rumo à sua vida, Stefan optou por voltar ao campo de Ebensee, onde ucranianos Petró Mirchuk e Milena Rudnytska organizavam um grupo de sobreviventes da Ucrânia. Através deste grupo, ele recebeu a declaração das autoridades americanas, que confirmava que Stefan era o prisioneiro político em Auschwitz.

Acreditando na eminente III G.M., entre Ocidente e URSS, Stefan trabalhou para OUN por mais alguns anos, desprendendo várias viagens arriscadas entre Áustria, Alemanha e Checoslováquia. Compreendendo que Ocidente não iria apoiar a luta armada pela independência da Ucrânia, em 1949 ele se casa com Sofia Kawchuk, pedindo a permissão da OUN, e emigra para Canadá no fim de 1950. No seu novo país de acolhimento, Stefan continuou a participar na vida política e social ucraniana (é um dos fundadores da Liga Mundial dos Prisioneiros Políticos Ucranianos), escrevia na imprensa ucraniana e canadense, se dedicava à família.

Stefan Petelycky e os seus companheiros da resistência ucraniana não receberam nenhuma compensação do estado alemão pela sua estadia nos campos de concentração nazis. Alemanha alegou que todos eles participaram na luta armada contra o Estado alemão nazi e como tal, não eram elegíveis às compensações iguais aos sobreviventes judeus do Auschwitz.

Fonte:
Tradução portuguesa@ Ucrânia em África

Blogueiro

Stefan Petelycky morreu em paz, aos 91 anos de idade, em 29 de agosto de 2014, no Hospital-geral de Richmond. A agressão russa contra Ucrânia não permitiu que o nosso blogue assinalasse a morte deste resistente ucraniano na altura do seu falecimento. Paz à sua alma! Glória aos Heróis!