quarta-feira, março 01, 2017

Os alimentos consumidos na União Soviética (17 fotos)

Descrevendo a União Soviética, os seus saudosistas gostam de dizer que na URSS se comiam as coisas naturaissem nenhuns aditivos químicos, carne e fruta de altíssima qualidade”. O artigo de hoje irá mostrar porque razão os cidadãos da pátria doscamponeses e operários”, aos seus 50 anos perdiam a metade dos dentes (na melhor da hipótese) e pareciam com as frutas secas com problemas graves nas articulações.

Na realidade, opovo miúdona URSS comia aquilo o que conseguiaarranjar” (eufemismo paracomprar, usando a cunha”) ou comprar mesmo, após longas horas nas filas para a compra de alimentos mais básicos, como frangos, carne ou a fruta mais simples...

02. Carne. Na URSS praticamente não havia a carne normal, daí o uso massificado da carne moída, fabricada de restos de carne com aditivos de pão. No fim da sua existência, numa grande parte da União Soviética mesmo este tipo de produto era um défice tremenda e a sua venda livre originava as filas enormes.
A foto mostra bem a atmosfera do talho, inserido numa loja. O talho colocou em venda livre alguns pedaços da carne, à julgar pelas fotos de vaca e de má qualidade, algo que imediatamente originou uma fila de compradores.

03. O homem pede lhe dar um bocado melhor, o apontando com o dedo e a vendedora lhe quer impingir um bocado cheio de veias, dizendo: “Homem! Leve este aqui, ou não terá nenhum!” É a tal carne soviética “natural de altíssima qualidade” que custava cerca de 3,5 rublos o quilo.

04. Departamento de frangos e miudezas. O homem olha para o produto. Os frangos na URSS eram bastante pouco comestíveis, só serviam para fazer a sopa (galinhas eram magras e de cor azul), frequentemente eram vendidas com as patas e bicos (para aumentar o peso na venda), apenas congeladas. Mesmo assim, estes frangos eram um défice desde os meados da década de 1980, os cidadãos formavam enormes filas para os comprar. Já as miudezas ou os seus pescoços podiam ser adquiridos com mais facilidade.

05. Departamento de mortadela. A foto é de 1987, a escolha até é bastante boa para a época. E os presuntos, chouriços ou paio? Estes iam diretamente às lojas da elite partidária, o povo deveria ficar contente com a “Mortadela de Doutor”, cuja utilidade era proclamada em todos os livros culinários soviéticos. Mesmo a mortadela do povo custava entre 2.30 à 3.60 rublos/kg, tendo em conta que o salário médio variava entre 120 (na educação) e 160 rublos (na indústria).

06. A mortadela com elevado teor de carne e baixo conteúdo de papel era um défice. Na foto os serventes de uma loja carregam a palete metálica, cheia de mortadelaboa” — essa quantidade seria vendida em ¼ de hora, muitas vezes existindo o limite:não mais de que uma peça para um único comprador”, por isso nas fotos das filas soviéticas aparecem tantas crianças, eles eram levadas pelos pais à procura dos alimentos para servirem de “segundas mãos”.

07. Os mercados existiam em praticamente todas as cidades soviéticas e ofereciam a escolha melhor, comparando com as lojas. A escolha mais variada era de carne de porco (fora das repúblicas muçulmanas da Ásia Central). Mas as melhores peças ou eram vendidas muito rapidamente ou “guardadas” para os “seus” compradores. Para comprar um bom bocado de carne era preciso ser esperto, senão à venda livre ficava apenas o toucinho e os subprodutos.

08. A escolha melhor numa outra banca do mercado. Toda a carne é de segunda e mal conservada. Além da falta de higiene tremenda, as balanças que ajudavam a roubar, o desleixo total no processo de compra e na escolha de carne. A razão principal é ausência total de concorrência, tudo era feito pelo princípio “vão comprar assim mesmo”.

09. As frutas e legumes. Mais ou menos sem problemas era possível comprar repolho, cenoura, beterraba e cebola, a foto abaixo mostra o departamento ou típica loja soviética de venda de legumes da década de 1980. Os compradores não podiam escolher as peças, eles apenas diziam o que queriam e então o próprio vendedor levava os produtos e os pesava. Nessas filas muitas vezes nasciam as discussões e contestações, devido ao facto do vendedor vender ao algum comprador desatento (por exemplo, uma criança) as peças podres.

10. Pepinos. Em algumas cidades da URSS era possível as comprar no mercado, trazidos pelos vendedores privados do Cáucaso e vendidos 2-3 vezes mais caro do que nas lojas.

11. Nos mercados também havia boa fruta, como a romã arménia, mas os preços eram proibitivos para a maioria dos cidadãos soviéticos. Hoje não vamos falar sobre as frutas mais exóticas, as primeiras bananas apareceram na URSS, em venda livre, por volta de 1990.

12. Uma boa foto do mercado soviético. Apesar da aparente abundância, a escolha é muito pobre – na verdade, apenas as maçãs (más), caquis / dióspiros, romãs e uvas. Todos, aparentemente de qualidade inferior, vendidos aos preços de mercado, cerca de 3 vezes mais caro do que nas lojas.

13. Mais ou menos livre, pelo menos em Belarus e Ucrânia, na URSS se vendia a batata, as pessoas a compravam em uma quantidade incrível, quase industrial, ao mesmo tempo, inventando dezenas de pratos de batata. A batata era vendida incluindo nas ruas – o seu comércio era organizado de forma parecida como nessa foto.

14. Abóbora era comprada às peças e preparada como uma espécie de papa com arroz. Ao lado são vendidos os damascos secos, os damascos e todas as frutas secas, em geral, eram poucos produtos soviéticos de razoável qualidade, pois é quase impossível estragar os damascos.

15. Até o fim da década de 1970, o abastecimento de peixe na União Soviética era razoável, depois ela desapareceu das prateleiras (possivelmente vendida no Ocidente, para ganhar as divisas necessárias ao combate contra o capitalismo). A foto mostra os compradores numa longa fila para comprar algo como “caudas do escamudo”, possivelmente usados para preparar a sopa de peixe. Ocasionalmente o peixe congelado poderia ser vendido “fora da caixa”, directamente na entrada da loja, colocada nas caixas plásticas.

16. Os jarros de três litros de sumo/suco natural” era um dos produtos mais abundantes do fim da URSS; muitas vezes para além deste, nada mais havia nas prateleiras. Para preparar este sumo/suco de bétula “à soviética, é precisa misturar a água da torneira com um par de colheres de açúcar e um pacote de ácido cítrico. Para fabricar o sumo/suco de “bétula-maçã, a mesma composição deveria ser retocada com caldo de beterraba.
A foto da Getty Images tem a legenda em inglês “grandes jarros com líquido colorido” (large jars of colored liquid), nenhuma palavra sobre sumo/suco ;-)

17. Essa era a aparência típica das prateleiras com deliciosos queijos e produtos lácteos dos anos finais da União Soviética, olhem para esta abundância! Quem quer experimentar a deliciosa manteiga soviética deve engolir o seu cuspo e convencer-se de que a manteiga entrou no estômago. Este zen soviético não é nada fácil, mas é perfeitamente possível de treinar.
Na verdade, todos os fãs da URSS podem facilmente organizar a sua própria alimentação “à soviética”: comprar apenas os restos da carne, os moendo num moedor manual, comprar o repolho um bocado podre e batata congelada, macarrão cinza, pão azedo em forma, de frutas – apenas maçãs, produtos lácteos – queijo com cheiro de chule e nata, diluída à consistência de kefir.

Uma vez por mês podem comprar a galinha azul, uma vez em dois meses – um bolo com as gordas rosas oleosas, no dia 7 de Novembro (a comemoração do golpe evolução bolchevique de outubro de 1917) – um cacho de uvas murchas, uma vez por semestre as bananas, para tornar o processo mais autêntico – ficando duas horas no frio às portas da loja. Do resto, tal como autor do texto original, não sentimos nenhuma saudade daquela “cadeia dos povos” (fonte).

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