domingo, fevereiro 26, 2023

AWACS A-50 russa foi atingida perto de Minsk

Uma aeronave militar russa AWACS A-50 foi atingida perto de Minsk. As partes frontal e central da aeronave, aviônica e antena de radar foram danificados. Em serviço da rússia existem apenas 9 destes aviões. Sua principal função é o reconhecimento de longo alcance. Este é o primeiro golpe para Lukashenka, escreve a BYPOL.

De acordo com as informações recebidas dos participantes do plano Peramoga (https://t.me/plan_peramoga_bot), esta manhã no aeródromo militar Machulishchi, localizado à 12 km de Minsk, ocorreram 2 explosões, como resultado do qual foi danificado o avião russo e sistema de limpa-neve.

Os canais propagandistas russos confirmam ataque de hoje e confirmem 
os danos, embora dizem que A-50 não foi atingido.

Na área do aeródromo os residentes locais observam um grande número de militares e equipa/es da polícia de trânsito que verificam todos os carros que passam. Possivelmente procuram os grupos de sabotagem. Alguns dados apontam que avião possivelmente foi atingido por um drone, informação que necessita de confirmação. 

Viva Belarus! Glória à Ucrânia!

O Beriev A-50 (classificação da NATO/OTAN «Mastay») é uma aeronave soviética equipada de Sistema Aéreo de Alerta e Controlo/e baseado no Ilyushin Il-76. Desenvolvido para substituir o Tupolev Tu-126 «Moss», o A-50 voou pela primeira vez em 1978. Entrou em serviço em 1984, com cerca de 40 aeronaves produzidas até 1992.

Exposição «Ukraine: La terre des courageux» em Paris

Durante a semana, em Paris, decorreu a exposição imersiva «Ukraine: La terre des courageux», organizada pelo BWV Toronto Ukrainian Festival.

Em particular, a exposição apresentava as fotos militares do conhecido jornalista Serhiy Loiko e do seu projeto em vídeo «Protegem Você», onde foram filmados principalmente os militares da 112ª Brigada Separada das Forças de Defesa Territorial das Forças Armadas da Ucrânia.

Através do poder da imersão, sequência intitulada «Ucrânia: A Terra dos Bravos» ela mergulha o público na realidade cotidiana da guerra na Ucrânia e seus efeitos sobre os cidadãos ucranianos. Os visitantes poderão descobrir vídeos, fotos e entrevistas de ucranianos comuns que defendem sua pátria. Este trabalho reúne imagens de jornalistas e fotógrafos da linha de frente, como Serhiy Loiko e Dmytro Kozatsky, além de documentos dos principais canais de notícias ucranianos.

A série de exposições foi criada em colaboração com a Kostyuk Productions, a First Theatrical Charitable Foundation e o Taras Shevchenko National Museum. Produzido por Valeriy Kostyuk e Natalya Deliyeva, sob direção criativa de Tais Poda da RockNLight Multimedia e curadoria musical de Timur Polyanskiy. Com o apoio do Ministério da Cultura e Política de Informação da Ucrânia, da rede de televisão Kontakt TV e da International Renaissance Foundation.

Ler mais: https://www.dealabs.com/bons-plans/entree-gratuite-a-lexposition-immersive-ukraine-une-annee-de-resilience-une-culture-de-resistance-grand-palais-immersif-pais-75-2508632

Uma ano de guerra na Ucrânia em filme documental «Rik»

Os horrores vistas nas cidades recém libertadas de Bucha, Irpin e Hostomel. As primeiras emoções dos ucranianos, imediatamente após a desocupação da região de Kyiv, de Kharkiv, da cidade e da região de Kherson.
O projeto documentário «Um Ano» da equipa/e «World Inside Out» é a visão do autor sobre a guerra por ângulos que você não verá nas notícias. Comentários únicos, raros e exclusivos daqueles cujas mãos e mentes estão criando a futura vitória ucraniana. 
Os principais heróis do projeto de Dmytro Komarov são ucranianos comuns que mostraram heroicamente sua força e poder todos os dias durante um ano, bem como indivíduos de alto escalão - Ministro da Defesa da Ucrânia Oleksiy Reznikov, Chefe do Secreta Militar GUR MOU Kyrylo Budanov, Coronel-general Oleksandr Syrskyi, Comandante da Força Aérea das Forças Armadas da Ucrânia, Tenente-General  Mykola Oleschuk.

No vídeo soa a música da banda SEM LIMITES - composição «24/02».

Freikorps: a unidade voluntária ucraniana de Kharkiv

24 de fevereiro de 2022 virou a vida de todos os ucranianos de cabeça para baixo, e voluntários de Freikorps não são exceção. Seus caminhos de vida se cruzaram durante esta guerra: a vida civil deu lugar aos combates, em vez de família e amigos, ao seu lado agora estão os irmãos de armas.

Cada um tem a sua própria história: mundana, heroica ou até romântica. No 1º aniversário da guerra em grande escala, iniciamos uma nova rubrica na qual os voluntários da Freikorps vão contar sobre si mesmos e como a guerra afetou suas vidas no formato de uma pesquisa-blitz:

Malyuk (Pequerrucho): grandalhão, 38 anos, batedor, antes da guerra chefe do armazém de uma grande empresa, sem experiência militar, natural de Kharkiv;

Hook: 23 anos, soldado de infantaria, tecnólogo industrial de profissão, sem experiência militar, da região de Kharkiv







Biliy: 25, operador de morteiro, cozinheiro, pouquíssima experiência militar, de Kharkiv

Novik: único do grupo que fala ucraniano no seu dia à dia, 43, empresário por conta própria, sem experiência militar, apenas o curso militar na Universidade, natural de Volyn, estudou e vive em Kharkiv desde 17 anos;

Furman: 24, motorista da ambulância, taxista na vida civil, sem experiência militar, natural de Kharkiv, do bairro de Saltivka

Apoiar a unidade: https://send.monobank.ua/jar/6soVxLYnFz

Número do cartão: 5375411203119586

«Eastern Front» pode ser visto em Berlinale

Em 24 de fevereiro de 2022, Yevhen, junto com seus amigos, se ofereceu para se juntar à unidade de primeiros socorros na linha de frente. Eles forneceram suporte de salvamento e evacuação dos feridos. Este filme revela as experiências desses jovens durante seis meses cheios de drama, desespero, medo, ódio, amargura, amor e, o mais importante, fé na vitória ucraniana. 

Em 24 de fevereiro de 2022, Yevhen foi para a linha da frente. Ele começou a registrar tudo: seus próprios sentimentos, dezenas de milhares de refugiados e os amigos com quem iria para a guerra. Yevhen é membro do batalhão médico voluntário conhecido como 'Hospitalários'. Sua missão é prestar primeiros socorros na linha de frente e evacuar os feridos para o quartel-general ou hospitais da linha de frente. Esta unidade móvel é o personagem principal do filme. Seis meses cheios de drama, desespero, medo, ódio, amargura, amor e, o mais importante, fé na vitória.

Quando foram para a guerra, nossos protagonistas enviaram suas famílias para longe do front – para um vilarejo no oeste da Ucrânia. Foi nesta aldeia que os jovens vieram visitar seus parentes antes do contra-ataque em grande escala do exército ucraniano para o sul. Nem todo mundo está destinado a voltar vivo e com boa saúde. Vêm despedir-se dos seus entes queridos e batizar o filho de Subbota, de nove meses. Assim que eles se levantam da festa comemorativa, eles devem voltar para a guerra...

Kyiv, 24 de agosto de 2022, Dia da Independência da Ucrânia. Um tanque queimado em uma rua deserta. Uma narração nos diz: “Este é o eixo central da capital da Ucrânia. Este é um equipamento militar russo. Isso ainda não é uma vitória.” 

Meio ano se passou desde que o mundo inteiro tomou conhecimento do ataque da rússia. Na verdade, tudo começou em 2014, mas muitos não o perceberam como tal na época. Isso também é explicado pela voz no comentário que pertence ao co-realizador Vitaly Mansky. O outro diretor, Yevhen Titarenko, captura as imagens de um insider que revelam precisamente o que (esta) guerra significa. Ele está no batalhão médico voluntário “Hospitalários” desde 2014 e agora está em pleno serviço. Ele e sua brigada de oito pessoas encontram vacas que estão afundando na lama, cães que se tornaram selvagens e pessoas próximas da morte. A passagem das cenas da linha de frente, a leste, para a saída de casa com a família, a oeste, onde são feitas perguntas e conversas (e onde os homens depositam seu esperma para a posteridade), fazem com que as cenas de plantão pareçam quase lembranças. Às vezes perturbadoramente cru e direto, mas sempre esclarecedor, este filme mostra em close como uma nação está lutando por sua sobrevivência.

Assistir o filme em Encounters do festival Berlinale: https://www.berlinale.de/en/2023/programme/202306650.html

Ver o trecho do filme online: Eastern Front (manski-doc.com)

Os apoiantes do putin e da rússia na Europa: PCP e Sandra Pereira

PCP - Partido Confuso Português, André Carilho, para Diário de Notícias
Alguns eurodeputados recusam-se sistematicamente a apoiar resoluções do Parlamento Europeu contra a guerra russa na Ucrânia. Publicamos os nomes dessas pessoas, seus partidos e a sua conexão com a rússia.

Em março do 2022, após a invasão da Ucrânia pela rússia, um comité especial do Parlamento Europeu divulgou um relatório descrevendo os métodos de interferência do Kremlin nos processos democráticos da UE. Antes disso, a imprensa/mídia ocidental escreveu repetidamente que Moscovo/u financia e apoia partidos de extrema-direita e de extrema-esquerda na Europa, e os pesquisadores calcularam que, nos últimos dez anos, países autoritários, incluindo Rússia e China, gastaram pelo menos US$ 300 milhões para esse fim.

Um dos pontos de aplicação de esforços para o Kremlin é o Parlamento Europeu. Aqui, os deputados leais a Moscovo/u podem falar publicamente de posições pró-russas em reuniões e fazer lobby pelos interesses do Kremlin nos bastidores. Ao contrário de outras instituições da UE, o Parlamento Europeu pode rastrear “políticos putinistas” usando dados abertos: basta estudar como cada eurodeputado vota em resoluções relacionadas à rússia e seus aliados. «Nova Europa» recolheu dados sobre os resultados das votações dos deputados europeus nos últimos quatro anos, e conta quem, porquê e como defende os interesses do Kremlin em Bruxelas.

No final de novembro de 2022, o Parlamento Europeu, por maioria de votos, adotou uma resolução exigindo que a rússia fosse reconhecida como Estado patrocinador do terrorismo. A decisão teve o apoio de 494 deputados dos 705. Os demais - principalmente os que estiveram presentes na reunião, mas votaram contra (58 votos) ou se abstiveram (44 votos) - tiveram grande atenção da imprensa/mídia: as publicações tentaram identificar um grupo de deputados leais ao Kremlin no Parlamento Europeu, e alguns deles realmente estavam ligados à rússia.

Para ter uma visão mais ampla da situação, a «Nova Europa» estudou o conjunto de dados sobre os resultados das votações no Parlamento Europeu nos últimos quatro anos e conseguiu identificar vários padrões de comportamento dos deputados.

Resoluções divididas

Os poderes da atual convocação do Parlamento Europeu começaram em 2019. Daquele momento até janeiro de 2023, os eurodeputados votaram 22 resoluções que tratavam diretamente das violações dos direitos humanos do Kremlin, da guerra na Ucrânia ou das sanções anti-rússia. Uma resolução cada foi adotada em 2019 e 2020, sete em 2021, doze em 2022 e uma já foi votada em janeiro de 2023 (outra resolução pedindo a libertação de presos políticos russos foi adotada pelo Parlamento Europeu em 16 de fevereiro de 2023 anos , mas não foi incluída neste estudo).

Há também um grupo de eurodeputados “úteis” para o Kremlin entre os partidos menores. Quase sempre, as resoluções anti-russas são votadas “contra” por dois deputados do Partido Comunista Português. As ações de pequenos partidos não podem afetar a decisão final de forma alguma, mas, ao mesmo tempo, dão à imprensa/mídia estatal russa a oportunidade de declarar a falta de unidade nas fileiras europeias.

Apoiadores de Putin


Na maioria das vezes, no entanto, os deputados que podem ser suspeitos de simpatizar com o Kremlin não seguem nenhuma tática nas resoluções anti-russas, mas combinam votos “não”, a opção de abster-se ou recusar-se a participar da votação. E às vezes até votam sim. Para que essas várias estratégias não sejam enganosas, a «Nova Europa» compilou uma classificação final dos eurodeputados cujos votos foram expressos de uma forma ou de outra em defesa dos interesses de Moscovo/u.

Ler o texto original: https://novayagazeta.eu/articles/2023/02/23/kto-pletet-putinu

A contabilidade da escravatura comunista soviética

Em 21 de fevereiro de 1948, o Presidium do Soviete Supremo da URSS aprovou o decreto segundo o qual qualquer pessoa que não cumprisse o número mínimo prescrito de dias de trabalho poderia ser deportada para fora da Ucrânia.

Nas fazendas/hortas coletivas soviéticas, kolkhozes, os trabalhadores não recebiam salário - recebiam um marco na lista - que correspondia à um dia de trabalho. No final do ano, depois que os kolkhoz acertar, com o Estado a entrega dos produtos alimentares, aquilo que restar seria dividido entre os seus membros de acordo com os tais dias de trabalho efetuados.

Após o fecho das contas com o Estado, não sobrava muito - 500-600 gramas de grãos por cada dia útil. Como as pessoas sobreviviam? Através da economia natural. Portanto, o trabalhador kolkhoziano muitas vezes não ia trabalhar para o Estado, porque tinha que trabalhar na própria horta/roça para não morrer de fome. É por isso que o Estado estabeleceu um número mínimo de dias úteis.

A falta de trabalho no número mínimo de dias úteis arrecadava a responsabilidade criminal, entre outras coisas. O trabalhador iria ao campo de concentração no GULAG porque lá as condições de vida são melhores e também há comida? Não, o trabalhador cumprirá a sua pena criminal no mesmo kolkhoze. Sob o regime de trabalho corretivo por um período de até 6 meses com desconto de 25% dos dias de trabalho em benefício do seu kolkhoz.

As crianças a partir dos 12 anos tinham que trabalhar em fazendas coletivas. A produção mínima para elas foi fixada em 50 dias por ano. Um dia por semana (e como não havia trabalho no Inverno e os trabalhos eram feitos na primavera-verão-outono, então eram 2 dias por semana), um menino ou menina de 12 anos tinham que trabalhar para seu querido Estado soviético, onde, como se cantava na famosa canção, «O homem respira tão livremente».

E desde 1948, como mencionado acima, as pessoas eram deportadas fora da Ucrânia por não cumprirem o número mínimo de dias de trabalho. Não para onde desejariam ir, mas para onde as autoridades soviéticas ordenarão. Nalguma fazenda coletiva na Sibéria. Mas já sem o direito à uma casa e uma horta/roça.

Além do trabalho forçado havia também um outro tributo - o camponês soviético era obrigado a pagar um imposto em espécie - carnes, batatas, couves, ovos, leite, etc. Ninguém se importava onde o cidadão os obteria...

Esse terrível sistema de escravidão do século XX existiu durante 36 anos. Somente em 1966 os dias de trabalho foram abolidos e os salários começaram a ser pagos aos membros dos kolkhozes. Embora ninguém chamaria de 30 à 40 rublos de um bom salário (de 51,7 à 68,9 dólares ao câmbio oficial soviético).

E sim, a servidão também existia nas cidades - ninguém tinha o direito de passar de um emprego para outro sem permissão. Sistema que existiu entre 2 de outubro de 1940 à 10 de setembro de 1953. Mas lá pelo menos os salários eram pagos e a jornada de trabalho oficial era de 8 horas, não 14, como na fazenda coletiva.

Na foto: por 13 anos de trabalho duro, o dono desta caderneta do trabalhador de kolkhoz (preenchida retroativamente) foi creditado com apenas 1.240 dias úteis, pelos quais recebeu 989 quilos de grãos e 218 rublos e 29 copeques de dinheiro. São 800 gramas de grãos e 18 copeques por dia de trabalho. Você pode contar de forma diferente: 13 anos são 4.748 dias, incluindo os bissextos. Ou seja, esse trabalhador agrícola coletivo vivia com 200 gramas de grãos e 5 copeques por dia (8,6 cêntimos do dólar por dia).

Se tudo isso não foi uma escravidão estatal, o que seria, então?

sábado, fevereiro 25, 2023

E depois do massacre de Bucha

Um ano depois do fim da cruel e desumana ocupação russa, a cidade ucraniana mártir, a cidade heroica se lembra de tudo, acompanha as investigações e aguarda a punição dos assassinos. 

A rua de Execução

Sua foto já póstuma, publicada no The New York Times, correu ao redor do mundo.

Um ciclista com luvas de algodão laranja, como as que os trabalhadores da construção civil costumam usar, está deitado de costas na rua Yablunska. Perto está uma parte da cerca com colunas de tijolos, uma placa “Casas geminadas” (os imóveis em Bucha sempre foram muito procurados), uma cratera de chegada cheia de água derretida e fragmentos de algo queimado. No fundo da rua, as figuras masculinas se afastam, também com bicicletas, o principal meio do transporte local durante a ocupação... Durante a ocupação mais de que um ciclista foi morto aqui.

Bucha, Mikhaylo Romanyuk, 57 anos.
Foto: Ministério dos Negócios Estrangeiros / das Relações Exteriores da Ucrânia

O autor da foto é Mykhailo Palinchak, fotógrafo documental, fotógrafo pessoal do quinto presidente da Ucrânia, Petró Poroshenko, e criador da comunidade ucraniana de fotografia de rua. Palinchak chegou a Bucha imediatamente após a retirada dos russos e a limpeza da cidade dos sabotadores e cúmplices do exército do agressor pelas forças especiais da Polícia Nacional da Ucrânia. Os corpos dos executados e queimados estavam por toda parte, eles estavam sendo levados para o necrotério. Outros, que foram executados com um tiro na nuca, tinham um trapo branco amarrado nas costas: um pedaço de lençol ou algo parecido. Os civis não se atreviam a sair de casa sem um distintivo na manga. No momento da execução, o mesmo distintivo fazia o papel de amarras.

“Eles ficaram lá por mais de um dia, provavelmente por semanas. Nunca vi nada parecido na minha vida e, espero, nunca mais ver”, disse o fotógrafo à publicação online ucraniana LB.ua. - ... tirei uma semana mais ou menos e não aguentei mais, parei. E essa, aliás, também é uma das diferenças entre os jornalistas ucranianos e ocidentais. Os jornalistas ocidentais vêm aqui em missão profissional, trabalham dois ou três meses e vão embora. Eles trabalham em turnos e têm a oportunidade de sair, descansar, reiniciar e voltar com vigor renovado. E nós moramos aqui e devemos ver, consertar, fazer todos os dias sem parar.”

A famosa rua Vokzalna, onde as forças ucranianas queimaram cerca de 30 blindados russos

De fato, os investigadores do NYT passaram muito tempo em Bucha. Monitoraram as redes sociais, buscaram as mensagens de parentes, amigos, colegas sobre os desaparecidos na cidade desde o final de fevereiro até o final de março de 2022. Verificaram as imagens de drones militares ucranianos e colaboraram com especialistas forenses. Para deixar claro a escala do crime como um todo: os repórteres se comprometeram a identificar apenas aqueles para quem a Rua Yablunska se tornou a rua da Execução - homens, mulheres, crianças - um total de 36 pessoas. No momento do lançamento da publicação interativa, ou seja, em 21 de dezembro de 2022, restavam 4 vítimas não identificadas deste número.

Quem era esse ciclista com luvas laranja ficou conhecido rapidamente: em abril, após um exame de DNA do necrotério da cidade de Bila Tserkva (o necrotério de Bucha transbordou imediatamente), parentes levaram os restos mortais de Mikhaylo Romanyuk, de 57 anos, e enterraram ele em um cemitério que crescia rapidamente.

Pelo menos 465 vidas civis foram ceifadas durante a ocupação, 419 delas foram mortas diretamente pelos militares russos. Entre os mortos estavam 12 crianças e jovens. Mais de cinquenta moradores de Bucha foram encontrados insepultos. Mas como os enterros continuam a ser descobertos até agora, as estatísticas das autoridades locais estão sendo complementadas.

Bucha, vítimas civis.
Foto: Ministério dos Negócios Estrangeiros / das Relações Exteriores da Ucrânia

São mais de mil objetos danificados (as estatísticas baseadas nos materiais do conselho municipal da cidade). Destes, 138 estão completamente destruídos, o restante está em grande parte ou parcialmente danificado. Mais especificamente, 130 são prédios de apartamentos, 974 são casas privados. 44 equipamentos de infraestrutura social foram danificados - hospitais, escolas, creches e outras instituições. E isso sem levar em conta os danos causados ​​à infraestrutura crítica.

“Aqui”, Hanna Grigorievna apontou com uma vara, “eles queimaram uma família. De propósito, eles a trouxeram para mais perto da floresta, porque a mulher não foi apenas morta, mas primeiro torturada, ela gritou, discutiu com eles. Eles cortaram o seu traseiro, quebraram a perna e o braço. A mulher parou de gritar, ela sangrou. Meus vizinhos não tinham medo de sair: “Por favor, não a queime! Permitam-nos a enterrar!” A metralhadora foi lhes apontada - não havia como... Os restos queimados. Cães vadios vieram correndo e começaram os agarrar. E este também (apontou ao gato com um pau) - os vizinhos viram - gato comeu ...

Apanhar Mikhailina Skorik-Shkarivskaya, a vice-prefeita, a “Ministra dos Negócios Estrangeiros / das Relações Exteriores de Bucha” para uma entrevista é considerado um sucesso jornalístico. No passado, a gestora de mídia e ativista social, a “Ministra” Mikhailina, após a ocupação, reuniu-se em Bucha e liderou dezenas de delegações ao redor, chocadas com o que viram: presidentes, primeiros-ministros, altos representantes da ONU, da NATO/OTAN, do Conselho da Europa, da Comissão Europeia. É impossível contar o número de conferências de imprensa em que participou, pontes de vídeo, zooms com potenciais investidores estrangeiros. Da massa de planos, negociações, projetos, finalmente surgiu o “Plano Marshall” para Bucha: “Os investimentos irão. Mas depois do fim da guerra. Até agora, apenas remendando buracos à custa de recursos internos. O grande capital estrangeiro simpatiza com a cidade-herói (esse status foi lhe atribuído em 25 de março de 2022 por decreto do presidente Zelensky), mas leva em consideração seus próprios riscos: hoje investiremos milhões em reconstrução e construção, e os mísseis russos destruirão tudo novamente...

Prédio onde os ocupantes russos montaram a sua sede

— Não há status de “cidade mártir” na Ucrânia. Talvez estivesse mais de acordo com as realidades de Bucha?

— Mas Bucha é uma cidade herói! Das 53.000 pessoas, após a desocupação, 3.700 pessoas permaneceram aqui, a Cruz Vermelha imediatamente compilou um registro. Cerca de 50.000 pessoas se evacuaram através de «corredores verdes» semi-oficiais sob grande risco, e os sobreviventes do terror foram os primeiros a reconstruir a cidade. Muito rapidamente limparam, lavaram, levantaram, na medida do possível, a infraestrutura destruída. No final de maio cidade recebeu luz, gás, água. No dia 1 de junho, no Dia das Crianças, realizamos o primeiro feriado, que foi muito mais massivo do que pensávamos. Perseverança, resistência, vontade de renascer - isso é sobre Bucha. Estrategicamente, agora nós, como ninguém, devemos mostrar a história do sucesso ucraniano. E sim, Bucha lembra de tudo, acompanha as investigações, aguarda a punição dos criminosos. Há testemunhas suficientes.

Eu pergunto se houve em Bucha quem colaborou com o exército de ocupação, apontando com o dedo: o padre “banderista” mora lá, os crentes protestantes lá, aqueles ali apoiaram o Maydan... Na região de Donetsk no início da guerra, nove anos atrás, havia, infelizmente, muitos casos destes.

— “Os russos receberam essas informações com antecedência”, responde o reitor da Igreja de Santo André, da Igreja Ortodoxa da Ucrânia (PCU), arcipreste Andrei (Galavin). 

— Mas também executavam de improviso. Sem nenhuma lista.

Bucha: Serhii, Roman e um desconhecido.
Foto: Ministério do Desenvolvimento Digital da Ucrânia

Ele lembra de um dos enterros espontâneos no parque: uma mulher foi queimada dentro do carro. Os moradores cobriram o corpo com terra e, em vez de uma cruz, colocaram uma placa para facilitar a identificação. Após uma pausa:

— O cantador do nosso templo também foi executado. Eles o torturaram e depois queimaram toda a sua família.

O padre lista as vítimas e as circunstâncias da sua morte em um tom uniforme. Testifica. Para confirmar, ele mostra fotos no seu telefone celular que dão vontade de fechar os olhos. A galeria está cheia dessas fotos.

Bucha, vítimas civis.
Foto: Ministério do Desenvolvimento Digital da Ucrânia

Eu não ousei à perguntar se algum dia ele iria apagá-las de sua memória.

Bucha — Kyiv

As fotos do Oleg Petrasyuk (EPA-EFE), que voltou à cidade e comparou como Bucha estava no dia 2 de abril de 2022 e agora.

Ler mais: https://novayagazeta.eu/articles/2023/02/24/after-bucha-en

Massacre de Bucha: https://www.pillarcatholic.com/after-bucha-massacre-ukrainians-look

Invasão russa da Ucrânia. Um ano em fotos

Ataque russo contra a torre da TV de Kyiv, 24.02.2022
Há um ano, em 24 de fevereiro de 2022, a rússia lançou uma agressão em grande escala contra Ucrânia. Os ataques com mísseis ao território da Ucrânia foram realizados a partir do território da rússia, da Crimeia ocupada, do Mar Negro e da Belarus.

Do território da Belarus as tropas russas também lançaram um ataque terrestre à Ucrânia, foi da Belarus que as tropas russas partiram para capturar Kyiv e estação nuclear de Chornobyl.


Kherson liberada

Ofensiva ucraniana no Outono de 2022




Mãe do menino morta em Bucha


Amor em tempos de guerra

Ocupantes russos abatidos


Valas comuns em Mariupol

Massacre de Bucha

Metro de Kyiv

«Mriya-225» em Hostomel

Coluna militar russa queimada na rua Vokzalna de Bucha




De acordo com dados da NATO, em fevereiro de 2022, cerca de 30.000 militares russos participaram nos exercícios militares belaruso-russo «Determinação da União». Em 24 de fevereiro de 2022, esse mesmo grupo atacou Ucrânia pelo norte.

Fotos: AP, AFP, Rádio Svaboda, Reuters.

Descolonização da alma misteriosa do grande romance russo

Os centros culturais russos em todo o mundo aprovam abertamente a agressão russa contra Ucrânia. A propaganda russa triturou e moeu a sua própria cultura e a tornou toxicamente perigosa.

Por que, aos olhos dos intelectuais ocidentais, a literatura russa é indulgente com a pureza moral e a integridade estética, enquanto o discurso imperial é tolerado?

/.../

No final de «Anna Karenina», sinto pena não de Anna, mas de Vronsky, um homem arrasado que partiu para lutar na Sérvia. No entanto, você sabe qual é a amarga ironia que percebi apenas outro dia?

A Rússia está sempre travando algum tipo de guerra, onde o cidadão pode fugir em busca da morte. E os governantes russos justificam essa guerra principalmente com os objetivos elevados.

É uma pena que os grandes autores russos - Pushkin, Lermontov e finalmente Tolstoi - com os seus bailes, romances e duelos, poetizaram essas guerras. As vitórias de seus heróis foram pagas com sangue e vítimas das guerras de conquistas coloniais.

É uma pena que, seguindo Tolstoi, a sociedade russa prefira não perceber que as mulheres ucranianas não são Anna Karenina e não pretendem para se transformar numa miscelânea sangrenta.

Li com horror o diário no Facebook de Nadezhda Sukhorukova, moradora de Mariupol, datado de 19 de março de 2022, cuja cidade foi bombardeada pelos militares russos por muitos dias: «Tenho certeza de que morrerei em breve. É uma questão de dias. Nesta cidade, todos estão constantemente esperando pela morte. Eu só queria que não fosse muito assustador. Há três dias, um amigo do meu sobrinho mais velho veio até nós e disse que houve um acerto direto no quartel de bombeiros. Os socorristas morreram. Uma mulher teve o braço, a perna e a cabeça arrancados. Sonho que as partes do meu corpo permanecerão no lugar, mesmo após a explosão de uma bomba. Não sei por que, mas isso me parece importante. Embora, por outro lado, ninguém será sepultado durante os combates».

A Rússia, que não teve colónias longínquas em África ou na Ásia, conseguiu adiar os processos de descolonização, e continuar a acalentar a consciência imperial, “puxando” no final do século XX e início do século XXI as suas antigas possessões coloniais - Moldova, Geórgia e agora Ucrânia e chamando a sua agressão armada de «abraços fraternos». A narrativa da grande cultura russa como um clássico inabalável sobre sentimentos graciosos e almas perturbadoras é tão poderosa que mesmo os ataques de mísseis russos contra Ucrânia, o estado independente nos últimos 30 anos não induzem os intelectuais ocidentais a duvidar de suas premissas.

Os professores das universidades italianas ficam indignados quando são solicitados a não ministrar cursos sobre Dostoiévski aos alunos.

O presidente do PEN alemão lembra arrogantemente que putin deve ser combatido, não Pushkin, ignorando o fato de que a rússia vem usando suas instituições culturais como soft power há muitos anos.

Os centros culturais russos em todo o mundo aprovam abertamente a agressão contra a Ucrânia. O tataraneto de Lev Tolstoy, Pyotr Tolstoy, usando a reverência pública por seu famoso ancestral, construiu com sucesso uma carreira como propagandista na TV russa e depois deputado da Duma Estatal da rússia, nos últimos dois anos está negando o direito da própria existência da Ucrânia independente. A propaganda russa triturou e moeu a sua própria cultura e a tornou toxicamente perigosa.

A literatura russa é certamente brilhante e importante para o processo literário mundial, isso significa que um texto bem escrito tem uma verdade eterna e não requer o uso da ótica da descolonização?

Ninguém nega a contribuição de Rudyard Kipling para a literatura britânica e mundial, mas também não fecha os olhos ao absurdo e à superioridade colonial do poema «The White Man's Burden». Por que, então, aos olhos dos intelectuais ocidentais, a literatura russa tem a indulgência da pureza moral e integridade estética?

Tolerar o discurso imperial mesmo na literatura é uma prática vergonhosa que agora está custando milhares de vidas para Ucrânia. A cultura e a literatura russas, em particular, precisam de uma revisão anti-imperialista. Não quero morar em uma «casa na colina», mas sonho em voltar para minha casa em Kyiv, para minhas estantes e flores no parapeito da janela.

Sinto muito /.../ mas nunca mais lerei Lev Tolstoy, quer eu volte à Ucrânia ou não.

Leia o artigo completo: https://ru.respublica.lt/dekolonizacija-zagadochnoj-dushi-velikogo-russkogo-romana

sexta-feira, fevereiro 24, 2023

A batalha pelo aeroporto de Hostomel em filmes documentários

24.02.2022: as forças ucranianas abatem um Ka-52 russo em Hostomel

Batalha pelo controlo do Aeroporto de Antonov/Hostomel foi uma das batalhas mais decisivas e importantes da guerra russo-ucraniana em curso. Caso os ocupantes russos fossem bem sucedidos, a queda do aeroporto abriria o corredor aéreo que permitiria a rápida captura da capital da Ucrânia.

Cedo na manhã do primeiro dia da guerra russo-ucraniana, 24 de Fevereiro de 2022, uma formação de 24 à 30 helicópteros levantou voo da Belarus, levando um grupo de 300 paraquedistas russos rumo ao Kyiv, onde deveriam tomar de assalto o Aeroporto de Hostomel / Antonov, permitindo a chegada de uma força blindada aerotransportada que atacaria a capital ucraniana e eliminaria ou capturaria o Presidente da Ucrânia. O que deu errado nesse plano? 
A visão brasileira do Júlio César Guedes, tem poucas imagens da operação em si, mas possui bastantes explicações sobre o fundo do conflito. É um ótimo filme para uma pessoa que tem pouco conhecimento sobre Ucrânia e quer saber mais.

A visão ucraniana da TV TSN é baseada no depoimento do oficial paraquedista Dmytro «Zeus», que se destacou por corrigir, durante 2 semanas (Sic!) o fogo de artilharia ucraniana contra os ocupantes russos. É de notar que a coluna russa de equipamentos pesados que passou pelo aeroporto contemplava até 450 unidades, entre MBT, blindados ligeiros, camiões cisternas e de abastecimento. 

A visão russa, do propagandista WarGonzo, um depoimento interessante, pois mostra os instantes iniciais da operação e confirma o fa(c)to: cerca de 150 à 200 recrutas da Guarda Nacional da Ucrânia (NGU) e pessoal puramente civil das unidades da Defesa Territorial (TrO) aguentaram e até repeliram o primeiro ataque das forças russas, compostas pelas tropas aerotransportadas, melhor treinadas, armadas, equipadas e em número superior às forças ucranianas iniciais.

Glória às forças ucranianas que em diversos momentos participaram nos combates pelo aeroporto e pela vila de Hostomel:

4ª Brigada Especial Operativa «Sargento Serhii Mykhalchuk», também conhecida como Brigada de Resposta Rápida da NGU de Hostomel; 80ª Brigada Aerotransportada Especial de Assalto de Lviv; 10ª Unidade Especial Separada «Major General Maksym Shapoval», uma reserva especial da inteligência militar GUR do Ministério da Defesa; Centro de Operações Especiais separado «Shid» «Príncipe Svyatoslav, o Bravo» (OC SpO), unidade das Forças de Operações Especiais das Forças Armadas da Ucrânia (SSO FAU) de Kropyvnytskyi; outras unidades de operações especiais das SSO das FAU; 80ª Brigada; 8º Regimento e 72ª Brigada das FAU, Legião Georgiana e unidades da TrO.