quinta-feira, julho 30, 2020

Circular Valuev: a perseguição da língua ucraniana na Rússia

A secreta circular Valuev, emitida em 30 de julho de 1863 ordenava a suspensão da publicação de grande parte dos livros escritos em língua ucraniana em toda a extensão do império russo.

A circular proibia a publicação de livros religiosos, educacionais e de formação, mas permitia a publicação de ficção.

O efeito da circular de Valuev foi consolidado e ampliado pela publicação do imperador russo Alexandre II do decreto Ems de 1876, segundo o qual a publicação de obras no idioma ucraniano foi proibida quase completamente.

A circular de Valuev é uma das manifestações mais claras da política chauvinista do império russo com o objetivo de fortalecer a opressão nacional, espiritual e política do povo ucraniano.

Portanto, toda vez que lhe disserem que o idioma ucraniano não precisa ser protegido ou apoiado, lembre-se de que, durante 300 anos, o idioma ucraniano foi perseguido e destruído pelos russos.

terça-feira, julho 28, 2020

A I G.M. na propaganda alemã e russa

A I G.M. foi marcada pelo uso de diversos tipos da propaganda: visual, sonora, literária, monumental. Cada nação tinha o seu próprio estilo: Alemanha apostava no exortar da superioridade germânica, os russos jogavam a cartada do “pan-eslavismo”.
"A hora dos eslavos tocou!", manif em São Petersburgo, 1914
Os guarda-fronteira russos.
“Dimitri”, tem um plano militar maravilhoso: largar o seu fizil/rifle, se render e comer uma boa comida!
Manif na Praça de Palácio de Inverno, São Petersburgo, 1914
Recrutamento na Inglaterra, Rússia, Alemanha, França e Japão
Manif patriótica na avenida Nevsky em São Paterburgo, 1914
Com essas coisas, vamos calar as suas bocas mentirosas!
Manif patriótica de 18 de julho de 1914, São Petersburgo
Cartaz: "Vitória à Rússia e aos eslavos". 
Cada tiro é um russo | Cada golpe um francês | Cada passo é um britânico | Cada golpe é um japonês
Avenida Nevsky no dia da proclamação da guerra (18 de julho de 1914), São Patersburgo 
Texto: 2 contra 7, depende de nós. (literalmente vamos mover isso)
Soldados grandes: Alemanha e Áustria,
soldados pequenos: França, Inglaterra, Japão, Bélgica, Rússia, Montenegro, Sérvia. 
Piscina ao ar livre Tannenberg
Nadar, nadar - é ótimo, porque aos russos se importaria de lavar pelo menos algumas vezes!
Mobilização russa

quarta-feira, julho 22, 2020

Como KGB protegia a herança judaica da Ucrânia Ocidental

Nas fotos tiradas no pátio da ex-secreta soviética KGB e no pátio da cadeia-museu na rua Lonckoho em Lviv debaixo do alcatrão soviético aparecem as matzevot – lápides das campas judaicas do cemitério de Yaniv.
O pátio e a cadeia foram usados pelas autoridades austríacas, polacas/polonesas, soviéticas, alemãs e novamente soviéticas. Hoje, os trabalhadores ucranianos removem o asfalto. Abaixo deste aparecem as matzevot – lápides das campas judaicas do cemitério de Yaniv. Suponha-se que foi mais uma obra macabra dos “libertadores-internacionalistas”. É pouco provável que os nazis(tas) tivessem o tempo para fazer isso.
Mais tarde, já nas décadas de 1970-1990, centenas de presos políticos ucranianos caminharam por este pátio – é assustador imaginar tudo isso, escreve o historiador e jornalista ucraniano Vakhtang Kipiani.
Blogueiro: mais uma razão para pensar que uso das lápides para fazer a calçada é obra soviética é o seguinte: mesmo se hipoteticamente foram os nazis(tas) a colocar as lápides no chão do pátio, não foram os nazis(tas) a colocarem o alcatrão por cima para cobrir a sua “obra”. Isso só poderia ser feito pelas autoridades soviéticas no período pós-II G.M.

terça-feira, julho 21, 2020

POW ucraniano: “Amo mãe, hardcore e Ucrânia”

Jovem ucraniano Serhiy Rusinov (22), passou dois anos no cativeiro dos terroristas de Luhansk por causa de uma publicação nas redes sociais: “Amo mãe, hardcore e Ucrânia.

Os terroristas da dita “lnr” acusaram o jovem ucraniano de “extremismo”, pelos seus contactos e interesse pela OZSP “Azov”. Como conta o próprio jovem: “desde o segundo dia sonhava em ser trocado na troca de prisioneiros pela Ucrânia e se alistar nas Forças Armadas da Ucrânia”. Os terroristas condenaram jovem à 6 anos da cadeia, Serhiy não sonhava em ser libertado: “no dia da minha libertação seria detido novamente e não estaria vivo”.

Hoje Serhiy já recuperou um pouco a sua saúde física e mental após dois anos do cativeiro terrorista, e está se preparando para se juntar às fileiras dos defensores da Ucrânia. A entrevista foi gravada quase imediatamente após a sua libertação, mas por várias razões, não poderia ser colocada no ar naquele momento:

sábado, julho 18, 2020

As guerras entre Arménia e Azerbaijão: como tudo começou

Nos últimos dias reacenderam os combates entre Arménia e Azerbaijão. Ambas as partes usam artilharia de longo alcance, drones e blindados. A guerra no ponto de discórdia – região disputada de Alto Karabakh começou mais de 30 anos atrás.

História de Alto Karabakh

Já no século XVIII a região era habitada maioritariamente pelos arménios. Embora Alto Karabakh durante muito tempo pertencia à jurisdição azeri.

Em 1905-1907 e em 1918-1920 região novamente viveu conflitos étnicos, azeri-arménios, no decorrer dos quais foi vertido sangue e perdidos os bens materiais. Em 1920, com a ocupação da Arménia e Azerbaijão pela Rússia bolchevique, Moscovo decidiu a “entrega” do Karabakh ao Azerbaijão socialista. Na década de 1960 a região, por algumas vezes viveu tumultos em massa, devido aos problemas sociais e económicos.

Em fevereiro-março de 1988 o jornal oficial da região, «Karabakh Soviético», que tinha mais de 90.000 assinantes apoiou e divulgou a ideia da entrega da região à Arménia. Os deputados locais proclamaram Karabakh como parte integrante da Arménia.

Guerra na Karabakh. Início.

02. No inverno de 1988 nas cidades azeris de Sumqayit e Ganja decorreram os pogroms arménios. A propaganda soviética sonegou a informação e os culpados pelos pogroms foram julgados pelo “hooliganismo”, sem nenhuma menção de ódio étnico. Nas duas cidades foram colocados as unidades do exército soviético.

03. Tropas soviéticas nas ruas da capital azeri – Baku:

04. Conflito é apoiado pela imprensa, se alastra e produz os primeiros refugiados no fim da década de 1980 arménios fogem do Azerbaijão e azeris saem da Karabakh, ódio mútuo apenas aumentava.

05. Guerra se alastra, embora no início de ambos os lados combates pequenos grupos de milícias da defesa territorial — muitas vezes sem patentes, nem os fardamentos unificados.

06. Em janeiro de 1990 na fronteira azeri-arménia começam os primeiros bombardeamentos da artilharia. No dia 15 de janeiro o poder soviético proclama recolher obrigatório em Karabakh e os distritos circunvizinhos arménios e azeris, assim como na fronteira estatal soviética naquela região.
Crianças junto à uma peça de artilharia azeri.

07. Exército azeri usa os fardamentos mais diversos, muitos deles voluntários.

08. Os voluntários azeris se inscrevem para defender o seu país:

09. População civil é atingida pelo conflito, pois a guerra passa pelas idades e vilas.

10. Ambas as partes olham o conflito como a “guerra santa”, cerimónia de recepção dos heróis azeris tombados na batalha:

11. Em 1991 os combates se reativam — entre os finais de abril até início de junho em Karabakh decorre a operação «Koltso» (literalmente Anel), marcada pelos novos combates entre azeris e arménios.

12. Após a derrocada da União Soviética em 1991 o Azerbaijão “herdou” o 4º exército de infantaria (4 divisões de infantaria motorizada), três brigadas da defesa anti-aérea, uma brigada de operações especiais, quatro bases aéreas e uma parte da frota do Mar Cáspio, vários depósitos de munições.
Arménia ficou em 1992 com armamento e equipamentos da 15ª e 164ª divisões do 7º exército de infantaria soviético. Todo este armamento foi usado no conflito em Karabakh.

13. Os combates ativos decorreram em 1991, 1992, 1993 e 1994, com vitórias esporádicas de ambas as partes.
Forças azeris numa escola na linha de combates, transformada na caserna:

14. Caserna na sala de aulas:

15. Forças arménias numa das aldeias:

16. As ruínas na cidade de Shusha em Karabakh.

17. Os civis mortos no conflito...

18. Os refugiados:

19. Vida na linha da frente.

20. Campo de refugiados azeris na cidade de Imishli.
Último grande acordo da paz foi alcançado em 12 de maio de 1994, depois disso o conflito se transformou numa fase latente. Alto Karabakh se separou do Azerbaijão, mas não se tornou (de jure) a parte da Arménia. A guerra ceifou cerca de 20.000 vítimas, destruiu naquela região algumas cidades e vários monumentos culturais...

Fotos: GettyImages | Texto: Maxim Mirovich

Blogueiro: na atual guerra ucraniano-russa na Donbas a maioria dos arménios, muito provavelmente apoia a parte russa e maioria dos azeris apoia Ucrânia. Ucrânia apoia a unidade territorial do Azerbaijão. Arménia não reconhece Holodomor ucraniano e Ucrânia não reconhece, oficialmente, o genocídio arménio. O primeiro manifestante, assassinado pelo destacamento da polícia “Berkut” na rua Hrushevsky em Kyiv em janeiro de 2014 foi arménio étnico Serhiy Nigoyan... 
Vinicultura com sabor político: vinhos azeri Susha e Agdam, duas cidades de Alto Karabakh,
em poder dos arménios, Susha bastante danificada e Agdam simplesmente destruída

Pão no quotidiano do «socialismo desenvolvido soviético»

O engenheiro ucraniano Valerii Reshetniak tinha um hobbie secreto, ele filmava quotidiano das pessoas comuns das décadas de 1970-80, no auge do «socialismo desenvolvido soviético». Inclusivamente na sua pequena Pátria – região ucraniana de Sumy.

A primeira foto mostra o transbordo do pão de um camião/caminhão para a carroça puxada por cavalos, que deveria levar o pão às aldeias, onde o “transporte de pão” não chegava devido às péssimas vias de acesso. Estávamos no ano de 1987. Preste atenção às costelas salientes dos cavalos coletivos do kolkhoze / da fazenda colectiva.
Prestem também atenção às bandejas de pão no chão. Eles voltarão ao centro do distrito à padaria industrial e serão enchidos de pão novamente para serem levados para outras aldeias e vilas. Sem mencionar a poeira, a sujeira e os “presentes” do cavalo que balança a sua cauda. Tais eram os padrões sanitários da URSS no final do século XX.

A segunda foto – uma outra caroça numa outra vila. Pão lá dentro à granel. Normas sanitárias? Não, não ouvimos. Quais são as normas se o cavalo fedorento e magricela estiver carregando o pão? A propósito, notou como os aldeões soviéticos se vestiam? Mais uma vez, foi o ano de 1987. O início da Perestroika comunista. Seria interessante de saber como eles estavam pensando para “reconstruir” tudo isso?

A terceira foto é um close-up. 1987, uma outra vila, outra carroça, outros cavalos, pão diferente. Mas, mesmo assim, à granel numa lona suja numa caroça, que antes disso carregava tudo, desde silagem ao adubo, e depois carregaria novamente. Até o próximo “transportador de pão” vindo do distrito.
Outros cavalos com as suas caudas por perto. Hoje alguém correria o risco de provar  um pedaço de pão por “apenas 22 copeques” debaixo da cauda do cavalo?

E as viaturas não entravam nas próprias aldeias, porque as estradas eram intransitáveis. Na quarta foto – um professor volta para casa do trabalho. Do dia, ainda era uma tarefa possível, mas depois de escurecer, apenas as botas de borracha podiam socorrer.
A propósito, no outono de 1982 morreu o avô do autor deste texto. Ainda tenho uma cena diante dos meus olhos – um trator de lagarta puxa um carro com um caixão até um cemitério ao longo de uma estrada semelhante e todos os presentes caminham vagando – todos em botas de borracha. Tudo na Donbas, à apenas três quilómetros de uma cidade mineira, de cem mil habitantes...

E quando algum amante do passado soviético lhe falar sobre o atual declínio das vilas ucranianas, entenda – isso é exatamente o legado da URSS. E em muitas aldeias, pela primeira vez em sua história, surgiram pontos de farmácia e postos médicos nos últimos anos.

E também pergunte ao saudosista soviético o significado do termo “liquidação de aldeias não promissoras”. Por alguma razão, esses amantes do socialismo não gostam de se lembrar destas coisas.

segunda-feira, julho 13, 2020

The Washington Post: “As reformas na Ucrânia parece morreram”.

A principal publicação americana publica o artigo “O governador do Banco da Ucrânia renunciou e recebeu um caixão como aviso. É um escândalo que ameaça a saúde económica”.

The Washington Post escreve que Ucrânia está procurando um novo chefe do Banco Nacional (NBU), mas quem quiser se candidatar ao cargo deve ter cuidado: “Nervos fortes serão necessários aqui. Porque a posição envolve ataques constantes de canais de TV e pessoas influentes. Também há pressão dos políticos. Manifestações pagas podem chegar à sua porta. E essas não são ameaças teóricas”.

O jornal informa que um caixão foi trazido à porta da casa de Yakov Smoliy, que deixou o cargo do chefe do NBU devido à pressão. Tudo isso, segundo a WP, abriu outro “buraco” nas promessas da governação imaculada, preferidas pelo Zelensky”.

Por fim, o governo Ze pode enfrentar um conflito sério com aqueles de quem Ucrânia mais precisa. São seus amigos na Europa, Estados Unidos e nas instituições financeiras globais.

A crise relacionada ao NBU, segundo o jornal americano, aumenta acentuadamente os riscos na Ucrânia. Dúvidas sobre a independência do banco central ucraniano põem em causa os bilhões de possíveis ajudas financeiras do FMI, bem como da UE.

De acordo com o especialista em novos mercados Timothy Ash, o ataque ao NBU vem do influente oligarca Igor Kolomoisky na tentativa de recuperar o controlo/e de seu antigo banco, que foi nacionalizado em 2016. A publicação indica que foi Kolomoisky quem tentou se livrar de Yakov Smoliy como chefe do NBU.

Além disso, Timothy Ash diz abertamente que “as reformas na Ucrânia estão mortas”. Além disso, existe uma séria preocupação de que estamos testemunhando um retorno da Ucrânia às políticas económicas destrutivas, seguidas pelo fugitivo ex-presidente Viktor Yanukovych.
O jornal americano conclui que o prazo da amarga renúncia do presidente do banco central da Ucrânia também é um golpe, já que Ze assinou um memorando com o FMI há apenas três semanas, concordando com todas as condições para que a assistência financeira seja canalizada à Ucrânia. Em vez disso, escreva o jornal: “Zelensky parece ter disparado um míssil Javelin contra independência do NBU”, citando Timothy Ash.

quarta-feira, julho 08, 2020

Ucranianos na guerra do Vietname/ Vietnã: coronel Roman Rondiak

Roman Rondiak nasceu em 1936 na cidade ucraniana de Lviv. Foi escuteiro, coronel e depois major das Forças de Operações Especiais do Exército dos EUA (SOF). Filho de um militar ucraniano da Legião dos Atiradores da Sich.

A sua primeira temporada no Vietname/ Vietnã começou em 29 de junho de 1966. Durante um ano ele lutou nas Forças Especiais do Exército dos EUA, comandou a companhia “Bravo” – uma centena de forças especiais do 2º Batalhão Aerotransportado do 327º Regimento de Infantaria.

Efetuou mais de 50 missões de combate no território inimigo e recebeu duas vezes a medalha “Estrela de Bronze” pela bravura – a quarta distinção mais importante do exército americano.

A descrição de uma de suas batalhas: “Em 27 de janeiro de 1967, perto de Pan Rang, o capitão Rondiak liderou sua pequena unidade em um ataque frontal ao inimigo.

Ferido na perna, ele continuou a liderar a batalha, abatendo os comunistas, a quem derrotou, capturando muita munição e materiais valiosos para o serviço americano de inteligência. Uma pequena unidade derrotou inimigo, composto por um batalhão...
Depois daquela luta heróica e comportamento exemplar no campo de batalha (o capitão não permitiu que ele fosse levado ao hospital até que a batalha terminar) – a condecoração: a medalha de bronze pela bravura”.

Durante a sua segunda temporada no Vietname/Vietnã (1969-1970), ele serviu no 5º Grupo de Forças Especiais. Ele combateu em Pleiku, Planalto Central do Vietname/Vietnã, como vice-comandante e depois comandante da Companhia “Bravo” de Forças Especiais.

Sua centena de forças especiais foi ampliada numa brigada de infantaria e consistia em cinco batalhões, recrutados entre os moradores locais – montanheses de etnia dega. As unidades desta minoria étnica foram conhecidas ao mundo graças ao filme “Apocalypse Now”.

Na década de 1980, Roman Rondiak chegou ao posto de coronel. Durante os seus 24 anos de serviço militar, recebeu três vezes a medalha “Estrela de Bronze”, a medalha da Força Aérea “Pela Bravura” (por duas vezes), “Coração Purpuro pelos ferimentos em combate”, a medalha “Pelo serviço especial na defesa” e medalha “Por méritos especiais ao serviço”.

Roman Rondiak também possuía o crachá de infantaria pela participação em combates, faixa do ranger, crachá de pára-quedista e do Estado-maior do exército.
Major Roman Rondiak, com o seu irmão, capitão Petro Rondiak, Vietname/Vietnã, 29 de junho de 1967
Durante a guerra do Vietname/Vietnã, major Roman Rondiak se encontrou, por apenas uma única vez com o seu irmão, capitão Petro Rondiak, aconteceu no final da primeira temporada do Roman – em 29 de junho de 1967.