O
ex-secretário-geral do Partido Socialista do Uruguai e deputado em 1960 e 1970, Vivian
Trías, serviu 13 anos como espião pago pelo serviço de inteligência
do regime comunista da Checoslováquia, a StB, como se vê pelos documentos
desclassificados pelo governo checo e recuperados por um grupo de
investigadores independentes.
por:
Gabriel Pereyra, El
Observador
Uma
série de documentos que surgiram dos arquivos da StB, incluindo recibos de 200
dólares mensais, que foi o que Trías recebia ao mês, embora em alguns casos o
financiamento das operações tenha atingido cerca de 23.000 dólares, aos preços
atuais.
Viviane Trías, socialista que se vendia por 200 dólares mensais |
Os
documentos obtidos pelos investigadores [brasileiros] Mauro Kraenski e Vladimir
Petrilak indicam que Trías – que agia com o nome de Ríos – era o “melhor agente”
do serviço de inteligência da Checoslováquia na América Latina.
A capa do processo do agente Vivian Trías ("Ríos"), 22/08/1964 |
Os
documentos da StB mostram que ele entregava os relatórios orais, trabalhos
escritos e documentos. O oficial [checoslovaco] que efetuou o treino do Trías
em Santiago do Chile na arte de escrever com tinta invisível escreveu: “Ríos é
um agente de valor, ele memoriza tudo, ele queria aprender tudo e mostrava uma
alta capacidade de absorver novas informações”.
A residentura da StB no Chile nas décadas de 1960-1980 |
Petrilak
disse que apesar de ter sido recrutado com base na sua ideologia, como
resultado de suas convicções, ele se tornou um agente pago que recebeu vários
presentes como uísque, charutos americanos e dinheiro para comprar uma
televisão que era bem cara na época.
Relatório com a descrição ideológica do agente |
Entre
os documentos estão recibos de aluguer/aluguel de apartamentos em Ciudad Vieja,
onde foram realizadas reuniões e guias clandestinos sobre como se encontrar com
o oficial checoslovaco que na época estava em Montevidéu.
Além
disso, há um dossier que garante que algumas das obras literárias pelas quais o
líder socialista é conhecido na região [América Latina] foram inspiradas,
financiadas e distribuídas pela StB. Segundo a investigação, uma operação
chamada “Inca” consistia numa viagem paga ao Peru, na qual Trías recebeu o
equivalente os 23.000 dólares, ele escreveu um livro monitorado pelos tchecos.
O livro “Peru, Forças Armadas e Revolução” foi publicado em 1971 e foi o fim da
operação “Inca”, disse Kraenski.
Livro "anti-imperialista", financiado pela StB |
Após
o golpe de Estado de 1973 no Uruguai, o StB interrompeu os contactos para não
comprometer a operação, mas depois os retomou. Trías reprovou essa decisão, e o agente
checoslovaco carimbou no dossier: “Depende financeiramente de nós”. Ele
trabalhou como espião até 1977.
Relatórios
indicam que Trías conseguiu recrutar a sua própria esposa. No final do
contrato, os checoslovacos declararam que estavam deixando Trías ao serviço do
KGB soviético, mas os investigadores [brasileiros] disseram que não tinham
encontrado provas de que o líder socialista tivesse trabalhado para a União
Soviética. Trías morreu em 1980.
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