sexta-feira, junho 22, 2018

Socialista uruguaio Vivian Trías era espião da secreta StB da Checoslováquia

O ex-secretário-geral do Partido Socialista do Uruguai e deputado em 1960 e 1970, Vivian Trías, serviu 13 anos como espião pago pelo serviço de inteligência do regime comunista da Checoslováquia, a StB, como se vê pelos documentos desclassificados pelo governo checo e recuperados por um grupo de investigadores independentes.

por: Gabriel Pereyra, El Observador

Uma série de documentos que surgiram dos arquivos da StB, incluindo recibos de 200 dólares mensais, que foi o que Trías recebia ao mês, embora em alguns casos o financiamento das operações tenha atingido cerca de 23.000 dólares, aos preços atuais.
Viviane Trías, socialista que se vendia por 200 dólares mensais
Os documentos obtidos pelos investigadores [brasileiros] Mauro Kraenski e Vladimir Petrilak indicam que Trías – que agia com o nome de Ríos  era o “melhor agente” do serviço de inteligência da Checoslováquia na América Latina.
A capa do processo do agente Vivian Trías ("Ríos"), 22/08/1964
Os documentos da StB mostram que ele entregava os relatórios orais, trabalhos escritos e documentos. O oficial [checoslovaco] que efetuou o treino do Trías em Santiago do Chile na arte de escrever com tinta invisível escreveu: “Ríos é um agente de valor, ele memoriza tudo, ele queria aprender tudo e mostrava uma alta capacidade de absorver novas informações”.
residentura da StB no Chile nas décadas de 1960-1980
Petrilak disse que apesar de ter sido recrutado com base na sua ideologia, como resultado de suas convicções, ele se tornou um agente pago que recebeu vários presentes como uísque, charutos americanos e dinheiro para comprar uma televisão que era bem cara na época.
Relatório com a descrição ideológica do agente
Entre os documentos estão recibos de aluguer/aluguel de apartamentos em Ciudad Vieja, onde foram realizadas reuniões e guias clandestinos sobre como se encontrar com o oficial checoslovaco que na época estava em Montevidéu.

Além disso, há um dossier que garante que algumas das obras literárias pelas quais o líder socialista é conhecido na região [América Latina] foram inspiradas, financiadas e distribuídas pela StB. Segundo a investigação, uma operação chamada “Inca” consistia numa viagem paga ao Peru, na qual Trías recebeu o equivalente os 23.000 dólares, ele escreveu um livro monitorado pelos tchecos. O livro “Peru, Forças Armadas e Revolução” foi publicado em 1971 e foi o fim da operação “Inca”, disse Kraenski.
Livro "anti-imperialista", financiado pela StB
Após o golpe de Estado de 1973 no Uruguai, o StB interrompeu os contactos para não comprometer a operação, mas depois os retomou. Trías reprovou essa decisão, e o agente checoslovaco carimbou no dossier: “Depende financeiramente de nós”. Ele trabalhou como espião até 1977.

Relatórios indicam que Trías conseguiu recrutar a sua própria esposa. No final do contrato, os checoslovacos declararam que estavam deixando Trías ao serviço do KGB soviético, mas os investigadores [brasileiros] disseram que não tinham encontrado provas de que o líder socialista tivesse trabalhado para a União Soviética. Trías morreu em 1980.
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