quarta-feira, maio 13, 2020

Leituras: "Meia-Noite em Chernobyl" de Adam Higginbotham

O dia 26 de abril de 1986 foi um ponto de viragem na História. O acidente em Chornobyl não mudou apenas a nossa perceção da energia nuclear, mas também o conhecimento da delicada ecologia do planeta. Chornobyl foi igualmente importante na destruição da URSS.

por: Nuno Coelho, in Ministério dos Livros

O dia 26 de abril de 1986 foi um ponto de viragem na História. O acidente em Chornobyl não mudou apenas a nossa perceção da energia nuclear, mas também o conhecimento da delicada ecologia do planeta. Chornobyl foi igualmente importante na destruição da URSS e, como tal, na vitória dos Estados Unidos na Guerra Fria. Para Moscovo, foi um desastre político e financeiro – provocando a bancarrota de uma economia já vacilante -, mas também ambiental e científico.

Esta é a história nunca contada dos eventos que começaram no centro de controlo do reator 4 da central nuclear de Chornobyl. Depois de centenas de entrevistas, consultas de cartas, memórias inéditas e documentos só agora tornados públicos, Adam Higginbotham revela-nos os acontecimentos dramáticos daquela noite através dos olhos dos homens e mulheres que os testemunharam em primeira mão e que enfrentaram um inimigo aterrador e invisível.

“Meia-Noite em Chornobyl”, uma obra amplamente premiada e que inspirou a série de sucesso da HBO, mostra-nos não só as dificuldades épicas de um império a morrer, mas também o heroísmo individual e desesperado num momento transformador da História.

sexta-feira, maio 08, 2020

Ucrânia recorda solenemente o 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa

Em 8 de maio, no 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, o Congresso Mundial dos Ucranianos (CMU/UWC), juntamente com a comunidade internacional, recorda solenemente a memória de milhões de vítimas e oferece eterno agradecimento à todos aqueles que deram as suas vidas em defesa do mundo livre.

A Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939 com a invasão e divisão nazi-soviética da Polónia, tornou-se a guerra mais violenta da história da Humanidade. Seu preço é incalculável: mais de 8 milhões de vidas foram perdidas apenas na Ucrânia, mais de 2 milhões de ucranianos foram lavados aos trabalhos forçados. Hoje prestamos homenagem aos milhões de ucranianos que lutaram de forma brava na Segunda Guerra Mundial, incluindo mais de 250.000 ucranianos e ucranianas que serviram nas forças armadas aliadas da Polónia, França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Canadá. Estamos em dívida eterna para com eles.

Sobrevivendo entre os dois impérios totalitários e mortais de Hitler e de Estaline, o povo ucraniano lutou corajosamente contra os dois regimes de ocupação. O fim da Segunda Guerra Mundial não trouxe paz e liberdade à Ucrânia. Em vez disso, a União Soviética estalinista novamente trouxe a opressão e tirania à Ucrânia e aos muitos outros povos escravizados da Europa Central e Oriental. Por mais de quatro décadas, Ucrânia foi forçada a continuar a sua luta contra o regime soviético, que privou o povo ucraniano do direito fundamental à uma vida livre.

Hoje, o povo da Ucrânia é novamente forçado a lutar por sua terra e liberdade, enquanto a Rússia tenta subjugar Ucrânia ao seu poder imperial. A Rússia, a atual agressora, está tentando usar os símbolos da Segunda Guerra Mundial para justificar e glorificar a ocupação da Crimeia e invasão do leste da Ucrânia. Por meio de campanhas de propaganda estatal, tais como o dito “regimento imortal”, a Rússia está tentando apresentar o totalitarismo soviético de uma forma positiva, branqueando os horríveis crimes do comunismo soviético e criar um culto da suposta vitória estalinista soviética da Segunda Guerra Mundial, usando este tipo de propaganda para justificar a guerra de ocupação da região ucraniana de Donbas.

“Homenageando as milhões de vítimas da Segunda Guerra Mundial e à memória daqueles que lutaram pelo mundo livre, o CMU/UWC exorta a comunidade internacional de aprender com as lições da história. Não devemos tentar apaziguar um tirano moderno que está tentando reconstruir o império russo”, afirmou Pavlo Grod, presidente do CMU/UWC. – “No decorrer dos eventos solenes, os ucranianos, juntamente com outros povos da Europa Oriental e dos Países Bálticos, vão recordar o legado sangrento de Estaline e os diversos crimes da União Soviética, verdadeira cadeia dos povos, outrora escravizados”.

terça-feira, maio 05, 2020

O padre ucraniano que salvava os judeus no Holocausto

Metropolita Andrey Sheptytsky em 1921, foto: Wikipedia
Metropolita Andrey Sheptytsky liderou a Igreja Grego-Católica Ucraniana na época da II G.M. O metropolita Sheptytsky alertava o Vaticano sobre as atrocidades nazis contra os judeus, arriscando a sua vida, na tentativa de evitar o Holocausto.

Os arquivos de papa Pius/Pio XII [o líder da igreja católica durante os anos da Segunda Guerra Mundial] no Vaticano, que foram abertos recentemente permitiram aos pesquisadores alemães descobrir mais evidências de que Pio estava muito ciente do genocídio dos judeus e tomou pouca ou nenhuma ação contra ele.

Mas os arquivos também lançaram uma nova luz sobre uma figura menos conhecida, mas crucial na história: Andrey Sheptytsky, que liderava a Igreja Grego-Católica da Ucrânia na mesma época.

Alguns há muito tempo pedem que Sheptytsky se torne um Justo Entre as Nações, o título de Israel para não-judeus que arriscaram suas vidas para salvar judeus do Holocausto. Mas Yad Vashem, memorial do Holocausto de Israel, resistiu a isso. As novas informações sobre Sheptytsky oferecem a seus simpatizantes uma nova chance de honrar seu recorde histórico.

O fundo

Sheptytsky e seu irmão, Klymentiy, que foi reconhecido como justo, abrigaram mais de cem judeus em mosteiros e organizaram grupos que os ajudaram a se esconder, de acordo com vários historiadores, incluindo o historiador de Yale Timothy Snyder. Andrey Sheptytsky também protestou publicamente o assassinato de judeus e denunciou seus próprios congregantes por participarem da violência.

Nascido em uma nobre família polaca/polonesa na Ucrânia em 1865, Andrey Sheptytsky se juntou ao clero, apesar da oposição de seu pai. Klymentiy, quatro anos mais novo que Andrey, seguiu os passos do irmão mais velho. Andrey falava hebraico fluentemente e era doador regular de causas judaicas na área de Lviv, onde morava. [...]

As novas evidências

Nos arquivos do Vaticano, os pesquisadores da Universidade de Munster descobriram que Sheptytsky escreveu ao papa uma carta que falava de 200.000 judeus massacrados na Ucrânia sob a ocupação alemã “diabólica”.

Escrever essa carta, cujo conteúdo completo ainda não foi publicado, constituiu um crime capital sob a ocupação nazi e, portanto, pode ser visto como uma nova evidência de que o Sheptytsky arriscou sua vida para salvar judeus.

O Secretário de Estado do Vaticano, Angelo Dell'Acqua, que mais tarde se tornou cardeal, alertou em um memorando na época para desacreditar um relatório da Agência Judaica sobre o Holocausto porque os judeus “exageram facilmente”. Ele também descartou o relato de Sheptytsky, dizendo que “os orientais não são realmente um exemplo de honestidade”, revelou a pesquisa alemã.[...]

Especialistas estão “monitorando as notícias que saem do Vaticano”, disse um porta-voz do Yad Vashem: “Esperamos que, uma vez terminada a crise da saúde, possamos retomar o trabalho regular e examinar esses documentos em primeira mão”, disse o porta-voz. “Naquela época, os historiadores terão uma melhor compreensão de todas as suas implicações”.

Ler o texto integral em inglês.