quarta-feira, outubro 31, 2018

Anarquista bombista russo ataca FSB e morre na explosão

No dia 31 de outubro de 2018 o edifício da Direcção regional do FSB na região russa de Arkhangelsk foi atacada, ao estilo jihadista, pelo anarquista bombista russo, que morreu na explosão. Foi o primeiro caso desde 1999, quando um grupo de extrema-esquerda russa atacou o gabinete de atendimento público do FSB em Moscovo.  
Imagem: câmaras de vigilância do edifício da Direcção regional do FSB na região russa de Arkhangelsk
O anarquista de apenas 17 anos, estudante da escola politécnica Mikhail Zhlobitskiy, que alegadamente usava na rede Telegram o nick “Valerian Panov”, alegadamente explicou os seus motivos online, apenas 7 minutos antes do ataque suicida: “As razões são claras para vocês. Dado que FSB está fodido, fabrica casos e tortura as pessoas, eu decidi optar por isso”.
Cerca das 8h52 (hora local), o jovem russo entrou no edifício do FSB na cidade de Archangelsk, tirou da sua bolsa uma bomba artesanal e a acionou. A explosão se deu já dentro do edifício, mas antes de chegar aos detetores de metais, colocados na passagem ao interior. Anarquista morreu devido aos ferimentos não compatíveis com a vida, também foram feridos três funcionários do FSB (o seu estado de saúde não foi revelado publicamente).
O local da explosão, imagem divulgada pelas páginas da rede Telegram
Na rede também Internet está sendo divulgado o alegado cartão do estudante do alegado anarquista russo:
O Comité de Investigação russo qualificou a explosão como um ato terrorista. Oficialmente, os motivos do atacante não são revelados. A investigação pretende apurar o motivo, investigar os familiares, amigos e pessoas próximas do anarquista.

Mikhail Zhlobitsky tinha domicílio registado numa aldeia aos 20 quilómetros da cidade de Arkhangelsk, onde morava com a sua mãe, tia e avó.

A sua avó, Valentina, disse ao serviço russo da BBC que não entende as razões pelas quais o neto decidiu organizar a explosão no FSB: “Ele não bebe, não fuma, não diz palavrões. [Ele] não falta aos estudos, constantemente vai às aulas. Eu não sei o que aconteceu, não me faça mais perguntas”, pediu a mulher.

Blogueiro: na Internet russa o caso é explicado por várias teorias, duas das quais são mais populares: a) “ZOG está matar os jovens russos”; b) “Kremlin está preparando a opinião pública para alguma nova legislação draconiana antiterrorista e, por tabela, anti-Internet”. Em ambos os casos os nossos caros leitores estão na posição confortável para comprar/fazer as pipoquinhas e assistir o enredo.

Bónus

IC3PEAK – Smyerti Bolshe Nyet (Não há mais a morte):

«Obrigado/a!»: Ucrânia agradece aos seus defensores

O Ministério da Política Informativa da Ucrânia (MiP) apresentou o seu novo vídeo “Dyakuyemo!” (Obrigado/a), para homenagear os militares ucranianos, que defendem o país na linha de frente e na retaguarda. O vídeo faz parte de uma série de publicidade social do MiP.

Dyakuyemo” (Obrigado/a!):

Lyuby!” (Ame!):

Obnimy!” (Abrace!):

terça-feira, outubro 30, 2018

Jair Bolsonaro até que enfim Presidente do Brasil!

A revista brasileira Veja dedica a edição especial à eleição do Jair Bolsonaro à presidência brasileira (nas bancas à partir do dia 29 de outubro).
Ler (disponível apenas aos assinantes):

domingo, outubro 28, 2018

Turcomenistão: a nova Coreia do Norte, fruto do socialismo pós-moderno

Turcomenistão, o território ex-soviético na Ásia Central, ocupa a 4ª posição mundial em reservas de gás natural, mas está no limiar de uma fome generalizada. Os cidadãos fogem em massa à procura de uma vida melhor no exterior.

Uma ditadura próspera

Turcomenistão é um dos países mais fechados do mundo. Devido à uma censura severa e autoritarismo estatal, a república é comparada com a Coreia do Norte. Até 3-4 anos atrás a falta da democracia era soberbamente compensada pelo regime com o bem-estar social e económico: os cidadãos tinham salários baixos, mas Estado lhes fornecia, em forma de subsídio 100% gratuito, os produtos como gasolina, electricidade, gás, água e sal, escreve a publicação Izvestia.
Muséu dedicado ao culto da personalidade do atual ditador do país | foto: RIAN
Até que em 2018, a situação piorou drasticamente. Em setembro foi anulado o subsídio dos serviços municipais (gás, electricidade, agua, etc.). O câmbio oficial da moeda nacional está estável desde 2015, mas o dólar é rapidamente valorizado no mercado paralelo. No início de 2018 um dólar valia 9,8−10 manat, no início de setembro — 18−19 manat.

Nas vésperas de uma fome generalizada

No país existem as mercearias estatais com os preços de alimentos fixos, naturalmente as suas prateleiras estão vazias. Na capital, os cidadãos formam as filas nas madrugadas para comprar pão. No interior, para comprar o pão é preciso mostrar o seu bilhete de identidade (cartão de cidadão), os não residentes numa determinada localidade não são atendidos nas lojas locais. Nas filas para comprar a farinha as pessoas se inscrevem com um mês (Sic!) de antecedência.
Compra e venda de legumes nos bazares | foto: RIAN
Produção de apas ao céu aberto | foto: RIAN
A rádio «Azatbahar» (serviço turcomano da rádio “Liberdade”) divulgou o vídeo, filmado da cidade turcomana de Daşoguz, onde uma multidão de cerca de 600−700 estava disputar o farelo, anteriormente usado apenas para alimentação animal. Mas devido à falta da farinha, as pessoas já consomem este subproduto alimentar:
Nas lojas privadas ainda há poucas limitações de compra, mas os preços subiram em flecha. Um kg de farinha fabricada no vizinho Cazaquistão subiu de 4,8 manat em março aos 8 manat (2,29 dólares) em outubro. Farinha russa subiu de 21−26 manat (embalagem de 2 kg) em março aos 39 manat (11,14 dólares) em outubro.

Galinhas de algodão para “embelezar” as montras

Um kg de carne da 1ª custa nas lojas privadas cerca de 38 manat (10,86 USD); um kg de mortadela — 37 (10,57 USD), coxas de frango — 21 manat (6 USD). Um cidadão pode comprar não mais que 2 kg de coxas de frango de cada vez. As montras de lojas são “embelezadas” com a imitação de frangos, feitos de algodão, tal como se fazia na União Soviética e como ainda se faz na Coreia do Norte.
No supermercado do centro comercial "Berkarar" na capital do país | foto: e-news
Os cigarros desapareceram das lojas estatais nos últimos dois meses, nos privados um maço custa cerca de 70 manat (20 dólares!)

Os cidadãos, temendo o desaparecimento do subsídio estatal de gasolina, fazem o seu stock. Durante o dia, as esperas para reabastecer a sua viatura chegam às duas-três horas. Desde dia 1 de outubro de 2018 as tarifas de correios estatais subiram (em média) até 60%. As ATM vivem falta do dinheiro, as reformas estatais estão sendo transferidos aos reformados/pensionistas com atrasos consideráveis. As filas junto às ATM chegam formar até 200 pessoas, alguns cidadãos trazem 4-5 cartões (dos familiares), as discussões chegam quase às pancadarias.

A situação nas regiões

A situação alimentar nas regiões é pior. Os seus moradores viajam até a capital para se abastecer de alimentos mais básicos. A polícia verifica as viaturas com as matrículas / placas regionais e caso encontrar os alimentos, exige o pagamento de taxas. Embora não existe nenhuma lei estatal, nem a postura municipal, que regulasse o regime de compras dentro e fora da capital, Ashgabad.

Os salários e empregos

O vendedor/a numa loja recebe cerca de 500 manat (142,86 dólares), os dados sobre desemprego não são divulgados, mas considera-se que cerca de 60% dos cidadãos na idade de trabalhar são desempregados. A situação mais dramática se dá no interior e nas zonas rurais.

As obras faraónicas do regime

Nos últimos anos o orçamento geral do Turcomenistão teve que suportar a construção de algumas obras faraónicas do regime: um aeroporto em forma de falcão na capital que custou 2,3 biliões de dólares em 2016; os Jogos Asiáticos que custaram 5 biliões em 2017; o novo porto marítimo, que foi inaugurado na cidade de Turcomanbashi (chamada assim em referência ao anterior ditador do país), que custou 1,5 biliões de dólares, entre outras.
O aeroporto em forma do falcão em Ashgabad que custou 2,3 biliões de dólares | foto: RIAN
Alguns biliões custou a estância balnear Avaz no Mar Cáspio. Mas os seus serviços são demasiadamente caros para os turistas nacionais e os turistas internacionais não aparecem por falta do interesse e devido às dificuldades de obtenção de vistos de entrada.

A venda do gás

Até recentemente, o gás turcomano era comprado pela China, Irão e Rússia. Hoje, apenas a China mantêm as relações comerciais com o regime. O mercado russo se fechou em 2016, em resultado de uma disputa de responsabilidades após uma avaria grossa na parte turcomana do gasoduto Ásia Central  — Centr(o)-4.

Em 2017, acusando Irão de não honrar as suas dívidas, Turcomenistão cortou o fornecimento do seu gás às províncias nortenhas do Irão. Em 2017, cerca de 94% do total do gás tucomano era comprado pela China. No entanto, a China paga o gás recebido, descontando os seus próprios créditos, concedidos ao país anteriormente.

Em resultado, em 2017 Turcomenistão produziu 62 bilhões de m³ de gás natural; 10,8 bilhões de m³ à menos do que em 2015. Pelos dados não oficiais, a défice do comércio externo do país chega aos 10 biliões de dólares. A revista The Economist, citando o Banco suíço de Liquidações Internacionais, informa que só na Alemanha estão depositados cerca de 23 biliões de dólares, provenientes do Turcomenistão.

A venezuelização do país

Para conter a migração, o poder estatal proibiu a saída do país de todos os cidadãos menores de 40 anos de idade. Muitos destes “dissidentes silenciosos” são detidos nos aeroportos. O Banco Nacional impôs os limites de levantamento do dinheiro através de cartões de crédito e de débito fora do país, fala-se em desejo do regime de emitir os documentos de viagem (passaportes) com a validade de apenas um ano.
As ruas vazias da capital e os cidadãos à caminhar, como na Coreia do Norte | foto: RIAN
Qualquer oposição laica e democrática foi destruída e aniquilada no país logo após a independência do Turcomenistão em 1991. Em contrapartida, sabe-se que cerca de 300-400 turcomanos passaram pelas fileiras do Daesh/EI na Síria. Os serviços secretos locais anunciam periodicamente a descoberta [verídica ou não] das suas células no país. Turcomenistão possui a fronteira bastante extensa com o Afeganistão. Caso a resistência islâmica nacional pegar em armas, encabeçando a revolta popular legítima, o poder local terá muitas dificuldades de conter a situação. Principalmente no momento em que o próprio regime está quebrar o pacto social, que existiu no país nos últimos 27 anos...

Cartaz de propaganda soviética anti-polaca de 1923

Slogan: "Caminho ao nosso pão camponês em troca das máquinas e utensílios agrícolas alemães"
O cartaz propagandista soviético de 1923 em que a Polónia é desenhada como um “entrave chato” no caminho à uma união entre Alemanha industrial e União Soviética agrícola. O “entrave” foi liquidado pelo Hitler e Estaline 16 anos depois, em agosto de 1939.
A tese do doutoramento/doutorado do Fernando Haddad em que ele justifica o trabalho escravo na URSS 
Antes disso, os polacos foram perseguidos e aniquilados pelo NKVD numa verdadeira caça aos polacosE o “pão camponês soviético” foi retirado à força na Ucrânia, provocando milhões de mortos no decorrer do Holodomor ucraniano...

sábado, outubro 27, 2018

A obrigação moral das pessoas decentes de votarem em Jair Bolsonaro

Nesta eleição brasileira, onde a vitória de um e a derrota do outro significará a escolha existencial entre democracia e comunismo, ninguém pode ou se deve dar ao luxo de ficar “neutro”, lavando as mãos, ao estilo de Pilatos.

“Intelectual estalinista” 

Apesar de uma considerável parte da imprensa internacional retrarar Fernando Haddad como “intelectual” (por exemplo, o jornal português “Público”), sabemos que o fa(c)to de alguém saber ler e escrever, não torna essa pessoa um intelectual. O candidato do PT/PC do B, Fernando Haddad, é uma pessoa que defende o legado e figura do Estaline/Stalin, dizendo que “Stalin fuzilava, mas lia os livros”.
Não nos parece que a capacidade de pintar, ler, interpretar e mesmo escrever os textos, fará possível considerar os crimes do Hitler e do nazismo como “mais aceitáveis”. Seria um absurdo. A mesma lógica deveria se aplicar aos crimes do Stalin e do comunismo, muito maiores e muito menos conhecidos, principalmente fora do espaço da ex-URSS, onda a maior parte das atrocidades comunistas soviéticas teve o lugar. Infelizmente, essa lógica bastante simples e linear é completamente esquecida pela imprensa internacional, que considera à si própria como guardião do humanismo e do dito “progressismo”.

Diversos líderes comunistas, de Lenine ao Ceaușescu eram as pessoas razoavelmente letradas e até escreviam (em alguns casos apenas assinavam) diversos textos mais ou menos extensos. Nada disso os impedia de cometer os crimes mais horríveis, as vezes contra a humanidade, outras vezes “apenas” contra os seus próprios concidadãos. Naturalmente, uma pessoa que defende o legado ideológico destes monstros não deve ser considerada nem intelectual, nem uma pessoa digna de confiança. Muito menos a confiança para dirigir um país como Brasil, num período tão complicado da sua história contemporânea.

A procura do socialismo que “ainda pode funcionar”

Mais uma vez, desde a URSS à Cuba e desde Venezuela à Tanzânia, o socialismo e comunismo mostraram a sua mais completa falência, levando à miséria e à morte, nos respetivos países, de milhões de cidadãos.

A esquerda brasileira naturalmente promete aos concidadãos a criação do “socialismo com a face/cara brasileiro/a”, alegando que desta vez a teoria marxista irá dar certo e que é desta vez, em vez de criar GULAG e Holodomor, o socialismo brasileiro, irá criar, e ainda hoje, a quase perfeita sociedade das “amanhas cantantes”.
Realidade dos factos e experiências de todas as nações que já passaram pelo “socialismo científico”, provam que socialismo realmente pode dar certo, mas apenas no curto período de tempo em que o mesmo gasta o dinheiro alheio. Depois dessa curta “fartazana socialista”, inevitavelmente chegam fomes, privações e mortes, nada naturais. Que, entre outros, muitas vezes, ceifam as vidas dos paladinos que defendiam tanto a ideia de que a teoria profundamente irrealista e utópica ainda pode funcionar algures.

O que nos leva à questão essencial, estarão dispostos os brasileiros de abdicar de uma parte considerável dos seus amigos, familiares e entes queridos, em prol destas mesmas “amanhas cantantes”? Pois um dos pilares de qualquer regime comunista é o trabalho praticamente escravo dos inúmeros prisioneiros políticos (e claro, comuns), que trabalham, inseridos no sistema de campos de concentração por 12-14 horas diárias, em diversas obras faraónicas do regime, que o mesmo, usa como cartão postal e como a “prova provada” do seu alegado sucesso.
A tese de doutorado do Fernando Haddad, sobre trabalho escravo na URSS
Os propagandistas da esquerda, desde um simples professor da história no liceu, até os seus líderes de opinião, quase sempre minimizam o número de vítimas dos regimes comunistas, as apresentando ou como “meros acidentes do percurso” ou como “sacrifício necessário”. Ignorando o fa(c)to de que o “Holocausto revolucionário” (na expressão do Karl Marx) é uma hidra sempre ávida de novas e novas vítimas, alias, pouco à pouco, toda a sociedade se transforme num simbiose de vítimas e carrascos. Onde os carrascos de ontem se tornam as vítimas de amanha, e onde os heróis de ontem se tornam os “inimigos do povo” de hoje.     

Brasil, quo vadis?

Jair Bolsonaro não é um messias (fora do seu nome), é um ser humano de carne e osso, que naturalmente comete os erros e certamente já teve algum excesso da linguagem. No entanto, e apesar do enorme esforço da demonização, por uma grande parte de imprensa / da mídia brasileira e internacional, é claramente uma pessoa de bem e de princípios éticos sólidos.

A sua eleição seguramente oferecerá aos brasileiros uma rara oportunidade de mudar o seu próprio país para melhor, diminuir o tamanho absolutamente gigantesco do aparelho do estado e tornar a vida dos cidadãos mais simples, mais segura e mais próspera.
No caso da incapacidade, francamente improvável, do candidato de efetuar as reformas desejadas e necessárias, numa próxima eleição, os brasileiros poderão fazer uma nova escolha. Já no caso hipotético da derrota do Jair Bolsonaro, a própria possibilidade de mudança desaparecerá para sempre. Brasil nunca mais terá quaisquer eleições livres e país será transformado em mais uma nação, onde várias gerações de brasileiros pagarão com as suas vidas e com o seu bem-estar social para provar empiricamente uma velha máxima: socialismo não funciona, nunca deu certo, nem poderá dar certo em nenhum lugar do mundo.

Caro eleitor brasileiro, pense nisso, fazendo a sua escolha amanha.
Texto @Ucrânia em África

sexta-feira, outubro 26, 2018

Enciclopédia de absoluta miséria alimentar soviética

O livro soviético “Faça você mesmo os alimentos raros” não é uma invenção da dita extrema-direita. O livro existiu e propunha aos cidadãos soviéticos fabricar em casa os alimentos tão “raríssimos” como champanhe, queijo, maionese, leite condensado, cerveja, sorvete e até a mostarda...

No prefácio, os autores explicam a razão de aparecimento da sua obra: “Alimentos, cujas receitas aparecem neste livro, fomos acostumados à comprar nas lojas, mas às vezes é caro para você. Ainda mais – não aparecem à venda ou a sua compra é precedida pela permanência numa longa fila. Não se desespere! Acorde e corra com os comunistas! As coisas feitas à mão são sempre mais saborosas!

01. O Estado comunista soviético, se esquecendo das suas próprias obrigações sociais, estava propondo ao bom povo soviético a produção caseira de champanhe, queijo, espadilha, maionese, sorvete e leite condensado – em suma, todas aquelas “delícias raríssimas”, na compra das quais o cidadão comum ficava horas sem fim nas filas intermináveis das mercearias soviéticas. Você não consegue comprar? Faça você mesmo! – declara o comunismo soviético.

02. Reparando no ano de publicação, os fãs da URSS ficam aliviados – 1992! Já após a queda da URSS! Na verdade, o livro foi entregue à impressão em 20 de novembro de 1991, e a URSS deixou de existir em 26 de dezembro de 1991.

03. Mais importante, o livro foi publicado na série “Pequena Enciclopédia Caseira”, na sua 4ª edição. Muito possivelmente, isso significa, que na URSS foram publicadas três edições anteriores, que ensinavam os cidadãos, usando as galochas velhas, fita-cola/durex e bomba de bicicreta, fazer um leitor de música portátil.

04. Dado que aristocracia proletária soviética apreciava o champanhe, os autores do livro começam a obra por receita dessa bebida. Champanhe caseiro soviético poderia ser feito de groselha e maçã, o “caseiro branco”, é um mosto de açúcar com levedura, mais ácido cítrico. A bebida deveria ser guardada no porão – possivelmente pela precaução.

05. Segue a receita de queijo e espadilha enlatada. O queijo também pode ser feito em casa, e é muito mais saudável e mais saboroso do que o queijo capitalista suíço ou holandês, o que importa é a fé cega nos amanhas cantantes do comunismo! Um litro de leite se mistura com um kg de queijo cottage comprado na loja, ferva-se, mexa-se, filtre-se através de gaze – e agora você é um verdadeiro fabricante de queijo.
A espadilha da hostil e burguesa Letónia pode ser substituída por um peixe sem nome, pescado num rio fedorento local. Coloque o peixe sem nome numa frigideira em água salgada – o resultado não é a comida do gato vadio/vira-lata, mas uma delicadeza socialista requintada! A principal coisa é a fé)

06. A cerveja pode ser feita de brotos de pinheiro. Não consegue comprar Carlsberg, Obolon ou Brahma? Não importa – vá à uma floresta mais próxima, arranque brotos de pinheiro, faça lume e prepare a cerveja! Como aperitivo podem ser usadas as bolotas.

07. Os saborosos doces soviéticos – também podem ser facilmente preparados em casa. Até o melhor do mundo e mais saboroso sorvete soviético poderia ser feito em casa. Tal como os nossos leitores, ficamos intrigados, por que razão o Estado soviético sequer produzia a comida industrial? Bastava publicar uma boa quantidade deste tipo de livrinhos de auto-ajuda e os cidadãos soviéticos fariam tudo sozinhos em casa – desde os doces “Urso no Norte” até uma geleira/geladeira “Saratov”.

08. O melhor leite condensado do mundo, no fim da URSS também era aconselhado à fazer em casa. Caso contrário, os turistas capitalistas iriam querer provar essa delícia socialista e caso desconseguissem, seriam tentados à denegrir o socialismo real soviético, o mesmo que o doutor Fernando Haddad defendia tanto no seu livro publicado no Brasil. Seria um vexame.

09. Vinagre, mostarda e licores até não eram produtos tão escassos, mas isso não importa, você pode os fazer em casa! Não sabia?!!

10. A receita maravilhosa da limonada “Real” (Sic!): coloque duas gemas do ovo e duas colheres de açúcar num copo alto. Gradualmente, despeje água no copo, mexendo. Ou espere até que se dissolva por si mesmo. E beba pela sua saúde! Deliciosa e saudável!”
Receita à direita aconselha aos cidadãos soviéticos fazer as conservas caseiras de carne guisada. No fim da URSS, até este tipo de enlatados era um alimento bastante raro – os seus últimos estoques iam diretamente ao contingente militar soviético no Afeganistão.

Como podemos ver, as “delícias” soviéticas não eram codornizes, jamon ou bom marisco, mas os produtos absolutamente banais – “champanhe” (vinho espumante) soviético de baixa qualidade, espadilha, leite condensado, limonada e até guisado. Nos últimos anos da existência da URSS, até mesmo estes alimentos tão simples eram escassos – para os comprar as mulheres e as crianças soviéticas ficavam horas e horas nas filas de mercearias.

Foi o socialismo, comunismo e poder soviético, que levaram a população da URSS aos níveis da pobreza comparáveis aos vários países pobres da época. Foi precisamente o poder comunista soviético, incapaz de alimentar os cidadãos, optava por lhes atirar na cara este tipo de propaganda.

Fotos e texto: Maxim Mirovich | texto adicional: Ucrânia em África

Blogueiro: a 4ª edição do próprio livro foi publicada na cidade ucraniana de Khrarkiv, numa editora privada, as editoras estatais soviéticas não conseguiam produzir o livro em quantidades que satisfizessem a sua procura...

Realizador ucraniano Oleg Sentsov, preso na Rússia, vence Prémio Sakharov

Distinção é atribuída pelo Parlamento Europeu. Oleg Sentsov foi condenado à 20 anos de prisão por um tribunal russo. O Parlamento Europeu apoiou uma resolução sobre a libertação imediata do cineasta e outros 158 presos políticos ucranianos, escreve edição online portuguesa DN.pt
Oleg Sentsov no tribunal russo durante o seu julgamento | foto: Sergey Pivovarov/Reuters
O Prémio Sakharov de Direitos Humanos foi atribuído esta quinta-feira ao realizador ucraniano Oleg Sentsov. Oleg Gennadyevich Sentsov, natural da Crimeia, ficou internacionalmente conhecido pelo seu filme Gamer, de 2011. Após a anexação da Crimeia pela federação russa foi preso, em maio de 2014, na sua terra natal e condenado a 20 anos de prisão por um tribunal russo, sob a acusação de conspirar para a prática de atos terroristas. O cineasta e escritor tinha-se oposto à anexação.
As capas, russa e holandesa, do seu filme Gamer
A 14 de maio deste ano entrou em greve de fome, em protesto contra a prisão de 65 presos políticos ucranianos na Rússia.

A União Europeia e os Estados Unidos condenaram a detenção de Sentsov e apelaram à sua libertação, sem sucesso. Em junho deste ano, o Parlamento Europeu apoiou uma resolução sobre a libertação imediata do cineasta e outros 158 presos políticos ucranianos.
Uma das últimas imagens do Oleg Sentsov de dentro da prisão russa, agosto de 2018
Os realizadores de cinema europeus Agnieszka Holland, Ken Loach, Mike Leigh, e Pedro Almodóvar co-assinaram a 10 de Junho de 2014 uma carta da Academia de Cinema Europeu às autoridades russas, exigindo que as acusações contra Sentsov fossem retiradas, e as denúncias de tortura investigadas. O director de cinema iraniano Mohsen Makhmalbaf dedicou a sua aceitação do Prémio Robert Bresson 2015 do Festival de Cinema de Veneza a Sentsov, chamando a condenação de uma “grande injustiça”, e a sentença “um passo para intimidar toda a sociedade russa, especialmente os intelectuais e artistas”.
Um dos cartazes ucranianos à exigir a libertação do Oleg Sentsov
[...] O galardão será atribuído a 12 de dezembro, durante a sessão plenária do Parlamento Europeu. A oposição democrática na Venezuela foi a vencedora do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento em 2017.

quinta-feira, outubro 25, 2018

“A Revolução Silenciosa”: a resistência juvenil ao regime opressor comunista


O filme alemão “A Revolução Silenciosa” se passa na ex-RDA em 1956 e recria um facto real, em que os alunos alemães do secundário se revoltam, de forma pacífica e silenciosa, contra o opressivo regime comunista do seu país. Até hoje a história é silenciada pela mainstream mídia...
"A Revolução Silenciosa": nos anos 50, um punhado de alunos de um liceu da RDA faz frente ao regime comunista
Em 1956, num liceu de uma cidade da RDA, ainda o Muro de Berlim não tinha sido construído, um grupo de alunos finalistas, emocionado e indignado com a repressão soviética do levantamento popular na Hungria, que seguiam indo ao cinema na RFA e ouvindo a rádio ocidental às escondidas, fez um minuto de silêncio por solidariedade numa aula.
O caso tomou proporções de delito de Estado e a maioria dos rapazes e moças da turma “prevaricadora” foram instados à delação, acusados de serem contra-revolucionários e depois expulsos, tendo fugido para a RFA para poderem acabar o liceu. A história é recriada pelo alemão Lars Kraume (“Fritz Bauer-Agenda Secreta”) em “A Revolução Silenciosa”, que evoca e celebra a coragem, a dignidade e a força de carácter desse punhado de adolescentes, retrata o cinzentismo comunista totalitário da ex-RDA e mostra as dolorosas e complexas divisões que a II Guerra Mundial e o retalhar do país em dois causou entre os alemães. 
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O elenco juvenil é uniformemente impecável e Kraume fecha o filme com uma foto da turma verdadeira (fonte).