domingo, julho 29, 2012

“Kolkhoze dos Animais” publicado em ucraniano em 1947

A tradução ucraniana da distopia “A Revolução dos Bichos” (“A Quinta dos Animais”) foi a primeira tradução estrangeira do clássico do George Orwell, Animal Farm, 70 anos atrás.

por: Bohdan Tsiupyn, serviço ucraniano da BBC

Homem de esquerda, George Orwell, conheceu o estalinismo soviético durante a guerra civil da Espanha. Desde aquela data, ele se tornou o crítico mais feroz do totalitarismo comunista, conhecido sobretudo pelas suas distopias “1984” e “Quinta dos Animais”.
Em 1947, ao pedido dos refugiados ucranianos, George Orwell deu a sua autorização para a tradução, prescindiu dos honorários e até suportou financeiramente a edição ucraniana. O tradutor ucraniano, Ihor Shevchenko (mais tarde se tornou o professor em Harvard), que na altura usava o pseudónimo Ivan Chernyatynskiy, optou pela palavra kolkhoze, para melhor situar os seus leitores contemporâneos.         

Desta maneira, a tradução ucraniana foi a primeira tradução estrangeira do clássico do George Orwell. Os estudiosos da herança literária do Orwell, consideram que um dos heróis do livro, farmeiro Jones recebeu este nome em memória do jornalista britânico, Gareth Jones, que teve a coragem de denunciar publicamente Holodomor ucraniano e que foi assassinado em circunstâncias que apontam a “mão invisível” do regime comunista soviético.

George Orwell escreveu pessoalmente o prefácio para a edição ucraniana: “… para que as pessoas no Ocidente vejam o regime soviético tal como este é… Em geral, os operários e os intelectuais no país como a Inglaterra não entendem que URSS hoje é completamente diferente do de 1917, parcialmente porquê não querem entender isso (ou seja, porquê querem acreditar, que um país socialista realmente existe algures”)

O escritor também era um crítico frontal do sistema social capitalista, ele criticava os privilégios da elite britânica, mas reconhecia: “é um país onde as pessoas já vivem centenas de anos juntos e não conhecem a guerra civil, onde as leis são razoavelmente justos, onde é possível, em geral, acreditar nas notícias e na estatística, e onde, finalmente, ter as opiniões oposicionistas e os preferir publicamente não está ligado ao perigo”.

Perigos da edição ucraniana

A edição ucraniana de 5.000 exemplares foi publicada em agosto de 1947 pela casa editorial “Prometey” na Alemanha. A administração militar americana tentou confiscar a edição, a considerando como propaganda. Uma parte dos livros apreendidos foi entregue às autoridades militares soviéticas, que presumivelmente destruíram os livros. Outra parte foi salva e usada na leitura das crianças ucranianas na escola no campo de refugiados políticos em Heidenau e outros campos dos DP’s (refugiados) ucranianos. Em breve, os livros, juntamente com os seus donos ucranianos viajaram por este mundo fora…
As crianças ucranianas, filhos dos DP´s (refugiados) da II G.M., em Heidenau na Alemanha
Hoje, um dos exemplares do livro está guardado na Biblioteca Britânica em Londres, que possui uma das maiores coleções dos livros ucranianos do mundo.

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