A tradução ucraniana da distopia “A Revolução dos Bichos” (“A Quinta dos Animais”) foi a primeira
tradução estrangeira do clássico do George Orwell, Animal Farm, 70 anos atrás.
por: Bohdan Tsiupyn, serviço
ucraniano da BBC
Homem de esquerda,
George Orwell, conheceu o estalinismo soviético durante a guerra civil da
Espanha. Desde aquela data, ele se tornou o crítico mais feroz do totalitarismo
comunista, conhecido sobretudo pelas suas distopias “1984” e “Quinta dos Animais”.
Em 1947, ao pedido dos refugiados
ucranianos, George Orwell deu a sua autorização para a tradução, prescindiu dos
honorários e até suportou financeiramente a edição ucraniana. O tradutor ucraniano,
Ihor Shevchenko (mais tarde se tornou o professor em Harvard), que na altura usava
o pseudónimo Ivan Chernyatynskiy, optou pela palavra kolkhoze, para melhor situar
os seus leitores contemporâneos.
Desta maneira, a
tradução ucraniana foi a primeira tradução estrangeira do clássico do George Orwell.
Os estudiosos da herança literária do Orwell, consideram que um dos heróis do livro,
farmeiro Jones recebeu este nome em memória do jornalista britânico, Gareth Jones, que teve a coragem de
denunciar publicamente Holodomor ucraniano e que foi assassinado em circunstâncias
que apontam a “mão invisível” do regime comunista soviético.
George Orwell escreveu
pessoalmente o prefácio para a edição ucraniana: “… para que as pessoas no
Ocidente vejam o regime soviético tal como este é… Em geral, os operários e os
intelectuais no país como a Inglaterra não entendem que URSS hoje é
completamente diferente do de 1917, parcialmente porquê não querem entender
isso (ou seja, porquê querem acreditar, que um país socialista realmente existe
algures”)…
O escritor também era
um crítico frontal do sistema social capitalista, ele criticava os privilégios
da elite britânica, mas reconhecia: “é um país onde as pessoas já vivem
centenas de anos juntos e não conhecem a guerra civil, onde as leis são
razoavelmente justos, onde é possível, em geral, acreditar nas notícias e na
estatística, e onde, finalmente, ter as opiniões oposicionistas e os preferir
publicamente não está ligado ao perigo”.
Perigos da edição
ucraniana
A edição ucraniana de
5.000 exemplares foi publicada em agosto de 1947 pela casa editorial “Prometey”
na Alemanha. A administração militar americana tentou confiscar a edição, a considerando
como propaganda. Uma parte dos livros apreendidos foi entregue às autoridades militares
soviéticas, que presumivelmente destruíram os livros. Outra parte foi salva e usada
na leitura das crianças ucranianas na escola no campo de refugiados políticos em
Heidenau e outros campos dos DP’s (refugiados) ucranianos. Em
breve, os livros, juntamente com os seus donos ucranianos viajaram por este
mundo fora…
As crianças ucranianas, filhos dos DP´s (refugiados) da II G.M., em Heidenau na Alemanha |
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