domingo, junho 17, 2018

Campeonato/Copa 2018: os suíços tentam entrar na Donbas ocupada

Na tarde do dia 15 de junho um grupo de adeptos de futebol suíços/helvéticos praticamente entrou na zona da Operação de Forças Conjuntas (OFC) no leste da Ucrânia. Os fãs viajavam, via terrestre, para assistir o jogo Brasil – Suíça.  

Os suíços iam para a cidade russa Rostov-no-Don e o seu GPS lhes traçou o caminho que passava pela cidade de Donetsk, ocupada pelas forças russo-terroristas. Eles ainda queriam pernoitar na localidade de Amvrosiivka, também sob ocupação. Naturalmente, os turistas helvéticos são exemplo típico dos europeus que vivem na Europa e desconhecem a existência da guerra russo-ucraniana.
Tudo indica que ao cruzar a fronteira da Ucrânia e até em alguns postos de controlo ucranianos, nas proximidades de zona de OFC, ninguém perguntou aos turistas sobre o seu destino final ou os objetivos de viagem. A sua viatura ostentava as marcas claras que indicavam que eles iam ao Campeonato/Copa, debaixo de pára-brisas os adeptos levavam a réplica da copa!
Pela sorte dos distraídos, os suíços foram recebidos pela voluntária ucraniana Anna Dombrovska que explicou lhes em inglês o seu erro, ajudando os helvétios à sair da zona do perigo e achar um caminho menos perigoso até o Rostov, se é que possível falar sobre “perigo menor”, se tratando de um país-ocupante...

Mas dado que a guerra não para, Anna continua à recolher os fundos para salvar as vidas dos civis e militares ucranianos:
as fotos @Ann Dombrovska
PayPal: kottvc@gmail.com
Western Union | MoneyGram: Vyacheslav Kazakov, Ukraine (ajuda aos amigos ou familiares)

Blogueiro: os helvéticos possivelmente nem se aperceberam do perigo real do qual escaparam, desde as minas da região de Donbas até as situações em que por muito menos os estrangeiros já foram detidos nos territórios de ditas “repúblicas populares”, acusados de serem os “espiões da NATO” ou “do SBU”. Agora os suíços já poderão contar aos netos dos “perigos” que passaram devido à sua paixão pelo “futebol que está acima da política”...
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Bónus

A reportagem do jornalista brasileiro Ricardo Senra, de Govnyarka (literalmente merdoca), um dos bairros residenciais da cidade russa Rostov-no-Don (texto e fotos Ricardo Senra, BBC Brasil):
Bairro ao lado de estádio e encontro de torcedores da Copa está cheio de entulho, lixo e ratos
| Imagem: Ricardo Senra / BBC News Brasil
Em Rostov-on-Don, onde o Brasil estreia na Copa do Mundo da Rússia, neste domingo, pelo menos dez quadras em ruínas, com barracos de madeira e muito lixo separam o principal ponto de encontro de torcedores da imponente arena Rostov, uma estrutura de vidro e metal de 51 metros, o equivalente a 16 andares, construída especialmente para o evento por 19,8 bilhões de rublos, ou R$ 1 bilhão.
Não há esgoto tratado ou água encanada na maioria das casas do local |
Imagem: Ricardo Senra / BBC News Brasil
Imagem: Ricardo Senra / BBC News Brasil
Em um diálogo silencioso, delicado e triste, em que repórter e moradores se comunicam por mímica, expressões faciais e digitam perguntas e respostas em seus respectivos idiomas, a primeira descoberta sobre o local: o bairro é historicamente conhecido na região como Govnyarka, algo como “vizinhança fedida”.

Imagem: Ricardo Senra / BBC News Brasil
Imagem: Ricardo Senra / BBC News Brasil
A poucos metros de avenidas reconstruídas para a Copa, com praças bem cuidadas e comércio em shoppings de vidro, as quadras precárias por onde a BBC News caminha correspondem ao centro antigo da cidade, onde estivadores, migrantes pobres, alcoólatras e desempregados convivem em ocupações e casebres com moradores de classe média há pelo menos um século.

Pilhas de pontas de cigarro barato, pequenas garrafas de vodca se acumulam em canteiros |
Imagem: Ricardo Senra / BBC News Brasil

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