Até
o ano 1986 o sistema educativo soviético considerava que os canhotos são alunos
“errados” e devem ser, obrigatoriamente “curados” e “reeducados”, isso é,
obrigados à passar escrever com a mão direita.
Os
métodos da “cura canhota”
Os
métodos variavam dependendo do grau de sadismo e do fanatismo dos professores. Havia
escolas onde era usada a coerção moral, em outros lugares a mão esquerda do
aluno era amarrada à carteira escolar — impedindo que este pudesse escrever com
a mão “errada”. Os professores batiam os canhotos com a régua, também para
desencorajar o uso da mãe esquerda.
Os
pais eram obrigados a participar neste processo, o sistema soviético propunha
os seguintes métodos — quando a criança estará fazer as tarefas escolares, colocar
na sua mão “maldita” uma luva especial (grossa e sem a separação dos dedos) e
proibir de a tirar. Como alternativa, se propunha colocar nos dedos da mesma mão
a ligadura em forma de bandagem.
As
razões da “cura canhota”
Primeiro,
a doutrina soviética não previa a existência de diferença, das pessoas que
milimetricamente pudessem ser diferentes da massa cinzenta dos cidadãos
obedientes. Por isso, em diversas épocas a URSS perseguia os canhotos, rapazes que
usavam o cabelo longo ou que gostavam de roupas ocidentais (ler sobre fartsovka),
hippies ou stilyagi
— simplesmente porque todos eles eram “diferentes”.
Stilyagi: ler mais |
A
razão “oficial” evocada para a “cura canhota” era simples: todos os objetos usados
no dia-a-dia eram criados para os destros, e os canhotos teriam dificuldades de
viver neste mundo – por exemplo, escrever da esquerda para a direita, com a mão
esquerda e não manchar o papel com a tinta de china, era praticamente
impossível.
Existia
mais uma razão, que não era evocada amplamente, conexa com o serviço obrigatório
no exército soviético – nas armas automáticas os seus mecanismo essenciais
(como as travas de segurança, etc.) eram localizados no lado direito da arma, para
o lado direito eram projetadas as cápsulas usadas. Se a arma for usada por um canhoto,
as cápsulas iram diretamente ao seu rosto – o que dificultaria ou mesmo
impossibilitaria o seu serviço ativo no exército.
Como
terminou a “cura canhota”?
Observações
dos canhotos “curados” mostraram o impacto claramente negativo sobre a sua
psique – canhotos se sentiam culpados, muitas vezes tornavam-se párias e
rejeitados nas salas de aula, o seu aproveitamento escolar baixava, devido ao
facto de terem constantemente à lutar contra o seu “mau hábito”. Muitos
canhotos, submetidos aos métodos soviéticos de reeducação forçada, também
apresentavam os sintomas de insónia, gaguez e tiques nervosos.
Os
estudos científicos demonstram que é impossível “curar” ou “reeducar” os canhotos
completamente – o hemisfério direito do seu cérebro lidera (nos destros – o hemisfério
esquerdo), e é impossível de alterar essa dinâmica. Apenas uma parte dos
canhotos, se adaptou razoavelmente bem à vida, após o esforço empreendido de “reeducação”.
Mesmo assim, eles não se tornavam destros completos, mas começavam à usar, de uma
forma mais ou menos igual, ambas as mãos. Como resultado, a “cura canhota” foi
abolida na URSS em 1986, coincidentamente ou não, com início da Perestroika.
Foto:
GettyImages | Texto: Maxim
Mirovich
Blogueiro: sabemos que a
“cura canhota” não era praticada exclusivamente na URSS, como tal, os fãs da
URSS podem não perder o seu rico tempo com este tipo de argumentos.
1 comentário:
Aqui no Brasil algumas escolas já adotaram essa cura no passado.
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