sexta-feira, novembro 26, 2021

Recordar Holodomor onde quer que você esteja

Na prisão do Kremlin, na escola, no hospital, no campo de futebol, na oficina, ao volante ou na Diáspora os ucranianos vão recordar solenemente neste sábado, 27 de Novembro, às 16.00 horas, a memória das vítimas do Holodomor de 1932-1933. 

O dia 27 de novembro, neste sábado, é o Dia da Memória das vítimas do Holodomor. Acendem uma vela na sua janela, visitem os memoriais, expliquem às crianças o preço da perca da liberdade.

Honrem onde quer que estejam! 

Destruição dos ucranianos como uma Nação – este era o objetivo dos organizadores do Holodomor. Finalmente eliminar a língua, a cultura, a história, tudo o que torna os ucranianos únicos neste mundo. Por isso a envergadura do crime foi tão grande, por isso foram mortas milhões de pessoas. 

Mesmo os que sobreviveram em 1932-1933 se tornaram as suas vítimas. Tiveram que esquecer quem eles eram, quem eram os seus antepassados, o ​​que os seus descendentes deveriam preservar para o mundo. Tinham que esquecer quem os matava e por quê. 

Morte e esquecimento – essa era a meta de Estaline e os seus comparsas em relação aos ucranianos. 

Que não foi alcançada. Ucranianos sobreviveram e não esqueceram. Existem e se lembram. Existem, exactamente porque que se lembram.

Se lembrem do Holodomor.

Lembrem que as disputas internas ajudavam ao inimigo externo.

Lembrem o que acontece com aqueles, à quem faltarão as forças para defender a liberdade. Quem pretenderá troca-la pelo pão. Que após a perca da liberdade perderá o pão.

Lembrem de quão caro sai a fé cega em slogans atraentes. Como “terra aos camponeses” se facilmente transformou em “camponeses debaixo da terra”.

Mas também lembrem dos ucranianos se levantavam à luta contra o regime comunista. Pelas suas revoltas, eles conseguiam desferir-lhes os rudes golpes, o tornaram mais fraco, incapaz de repetir, algures numa outra parte da Europa escravizada, os crimes da escala do Holodomor.

Lembrem daqueles ucranianos que compartilhavam o seu último pão, enfraquecidos pela fome, mostravam ao mundo a força de humanidade.

Lembrem a vingança de um jovem ucraniano em Lviv, pelo assassinato de milhões de seus irmãos e irmãs, que se tornou uma manifestação da dignidade nacional.

Lembrem daqueles ucranianos que preservaram a memória do passado, embora pagavam por isso, com a sua liberdade e até mesmo com a sua vida.

Lembrem dos não-ucranianos que tiveram a força de dizer a verdade ao mundo, mesmo quando ninguém os queria ouvir.

Esta memória é revanche ucraniana pelos milhões de mortos. Ela os torna mais fortes, porque dentro da memória os mortos voltam à vida, se participem do lado ucraniano nas lutas atuais.

Por isso os herdeiros dos assassinos então procuram apagá-la. Eles tentaram reescrever os livros de história na Ucrânia, fechavam arquivos, espalhavam as inverdades sobre o Holodomor.

Mas a verdade se revelou mais forte, memória – insuperável. E assim transformou os ucranianos.

As mãos da criança, que há vinte anos, acendeu, pela primeira vez a vela da memória, tornaram-se nas mãos de um soldado segurando uma arma, protegendo os seus pais.

Olhos que, ficavam em lágrimas pela história que contava avó sobre a sua sobrevivência em 1932-1933, agora olham com confiança para o inimigo através de uma mira.

Uma Nação que se uniu nos momentos para honrar os mortos de fome no passado, se uniu para proteger o seu futuro e criou um exército poderoso. A tristeza pelos antepassados ​​mortos dá força para proteger os seus descendentes.

Lembramos! Somos fortes!

Texto @ Volodymyr Viatrovych 

Produção de vídeo @Young & Hungry

Omelyan Oshchudlyak & Yura Dankevich

sábado, novembro 20, 2021

Bailarinas e cantoras ucranianas no GULAG soviético


Entre 1946 à 1953 foram presas na Romênia pelo NKGB soviético várias bailarinas e cantoras do Teatro de Ópera de Odessa. Geralmente eram condenadas aos 25 anos de GULAG sob acusação de “traição da pátria”. 

Estamos falando de meninas que trabalharam no Teatro de Ópera de Odessa ou cantavam em outras instituições semelhantes durante a II G.M., quando a cidade ucraniana de Odessa estava parcialmente ocupada pelo exército da Romênia. Após a saída da Romênia do Eixo e do fim da ocupação, as meninas deixaram a cidade e a União Soviética, mudando-se para a terra dos seus maridos. Os arquivos da secreta ucraniana SBU têm pelo menos 21 destes casos. Uma estória que será transformada num estudo histórico e eventualmente no roteiro de um filme. 

Sem condenar e nem justificar, muito menos fazer conclusões precipitadas ou vulgares devemos concordar: o mundo do teatro e cinema sempre atrai atenção especial dos homens e a concentração de beleza feminina está lá sempre muito alta. Ao longo da história os militares e os invasores davam muita atenção às atrizes. Mesma coisa se passou com as meninas de Odessa que chamavam atenção especial de patronos influentes. Mas geralmente os seus noivos eram simples jovens oficiais ou funcionários romenos. Eles sabiam namorar, alimentavam, tratavam bem e protegiam as suas namoradas. A grande maioria dos namoros terminou em casamentos oficiais na Romênia, depois de deixar a Odessa. 

Em 1944 a Romênia saiu do Eixo e se aliou à coligação/coalizão anti-Hitler, automaticamente os romenos tornaram-se aliados e começaram a construir o socialismo romeno. E suas esposas dançavam nos palcos romenos e até mesmo perante os militares soviéticos. 

Logo após o fim da II G.M. o NKGB soviético começou a perseguição das bailarinas. Todas elas eram acusadas ao abrigo da 1ª parte do Artigo 58º do Código Penal da Rússia Soviética – “traição à pátria”. Eram acusadas de deixar a URSS de forma “arbitral”. Num dos interrogatórios essa acusação é formulada dessa forma: 

Investigador: – Por que você deixou a URSS?

M: – Eu saí com o meu marido.

I: – Não temos-lhe questões a colocar. Eu a pergunto, porque você saiu?

M: – Eu o amo e, portanto, fui com ele.

I: – Você traiu a URSS, e deixou o seu país de uma forma voluntariosa... 

Após uma “investigação” curta todas as meninas recebiam quase sempre a pena máxima de 25 anos de GULAG, mais 5 de perca dos direitos cívicos. Muito raramente moças eram condenadas aos 10 anos. Logo após a morte do ditador comunista Estaline/Stalin todas elas foram amnistiadas. Mais tarde todas foram reabilitadas “devido a ausência do teor do crime”. 

Fonte 

Blogueiro: apesar de existirem as perseguições semelhantes contra as mulheres francesas ou norueguesas, este caso é notável pela perseguição extraterritorial, perseguição num país socialista e também são notáveis as penas muito pesadas aplicadas as mulheres, unicamente por deixarem o país sem a permissão expressa do Estado soviético omnipresente.

terça-feira, novembro 16, 2021

O uso de crianças e mulheres na fronteira da União Europeia

O uso de crianças e mulheres na fronteira polaca/polonesa-bielorrussa lembrou a passagem do livro do comunista ucraniano-canadense John Hladun “Eles me ensinaram a traição” (“They taught me treason”, Toronto, 1947). Membro do partido comunista do Canadá, Hladun estudou em 1930 as técnicas subversivas na Universidade Internacional “Lenine” em Moscovo/u. Pela mesma universidade passaram Ho Chi Minh, Broz Tito, Wladyslaw Gomulka, e muitas outras figuras comunistas.
Ler original: faça click na imagem

Foi o que ele escreveu: “Disseram-nos que as greves e manifestações devem ser consideradas como operações militares e devem ser conduzidas nessa base. Devemos cuidar de organizar a opinião pública ao nosso favor, e especialmente em ganhar simpatia na polícia e nas Forças Armadas. Na luta contra a polícia, nunca devemos temer usar mulheres e crianças como nossos escudos. Recebemos relatos sobre greves e manifestações em diferentes países europeus, onde havia confrontos com polícia ou milícia. Com base nesses relatórios, analisamos ao pormenor os sucessos e erros táticos dos Partidos Comunistas [...] Nós terminamos a nossa formação em Trabalho Organizativo através de manobras táticas em que seguimos greves, demonstrações, lutas de rua e até mesmo uma longa caminhada até o alvo pretendido. Cerca de 300 estudantes agiram como trabalhadores de combate, alguns destacamentos de GPU faziam o papel de exército e da polícia. Os oficiais do Exército Vermelho eram juízes”. 

Jovens comunistas foram ensinados como fabricar as bombas, aos segredos de espionagem. Mas as pessoas com cérebros no lugar, em Moscovo/u começaram a sentir a dissonância cognitiva entre aquilo que foram ensinadas e da situação real em que o proletariado vivia na URSS. “Cheguei a Moscovo/u cheio de sede para fortalecer minha fé em um novo paraíso do homem, vê-lo com os meus próprios olhos. Agora me disseram grosseiramente que há coisas que os meus olhos não deveriam ver. E apenas pela precaução, caso os meus olhos vejam algo que não confirma os dogmas que eu fui ensinado, eu não tenho que acreditar aos m meus próprios olhos”. 

John (Ivan) Hladun (1902  – 11.04.1991) tornou-se anticomunista e entre 1928 à 1933 cooperou com os serviços especiais do Canadá, que tentavam reduzir a influência destrutiva dos comunistas aos trabalhadores canadenses, que recebiam o papel da carne de canhão n / boi de piranha na derrubada do governo capitalista.

John (Ivan) Hladun

Hoje estamos ver um ataque contra a União Europeia, uma crise pensada para causar as contradições entre os aliados. Famílias dos migrantes são jogadas contra o arame farpado, cerca de dez pessoas morreram. Prática absolutamente odiosa. Quase cem anos depois, obviamente, as táticas dos serviços especiais russos não mudaram, talvez fossem afiadas, às escalas, igualmente globais. Mas que propósito, então antes era a “ditadura do proletariado”, e agora a ditadura do crime? Talvez esta crise seja um lembrete de que Ucrânia não pode continuar ser uma zona tampão e não deve ser deixada fora da UE e da NATO/OTAN, pois, caso contrário, continuará ser usada como trampolim para futuras práticas subversivas do país vizinho.

quarta-feira, novembro 03, 2021

Rafael Lusvarghi condenado aos 8 anos de cadeia e 780 dias de multa

O brasileiro Rafael Lusvarghi, detido na Ucrânia 2016 e condenado em 2017 e 2019 por crimes de formação e participação em grupos armados ilegais, foi condenado no Brasil por tráfico de drogas, devendo passar os próximos 8 anos na cadeia, em regime inicial fechado.  

O réu Rafael Marques Lusvarghi, pela prática dos crimes de tráfico de droga é condenado à pena privativa de liberdade de 8 anos, 1 mês e 6 dias, em regime inicial fechado, além de 780 dias-multa. 

Considerando que o réu respondeu ao processo todo preso e que foi condenado ao cumprimento da pena em regime inicial fechado, foi-lhe negado o direito de recorrer em liberdade. O Ministério Público brasileiro recomenda a manutenção do réu na mesma prisão em que já se encontra (art. 387, § 1º, do CPP). 

Quando da prisão do réu, além das drogas foram apreendidos: a) aparelho celular marca BLU; b) aparelho celular marca Samsung; c) aparelho celular marca Aura; d) R$ 259,70 (duzentos e cinquenta e nove reais e setenta centavos) em espécie; e) 3,70 Euros; f) vários sacos plásticos de tamanhos variados; g) passaporte em nome do acusado; h) balança de precisão; i) bolsa contendo anotações diversas; j) rolos de papel filme; k) MacBook IBM; l) motocicleta Honda Biz 125 ES, ano 2008/2009, cor cinza, placa ECD9357; m) 350 munições de calibre 9mm; e, n) mouse e adaptador de MacBook. Por se tratar de crime de tráfico de drogas, consoante artigo 63 da Lei nº 11.343/2006, o perdimento de qualquer bem e valor apreendido nos autos, em favor do FUNAD, é efeito da condenação, na forma do artigo 91, caput, do Código Penal. A Constituição Federal, em seu art. 243, parágrafo único, dispõe que todo e qualquer bem de valor económico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controlo/e, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias. 

Todos os demais itens apreendidos serão encaminhados à destruição, por não possuírem valor económico relevante. Além disso, o MP determinou, a destruição das amostras das drogas apreendidas, mediante certificação nos autos (artigo 72 da Lei nº 11.343/2006 e artigo 525 das NSGJ), e das munições igualmente apreendidas. 

Após o trânsito em julgado dessa sentença o réu é intimado ao pagamento da pena de multa, no prazo de 10 (dez) dias (art. 49, § 1º, do CP). Não havendo pagamento da pena de multa no prazo estabelecido, a Secretaria irá certificar nos autos e remeter ao Ministério Público para as providências necessárias, a teor do entendimento firmado pelo STF na ADI 3150/DF e na AP 470/MG. O réu será advertido que, exceto em caso de absoluta impossibilidade económica, que deve ser devidamente comprovada, o não pagamento da pena de multa impede a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de liberdade, a teor do entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado na ADI 3.150/DF, e encampado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do AgRg no REsp 1850903-SP.

segunda-feira, novembro 01, 2021

Caso Beilis: libelo de sangue do império russo

Em 28 de outubro de 1913, em Kyiv, foi absolvido e imediatamente libertado, pela decisão do júri popular, Mendel Beilis, acusado de assassinato ritual judaico de uma criança ortodoxa.

No dia 12 de março de 2011, numa caverna nos arredores de Kyiv, as crianças encontraram o corpo morto de um menino com muitas feridas de corpo. O morto foi identificado como Andrei Yuschinsky, um estudante de doze anos da classe preparatória da Escola eclesiástica de Kyiv. A investigação do caso foi confiada ao investigador dos casos criminais ordinários. Mas alguns dias depois, o caso ganhou uma conotação inesperada. O movimento nacionalista monárquico russo, conhecido genericamente como “centelhas negras” afirmou que o assassinato teve o caráter ritual e foi perpetuado pelos judeus para extrair a sangue ortodoxa.

No processo, que decorreu em Kyiv entre 23 de Setembro à 28 de Outubro de 1913, participou, do lado da acusação, na qualidade do perita, Ivan Sikorsky, psiquiatra, ensaísta e professor da Universidade de São Vladimir de Kyiv, membro honorário da Academia Eclesiástica de Kyiv. Polaco/polonês russificado, professor Sikorsky era notório antissemita, anti-ucraniano e nacionalista russo, o pai do famoso criador de aeronaves Igor Sikorsky. 

Ler também A morte dos Romanov, igreja ortodoxa russa e a suposta culpa dos judeus


Ivan Sikorsky chamou os alegados assassinato rituais de “vingança racialista, ou a vendetta dos filhos de Jacob aos sujeitos da outra raça”. O famoso escritor, jornalista e defensor dos direitos humanos, ucraniano Vladimir Korolenko, que estava presente no processo e no tribunal, avaliou assim o discurso de Sikorsky: “Professor Sikorsky, em vez de uma avaliação psiquiátrica, começou a ler à partir de um caderno a coletânea de contos macabros, que nada tinham ver com a ciência”.

O funcionário do Departamento de Polícia de Kyiv, Venedikt Dyachenko, telegrafava ao São Petersburgo, mantendo a monarquia informada sobre o decorrer do processo: “o povo simples, lendo a peritagem do Sikorsky, expressa grande ódio aos judeus, ameaçando com um pogrom”.

A sociedade russa da psiquiatria deliberou uma resolução especial, dedicada às alegações do Sikorsky: “pseudocientíficas, não correspondem aos dados objetivos do exame forense ao corpo de Yuschinsky e não correspondem às normas da Carta do Processo Penal”. Na primavera de 1913 o XII Congresso médico do império russo “Pirogov” adotou a resolução especial contra o as deliberações do Sikorsky. No outono de 1913 as deliberações do Sikorsky foram condenadas pelo Congresso Médico Internacional em Londres e pelo 86º Congresso de Naturalistas e Médicos alemães em Viena.

Mendel Beilis foi defendido por vários advogados famosos. Entre os seus mandatários oficiais estava o jornalista russo Vladimir Nabokov (o futuro autor da “Lolita”), que estava presente no processo como correspondente do jornal liberal “Rech”.

Após a sua libertação, juntamente com a família Beilis deixou o império russo, mudando-se, primeiramente para a Palestina, e depois aos EUA, onde morreu em 1935. Foi o autor do livro biográfico “História do meu sofrimento”. O livro foi publicado em ídiche, inglês e em russo.

A principal razão da absolvição do Mendel Beilis foram os enormes esforços do investigador da polícia de Kyiv Nikolay/Mykola Krasovsky, despedido e até preso pela sua recusa em cumprir as ordens superiores de confirmar o assassinato ritual, conduzindo uma investigação privada, conseguindo chegar aos verdadeiros assassinos, apresentando aos jurados a versão completa do assassinato, reforçada com diversas evidências e testemunhos.

Mykola/Nikolay Krasovskiy, antes de 1917 @Wikipédia

Em março de 1917 Mykola Krasovsky foi nomeado pela Rada Central da Ucrânia como Comissário-chefe do Departamento de Investigação Criminal da Polícia (Milícia) de Kyiv, que ele liderou até Junho de 1918. Participou da atividade clandestina antialemã, foi detido em julho de 1918 e foi condenada pelo tribunal militar alemão aos 2 anos de prisão. Depois da queda do Estado Ucraniano (Hetmanato) em dezembro de 1918 foi libertado. A partir de 1919 trabalhou no Ministério do Interior / dos Assuntos Internos da República Popular da Ucrânia (UNR), depois foi transferido ao Estado-geral do Exército da UNR, onde desde maio de 1920 encabeçou o Bureau de informação (serviços de inteligência e da contrainteligência). Após a queda e ocupação da UNR pelos bolcheviques e evacuação à Polónia, por algum tempo trabalhou no 2º Departamento (inteligência e contrainteligência) do Estado-maior do exército da Polónia, em novembro de 1921 voltou ao serviço anterior. O seu destino posterior é desconhecido.