sábado, outubro 31, 2015

O caso dos “médicos – assassinos”

A perseguição dos funcionários da Biblioteca ucraniana de Moscovo, cada vez mais assemelha-se ao Caso dos médicos, também conhecido como “O caso da conspiração sionista no MGB”, campanha de cariz antisemita que começou na União Soviética em 1948 e terminou em 1953, quase imediatamente após a morte do Estaline.

“Os espiões e assassinos ignóbeis mascarados de professores médicos” (artigo corrigido pessoalmente pelo Estaline e publicado no jornal “Pravda” em 13 janeiro de 1953).
Hoje (a agência) TASS publica a crónica da prisão de médicos – danificadores. Este grupo terrorista, descoberto há algum tempo pelos órgãos de segurança do Estado, teve como objetivo, através do tratamento médico destrutivo, encurtar a vida útil dos líderes ativos da União Soviética.

A investigação estabeleceu que os membros do grupo terrorista, usando a sua posição de médicos e abusando da confiança dos pacientes, deliberadamente, maliciosamente comprometiam a sua saúde, faziam os diagnósticos incorretos e, em seguida, destruíam os pacientes com o tratamento errado. Sob o disfarce do título elevado e nobre de médico – o homem de ciência, esses monstros e assassinos pisotearam a sagrada bandeira da ciência. Ao embarcar no caminho de crimes monstruosos, eles profanaram a honra de cientistas.

As vítimas desse bando de bestas humanóides se tornaram os camaradas A. A. Zhdanov e A. Shcherbakov. Os criminosos confessaram que, aproveitando a doença do camarada Zhdanov, ocultaram deliberadamente o seu infarto do miocárdio, prescreveram o regime contraproducente à essa doença grave e, assim, mataram o camarada Zhdanov. Os médicos-assassinos, aplicando erradamente os meios medicamentosos potentes e estabelecendo o regime desastroso, reduziram a vida do camarada Shcherbakov, levando-o até a morte.

Primeiramente, os criminosos tentavam minar a saúde dos quadros da liderança militar soviética, retira-los de circulação e, assim, enfraquecer a defesa do país. A prisão de criminosos invalidou os seus planos malignos, impediu-os à alcançar o seu objetivo monstruoso.
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[O artigo continua no mesmo tom agressivo, “desmascarando” os “monstros”, os “traidores desprezíveis da Pátria”]
A maioria dos membros do grupo terrorista – Vovsi, B. Kogan, Feldman, Grinstein, Etinger e outros – foram comprados pela inteligência americana. Eles foram recrutados pela ramificação da inteligência americana – a organização internacional burguesa – nacionalista judaica “Joint”.
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Apoiado por um grupo de deprovados nacionalistas judeus burgueses, espiões e terroristas profissionais do “Joint”, à mando e sob a direção de inteligência americana, lançaram a sua atividade subversiva no território da União Soviética. Como mostrou durante a investigação o detido Vovsi, ele recebeu a directiva do “extermínio dos quadros dirigentes da União Soviética” dos Estados Unidos. Esta directiva foi lhe passada em nome da organização de espionagem terrorista “Joint”, pelo médico Shimeliovich e bem conhecido nacionalista burguês judaico Mikhoels.
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Outros participantes do grupo terrorista (Vinogradov, M. Kogan, Yegorov) são, como agora foi comprovado, os antigos agentes da inteligência britânica, servem-a desde o longo período,executando as suas tarefas mais criminosas e sujas.
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[O artigo recorda a teoria do Estaline (“como ensinou o Lenin imortal, como ensina o camarada Estaline”) sobre a intensificação da luta de classes: “quando o mais bem sucedido será o nosso progresso, mais aguda será a luta dos inimigos do povo, condenado à morte, levados ao desespero” e termina com a seguinte passagem]

O povo soviético, com a raiva e indignação denuncia a quadrilha criminosa de assassinos e seus mestres estrangeiros. Mercenários desprezíveis, vendidos por dólares e libras, ele (povo) os esmagará como um réptil repugnante.

Ver o texto original e a corretura do artigo pelo Estaline:

Blogueiro: o processo contra os “médicos-assassinos”, foi encerrado pela ordem direta do Lavreniy Beria apenas uma semana após a morte do Estaline. Beria, apenas o bandido, ao contrário do Estaline, bandido e comunista, não era antisemita e não via nenhuma utilidade na perseguição da elite médica soviética, composta, em larga escala pelos judeus, dado que o sistema soviético limitava a sua progressão na carreira, por exemplo, no exército e nos serviços de segurança. 

quinta-feira, outubro 29, 2015

Moscovo: Fahrenheit 451 e os livros ucranianos (2)

O Comité de Investigação da federação russa decidiu prender a diretora da Biblioteca ucraniana de Moscovo, Natalia Sharina (58), acusada ao abrigo do artigo 282 (2ª parte) do Código Penal: “incitamento ao ódio e a hostilidade étnica, assim como a humilhação da dignidade humana” (processo criminal № 386502).

Segundo a investigação, em 2011-2015 a directora divulgava entre os visitantes (da Biblioteca) as obras do (autor ucraniano) Dmytro Korchinsky, considerados na Rússia extremistas e proibidos ao usufruto. Além disso, os investigadores do Comité aprenderam “os materiais impressos que continham o incitamento à propaganda anti-russa e anti-Rússia”, informou na página oficial do Comité, o chefe do departamento, Vladimir Markin.

Os materiais russófobos
Sabe-se que os agentes do Comité aprenderam cerca de 170 livros e revistas ucranianos, entre os quais a revista infantil “Barvinok”, por causa da imagem do militar ucraniano num blindado ucraniano com a bandeira da Ucrânia (edição dedicada ao Dia do defensor da Ucrânia), informou a edição Verdade Histórica.

O perigo do “nacionalismo ucraniano”
Natalia Sharina (58) no momento da sua detenção
No entanto, a ironia suprema reside no facto, revelado pelo co-diretor da organização “Ucranianos de Moscovo”, Valeriy Semenenko: a própria Natalia Sharina foi conduzida ao posto da diretora da Biblioteca, em 2007, exactamente para limpar a biblioteca do “perigo do nacionalismo ucraniano”. Valeriy Semenenko contou ao rádio moscovita “Govorit Moskva” (Fala Moscovo) que Sharina “zelosamente assumiu a limpeza, e agora, ela própria foi colhida pela pedra de moinho. O que é uma reviravolta do destino, por assim dizer”.
O ativista russo, Vsevolod Chernozub, bastante crítico à atuação passada da Sharina, conta, por exemplo, que a diretora costumava evocar as obras do Lenine para expulsar da Biblioteca o Clube do cinema independente. No entanto, o mesmo ativista denuncia as irregularidades do processo em curso: desde o momento da sua detenção às 8h20 do dia 28/10/2015 até acareação, com um dos delatores queixosos, à decorrer entre 16h15 à 18h30 do dia 29/10/2015, Natalia Sharina não recebeu alimentos, água, condições sanitários, nem possibilidade de poder dormir, se encontrando detida na esquadra de polícia moscovita, do bairro Tagansky. Além disso, a polícia russa conduziu as diversas interrogações no período noturno (Sic!), apenas com os advogados oficiosos, sem a presença do advogado da acusada.
Mas para perceber o clima social e jurídico da Rússia atual, vale à pena citar o depoimento de um dos denunciantes, o tal Sergey Sokurov, funcionário da Biblioteca entre 2007 à 2010 (o seja, entrou aos quadros juntamente com a diretora). Na resposta sobre os relacionamentos entre eles, Sokurov disse que “considera a suspeita de inimiga da Rússia, incompetente e gananciosa”. Na pergunta sobre o que sabe sobe o já citado ativista ucraniano Valeriy Semenenko, respondeu: “sabe que ele tem a atitude negativa em relação à Rússia. Apoia a Ucrainidade, o movimento político, que apoia as visões nazis dos Benderistas” (fonte), a sintaxe e ortografia conferem ao original.

O que eles querem?
Mas afinal, o que eles querem, o que precisa de acontecer para que a única biblioteca pública ucraniana da Rússia seja deixada em paz?
O deputado Zakharov na sua juventude e durante a ocupação da Crimeia em 2014 
O denunciante principal, cujo pedido formal desencadeou as buscas na Biblioteca e nos apartamentos da diretora e do Valeriy Semenenko, o deputado municipal do bairro moscovita de Iakimanka, Dmitri Zakharov, explicou a sua visão na entrevista ao rádio Govorit Moskva: «A biblioteca deve ser reformatada [...] deve se transformar na biblioteca que [...] reconhece que no território da antiga Ucrânia Socialista existe Ucrânia, a república popular de Donetsk e a república popular de Luhansk».

Bónus
O novíssimo mural em Kyiv, da autoria do muralista Guido van Helten, situado no boulevard “Lesya Ukrayinka”, № 36-b, foto ©Geo Leros.

“Ivan” se estreia nos cinemas do Brasil

O filme documentário brasileiro IVAN estreia nos cinemas do Brasil, no dia 19 de novembro no Rio de Janeiro e no dia 26 de novembro em Curitiba, São Paulo, Brasília e Porto Alegre. O filme narra o retorno emocionante do ucraniano Iván Bojko (91) do Brasil, à sua terra natal, Ucrânia, 68 anos depois da saída forçada pelos nazis.
Em 2005, o diretor curitibano Guto Pasko conheceu Iván Bojko quando gravava um filme sobre a história da imigração ucraniana no Brasil. Na ocasião, Iván o presenteou com dois cadernos manuscritos: diários em que relatava os horrores que ele e sua família passaram durante o comunismo soviético e seu martírio na II Guerra Mundial, nas mãos dos nazis. Guto entendeu que havia recebido uma missão, a de repassar essa história adiante:
Quero dar a ele mesmo a oportunidade (ainda em vida) de contar sua própria história e de seu povo para o mundo através desse documentário. Sua história merece ser contada e (re)conhecida.

A história do imigrante ucraniano Iván Bojko faz parte do contexto histórico mundial, brasileiro, paranaense e curitibano. A equipa realizadora do filme teve a oportunidade de registar sua memória viva através desse filme. E agora está na hora de compartilhá-la com o mundo.
Ponhei isso aqui no papel desses caderninho, porque non quero que meu história e daqueles outro gente morra comigo. Foi sido muito triste o que fizeram com nossa gente, olha, ninguém não me acredita. Eu não preciso mais (cadernos) por eu sei tudo que tá escrito. Ta tudo aqui dentro (cabeça). Não preciso mais guarda. Sei que vai tá em mão boa gente e um dia senhor pode quere isso, pra contar pra outros oque que aconteceu com nóis lá naquele Soviet Union e no Alemanha.

Seguir os pormenores na página oficial do filme e na página do Facebook.

Os locais e as datas de exibição do filme:

Rio de Janeiro – Cine Odeon Severiano Ribeiro (Cinelândia) – 19 de novembro
São Paulo – Sala Itaú Cinemas (Shopping Frei Caneca) – 26 de novembro.
Brasília – Sala Itaú Cinemas (Shopping Casa Park) – 26 de novembro.
Porto Alegre – Sala Itaú Cinemas (Bourbon Shopping Country) – 26 de novembro.
Curitiba – Sala Itaú Cinemas (Shopping Crystal) e Sala Cineplus (Shopping Jardim das Américas) – 26 de novembro.

Moscovo: Fahrenheit 451 e os livros ucranianos

No dia 28 de outubro de 2015 a Biblioteca da literatura ucraniana de Moscovo foi alvo de buscas de polícia. Os agentes apreenderam os documentos, meios eletrónicos e alguma literatura. A busca foi desencadeada, segundo a informação de que no arquivo da biblioteca existem os exemplares do jornal ucraniano que alegadamente “distorce os factos históricos de maneira russófoba”, segundo a agência de informaçãoMoscovo”.

Nas vésperas, as buscas também decorreram em casa da diretora da biblioteca, Natalia Sharina e no apartamento do represente do Congresso Mundial Ucraniano (SKU), Valeriy Semenenko, que ao mesmo tempo é co-chefe da União dos Ucranianos da Rússia e chefe da organização “Ucranianos de Moscovo”. Como contou o seu filho, Taras Semenenko, as buscas em casa decorreram sem a presença do advogado. A polícia aprendeu os documentos e computador, detendo o próprio Valeriy Semenenko, levando o ativista ucraniano à Procuradoria Moscovita Inter-bairros Taganskaya, informa ovdinfo.org
O ativista ucraniano Valeriy Semenenko
No mesmo dia, após uma “conversa” de várias horas Valeriy Semenenko foi libertado da Procuradoria. Tal como a detenção, a “conversa” demorada decorreu sem a presença do advogado, escreve ovdinfo.org

A diretora da biblioteca ucraniana é detida
A diretora Natalia Sharina
Como informa a agência russa “Interfax”, a diretora da Bibliotecа ucraniana, Natalia Sharina foi detida para a interrogação. A agência ucraniana UNIAN escreve que durante as buscas na biblioteca, os agentes da polícia e os agentes da polícia antimotim estavam “plantando na biblioteca alguma literatura, provavelmente nacionalista”. Pela informação do centro russo SOVA, as buscas podem decorrer no âmbito de investigação criminal sobre alegada divulgação de livros de cariz “anti-russo e anti-Rússia”, que foi iniciada contra a Biblioteca em dezembro de 2010 e encerrado em 2011.

As crónicas da distopia russa

Em 19 de dezembro de 2000, a Biblioteca da literatura ucraniana foi criada através do decreto do governo de Moscovo.
No dia 23 de dezembro de 2010 na Biblioteca decorreu a 1ª busca, conduzida pelo Departamento de Luta contra o Extremismo que apreeendeu 50 livros ucranianos para submete-los à peritágem psico-linguística.
Em 26 de dezembro de 2010, após a 2ª busca, na qual foram apreendidos os discos duros dos computadores e os cartões de todos os leitores (Sic!), a Biblioteca foi selada e fechada.
Em 12 de janeiro de 2011 a Biblioteca voltou à funcionar.
Em 14 de janeiro de 2011 a Biblioteca foi alvo de uma 3ª busca, no decorrer do qual foi apreendido o seu servidor e o diretor foi espancado pelo agente da polícia moscovita.


Blogueiro: tudo isso faz pensar que federação russa, lentamente mas invariavelmente vai à deriva ora à Alemanha nazi, ora ao mundo distópico de “Fahrenheit 451”, onde o trabalho dos bombeiros consistia na queima dos livros. 

É bastante lógico que a função da única biblioteca pública ucraniana em todo o território da Rússia, é fornecer aos seus leitores os jornais e livros, de diversos quadrantes e correntes políticas. Na URSS, mesmo os livros proibidos ao público geral, poderiam ser consultados nas salas de leitura especiais, abertos aos, que da alguma maneira gozavam de confiança do regime. Atualmente, no aspecto de liberdades e garantias a federação russa está regredir, mesmo aos padrões soviéticos. 

Mais, na Rússia existe a “Lista federal de materiais extremistas”. A Lista é compilada pelo Ministério da Justiça com base em decisões dos tribunais. É claro que nada desta lista se encontra na Biblioteca ucraniana.

Bónus
No dia 28 de outubro em Kyiv, em frente da embaixada de Israel na Ucrânia, decorreu uma manif em apoio ao Israel, que contou com cerca de uma centena de presentes.

quarta-feira, outubro 28, 2015

Maydan no projeto fotográfico “Praça Negra”

Anastasia Taylor-Lind (33) é uma fotógrafa documentaria britânica, membro da agência VII Photo. Ela trabalha para clientes editoriais, como a National Geographic, GEO, Marie Claire, The Sunday Times Magazine, Time, The New York Times e a revista Telegraph. Pelo seu trabalho já recebeu uma série de prémios, incluindo o Fotógrafo do Ano e o Prémio Center Project.
O seu primeiro contracto com a Ucrânia se deu no âmbito do projeto “Zero Negativo”, dedicado ao declínio da população em 19 diferentes países da Europa. Para isso, a fotógrafa visitou Ucrânia no inverno de 2013 com planos de viajar até as regiões orientais do país para saber mais sobre os cuidados paliativos disponíveis. A viagem acabou por não acontecer porque Anastasia começou a fotografar os eventos Maydan que se tornaram a parte do seu primeiro livro “Praça Negra”, que, no essencial, é também sobre a morte.
O livro foi publicado pela editora britânica Gost Books (£35/€40/$60; ISBN 9780957427280), e apenas 750 cópias estão disponíveis. É uma série de retratos formais feitos no estúdio fotográfico improvisado, montado nas barricadas na Maydan, em Fevereiro de 2014. O estúdio era montado diariamente, a fotógrafa usava a película colorida de formato médio e iluminação refletida. A primeira série consistia, principalmente, em retratos dos combatentes do sexo masculino. A segunda, quase inteiramente, de mulheres que chegaram a chorar os mortos ao longo da revolta.
Dado que havia na Maydan (a praça de Independência em Kyiv) diversos outros fotojornalistas brilhantes e não estando acostumada a trabalhar na presença de outros fotógrafos; Anastasia começou a refletir sobre a sua contribuição na gravação da documentação coletiva da história do movimento de Maydan. Ela decidiu fotografar as pessoas, para que apesar do fogo e fumaça preta dos pneus, os leitores pudessem ver os seus rostos, as suas vestes, a armadura artesanal que eles colocavam para se proteger dos tiros de franco-atiradores, as suas armas improvisadas. A fotógrafa usou um pano de fundo preto para combinar com o clima do local. Quando saiu de Kyiv em 29 de fevereiro de 2014, pensou que tinha fotografado o fim dos eventos trémulas na Ucrânia. Mal sabia que era apenas o começo...
Fonte:

terça-feira, outubro 27, 2015

A primeira morte russa confirmada na Síria

Desde o início oficial das operações russas na Síria, apareceram diversas notícias sobre a morte dos seus militares. No entanto, até agora sem nenhuma confirmação. Mas em 25 de outubro, durante o monitoramento das redes sociais foi achada a informação sobre a morte do Vadim Alexandrovich Kostenko (19), recruta da unidade militar № 20926 (834º centro de treino da Força Aérea russa, cidade de Zernograd, região de Rostov), nascido aos 18/04/1996, “morto na Síria em serviço militar”. 

Verificando o seu perfil nas redes sociais e os perfis dos seus amigos e parentes, foram encontradas as confirmações de que ele era um militar contratado que terminou o serviço militar obrigatório em junho de 2015 e logo à seguir assinou o contrato.
Uma jovem mulher escreve nas redes sociais que Vadim Kostenko foi morto no sábado, 24 de outubro de com outros “9 rapazes russos”. A jovem menciona as pessoas de localidade de Akhtary, onde se situa a base aérea militar Primorsko-Akhtarsk (região de Krasnodar), a unidade militar №75387. Lá se baseia o 960º regimento de assalto da 1ª Divisão Aérea Mista da Guarda do 4º Exército (Força Aérea e Defesa Antiaérea). Todos os Su-25 “Frogfoot” russos que atualmente estão na Síria pertencem à aquele regimento. O mais provável que após terminar o SMO na unidade militar № 20926, Vadim Kostenko assinou o contrato com o 960º regimento aéreo (a unidade militar № 75387).

Dois meses antes de sua morte e depois de ter terminado o SMO e ter assinado o contrato, Vadim Kostenko publicou uma foto em que ele veste a uniforme da Força Aérea da Rússia.
Recentemente, a agência Reuters publicou a informação sobre a morte de 3 militares russos, ocorrida no dia 20 de Outubro, no entanto, a morte do Vadim Kostenko se deu no dia 24. Isso significa que a sua morte não está relacionada com a notícia da Reuters. Em 23 de outubro The Wall Street Journal publicou um artigo sobre o envolvimento da Rússia no conflito na Síria, intitulado “Russia Said to Redeploy Special-Ops Forces From Ukraine to Syria” (A Rússia diz que retira as Forças Especiais da Ucrânia para a Síria), que fala sobre as primeiros baixas russas na Síria. Uma fonte do Ministério da Defesa da Rússia confirmou ao WSJ a morte de um militar, mas afirmou que o soldado morreu devido ao uso incorreto de armas e não em situações de combate:
O Ministério da Defesa nega publicamente quaisquer mortes russas que têm ocorrido como resultado de suas operações. Mas o funcionário do ministério que confirmou (o uso) das forças especiais, também disse que um soldado russo morreu na Síria devido à manipulação descuidada de armamento.

O artigo foi publicado um dia antes da morte de Kostenko, mas um incidente devido a manuseio incorreto da munição poderia atingir mais do que um militar, assim ele poderia ter sido ferido e morrer já após a publicação do artigo do WSJ. Por outro lado, os familiares e amigos de Vadim Kostenko dizem que ele foi morto. A experiência da guerra na Ucrânia mostra que quando um militar morre em acidente, os parentes sabem a causa da morte imediatamente. Há também o boato sobre outros 9 soldados mortos.

Os ativistas sírios confirmaram que na noite de 23 de outubro foi vista uma forte fumaça vinda da base aérea russa em Latáquia:
A causa real da morte do Vadim Kostenko não está clara: existiram as informações sobre o seu suicídio através do enforcamento, morte violenta pelo enforcamento, morte à tiro, e, finalmente, que o corpo simplesmente foi achado sem a vida. Sabe-se ao certo que a morte ocorreu à partir das 15h00 do dia 24 de outubro, depois disso, o corpo foi evacuado para Rússia num caixão de zinco em um avião de carga.

Em breve, o corpo será sepultado na localidade de Grechanaya Balka, distrito de Kalininski, região de Krasnodar. O militar morto não era um piloto, mas pertencia ao pessoal de apoio e serviu na base da Força Aérea russa de Latáquia.

Fonte:

Blogueiro: a morte de um jovem é sempre uma pena, ainda mais, jovem de origem ucraniana. Em 1979 – 1989 os jovens da sua idade nascidos na URSS, morriam no Afeganistão para cumprir “o dever internacionalista”. Hoje, os jovens russos morrem na Síria simplesmente para subir na vida, pois o exército russo tornou-se quase único “elevador social” acessível aos jovens do interior. 
UPD: A informação oficial do Ministério da Defesa da Rússia, divulgada pela TV russa TV Rain, aponta o causa da morte do soldado anónimo, o suicídio, a razão do sucedido: problemas pessoais com a namorada” (de apelido Suprun, também de origem ucraniana). A mesma estação televisiva informa que os familiares do Vadim não acreditam na versão oficial e consideram que o seu ente querido foi assassinado.

UPD2: O corpo do soldado russo morto na Síria já chegou à sua vila natal, onde foi sepultado com as honras militares, mas sem a missa religiosa, nas palavras do pároco local até o fim de investigação. Embora oficialmente, a causa da morte continua ser a asfixia, o corpo apresenta os mais diversos sinais da morte violenta: o nariz, maxilar e pescoço são quebrados (Sic!), a nuca com sinais de perfuração, os joelhos raspados. A família telefonou (o telefonema foi gravado e possui o valor igual à um pedido escrito) à polícia local, exigindo a nova exumação do corpo, informa o jornal moscovita Novaya Gazeta.   

segunda-feira, outubro 26, 2015

Tom Daams: “Quem são os ucranianos que defendem a sua terra?”

As crianças ucranianas montaram o seu próprio "posto de controlo" de viaturas e pessoas
O fotógrafo holandês Tom Daams (30) já trabalhou em Síria, Líbia e Ucrânia, ele colabora com VICE e imprensa holandesa, mantêm o blogue The Unknown Photographer e é membro do grupo fotográfico F8.
Ucraniano, último dos civis na aldeia de Pisky, chora olhando aos restos da sua casa, 2015 
A patrulha do "Setor da Direita" em Pisky, 2015
O comandante ucraniano momentos antes do início da ofensiva, Pisky, 2015
Os combatentes do "Setor da Direita" se obrigam do bombardeamento terrorista, Pisky, 2015
O combatente do "S da D" dispara um canhão antitanque, Pisky, 2015
O combatente recebe a chamada do banco, exigindo o pagamento do crédito, Pisky, 2015
"Setor da Direita" se despede de dois camaradas que tombaram em combate, 2015
Tom, de origem alemã e indonésia, nasceu em Amesterdão. Veio à Ucrânia no outono de 2014, passou o Natal e o Ano Novo na linha da frente, ficando mais de 90 dias no país. Os combatentes do “Setor da Direita” o chamavam de talismã, as fotos tirados pelo fotógrafo eram divulgados no Facebook do Dmytro Yarosh. 
A paramédica descansa após socorrer os feridos, Pisky, 2015
Os feridos ucranianos em resultado dos combates no aeroporto de Donetsk, Pisky, 2015 
O comandante do pelotão e os seus homens à espera do ataque aos separatistas, Pisky, 2015
A paramédica "Mamã" comunica os dados dos mortos e feridos, arredores de Donetsk, 2015
Os combatentes do "S da D" se divertem no casarão de um padre ortodoxo
Aldeia de Pisky em resultado dos bombardeamentos terroristas, 2015
Como conta próprio Tom: “quando começou a guerra na Ucrânia eu via as reportagens feitas apenas nos territórios ocupados pelos separatistas. Me comecei à interrogar: “Quem são os ucranianos que defendem a sua terra?” Assim, no fim, parei na base do “Setor da Direita” e reparei que eles são muito abertos e honestos sobre quem eles são e o que apoiam.

O combatente ucraniano olha às posições separatistas, Pisky, 2015
O combatente ucraniano fuma na paragem dos autocarros em Pisky, 2015
Nas vésperas da ofensiva terrorista, noite de Ano Novo, 2015
O combatente do "S da D" assiste a TV esperando pelo seu tempo de patrulha, Pisky, 2015
Eu não sei se conseguirei mudar algo com as minhas fotos, mas posso tentar. As fotos ajudam aumentar o conhecimento sobre um determinado conflito, ao nível global, e se eu posso informar alguém sobre os acontecimentos — significa que eu mudei uma pessoa. Uma pessoa já é a mudança (fonte).