Na
cidade de Kyiv, neste sábado, decorreu o Congresso, que criou a nova igreja ortodoxa
ucraniana e acabou com a dominação de Moscovo, que durou 332 anos. Ucrânia, finalmente,
ganhou a sua independência eclesiástica final.
Os ucranianos na praça em frente da Santa Sofia | foto Greb Garanich | Reuters |
O
Congresso magno, que decorreu no templo de Santa Sofia em Kyiv, elegeu o novo líder
da Igreja. Após duas voltas de votação secreta foi eleito Metropolita Epefaniy
(Serhiy Dumenko),
de 39 anos, pertencente à Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv.
Metropolita eleito, Epifaniy (Dumenko) | foto: IOU-PK |
Após
a oficialização dessa decisão, na praça em frente da Santa Sofia saíram os
representantes da nova igreja ortodoxa e o Presidente Petró Poroshenko, que
falou com a multidão:
Está feito! Este dia
vai ficar na história da Ucrânia como um dia sagrado, o dia da criação da
Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia, o dia da nossa independência final da
Rússia. E Ucrânia agora já não irá beber mais, como dizia
[poeta] Taras Shevchenko, “o veneno moscovita
da taça moscovita”.
O Presidente Petró Poroshenko e Metropolita eleito, Epifaniy | printscrean |
O
novo líder da igreja ortodoxa, o Metropolita de Pereyaslavl e da Bila Tserkva,
Epifaniy, pertence ao circuito mais próximo do Patriarca Filaret, Metropolita da
Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv. Ele, é verdadeiramente o seu “braço
direito” – o governador patriarcal.
O Sínodo da Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kyiv. Patriarca Filaret (de costas), ao seu lado o Patriarca eleito, Epifaniy | foto: Novynarnya |
Agora,
o novo líder da Igreja Ortodoxa da Ucrânia irá a Constantinopla e no dia 6 de
janeiro receberá, do Patriarca Ecuménico Bartolomeu, a Tomos, a carta sobre a
criação de uma igreja autocéfala unida na Ucrânia. Assim, o procedimento para
obter a independência da igreja ucraniana será concluído.
Os diversos padres ucranianos na praça em frente da Santa Sofia | foto Facebook do Presidente Petró Poroshenko |
No decorrer do Congresso em Santa Sofia | foto: Facebook |
Em
resposta, o patriarcado de Moscovo expulsou das suas fileiras os metropolitas
que participaram no Congresso de unificação. Nomeadamente, metropolitas Simeon (Shostatsky)
e Oleksandr (Drabinko), escreve publicação russa MK.
É de recordar, que no passado histórico, de uma forma parecida, o partido
comunista expulsava os ucranianos, que tinham a ousadia de serem “demasiadamente
ucranianos”, isso é, do ponto de vista de Moscovo e do CC do PCUS. Na época
estalinista, eles eram fuzilados, mais tarde, removidos dos seus postos e
levados para Moscovo, para serem vigiados mais de perto.
Metropolita Simeon e a sua metrópole de Vinnytsya já se juntaram à nova Igreja Ucraniana |
O Patriarca eleito Epifaniy | foto: Facebook |
O
novo líder da Igreja Ortodoxa Ucraniana tem 39 anos, ele nasceu em 1979 na
região de Odessa, é Doutor em ciências, Professor, Metropolita de Pereyaslav e
da Bila Tserkva, o Reitor da Academia Teológica de Kyiv.
Blogueiro:
aquilo que não conseguiu hetman Ivan Mazepa no século XVII,
nem o hetman Pavlo Skoropadskyi
em 1918, consegui Presidente Petró Poroshenko em 2018. O Congresso da
unificação das Igrejas Ortodoxas Ucranianas foi realizado. A Igreja Ortodoxa na
Ucrânia já existe. A dependência religiosa de Moscovo, que durou 332 anos
finalmente irá ao caixote de lixo histórico. A ortodoxia ucraniana já é independente,
e irá decidir o seu próprio futuro.
O Patriarca Filaret | foto oficial IOU-PK |
O
novo Metropolita é bastante jovem, o que é ótimo, pois significa que irá durar
muito tempo. O Metropolita Filaret terminou a sua missão histórica e entregou a
liderança da igreja aos jovens. Mais uma vez provando que os interesses da
Ucrânia lhe importam mais do que os interesses pessoais.
Os ucranianos na praça em frente da Santa Sofia | foto Greb Garanich | Reuters |
Ucranianos
finalmente se tornaram os donos do seu próprio destino religioso. Neste momento
as pessoas ainda não entendem a plena importância do evento, que ocorreu hoje
em Kyiv. Daqui a décadas, nos livros da história, os historiadores irão apontar
o dia de hoje como o momento em que a religião ortodoxa ucraniana rompeu os
laços coloniais com a metrópole russa. Como acontece, quase sempre nestes
casos, a metrópole não ficou nada contente de perder a sua influência política,
económica e religiosa. Mas certamente, terá que se acostumar, embora este
processo poderá não ser totalmente pacífico.
"Fora das portas!" | Arte do cartoonista russo Alesha Stupin |
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