quinta-feira, dezembro 20, 2018

Metropolita da Igreja Ortodoxa da Letónia era agente do KGB

O Metropolita Ortodoxo da Riga e de toda Letónia, atualmente em funções, Aleksandrs (Aleksandrs Kudrjašovs), foi recrutado pelo KGB da Letónia Soviética em 1982, recebendo o nome operativo de “Chitatel” (Leitor).
Metropolita Aleksandrs (Aleksandrs Kudrjašovs), 2011 | Wikipédia
O recrutamento foi efetuado pelo oficial da 5ª Direcção (ideologia) do 4º departamento (religião) do KGB da Letónia Soviética – Aleksandrs Iščenko.
Ex-tenente coronel do KGB Aleksandrs Iščenko | foto: Kompromat.lv
Na década de 1980, o futuro Metropolita era um simples professor de língua russa numa escola secundária de Riga, nos tempos livres ganhava a vida como barman no famoso restaurante “Tallinn”, também na capital letã. Neste local, este homem, na altura com 42 ou 43 anos (nasceu na Letónia em 1939 ou 1940), foi recrutado como agente (estatuto acima do simples informador) do KGB. Logo após o recrutamento, Aleksandrs Kudrjašovs, começa fazer uma carreira meteórica na Igreja Ortodoxa da Letónia, por exemplo, no mesmo ano foi ordenado diácono. Até que em 27 de outubro de 1990 foi nomeado bispo de Riga e toda a Letónia (em 25 de fevereiro de 2002, o patriarca russo Alexis II elevou, o então, arcebispo Alexandrs, ao posto de metropolita de Riga e toda a Letónia).
Cartão do agente
Após a independência da Letónia em 1991, e na sequência da aprovação, no país, de lei da restituição da propriedade da igreja, nacionalizada pelo poder soviético, o metropolita Aleksandrs não se esqueceu do seu curador. Em 1996, foi emitida uma procuração, em nome da Igreja Ortodoxa da Letónia, sob o número № 98, que autorizava o ex-tenente coronel do KGB Aleksandrs Iščenko à “gerir e receber os rendimentos de edifícios residenciais com dependências, localizadas nos endereços: cidade de Riga, rua I. Pils, № 14, e Maza Pils, № 11, propriedades da Igreja Ortodoxa da Letônia”. Anteriormente, Aleksandrs Iščenko, tinha criado e encabeçado, para este efeito, duas organizações comerciais, “FONDS PC” (fevereiro de 1992) e “FONDS-LC (outubro de 1993).
Procuração ao ex-tenente coronel do KGB Aleksandrs Iščenko, 1996
Como podemos ver, Aleksandrs Kudrjašovs, sentia pelo seu ex-curador uma confiança verdadeiramente ilimitada, que nem todos os parceiros comerciais podem almejar. Podemos supor que a base para tal relação entre ex-chekista e o bispo (futuro metropolita), era o seu passado tenebroso de agente, selado pela existência física do famoso “cartão de agente”.
Procuração ao ex-tenente coronel do KGB Aleksandrs Iščenko, 1997
A página letã Kompromat.lv, que divulgou a informação em primeira mão, ainda não conseguiu obter nenhum comentário do Metropolita da Riga e de toda Letónia, Aleksandrs.  

Blogueiro: os arquivos do KGB da Letónia foram colocados online praticamente agora, nos próximos dias podemos esperar mais e novas revelações, que poderão ajudar à perceber o funcionamento do KGB, órgão absolutamente omnipresente na sociedade soviética.

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