sexta-feira, dezembro 14, 2018

Rússia prepara um ataque (falso ou real) com armas químicas na Ucrânia

A Rússia pode estar se preparando para falsificar ou lançar um ataque com armas químicas na Ucrânia, a fim de criar um falso pretexto para escalar agressão contra Ucrânia. Diz o sumário analítico Russia in Review do americano Institute for the Study of War.

A Rússia está estabelecendo condições militares para preparar suas forças para um conflito aberto com Ucrânia. A Rússia já está criando o pretexto para escalar, divulgando a falsa narrativa de que a Ucrânia e o Ocidente estão preparando ataques iminentes, incluindo um ataque com armas químicas, no leste da Ucrânia. A Rússia pode fabricar provas de um ataque com armas químicas – ou pode conduzir um ataque com armas químicas – perto de áreas da Ucrânia [ocupadas pelos separatistas] apoiados pela Rússia para criar o caos, justificar o envolvimento das Forças Armadas russas e estabelecer condições para futuras operações militares. A inação da OTAN após a escalada da Rússia no Mar de Azov está provavelmente encorajando Putin a continuar desafiando o Ocidente na Ucrânia. A OTAN deve reavaliar a ameaça que a Rússia representa para a segurança europeia e a ordem internacional baseada em regras e responder decisivamente para deter uma escalada militar russa cada vez mais provável na própria Ucrânia.

A Rússia está dando passos em direção ao conflito aberto com a Ucrânia. A Rússia vem travando uma guerra secreta contra a Ucrânia usando forças separatistas proxie no leste da Ucrânia desde 2014. As forças armadas russas estão agora preparando suas forças para o envolvimento militar direto. O Kremlin está reforçando elementos terrestres, navais e aéreos em seu Distrito Militar do Sul – o comando provavelmente responsável por administrar a guerra em curso na Ucrânia. Moscovo pode achar que a comunidade internacional não responderá de maneira significativa se a visibilidade de seu papel na guerra agora aumentar.
O mapa do alegado avanço das FAU no dia 14/12/2018, divulgado pelos separatistas
A Rússia pode estar se preparando para fabricar ou lançar um ataque com armas químicas na Ucrânia, a fim de criar um falso pretexto para escalar agressão contra Ucrânia. A Rússia está atualmente inundando o espaço da informação com múltiplas narrativas para alarmar a população local na Ucrânia e enquadrar o Ocidente como o agressor, provavelmente, a fim de estabelecer condições para uma futura escalada russa. Uma narrativa do Kremlin afirma que o pessoal ocidental está se preparando para realizar um ataque de armas químicas em território atualmente controlado por separatistas apoiados pela Rússia [fonte]. Um porta-voz da região separatista da república popular de Donetsk (dita “dnr”), apoiada pela Rússia, afirma que as Forças Armadas da Ucrânia vão lançar um ataque contra [a cidade de] Mariupol em 14 de dezembro [na realidade a cidade foi libertada pela Ucrânia em junho de 2014].

Batalhão “Azov” na libertação de Mariupol, 13/06/2014:

Essas falsas narrativas podem representar esforços da Rússia para criar uma justificativa falsa para envolvimento militar antecipado. Essa fabricação seria consistente com recentes provocações russas na Síria. A Rússia e o regime sírio fabricaram um ataque com armas químicas na Síria em 24 de novembro [de 2018]. A Rússia respondeu a este ataque fabricado de armas químicas com ataques aéreos russos. Os EUA condenaram a Rússia e o regime de Assad por essa fabricação, mas não responderam de maneira significativa. O Kremlin pode, portanto, calcular que pode usar o mesmo jogo na Ucrânia neste momento.
A narrativa russa do alegado avanço das FAU contra a cidade de Mariupol, libertado pela Ucrânia do dia 13/06/2014
Putin pode tentar criar uma distração militar ao governo [ucraniano do presidente Petró] Poroshenko, a fim de interromper a reunião [magna da igreja ortodoxa] que anunciará formalmente o status autocéfalo [independente] da Igreja Ortodoxa Ucraniana em 15 de dezembro [de 2018] em Kyiv. A recente autocefalia da Ucrânia representa uma perda de influência social que a Rússia exercia anteriormente sobre a Ucrânia. Putin pode estar tentando causar histeria generalizada antes da reunião para ameaçar Ucrânia e minar seus esforços para distanciar Ucrânia da Rússia. A Rússia também pode procurar divulgar essas narrativas para enquadrar Ucrânia como agressora antes de uma votação na Assembleia Geral da ONU de 17 de dezembro [de 2018] para condenar formalmente a militarização russa da Crimeia, do Mar de Azov e do Mar Negro. A Rússia está demonstrando, no entanto, que está se preparando para envolver a Ucrânia em um conflito aberto.

Ler o sumário completo em inglês.

Recorda-se, que o Conselho de Unificação das Igrejas Ortodoxas Ucranianas será realizado no dia 15 de dezembro no mosteiro de Santa Sofia em Kyiv.

Durante o Conselho de Unificação, os representantes das três igrejas ortodoxas ucranianas vão decidir a sua fusão numa única estrutura de igreja independente ucraniana, aceitação das propostas do Patriarca Ecuménico Bartolomeu do seu estatuto e também irão eleger o novo líder de igreja unificada.

Sem comentários: