O Vaticano está a tentar remediar a indignação geral após a última declaração do Papa Francisco, insistindo que este nunca pretendeu encorajar a moderna agressão russa na Ucrânia, informa a Rádio Liberdade. O secretário de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, disse que Francisco simplesmente queria elogiar os aspetos positivos da história espiritual e cultural da rússia quando elogiou os imperadores russos Pedro I e Catarina II.
Num discurso em vídeo aos jovens católicos russos, divulgado em 25 de agosto, o Papa Francisco disse literalmente o seguinte: “Nunca se esqueça da sua herança. Vocês são os descendentes da grande rússia: a grande rússia dos santos, governantes, a grande rússia de Pedro I, da Catarina II, aquele império - grande, educado, (país) de grande cultura e grande humanidade. Nunca desistam desta herança. Vocês são descendentes da grande mãe rússia, avancem com ela. E obrigado – obrigado pelo seu jeito de ser, pelo seu jeito de ser russo.”
Será de imaginar o Papa Francisco elogiar, em termos semelhantes quaisquer outro império? O britânico, espanhol ou português? Se duvida muito bastante, o mais provável no caso destes impérios serão lembrados somente os seus crimes, reais ou supostos, mas não será crível que Papa se lembrará dos escritores britânicos, pintores espanhóis ou navegadores portugueses no contexto de serem um produto dos seus belos e educados impérios respetivos, que tanta coisa útil e agradável produziram no seu passado histórico.
Não é a primeiro vez o Papa Francisco à fazer declarações que possam ser interpretadas como pró-rússia. Em particular, em março de 2023, numa entrevista à televisão suíça RSI, o chefe da Igreja Católica repetiu a sua avaliação de que a guerra na Ucrânia é a responsabilidade de uns certos «todos». «Todas as grandes potências estão envolvidas. O campo de batalha é Ucrânia. Todo mundo está lutando lá», disse ele.
Ou seja, a rússia invadiu um estado soberano com todo o poderio das suas forças armadas, mata os ucranianos, civis e militares todos os dias, mas a culpa é de supostos «todos», das vítimas e dos carrascos, dos polícias, de ladrões e dos cidadãos, vítimas do crime. Pois, naturalmente, se a vítima não resistisse o assaltante apenas a iria assaltar, como houve a resistência este «não teve a escolha» senão tentar agredir, estuprar e matar a vítima. Só que a polícias fascista e opressora não deixou, muita injustiça social!
Em Novembro de 2022, o Pontífice disse que os mais brutais no exército russo são “aqueles que... não são da tradição russa, como os chechenos, os buriates e assim por diante”.
Mais uma vez, os russos arianos não tem nada à ver com os crimes horríveis contra os civis e militares ucranianas, a culpa é sempre do «indígena», daqueles «morenos» pobres coitados, dos habituais untermensch, que servem o império russo, mas não possuem o dom e as qualidade de apreciar a tal herança «do império grande, educado, (país) de grande cultura e grande humanidade».
O chefe da igreja católica disse que, ao comentar a guerra da rússia contra Ucrânia, não mencionou o presidente russo, vladimir putin, porque o papel deste político “já era conhecido”.
Realmente, por que razão ofender uma pessoa que tanto fez pela reconstrução «do império grande, educado (...) de grande cultura e grande humanidade». E se pelo caminho o mesmo país tenta destruir Ucrânia e exterminar os ucranianos como a nação inteira, então fazer o que? Não se deve ofender, aquele político que já era o tão conhecido...
Em agosto de 2022, durante uma audiência geral no Dia da Independência da Ucrânia, o papa recordou a morte da filha de um dos ideólogos do “mundo russo” e do neofascismo russo Aleksandr Dugin, Daria Dugina, chamando-a de vítima “inocente” do guerra: «Estou pensando na pobre moça que voou pelos ares em Moscovo/u depois de uma bomba plantada sob o assento de um carro. Os inocentes pagam pela guerra, os inocentes!»
Se Daria era ou não a propagandista ativa do neofascismo russo e seguidora máxima das ideias neofascistas do seu pai, pouco importa. Aleksandr Dugin exortava publicamente, na sua «qualidade de professor universitário» à «matar, matar, matar» os ucranianos, e a sua filha apenas e só, negava os crimes do neofascismo russo cometidos em Bucha e defendia publicamente o linchamento popular dos defensores de Azovstal.
Resumindo. Este Papa se estragou à muito tempo. Por favor, nos tragam o próximo.