domingo, fevereiro 26, 2023

A contabilidade da escravatura comunista soviética

Em 21 de fevereiro de 1948, o Presidium do Soviete Supremo da URSS aprovou o decreto segundo o qual qualquer pessoa que não cumprisse o número mínimo prescrito de dias de trabalho poderia ser deportada para fora da Ucrânia.

Nas fazendas/hortas coletivas soviéticas, kolkhozes, os trabalhadores não recebiam salário - recebiam um marco na lista - que correspondia à um dia de trabalho. No final do ano, depois que os kolkhoz acertar, com o Estado a entrega dos produtos alimentares, aquilo que restar seria dividido entre os seus membros de acordo com os tais dias de trabalho efetuados.

Após o fecho das contas com o Estado, não sobrava muito - 500-600 gramas de grãos por cada dia útil. Como as pessoas sobreviviam? Através da economia natural. Portanto, o trabalhador kolkhoziano muitas vezes não ia trabalhar para o Estado, porque tinha que trabalhar na própria horta/roça para não morrer de fome. É por isso que o Estado estabeleceu um número mínimo de dias úteis.

A falta de trabalho no número mínimo de dias úteis arrecadava a responsabilidade criminal, entre outras coisas. O trabalhador iria ao campo de concentração no GULAG porque lá as condições de vida são melhores e também há comida? Não, o trabalhador cumprirá a sua pena criminal no mesmo kolkhoze. Sob o regime de trabalho corretivo por um período de até 6 meses com desconto de 25% dos dias de trabalho em benefício do seu kolkhoz.

As crianças a partir dos 12 anos tinham que trabalhar em fazendas coletivas. A produção mínima para elas foi fixada em 50 dias por ano. Um dia por semana (e como não havia trabalho no Inverno e os trabalhos eram feitos na primavera-verão-outono, então eram 2 dias por semana), um menino ou menina de 12 anos tinham que trabalhar para seu querido Estado soviético, onde, como se cantava na famosa canção, «O homem respira tão livremente».

E desde 1948, como mencionado acima, as pessoas eram deportadas fora da Ucrânia por não cumprirem o número mínimo de dias de trabalho. Não para onde desejariam ir, mas para onde as autoridades soviéticas ordenarão. Nalguma fazenda coletiva na Sibéria. Mas já sem o direito à uma casa e uma horta/roça.

Além do trabalho forçado havia também um outro tributo - o camponês soviético era obrigado a pagar um imposto em espécie - carnes, batatas, couves, ovos, leite, etc. Ninguém se importava onde o cidadão os obteria...

Esse terrível sistema de escravidão do século XX existiu durante 36 anos. Somente em 1966 os dias de trabalho foram abolidos e os salários começaram a ser pagos aos membros dos kolkhozes. Embora ninguém chamaria de 30 à 40 rublos de um bom salário (de 51,7 à 68,9 dólares ao câmbio oficial soviético).

E sim, a servidão também existia nas cidades - ninguém tinha o direito de passar de um emprego para outro sem permissão. Sistema que existiu entre 2 de outubro de 1940 à 10 de setembro de 1953. Mas lá pelo menos os salários eram pagos e a jornada de trabalho oficial era de 8 horas, não 14, como na fazenda coletiva.

Na foto: por 13 anos de trabalho duro, o dono desta caderneta do trabalhador de kolkhoz (preenchida retroativamente) foi creditado com apenas 1.240 dias úteis, pelos quais recebeu 989 quilos de grãos e 218 rublos e 29 copeques de dinheiro. São 800 gramas de grãos e 18 copeques por dia de trabalho. Você pode contar de forma diferente: 13 anos são 4.748 dias, incluindo os bissextos. Ou seja, esse trabalhador agrícola coletivo vivia com 200 gramas de grãos e 5 copeques por dia (8,6 cêntimos do dólar por dia).

Se tudo isso não foi uma escravidão estatal, o que seria, então?

1 comentário:

Anónimo disse...

Um comunista deveria trabalhar 1 ano num kolkhoz para deixar de ser comunista.