quarta-feira, outubro 17, 2018

Lobo solitário da Crimeia amava os terroristas de Donbas e odiava Ucrânia

No dia 17 de outubro de 2018, na cidade de Kerch da Crimeia ocupada, um jovem estudante local, russo étnico Vladislav Rosliakov, matou 20 pessoas (5 professores e 15 estudantes), atingindo no total até 73 colegas e professores do seu colégio. O atacante acabou por se suicidar.
Já se sabe onde o atirador conseguiu o dinheiro para a compra da arma nada barata: metade (20.000 rublos,
cerca de 305 dólares) roubou à sua própria avo e outra metade possivelmente conseguiu na venda de uma moto
Tudo indica que ataque começou cerca das 12h20 (hora local), quando o aluno do 4º ano final, Vladislav Rosliakov, de 18 anos, entrou na cantina do Colégio Politécnico de Kerch, situada no 1º piso do edifício, onde deixou uma pasta. Na pasta estava um artefacto explosivo improvisado (AEI), de relativamente baixa potência, equivalente aos cerca de 300 gr de TNT, mas artilhado com pregos e outros objetos cortantes. Se afastando da cantina, Vladislav retirou de um embrulho (possivelmente um tubo de desenho técnico) a escopeta (espingarda) bastante cara Khan Arms A-Tac de calibre 12x76, acionou o AEI, e depois começou disparar contra as pessoas próximas.
Aproveitando o pânico total, Vladislav subiu ao 2º piso, onde abateu, à sangue-frio e de uma forma “discriminada”, o chefe do departamento lectivo do colégio e um dos professores, os achando nos seus próprios gabinetes. No decorrer do tiroteio, Rosliakov usava AEI ou então petardos, essa informação carece de confirmação oficial.
Após efetuar cerca de 20 disparos (nas vésperas o atacante tinha adquirido 150 cartuchos), ele se suicidou na biblioteca do colégio. Ao lado do seu corpo foi achada a espingarda, algumas cartucheiras e um outro AEI, desativado pela unidade de minas e armadilhas da polícia local.
De acordo com os dados preliminares, o atirador era um bom estudante, que tirava as notas de “bom” e “excelente”, mas não tinha amigos. Os seus colegas sobreviventes o caraterizam como indivíduo “muito fechado, que não se comunicava com quase ninguém e há muito tempo deixou as redes sociais [...] interessado em maníacos”.
A polícia da Crimeia ocupada está revistar o apartamento onde vivia atirador, de momento, não existe nenhuma evidência que este foi influenciado pelas organizações terroristas ou extremistas.

O atirador se matriculou no Colégio Politécnico de Kerch em 1 de setembro de 2015, onde estudava gratuitamente, abrangido pela quota estatal, escolhendo a especialidade de “instalação, reparação e exploração de equipamentos elétricos de edifícios industriais e civis”.
É de notar que os serviços operacionais da Crimeia não estavam preparados nem para impedir o ataque, nem para lidar com as suas consequências. Polícia, equipas de resgate e paramédicos demoraram bastante tempo na chegada ao colégio, os feridos eram transportados aos hospitais usando autocarros/ônibus municipais e até miniautocarros (as peruas) de passageiros, as ambulâncias e os paramédicos simplesmente não eram suficientes. Além disso, após ficar claro que o atacante estava morto, as forças de segurança locais continuaram a se concentrar em força junto ao colégio (usando até os veículos blindados), organizaram a verificação exaustiva de bens pessoais dos parentes que chegavam em massa ao local, além de outras atividades de “busca e procura”.

O Presidente da Ucrânia, Petró Poroshenko, informou que o Gabinete da Procuradoria-geral da República Autónoma da Crimeia (sob jurisdição da Ucrânia livre) abriu uma pré-investigação criminal, classificando o caso como “um acto de terrorismo”.

A investigação de tais casos é importante para a Ucrânia, porque a Crimeia é um território ucraniano e os ucranianos que vivem na península são cidadãos do nosso estado. E, claro, quando cidadãos ucranianos são mortos, onde quer que isso aconteça, é uma tragédia”, – disse o Presidente Poroshenko.

O Presidente da Ucrânia também expressou as condolências aos ucranianos que perderam filhos e entes queridos em Kerch.

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