terça-feira, outubro 16, 2018

Igreja Ortodoxa Russa: entre capitulação, negação e censura

Apesar das declarações recentes da IOR sobre a “total rotura das relações com Constantinopla”, na prática essa “rotura total” será efetuada em forma do fim da “comunhão eucarística”, ou seja, o clero e os fiéis da IOR são proibidos de efetuar a comunhão nos templos da Igreja Ecuménica Ortodoxa. Última proibição semelhante, imposta pela IOR em relação à Estónia, durou cerca de 6 meses... 

Além disso, vocês podem não acreditar, mas é verdade, no texto completo da decisão do Sínodo da IOR de rompimento das relações com Constantinopla, o Deus não foi mencionado uma única vez! (e apenas Jesus Cristo por duas vezes). Apenas a história de disputas entre as duas igrejas, na sua versão moscovita. Que transformaram a fé um negócio lucrativo e estão lutando, com unhas de dentes, pelo direito prioritário de receber as mais-valias das paróquias ucranianas. Paralelamente, implementando a decisão do Conselho de Segurança Nacional da Rússia sobre o seu auto-isolamento.

Naturalmente, no meio do caminho, IOR ataca e maltrata aqueles que são mais fracos e são incapazes de se defender.

No dia 13 de outubro o patriarca da IOR, Ciril, visitou Belarus, para participar no Sínodo da IOR. Na primeira tarde da sua visita, ele realizou o serviço religioso na Catedral do Espírito Santo em Minsk/Mensk. Entre os padres da Igreja Ortodoxa da Belarus (IOB) que foram autorizados a assistir o serviço, estava o sacerdote Alexander (Aliaxander) Shramko, clérigo da paróquia de São Miguel de Minsk.

O padre usa ativamente o Facebook. Nesse dia, ele colocou no seu perfil as fotos do luxuoso Mercedes Benz blindado com a matrícula/placa de registo 0002, usado pelo Ciril na sua chegou à Catedral do Espírito Santo:
Fonte: facebook.com/alexander.shramko 
Além disso, Alexander Shramko tirou as fotos dos guardas que cercavam permanentemente o patriarca dentro e fora do templo, mesmo no decorrer do serviço religioso:

Fonte: facebook.com/alexander.shramko
Padre Alexander também criticou o chefe da IOR por ignorar os crentes na entrada da catedral. “Eles vieram e ficarão na rua a tarde toda, contentando-se com a transmissão na tela. <...> Por que era preciso chegar de carro até aos portões da catedral e, saindo da viatura, nem sequer virar a cabeça? Será que realmente é tão difícil ... caminhar algumas dezenas de passos, acolhendo e abençoando o povo?” — escreveu o padre no Facebook, qualificando que o comportamento do patriarca russo como “desprezo demonstrativo”.

No dia seguinte os guardas do patriarca russo, disseram ao padre belaruso que ele fotografou o patriarca, rebaixou o prestígio deste (Sic!), que Ciril não gosta disso. Pediram inicialmente para não tirar mais fotografias, ao que padre concordou. Mais tarde, Alexander Shramko foi chamado até o Metropolita de Minsk e o chefe da IOB, Pavel que o informou: “Você está proibido de servir à partir de hoje”, — padre Shramko contou à página belarusa tut.by.

Segundo Alexander Shramko, a principal reclamação dos serviçais do patriarca Ciril eram as fotografias da matrícula da viatura do chefe da IOR e dos seus guardas. O padre belaruso foi acusado pela contraparte russa de “desonrar todos, desonrar Belarus, a igreja e o patriarca”, contou padre ao serviço belaruso da Rádio Liberdade.

No dia 14 de outubro, o padre Alexander recebeu a proibição verbal de servir à sua igreja. Em 16 de outubro, ele recebeu o decreto, por escrito, sobre a sua dispensa do posto de clérigo da paróquia São Miguel de Minsk. O documento declara que ele está proibido de servir, de usar a cruz sacerdotal e de abençoar os crentes. Essa decisão é justificada, em particular, pela “violação do juramento sacerdotal, perjúrio e publicação sistemática na imprensa/mídia de mensagens que difamam a Igreja Ortodoxa e semeiam hostilidade e ódio nos corações das pessoas”.
Fonte: facebook.com/alexander.shramko
A proibição será válida por um ano, após o que a Diocese de Minsk considerará a sua retomada ao ministério, isso é, no “caso se arrepender, mudar da sua atitude... provavelmente, isso significa que devo parar de escrever, parar de me expressar”, — disse Alexander Shramko ao Euroradio.
Padre Alexander Shramko
O poeta e editor belaruso Dmytro Strotsev lançou a recolha de assinaturas para a abolição da proibição do ministério para Alexander Shramko. Em carta escrita pelo poeta à Diocese de Minsk, afirma-se que o Padre Alexandre iniciou na sua paróquia a realização de cultos na língua belarusa. O próprio padre Shramko postou no Facebook os números de suas carteiras eletrónicas – caso alguém queira lhe dar apoio financeiro – e disse que aceita ofertas de qualquer trabalho.

E por fim, uma anedota:
Secretamente venerado como deus pela Igreja Ortodoxa Russa, o ditador comunista Estaline...
— Amigos americanos, digam, por favor, como nos, os russos, podemos vencer a pobreza?
Economy. Just economy.
— Muito agradecidos! Vamos usar bastantes ícones.

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