quinta-feira, fevereiro 28, 2019

Língua ucraniana para os iniciantes chineses

Em novembro de 2018, na RP China foi publicado o livro didático de estudos da língua ucraniana. Agora os amigos da Ucrânia na China podem aprender a língua e cultura ucranianas. O livro é dirigido aos iniciantes.

É de notar que a edição anterior do livro autodidático de ucraniano foi publicada pela mesma equipa editorial ainda em 2001 (infelizmente, ambas as edições têm alguns erros bastante grosseiros ainda na capa, possivelmente “graças” à coordenadora da edição, Sra. Larisa Zhebokrytska(ya))  

Ucrânia e os valores cristãos da Europa

Mapa da Ucrânia por Guilhelmum le Vasseur de Beauplan, Gdansk, 1648
Hoje, a velha Europa atravessa uma crise moral, duvida de si mesma e os seus habitantes já não estão preparados para proteger os valores europeus, se for necessário. Os ucranianos não só estão prontos, como são os únicos que estão a defendê-los com armas em punho no campo de batalha.

por: Pavlo Klimkin, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Observador.pt
Em janeiro de 2019, a Ucrânia viveu um acontecimento histórico: a Igreja Ortodoxa da Ucrânia recebeu o Tomo(s) de Autocefalia de Constantinopla e pôde renovar a sua igreja independente canónica, da qual foi desprovida por mais de 300 anos.

A Ucrânia é essencialmente um país cristão. Em 988 d.C, o Príncipe de Kyiv, Volodymyr, batizou todos os habitantes de Kyiv no Rio Potchayna, trazendo-os para a luz da fé cristã. O baptismo iniciou a verdadeira vida da nossa nação e do nosso país. Como cristão fiel, estou convencido de que a adoção do cristianismo, antes de mais, trouxe a salvação ao nosso povo, mas a acção de Volodymyr, além de uma escolha de fé, foi a escolha de um caminho histórico, civilizacional, de valores morais e culturais, ou seja, de tudo o que realmente forma uma nação.

A introdução da fé num único Deus na Rus´, como era chamada a Ucrânia naquela época, uniu as tribos eslavas orientais e reafirmou a autoridade do Príncipe de Kyiv. Cerca de meio século depois, durante o principado do seu filho, Yaroslav, o Sábio, a Rus´ tinha um território mais alargado e tornou-se um dos novos estados mais desenvolvidos na Europa. Juntamente com a religião, a Rus´ foi enriquecida pela educação, pela arte e pela cultura de Bizâncio. Kyiv era um centro espiritual e cultural poderoso e influente, logo, em todo o país, construíam-se igrejas, escolas e novas cidades. O apogeu e o poder da então Rus´ de Kyiv continua a ser hoje uma base da nossa consciência estatal e orgulho nacional. A nossa adesão ao mundo cristão representa, ao mesmo tempo, um envolvimento significativo na civilização europeia. Podemos dizer que o primeiro passo rumo a uma família europeia, unida por valores cristãos comuns, foi feito justamente na altura do baptismo, em 988 d.C. Este passo determinou para sempre a essência europeia e o destino europeu da Ucrânia.

A Europa pré-cristã deu à humanidade os ideais da liberdade individual, da democracia grega e da república romana, e o cristianismo deu a determinação fundamental do amor (humanismo). A combinação da liberdade-democracia com o amor-humanismo forma a essência civilizacional da Europa, na qual se baseiam hoje todos os seus valores e princípios. Desta perspetiva, os ucranianos são pronunciadamente uma nação europeia, uma vez que a moralidade cristã e a busca da liberdade se tornaram, há muito, elementos fundamentais da nossa mentalidade.

A Ucrânia-Rus’ não só recebeu benefícios do cristianismo, mas também deu muito à Igreja de Cristo, à Europa e ao mundo inteiro. Após o batismo de Kyiv, o cristianismo começou a espalhar-se pelas restantes tribos eslavas orientais, a norte e a leste da Rus’ de Kyiv, onde, após alguns séculos, surgiram as atuais Belarus e Rússia. Por fim, a religião cristã espalhou-se pelo vasto território dos Cárpatos a Kamchatka. Concordem, sem isso, o mundo moderno seria completamente diferente.

Foi também a Rus’ de Kyiv, na fronteira da Europa Oriental, que enfrentou, em meados do século XIII, a horda tártaro-mongol, defendendo a Europa da invasão asiática. Mais tarde, os cossacos de Zaporizhzhya foram participantes ativos na defesa da Europa e do cristianismo face à invasão do Império Otomano. Recordem-se, pelo menos, as batalhas de Khotyn (1621) e de Viena (1683) que salvaram a Europa Central da escravidão.

Hoje, os cossacos são muitas vezes considerados um fenómeno russo, selvagem e exótico, com um quê de pasquim romântico. Porém, foram os cossacos ucranianos que criaram a primeira república militar na nova Europa com uma liderança democraticamente eleita e proclamaram a fé cristã. Em 1054, depois da divisão entre católicos e ortodoxos, foi também na Ucrânia que se deu a reconciliação entre as duas denominações, com a instauração da Igreja Grego-Católica. Apesar disso, a Europa sabe pouco sobre esta contribuição da Ucrânia para a história da civilização europeia.

Atualmente, em termos de diversidade religiosa, a Ucrânia é um espaço único, reunindo praticamente todas as religiões da Europa Central num só país, as quais operam em paz e diálogo amigável. A tolerância, solidariedade e abertura dos ucranianos é um reflexo da Europa, dos seus valores fundamentais, dos quais nos podemos orgulhar e os quais devemos proteger.

Note-se que a situação religiosa na Ucrânia tem ainda outra característica — esta pós-traumática. A ideologia soviética agressivamente ateísta, esmagou a igreja em todos os sentidos, milhares de padres foram mortos durante a repressão stalinista e a Igreja foi, em geral, proibida. Assim, o renascimento da religião e da liberdade de religião, na consciência do nosso povo, estão intrinsecamente ligados à luta contra o totalitarismo comunista, à democracia e a todos os valores europeus.

A atual Ucrânia é, em grande parte, um país neófito. E a fé dos neófitos é muito mais sincera e apaixonada. Atrevo-me a dizer que, neste momento, o coração apaixonado da Europa bate na Ucrânia. Hoje, a velha Europa atravessa uma crise moral, duvida de si mesma e os seus habitantes já não estão preparados para proteger os valores europeus, se necessário. Os ucranianos não só estão prontos, como são os únicos que estão a defendê-los com armas em punho no campo de batalha. Parece claro que a Rússia de Putin está a travar uma guerra não só contra a Ucrânia, mas também contra a Europa e todo o mundo ocidental, e que esse conflito tem um caráter civilizacional.

Na Rússia ortodoxa nunca houve liberdade, democracia, abertura, nem tolerância como valores. Portanto, a Rússia não pertence à civilização da Europa, apesar de todas as semelhanças externas. A falta de liberdade distorce o princípio do amor cristão, muitas vezes transformando-o em ódio em nome da Ortodoxia e do Império Russo. Infelizmente, as diferenças civilizacionais são extrapoladas para a vida religiosa na Ucrânia e, paradoxalmente, com total harmonia inter-religiosa e interconfessional, temos uma divisão dentro da própria fé ortodoxa. A nossa Ortodoxia hoje é dividida entre uma Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia, independente da Rússia, e a Igreja Ortodoxa Russa, que opera no nosso país sob o controlo direto de Moscovo.

Mas o principal é que esta divisão não é de religiosa por natureza, já que os dogmas e cânones das duas igrejas são quase idênticos. Trata-se, sim, do desejo da Rússia de manter o controlo sobre a Ucrânia, sua antiga colónia, a todo custo e por qualquer meio. Talvez seja difícil para os católicos entenderem esta questão, já que podem estar absolutamente certos de que o pontífice não cumpre ordens do presidente da Itália. Com a Igreja Ortodoxa Russa acontece exatamente o oposto: há muito que a igreja está firmemente ligada ao aparato estatal russo, e é hoje um líder ativo do conceito imperialista-chauvinista chamado “mundo russo”.

Estou convencido de que a autocefalia, que segue plenamente a tradição ortodoxa (onde praticamente cada país tem a sua Igreja), abriu caminho para unir todos os ortodoxos ucranianos numa mesma família. Estou igualmente convicto da necessidade de reunir os povos da Europa em torno dos seus valores – cristãos e democráticos, que por mais de mil anos determinaram o sucesso da Europa e de toda a civilização ocidental. Hoje assistimos a uma operação especial em grande escala para a sua destruição. O nosso dever comum é protegê-los.

quarta-feira, fevereiro 27, 2019

Canção russa sobre o bombardeio nuclear dos “negros” e da América

No dia 23 de fevereiro de 2019, na Catedral de Santo Isaac de São Petersburgo, o coro de concerto municipal apresentou a canção sobre o bombardeio nuclear dos “negros” e da América.
Uma das passagens da canção:

Cochilam docemente luzinhas na costa de Norfolk,
Dormem brinquedos cansados, negros dormem em silêncio,
Me desculpe América, boa América,
Mas quinhentos anos atrás você foi descoberta em vão.

Tru – la – la, tru – la – la,
Eu posso fazer tudo por três rublos!
Ao meio fica a terra queimada do
Adversário!

O concerto, que decorreu na principal Catedral ortodoxa de São Petersburgo, foi dedicado ao feriado de 23 de fevereiro, celebrado na Rússia como “Dia de Defensor da Pátria”. O público presente apoiou à música com aplausos e a Igreja Ortodoxa Russa (IOR) não reagiu oficialmente ao sucedido.

É de recordar que duas integrantes da banda russa Pussy Riot foram presas em 2012 e condenadas à 3 anos de prisão efetiva (cumprindo 21 e 24 meses respetivamente), acusadas de “vandalismo motivado por intolerância religiosa”, devido à uma dança silenciosa [música e vozes foram colocados no vídeo posteriormente] efetuada na Catedral de Cristo Salvador de Moscovo. Na altura, o líder da IOR, o Patriarca Kirill I, não pediu nenhuma clemência e até disse que as artistas estavam fazendo o trabalho do demónio.
A canção de Andrei Kozlovsky “Em um submarininho”, escrita na década de 1980, no auge da Guerra Fria, de repente se tornou muito relevante na Rússia dos tempos modernos...

terça-feira, fevereiro 26, 2019

“Ukroboronprom” efetua os testes da nova blindagem do BTR-4

As empresas ucranianas pertencentes à corporação da defesa UkrOboronProm estão terminar uma série de testes da nova blindagem do blindado BTR-4 no âmbito do aumento da produção destes veículos para as necessidades do exército ucraniano (FAU).
Durante os testes os novos BTR-4 percorreram várias centenas de quilómetros, no campo e nas estradas pavimentadas, e a sua nova blindagem passou pelos testes de tiro, nomeadamente foi alvejada por fogo de metralhadoras pesadas.
Dessa forma, as duas unidades de Kharkiv, “Fábrica Malyshev” e “Bureau Morozov” estão prontas e licenciadas, para, no decorrer de 2019, começar a produção em massa do BTR-4 com blindagem de fabrico ucraniano (aço blindado de marca 71). Uma decisão tecnológica que permite aumentar significativamente a capacidade de fabricação e de transferência dos blindados às necessidades do exército ucraniano.
O blindado BTR-4 foi desenvolvido por engenheiros ucranianos do “Bureau Morozov”, o equipamento foi usado na Operação Antiterrorista (OAT) desde 2014 e se mostrou como bastamente eficaz no campo de batalha.
O nível de proteção do BTR-4 é um dos maiores entre veículos blindados das Forças Armadas da Ucrânia. O blindado é armado com o módulo de combate BM-7 “Parus” com canhão automático de 30 mm, sistema de mísseis antitanque “Baryer”, morteiro automático e uma metralhadora pesada. Graças ao uso de sistemas digitais de tiro e de orientação, BTR-4 é capaz de atingir os alvos blindados numa distância de até 5 km.

BTR-4 usa motor alemão Deutz e a transmissão automática americana Allison, que permitem levar o blindado de 22 toneladas às velocidades de até 110 km/h.

Até a data, as carroçarias blindadas do BTR-4 eram fabricadas na empresa privada da Fábrica de Ferragem Mecânica de Loziv (LKMZ), que em 2018 recebeu a encomenda de 40 unidade do BTR-4. Devido ao aumento da demanda e das limitações da ordem de aumento da sua capacidade de produção, UkrOboronProm tomou a decisão estratégica de licenciar a produção do BTR-4 na “Fábrica Malyshev” em Kharkiv.

domingo, fevereiro 24, 2019

Ler e baixar o livro “Hugo Chávez: o Espectro” de Leonardo Coutinho

Neste livro, o jornalista Leonardo Coutinho revela – com base em milhares de páginas de documentos, muitos deles secretos, e mais de uma centena de entrevistas em dez países – como as digitais de Hugo Chávez estão espalhadas em todo o mundo, desde a explosão da violência na América Central e no México, até o financiamento de organizações terroristas como o grupo Estado Islâmico.

O que levou um país rico, dono das maiores reservas de petróleo do planeta e com uma localização estratégica ao maior colapso financeiro e institucional do Ocidente? A destruição da Venezuela é apenas a face mais evidente de uma intrincada rede de organizações políticas e criminosas que foram criadas ou alimentadas por Hugo Chávez como parte de seu sonho de reengenharia global. Eleito em 1998 com a promessa de tirar a Venezuela da crise e com o compromisso de conduzir os venezuelanos ao desenvolvimento, Hugo Chávez desperdiçou a fortuna arrecadada durante a bonança petroleira para financiar um modelo de mundo que fosse o seu espelho: caótico e subversivo. Apesar de sua morte, em março de 2013, em decorrência de um câncer, Chávez segue presente “assombrando” o mundo com os efeitos destrutivos de sua combinação de tráfico de cocaína, terrorismo e corrupção. Um legado que o presidente Nicolás Maduro soube herdar e manter, conduzindo o país a um colapso económico e institucional sem precedentes.

Bónus

É de reconhecer que para já batalha de entrega da ajuda humanitária (marcada ao dia 23 de fevereiro de 2019) foi ganha pelo regime bolivariano. Agentes da secreta venezuelana, o SEBIN, travestidos de titushki “coletivos”, queimaram camiões de ajuda humanitária em Ureña, na fronteira colombiana. Houve vários feridos entre o povo presente.
Cerca de 23 militares, guardas e polícias venezuelanos abandonam os seus comandantes, alguns pediram o asilo na Colômbia. O major-general Alexis López Ramírez (ex-secretário executivo do Consejo de Defensa de la Nación (Codena) pediu aos colegas para que reconheçam o presidente legítimo Juan Guaidó e deixem de apoiar o regime criminoso de Maduro.
O major-general Alexis López Ramírez, ex-secretário executivo do Codena
Os 13 oficiais venezuelanos que abandonam o regime do Maduro, 23/02/2019
O regime do Maduro mata o seu povo para que este não seja alimentado por los americanos, muito semelhante a posição do Estaline em 1932-33 em relação os ucranianos, que morriam de fome no Holodomor, mas estado soviético não aceitava e até rejeitava toda e qualquer ajuda alimentar ocidental...

O ataque das forças leais ao regime socialista bolivariano da Venezuela contra camião/caminhão de ajuda humanitária em Ureña (twitter do presidente Juan Guaidó):



Olena Stepaniv: a primeira mulher oficial da história militar

Mais de um século atrás, a imprensa europeia escrevia sobre Olena Stepaniv, a voluntária ucraniana do exército austro-húngaro da I G.M., historiadora e geógrafa, ela sobreviveu o GULAG comunista e morreu em Lviv em 1963.

Olena Stepaniv nasceu em 1892 na região de Lviv, na altura pertencente ao império Austro-Húngaro, filha do pároco da Igreja Grego-Católica Ucraniana. Na sua juventude foi muito ativa no movimento de escuteiros ucranianos “Plast”, em 1912 se tornou a estudante da Faculdade de Filosofia da Universidade de Lviv.

Com início da I G.M., Olena Stepaniv se voluntariou na unidade de Atiradores Ucranianos de Sich (Ukrainische Sitschower Schützen | Ukraïnski sichovi stril’tsi), conhecida historicamente pela sígla de “USS”.  

Apesar de ser oficialmente aceite na USS na qualidade de oficial, a sua vida no exército não foi facil. «Stepanivna», como era conhecida no meio militar, chegou à ser impedida de seguir à formação dos Atiradores na cidade de Striy, por ordem do comandante do comboio/trêm militar, que considerava que as mulheres não deveriam estar no exército, escreve o jornal ucraniano Den.
Postal austro-húngaro, Viena, janeiro de 1915 | imagem: Den
Mas já em janeiro de 1915 a imprensa austro-húngara escrevia exaustivamente sobre Olena Stepaniv. Vários exércitos europeus da época aceitavam mulheres nas unidades médicas, mas mulheres combatentes, e com muitíssimas dificuldades, apareciam apenas nas formações voluntárias, conhecidas como «legiões».
Olena Stepaniv, oficial (porta-bandeira) das USS | Wikipédia
A militar, que recebeu a medalha por coragem e conquistou uma posição de liderança (chegando ao posto de porta-bandeira da sua unidade), tornou-se uma lenda, sobre qual escrevia a imprensa, as suas fotos foram reproduzidas em folhetos, em sua honra foram compostas as canções.
Postal ucraniano com imagem da Olena Stepaniv, 1915 | imagem: Den
Em maio de 1915, mais de 7.000 militares austro-húngaros foram capturados pelo exército russo. Entre os 50 oficiais, estava Olena Stepaniv. “A maior sensação foi causada por uma jovem oficial de uniforme austríaco ... Rosto bonito puramente eslavo, traços muito juvenis, uma figura feminina bonita, uma fala rápida em ucraniano. Ela é ucraniana, de 22 anos, aluna de cursos superiores em Lviv, defensora convicta da independência da nação ucraniana. Para a guerra contra os “moscovitas” foi pela convicção e não escondeu o seu género”, – escrevia em 31 de julho de 1915 o jornal ucraniano Dilo, citando a imprensa russa.
foto: S. Mamov
“Na foto – a multidão de austríacos capturados por uma de nossas unidades na batalha do dia 17 de maio [de 1915]. Em primeiro plano – a capturada moça-oficial, que compartilha o destino deles. Ela é original da Galiza, a estudante de cursos superiores em Lviv, “mazepista” por convicção, uma odiadora da Rússia. Se alistou ao exército austríaco como voluntária”, – assim, a imprensa russa comentou a captura de Olena Stepanіv.

Dois meses antes da sua captura, o chefe do estado-maior da 78ª divisão de infantaria russa já informava as suas chefias superiores: «naquela colina estão duas companhias de atiradores de sich ucranianos, onde alguns cargos de oficiais são ocupados por mulheres».

Enviada para a profundezas do império russo, à cidade de Tachkent (Uzbequistão atual), Olena Stepaniv recorda como uma vez foi chamada perante oficial da secreta militar russa, conselheiro secreto Bulinsky, que quando ouviu que “Stepanivna” é ucraniana, a qualificou imediatamente de “separatista e mazepista”.

Apesar disso, exército imperial russo tratava Olena Stepaniv com dignidade, na sua qualidade de oficial em funções. No cativeiro russo ela recebia alimentação adequada, dentro de possibilidades os aposentos separados para dormir, embora também era vigiada com rigor redobrado. “Stepanivna” também gozava de simpatia por parte dos militares ucranianos do exército imperial russo. Numa ocasião os pilotos ucranianos lhe ofereceram uma grande caixa de conservas, explicando que pelo caminho até Uzbequistão será muito difícil de conseguir os alimentos.
foto: arquivo
Numa outra ocasião Olena Stepaniv foi literalmente obrigada à receber ajuda financeira vinda dos altos oficiais do exército austro-húngaro. No momento em que a sua situação financeira estava péssima, então o general austro-húngaro Weinsedorf (?), também aprisionado pelo exército russo, reuniu, entre os oficiais, a soma de 276 rublos e 50 coroas, que foram entregues, à contragosto, à jovem oficial ucraniana.

Em 1917 chegou a grande troca de prisioneiros, gerida pela Cruz Vermelha da Suécia. Olena Stepaniv foi uma das contempladas, voltando para a Galiza natal através da Finlândia, Suécia e Alemanha.
Imprensa austro-húngara noticia a libertação da O. Stepaniv do cativeiro russo
imagem: Den
As duas fotos abaixo foram tiradas na primavera de 1917 na cidade sueca de Haparanda, na fronteira com Finlândia. No decorrer da I G.M., a cidade se tornou num centro de troca de prisioneiros da guerra, entre os países que participaram nas hostilidades. Os originais das fotos estão arquivados no arquivo histórico do príncipe Carl (1861-1951). 
Fotos da Olena Stepaniv em Haparanda: vijsjkovaistorija
Após a queda definitiva da República Popular da Ucrânia Ocidental (ZUNR), em 1919–1921 Olena Stepaniv estudou e foi graduada pela universidade de Viena, desde 1922 foi professora de história e geografia na escola das Irmãs Basilianas e na Universidade Clandestina Ucraniana de Lviv, que funcionou entre 1921 à 1925/6.
A campa da Olena Stepaniv no cemitério Lychakiv em Lviv
foto: Den
Apesar da reocupação soviética da Ucrânia Ocidental em 1944, Olena Stepaniv decide ficar. “A mãe odiava a ideia da emigração e decidiu ficar em Lviv", – contou o seu filho, também historiador ucraniano Yaroslav Dashkevych (1926-2010). Em 1949 Olena Stepaniv, na altura a docente da Universidade de Lviv, foi presa pelo MGB soviético, acusada de “atividades anti-soviéticas” e condenada à 10 anos de GULAG. Foi amnistiada em 1956, após a morte de Estaline e por razões de saúde. No entanto, aos 72 anos já não se sentia apta para voltar à docência. Morreu em Lviv em 1963 e foi sepultada no cemitério de Lychakiv.

Bónus

Yana Zabara é operadora de gestão e reconhecimento da bateria de artilharia de uma das Brigadas das FAU, que fazem parte do agrupamento operativo tático “Shid” (Leste).
Na linha da frente desde janeiro de 2015. Foi à guerra, acompanhando o seu pai, que foi mobilizado às FAU em agosto de 2014. Passou por uma das unidades voluntárias, depois disso assinou o contrato com as FAU. Defendeu as localidades Pisky e Krymske, deu cobertura às unidades ucranianas no Aeroporto de Donetsk (posição “Murashnyk”, literalmente Formigueiro).

Recentemente foi condecorada pela ordem militar Rainha Olga do III grau.

Glória à Ucrânia!

sábado, fevereiro 23, 2019

Os blindados T-64 modificados: os MBT's do exército da Ucrânia

Recentemente, o Ministério da Defesa da Ucrânia divulgou as imagens da nova modificação do seu MBT – T-64BV. Mais de 100 unidades do blindado modificado já foram entregues ao exército ucraniano. Ucrânia prevê modificar todos os seus mais de 1.700 blindados T-64 até o nível BV (2017).

por: Vyacheslav Masniy, UkrInform

T-64, que iniciou a revolução dos MBT's

Os primeiros modelos de T-64, criados pelos construtores ucranianos de Kharkiv nos meados da década de 1960 se tornaram o MBT soviético da nova geração: com rapidez e manobrabilidade do blindado médio, a proteção e poder de fogo de um tanque pesado.
O MBT da Ucrânia T-64 “Bulat” | foto: UkrInform
Hoje, as Forças Armadas da Ucrânia possuem mais de 700 unidades de T-64 de várias modificações, o maior número dos quais é T-64 BV, de fa(c)to produzido nos meados da década de 1980. O que é normal até para os países mais ricos e desenvolvidos. Assim, o MBT dos EUA M-1 “Abrams” foi adotado em 1980, e desde a data está sendo modernizado, o alemão “Leopard-2” foi criado em 1979, o francês “Leclerc” em 1987.

Na década de 1990, após a sua independência em 1991, Ucrânia praticamente não efetuou a renovação do seu parque de tanques [desde 1991 à 2014 país não participou em nenhuma guerra, dentro ou fora do seu território nacional], apenas em 2004 o exército ucraniano recebeu a nova modificação de T-64 “Bulat”, que possuía a nova proteção ativa mais eficaz, melhores visores e sistemas de visão noturna, o chassi melhorado (motor, suspensão, etc.). Modificação “Bulat” era relativamente económica, mas até o início da guerra russo-ucraniana apenas cerca de cem blindados foram modificados e entregues às FAU.

Como Ucrânia usa a sua herança militar

Mesmo após a sua modificação, os blindados T-64 “Bulat” tiveram problemas no domínio de sistemas de comunicação e da eletrónica. Por isso, a modificação T-64 de 2017 recebeu os sistemas modernos de visão noturna e de avistamento de fabrico ucraniano, sitemas de navegação e da defesa reativa, também da produção nacional.

A modificação T-64 de 2017 já se apresentou, de forma bastante positiva, nas competições internacionais Strong Europe Tank Challenge 2017, em que os T-64 ucranianos tiveram um bom desempenho ao nível dos tanques mais modernos e caros dos EUA, Alemanha e outros aliados ocidentais. Possivelmente um dos elementos de sucesso foi o fa(c)to da Ucrânia usar nas competições as tripulações de tanques com a experiência real de combatentes no decorrer de OAT.

Blindado T-64 na sua modernização ucraniana de 2017:

Os inimigos russos dos T-64 ucranianos

Apesar da propaganda russa, o seu MBT continua ser não o mítico T-14 “Armata”, mas  T-72 e a sua modificação profunda – T-90. O blindado soviético/russo T-72 possui motor e sistema eletrónico menos recente, outras soluções tecnológicas mais antiquadas (por exemplo, a sua metralhadora pesada não pode ser acionada de dentro do blindado). A União Soviética pretendia produzir T-72 em grandes quantidades, cedendo o equipamento aos diversos países socialistas/comunistas, onde o blindado foi usado em vários conflitos regionais no decorrer da Guerra Fria.
Modificação russa T-72B3, versão de  2011 | foto: UkrInform
No entanto, ambos os blindados possuem o canhão / lançador de mísseis de 125 mm, a sua blindagem, sistemas da defesa ativa e manobrabilidade são semelhantes. Além disso, T-64 e T-72 foram alvos de constantes modificações na Rússia, Ucrânia, Índia e Polónia. O número total das diversas modificações T-72 russas é calculado em milhares. Ucrânia não se pode de dar ao luxo de apostar na paridade de blindados com o seu vizinho agressor.

Os problemas do “Oplot”

O blindado BM “Oplot” é um concorrente completo dos melhores tanques ocidentais. Mas o seu preço de exportação é de 4,9 milhões de dólares. Naturalmente, muito menor em comparação com os tanques ocidentais: o americano Abrams custa cerca de 8,5 milhões, o alemão Leopard-2 - 7,5 milhões, o francês Leclerc – mais de 12 milhões.
O MBT da Ucrânia BM “Oplot” | foto: UkrInform
Mas mesmo tendo em conta o preço de custo relativamente menor, Ucrânia, infelizmente, não se pode de dar ao luxo de substituir mais de 1.700 unidades de T-64 pelos BM “Oplot” (mais de 700 no uso do exército e cerca de 1.000 na conservação profunda). Atualmente, apenas 10 BM “Oplot” foram entregues ao exército, embora foi criado o plano de as FAU receberem cerca de 200 “Oplot” até 2025. Além do alto custo, o ciclo total de produção de um “Oplot” leva na fábrica “Morozov” de Kharkiv cerca de 9 meses (os 49 BM “Oplot” ao exército da Tailândia foram produzidos em 8 anos, ou seja, 1 blindado em pouco menos de 2 meses). Enquanto a modernização do T-64 até o nível “Bulat” ou até ao modelo de 2017 – leva apenas 3 meses e custa cerca de 1 milhão de dólares.

Diante do exposto, o BM “Oplot” não se transformará em MBT da Ucrânia à curto-médio prazo. Tendo em conta que Ucrânia precisa de blindados modernos e aptos para o combate “para ontem”, a atualização gradual da frota existente dos T-64 é absolutamente a estrategicamente certa. Ucrânia possui uma grande vantagem de poder modernizar e fabricar os tanques mais avançados dependendo unicamente do esforço da indústria nacional. Em qualquer dos casos, o passado sombrio das FAU, em que o exército ucraniano era alvo de saques e das vendas dos seus equipamentos ao desbarato já passou, neste momento o poderio das FAU e das suas unidades de blindados está crescer gradualmente, mas de uma forma firme e contínua.

Fa(c)tos interessantes e desconhecidos da língua ucraniana

Os factos interessantes e pouco conhecidos sobre a língua ucraniana que possui cerca de 256.000 palavras, é falada por até 45 milhões de pessoas e deu origem à cerca de 200.000 canções populares conhecidas.

1. A língua contemporânea ucraniana possui cerca de 256.000 palavras.

2. O vocabulário mais próximo da língua ucraniana é a língua belarusa – 84% de léxico comum, seguido pelo polaco/polonês e sérvio (70% e 68%, respectivamente) e só depois o russo (62%). Se comparar a fonética e gramática, o ucraniano tem de 22 a 29 pontos em comum em comum com belaruso, (t)checo, eslovaco e polaco/polonês, com russo apenas 11.

3. Na língua ucraniana, ao contrário de outras línguas eslavas orientais, o substantivo tem 7 casos gramaticais, um das quais é vocativo (em polaco/polonês também existe vocativo, que se chama wołacz, mas polaco/polonês pertence a um grupo de línguas eslavas ocidentais).

4. Em 448 o historiador bizantino Prisco de Pânio, visitando a corte de Átila, o Huno, situada no território da Ucrânia moderna, registou as palavras “med” (mel) e “strava” (alimento/iguaria). Estas foram as primeiras menções de palavras ucranianas.

5. A língua ucraniana em diferentes períodos históricos foi chamada de formas diferentes: prósta (simples), rus'ka, rusyn (rutena), cossaca, etc. Historicamente, o nome mais comummente usado da língua ucraniana até meados do século XIX foi o nome de “língua rus'ka” [naturalmente não deve ser confundida com a atual língua russa, conhecida historicamente como a moscovita, devido ao nome do país, Moscóvia].

6. Na língua ucraniana, o maior número de palavras começa com a letra “П” (que em latim corresponde à letra “P”).

7. A letra menos usada do alfabeto ucraniano é a letra “Ф” (que em latim corresponde à letra “F”).

8. A língua ucraniana é riquíssima em sinónimos, por exemplo, a palavra “horizonte” tem 12 sinónimos.

9. Nomes de todos os filhotes de animais possuem em ucraniano a forma de substantivo de género indeterminado (nem masculino e nem feminino): “teliá” – bezerrinho, “koteniá” – gatinho, “zhabeniá” – sapinho.

10. A língua ucraniana é muito rica em formas diminutas. A forma diminuta possui até mesmo a palavra “inimigos” – “vorizhenky” ou “vorozhenky”.

11. De acordo com várias estimativas, a língua ucraniana ocupa entre 25ª à 32ª posição em número de falantes, entre as línguas mais comuns no mundo. Para os 36-37,5 milhões de pessoas, a língua ucraniana é a língua nativa. Em geral, entre 41 à 45 milhões de pessoas falam ucraniano.

12. Os etnógrafos recolheram cerca de 200 mil canções folclóricas (populares) ucranianas. Nenhuma outra nação possui tantas canções conhecidas. UNESCO possui a biblioteca de músicas populares de vários países do mundo. O fundo da Ucrânia contém 15,5 mil músicas. Em segundo lugar está a Itália com 6 mil canções folclóricas [ver mais no projeto Polyphonyproject].

Recordamos que Mova - ADN da Nação é um projeto voluntário educativo para todos aqueles que desejam melhorar o seu conhecimento da língua ucraniana.

(c) Olha Dyahterenko, via Natalia Ryaba
(c) tradução e adaptação Ucrânia em África