Temos
uma agenda muito ambiciosa no que diz respeito à nossa relação com a UE. Isto
só foi possível porque a Ucrânia fez o seu trabalho de casa.
por:
Inna Ohnivets, a Embaixadora da Ucrânia em Portugal, Publico.pt
Apesar
de haver muitos céticos da perspetiva euro-atlântica da Ucrânia, e de muitos
considerarem como ambiciosas e irreais as palavras do Presidente da Ucrânia,
Petro Poroshenko, de que em 2024 a Ucrânia irá pedir a adesão à UE, bem como
iniciará a implementação do plano de adesão à NATO, o nosso país está a avançar
no rumo europeu. E a Ucrânia, sem dúvida nenhuma, tem o direito de ter uma
oportunidade para aderir à UE e à NATO, nem que seja porque o povo ucraniano
assim o deseja e faz tudo para alcançar este objetivo. Vale a pena somente lembrar
que, em novembro de 2013, o desvio do curso de integração europeia do nosso
Estado foi a principal razão que levou a comunidade estudantil,
não-indiferente, a reunir-se na Praça da Independência, ou seja, no Euromaidan,
e a iniciar uma acção de protesto contra as mudanças na política externa.
No
inverno sangrento de 2013 e 2014, os ucranianos juntaram-se no Euromaidan para
defender a conclusão do Acordo de Associação com a UE. Não era apenas e nem
tanto pelo Acordo em si, enquanto documento, mas pelos seus valores de
referência e por este representar um guia prático no caminho para um modo de
vida e um nível de prosperidade e desenvolvimento europeus.
Temos
uma agenda muito ambiciosa no que diz respeito à nossa relação com a UE. O
Acordo de Associação está finalmente a ser implementado na sua totalidade,
estamos a avançar na aproximação da legislação e demos um grande passo em
frente com a liberalização dos vistos. Isto só foi possível porque a Ucrânia
fez o seu trabalho de casa.
Estando
num conflito armado que dura há cinco anos, provocado e levado a cabo pela
Rússia, a Ucrânia continua a implementar reformas, sendo este um assunto
fundamental. É por isso que as avaliações positivas dos nossos parceiros
europeus a respeito do processo de implementação das reformas no nosso país no
âmbito do referido Acordo de Associação são da maior importância para nós.
Refira-se, por exemplo, as avaliações do Parlamento Europeu, expressadas na
sessão plenária a 12 de dezembro passado. Os eurodeputados salientaram que a
Ucrânia tem desenvolvido reformas nas áreas da energia, da saúde, das pensões,
da educação, da administração pública e da defesa, bem como tem avançado na
reforma de descentralização e de implementação de medidas para estabilização
bancária e macroeconómica.
A
propósito, no passado dia 17 de dezembro, em Bruxelas, decorreu a reunião do
Conselho da Associação Ucrânia-União Europeia, que resultou na assinatura de
oito acordos financeiros com o custo total de mais de 400 milhões de euros.
Infelizmente,
desde 1991, o Ocidente tem lutado para compreender as enormes implicações
geopolíticas de uma Ucrânia independente, e tem tipicamente tratado o nosso
país como um hóspede não convidado. Nas relativamente poucas ocasiões em que se
dignaram a prestar atenção à Ucrânia, a maioria dos ocidentais tendeu a ver o
país através do prisma distorcido e ultrapassado das narrativas russas. Porém,
a Ucrânia passou pelos acontecimentos do Euromaidan e, com a concessão da
autocefalia à Igreja Ortodoxa da Ucrânia, saiu incondicionalmente do período
pós-soviético e da esfera de influência russa, e agora está no caminho para
alcançar os padrões europeus.
Nos
últimos cinco anos foram muitos os sucessos no rumo europeu e não só. Houve
outras grandes mudanças que mostram como, decisivamente, a Ucrânia está a
avançar. E o Acordo de Associação e a liberalização de vistos são os nossos
primeiros, mas seguros, passos rumo à plena e confiante representação da
Ucrânia no espaço comum europeu.
A
Ucrânia vai ter eleições presidenciais e parlamentares em 2019, e esperamos que
ambas as votações cimentem o pivô histórico do país em direção à integração
euro-atlântica.
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