Na
noite de 18 de fevereiro de 2014, as unidades da polícia, tropas do Ministério
do Interior (VV) e SBU iniciaram o assalto final ao Maydan – começou a operação
“Boomerang”. Ação resultou na morte dos 14 defensores do Maydan desarmados e 9 atacantes
das forças policiais.
A
liderança do assalto foi confiada ao SBU e diretamente ao Chefe do Centro
Antiterrorista do SBU, general Totsky.
De
acordo com o plano da operação, as unidades do “Berkut”, reforçadas por tropas VV,
deveriam demolir as barricadas na avenida Khreshchatyk e na rua Institutska,
enquanto o destacamento Alfa da SBU deveria aniquilar a sede da Euromaydan no
Edifício dos Sindicatos.
Os
manifestantes dispersados deveriam ser atacados e aterrorizados por bandos
armados de titushki, contratados por chefões
criminosos próximos a Yuri Ivanyushchenko (conhecido como Yura Enakievsky).
O
começo da operação foi marcado às 19h00.
A
unidade “Alfa” do SBU entrou no Prédio dos Sindicatos pelo telhado e começou o
seu ataque à partir de cima para baixo. As unidades do “Berkut” e as tropas do
interior atacaram por baixo, reforçadas por dois veículos blindados do tipo BTR
e dois canhões de água, o seu alvo era derrube das barricadas em volta do palco
usado na Maydan e ao redor do Edifício dos Sindicatos.
Mesmo
antes do início da operação “Boomerang”, às 16h00 da tarde do dia 18/02/2014,
durante a dispersão da manifestação em Pechersk, nos arredores do parlamento
ucraniano, foram mortos ou mortalmente feridos 13 ativistas ucranianos desarmados
e mais de 200 cidadãos ficaram gravemente feridos, inclusive como resultado do
uso pela polícia de munição de metralha.
As autoridades acreditavam que o terror causaria a dispersão de Maydan. Mas
isso não aconteceu. Naquele momento todos os participantes da dispersão de Maydan
entenderam perfeitamente que este tipo de violência contradiz absolutamente a
lei e que as forças da lei e ordem estão violando a legislação ucraniana.
As vítimas do fascismo: a família Kuznetsov |
Mas
o ataque não se tornou uma operação fácil para as forças de segurança. Apesar
do uso dos blindados, os ativistas ucranianos não abandonaram das barricadas.
Ambos os veículos blindados pertencentes às tropas VV foram incendiados com uso
das garrafas incendiárias. Um dos blindados ardeu no local. Os canhões de água
também foram alvejados por armas de fogo dos defensores de Maydan (geralmente
caçadeiras legais, que usavam metralha), um deles foi desativado.
A
partir das 21 horas, as forças especiais usaram armas de fogo para matar e granadas.
Os atacantes disparavam metralha, usavam as granadas de luz e som “Zarya-2”,
possivelmente atiraram algumas granadas de fragmentação de uso militar. As
forças de segurança disparavam contra os manifestantes desarmados, sem se
preocupar com a precisão dos seus tiros.
Deve-se
notar que as pessoas nas barricadas estavam praticamente desarmadas, com
exceção de pedras e garrafas incendiárias artesanais. Apesar disso, eles
defenderam as barricadas no Edifício dos Sindicatos e na Maydan com todas as
suas forças.
Maydan
foi salvo por aqueles poucos que começaram a atirar nas forças atacantes. Primeiros
dois soldados de tropas VV foram abatidos por volta das 17h00 da tarde, quando
tentavam atacar as barricadas na avenida Khreschatyk. Mesmo após perder os dois
blindados, a polícia ultrapassou a defesa da última barricada e o caminho ao palco
central – o centro de controlo/e de Maydan – estava aberto. E aqui tudo foi
decidido por apenas alguns resistentes armados e a resiliência massificada da
maioria de defensores desarmados. O ataque de “Berkut” e VV foi repelido quando
as forças de segurança sofreram perdas e ficaram simplesmente com medo de irem em
frente, para não serem atingidos por cartuchos de metralha.
O
comandante da unidade “Berkut” foi capturado, vários atacantes pertencentes às forças
de segurança ficaram feridos. No total, durante o ataque de Maydan em 18 de
fevereiro, 9 policiais e militares das tropas VV foram mortos, mais de 80
ficaram feridos – os defensores de Maydan não pretendiam matar os atacantes.
Todos os capturadas receberam ajuda, ninguém dos capturados foi torturado ou
morto posteriormente, como o próprio “Berkut” procedia com os manifestantes. Apesar
de todas as vítimas e feridos, milhares de pessoas não deixaram Maydan e não
pararam a resistência. Inclusivamente a resistência armada.
Queremos
recordar os 14 heróis caídos – defensores de Maydan e do Edifício dos
Sindicatos (no total, nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2014, em Kyiv foram
mortos ou mortalmente feridos 30 defensores de Maydan). Nós não temos o direito
de os esquecer:
RIP Olexander Plekhanov, 22 anos, estudante de arquitetura |
Bondarev
Serhiy, 33 anos, programador
Brezdenyuk
Valery, 50 anos, dono de um clube de informática
Chernenko
Andriy, 35 anos, empregado de oficina
Kapinos
Olexander, 29 anos, farmeiro
Klitinsky
Olexander, 25 anos, desempregado
Kulchitsky
Volodymyr, 64 anos, pensionista/reformado
Maksimov
Dmytro, 19 anos, estudante
Orlenko
Viktor, 53 anos, operário ferroviário, ex-veterano soviético da guerra no Afeganistão
Paskhalin
Yury, 30 anos, lojista
Plekhanov
Olexander, 22 anos, estudante de arquitetura
Prokhorsky
Vasyl, 33 anos, eletricista
Sidorchuk
Yuri, 53, empresário
Shvets
Viktor, 58 anos, pensionista/reformado militar
Topiy
Volodymyr, 58 anos, motorista
Fonte:
Censor.net.ua
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