sábado, setembro 22, 2018

O preço da traição soviética: vidas à troco de alguns tijolos

Em maio de 1980, um ex-informador do MGB, responsável da morte de três guerrilheiros ucranianos de OUN-UPA, ocorrida em maio de 1951, escreve ao KGB da região ucraniana de Ternopil, pedinchando um presente nominal (um item valioso que contenha o seu nome, por exemplo, um relógio, punhal, porta-cigarros, etc.).  

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[É de notar que os três guerrilheiros ucranianos mortos devido à sua denúncia, foram emboscados, pelo então MGB soviético, na casa da prima do informador, o que significa que aqueles homens ou pelo menos um deles também podiam fazer parte da família do traidor, Vasyl M. Pankevych].
Exemplo de porta-cigarros nominal de NKVD (força de guarda-fronteira): a) face b) interior
c) reverso com dedicatória "ao major Terminov N. M., 1/10/1943" | imagem: meshok.net
Na conversa com ex-informante (colocado na reserva operativa em 1956) os oficiais do KGB lhe explicaram que a pátria socialista não esquece os seus préstimos e no passado lhe foram dadas várias gratificações monetárias e outro tipo de ajuda, nomeadamente na compra de material de construção. Mas se KGB lhe oferecer algum presente nominal, algo que contenha o seu nome, alguém poderá ver e assim perceber da sua traição ao serviço ao MGB-KGB. Então assim o traidor ficou sossegado e diz que entendeu o seu erro de pedir o presente por escrito e que se contentará com oferta de tijolos para acabar o exterior da sua casa. KGB em resposta, promete que os tijolos lhe serão fornecidos, pois os tijolos nunca são nominais, não levam marca e não podem denunciar a traição.
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Tijolos não, mas os arquivos do SBU, abertos na Ucrânia aos investigadores, sim, ou como se dizia na URSS “o papel não arde”...

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