Em setembro de 2017, o Bureao de Construção “Luch” (Kyiv) informou o público interessado sobre
os lançamentos de mísseis do sistema modernizado S-125 (SA-3 Goa) num país
estrangeiro não mencionado. Hoje podemos revelar que o país se chama Etiópia, que
na década de 1980 era a verdadeira pedra basilar da presença soviética em
África.
Uma página militarista russa publicou, recentamente os dados do Ministério da Defesa da Etiópia com
a lista dos armamentos ucranianos que foram fornecidos ao país em 2017-16 pela corporação ucraniana UkrSpetsExport no valor global de 8.747.466 dólares. Entre
os itens está um sistema completo de lançamento do S-125M1/2 “Nilo Azul” e 14 novos mísseis com
as cabeças (homing head) modernas de auto-orientação
e alinhamento ao alvo, fabricados pela empresa ucraniana “Radioniks”.
Isso
significa que “Luch” começou a produção em série. Pois uma série, mesmo pequena,
é lançada quando o fabricante esta certo do que o seu equipamento funciona de
uma forma regular e não haverá necessidade de fazer alterações na cabeça dos
mísseis no decorrer dos testes.
Míssil antigo ZUR 5V27D (acima) e míssil modernizado ZUR 5V27D-M1/M2 (abaixo) com elementos que são retirados (à vermelho) e os que são adicionados (à verde) |
De
forma objetiva, o S-125 modernizado pode atingir os alvos nas distâncias de até
40 km (contra os 25 km do sistema antigo) e nas alturas de até 25 km. Em vez de poder atingir um único
alvo com até 2 mísseis ao mesmo tempo, o novo sistema pode atingir até 4 alvos
com até 8 mísseis ao simultâneo. Isso significa que o sistema ucraniano modernizado
está se posicionar, nas suas características técnicas, algures entre os sistemas
antiaéreos BUK-M1/M2 e S-300PT.
O
que isso significa para Ucrânia:
1.
Se pode esperar o retorno do S-125 ao uso nas Forças Armadas da Ucrânia (é uma
melhoria significativa e mais económica do reforço do sistema da defesa
antiaérea do país);
2.
A modernização significativa efetuada sugere que o surgimento de um novo sistema
da defesa antiaérea ucraniano do alcance médio poderá acontecer dentro de 2-3
anos e não em 7-10 anos, como era esperado até agora.
Especialmente
divertida foi a reação das páginas especializadas e dos fóruns militares russos:
se antes o aparecimento das modernizações ucranianas provocava os risos indulgentes, agora o riso parou abruptamente
e se tornou dramaticamente claro que após o sucesso de mísseis Vilkha,
a modernização do S-125 e outras criações e modernizações ucranianas como “Bohdan”,
“Neptun”, “Hrim-2” mostram o seu rápido sucesso, acompanhado pela relação bastante
atrativa de custo vs benefício.
Bónus
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No
dia 20 de setembro de 2018 Ucrânia lançou à água a sua segunda lancha blindada de assalto Kentavr-LK
(Centauro). Para breve é esperada a fabricação de vários outros “Centauros” e
lanchas de patrulha Lan TT-400TP
(4
unidades de artilharia e 3 de mísseis), desenhadas na Ucrânia e
fabricadas no Vietname:
Blogueiro: estes desenvolvimentos
também são interessantes do ponto de vista da geopolítica. Etiópia, que desde a
queda da monarquia era a peça-chave da presença soviética em África, apesar da
recente normalização das relações com Eritreia, optou por encomendar a
modernização dos seus sistemas S-125 na Ucrânia. Muito possivelmente, devido a
inclinação da Eritreia à esfera de influência russa. Por sua vez Vietname, que
beneficiou do apoio incondicional da URSS na guerra contra os EUA, fabricará as
lanchas para Ucrânia, seguramente para equilibrar a pendência russa para o lado
do seu vizinho chinês, com qual tem as relações bastante tensas desde as
décadas de 1960-80. Geopolítica pura, onde os interesses atuais desconhecem as
alianças históricas...
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