terça-feira, setembro 04, 2018

A realidade da vida da província soviética (20 fotos)

As fotos foram tiradas no interior da União Soviética nas décadas de 1960-1980 pelos jornalistas ocidentais. Épocas que os fãs da URSS acreditam serem a “era dourada” soviética, com o alto nível de vida, que foi alegadamente “destruído” pelo “traidor” Gorbachev.

02. Uma vila ou aldeia mediana na Rússia soviética: uma igreja abandonada ou semidestruída, ao seu lado funcionava uma “cervejaria” — a venda de cerveja à caneca [as canecas eram raras e o povo, muitas das vezes, usava alguns frascos improvisados], o poder soviético adorava a ideia de dessacralização dos locais sacros. Na URSS era perfeitamente habitual ver a construção de um estádio no local do antigo cemitério, etc.

03. No fim da década de 1970 (na era Brejnev) na província soviética, começaram construir, em massa, os cafés do tipo a “caixa envidraçada”, que vendiam o sorvete mais saboroso do mundo; as salsichas Frankfurt cozidas, cerveja à caneca. A sua aparência era diferente dos das grandes cidades, junto à paredes sempre estavam as caixas de madeira suja, cheias de stock ou de vasilhame.

04. No interior soviético praticamente não havia estradas de qualidade — o que até era retratado no cinema — os heróis dos filmes soviéticos circulavam pelas estradas da terra batida ou paravam, para reparar autocarro/ônibus avariado:

05. Homens empurram a viatura ligeira soviética “Moskvich-2137”, que ficou preso na lama, algo que aconteceu não numa mata cerrada, mas dentro do pátio de uma oficina mecânica de algum kolkhoz. Homem de chapéu de abas é alguma autoridade local.

06. Urbanismo soviético. Paragem/parada de autocarro/ônibus numa cidade soviética provincial. Muita lama, nenhuma proteção, mesmo que mínima, contra sol ou chuva, uma estrada esburacada e encharcada.

07. Uma avó/vovó foi buscar/cartar água na fonte de abastecimento público [sistema que existia em vários bairros, mesmo dentro das grandes cidades, até os meados da década de 1980]. Naturalmente, as mesmas casas não tinham água potável, nem a rede de esgoto...

08. A infra-estrutura urbana em muitas cidades provinciais — banhos públicos, salões de alugues de eletrodomésticos e de corte do cabelo, lojas, diversos outros serviços. Muitos dos edifícios eram construídos ainda na época czarista e até as décadas de 1970-1980 já eram um bocado gastos.

09. A loja provincial soviética típica: um espaço sujo, baixo e escuro, na entrada um monte de caixas de madeira, por vezes um tronco sujo e ensanguentado, usado para desmembras as carcaças de carne. Nas portas está pendurada a rede mosquiteira suja “contra os mosquitos”, no interior um forte cheiro desagradável.

10. Outra loja provincial típica. Se chama “Produtos” [literalmente produtos, vendia alimentos, mas também poderia vender alguns objetos do uso diário, como velas, ratoeiras, cadeados, etc]. Alternativamente podia se chamar “Loja №14 do Raipisheprom” [algo como Indústriaalimentardistrital]. Uma mulher sai da loja com a face feliz, ela conseguiu o cinco pães bastante básicos e três garrafas de vodca... A mulher não é pobre — tem a manicure e cabelo minimamente cuidado, usa o fato-treino com zip. Contraste bastante grande com os cidadãos ao seu lado que ainda vestem casacões de algodão.

11. Os mercados provinciais soviéticos, chamados “kolkhozianos” — na década de 1960 diferia muito pouco dos mercados da época czarista:

12. Década de 1970, os cavalos praticamente desaparecem, dando o lugar aos camiões/caminhões, por vezes à lenha. A lama, pobreza, ausência de quaisquer perspetivas para o futuro ficam as mesmas.

13. A família dos camponeses idosos na saída do mercado “kolkhoziano”. Aconselha-se à copiar a foto para todos aqueles que acreditam que “socialismo ainda pode dar certo”.

14. Mercado, compra de uma pipa/de um barril da madeira. Se parecem com as personagens do Pieter Bruegel, o Velho, mas a foto foi tirada na década de 1970, na época de Brejnev.

15. Mercado “kolkhoziano” numa cidade provinciana maior. Já existem as bancas, bastante básicas, arcaicas e pobres.

16. A compra [ou possivelmente o transporte do televisor para a sua reparação]. Na URSS o televisor custava entre 2 à 5 salários médios. O aparelho é transportado num trenó, por cima do feno, embrulhado num lenço.

17. Na província soviética simplesmente não existiam os serviços de entregas ao domicílio — nas grandes cidades ao menos existiam os “táxis de carga”. Para transportar algo tinha que negociar com algum motorista ou operador de trator, pagando, muitas vezes, em vodca ou aguardente caseira [os proletários gostavam de beber, mas os seus salários eram parcos e a vodca de qualidade razoável também rareava nas lojas]. Por vezes as coisas eram carregadas nas costas, como na foto, os cidadãos da pátria socialista carregam umas portas.

18. Na província funcionavam algumas indústrias — as vezes prejudiciais para a saúde, que por isso, eram afastadas das grandes cidades. Ainda existiam os escritórios de pouca utilidade e atividades desmotivantes, algumas poucas lojas que tinham essa aparência (a vendedora e o estivador):

19. Além disso, os homens podiam trabalhar como motoristas de camiões/caminhões ou operadores de máquinas agrícolas. Aos 45-50 anos eles ganhavam essa aparência, depois disso viviam e trabalhavam mais uns 20 anos, se reformando/aposentando, com muitas doenças e a saúde completamente debilitada...

20. Aos 45-50 anos as mulheres se transformavam em babuchkas — com lenço na cabeça, costas dobradas e sem a metade dos seus dentes. As mulheres ocidentais da sua idade viviam a sua segunda juventude, usavam minissaias, penteados bonitos e namoravam.

21. Na província soviética viviam muitos criminosos recidivistas [reincidentes no crime] — eles perdiam alguns dos direitos civis, nomeadamente, eram proibidos de viver menos de 100 km das capitais das repúblicas soviéticas e das grandes cidades:
Assim, visualmente era a verdadeira província na URSS, tão diferente da pseudo-realidade mostrada pela propaganda soviética.

Fotos: arquivo | Texto: Maxim Mirovich e [Ucrânia em África]

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem cinza. Geralmente a visão sobre o comunismo, na Rússia, é de mulheres loiras, internacionalistas proletárias, felizes e joviais.