As
fotos foram tiradas no interior da União Soviética nas décadas de 1960-1980
pelos jornalistas ocidentais. Épocas que os fãs da URSS acreditam serem a “era
dourada” soviética, com o alto nível de vida, que foi alegadamente “destruído” pelo
“traidor” Gorbachev.
02.
Uma vila ou aldeia mediana na Rússia soviética: uma igreja abandonada ou semidestruída,
ao seu lado funcionava uma “cervejaria” — a venda de cerveja à caneca [as
canecas eram raras e o povo, muitas das vezes, usava alguns frascos improvisados],
o poder soviético adorava a ideia de dessacralização dos locais sacros. Na
URSS era perfeitamente habitual ver a construção de um estádio no local do
antigo cemitério, etc.
03.
No fim da década de 1970 (na era Brejnev) na província soviética, começaram construir,
em massa, os cafés do tipo a “caixa envidraçada”, que vendiam o sorvete mais
saboroso do mundo; as salsichas Frankfurt cozidas, cerveja à caneca. A sua aparência
era diferente dos das grandes cidades, junto à paredes sempre estavam as caixas
de madeira suja, cheias de stock ou de vasilhame.
04.
No interior soviético praticamente não havia estradas de qualidade — o que até
era retratado no cinema — os heróis dos filmes soviéticos circulavam pelas
estradas da terra batida ou paravam, para reparar autocarro/ônibus avariado:
05.
Homens empurram a viatura ligeira soviética “Moskvich-2137”, que ficou preso na lama, algo que aconteceu não
numa mata cerrada, mas dentro do pátio de uma oficina mecânica de algum kolkhoz. Homem de chapéu de abas é
alguma autoridade local.
06.
Urbanismo soviético. Paragem/parada de autocarro/ônibus numa cidade soviética
provincial. Muita lama, nenhuma proteção, mesmo que mínima, contra sol ou
chuva, uma estrada esburacada e encharcada.
07.
Uma avó/vovó foi buscar/cartar água na fonte de abastecimento público [sistema
que existia em vários bairros, mesmo dentro das grandes cidades, até os meados
da década de 1980]. Naturalmente, as mesmas casas não tinham água potável, nem
a rede de esgoto...
08.
A infra-estrutura urbana em muitas cidades provinciais — banhos públicos, salões
de alugues de eletrodomésticos e de corte do cabelo, lojas, diversos outros
serviços. Muitos dos edifícios eram construídos ainda na época czarista e até
as décadas de 1970-1980 já eram um bocado gastos.
09.
A loja provincial soviética típica: um espaço sujo, baixo e escuro, na entrada
um monte de caixas de madeira, por vezes um tronco sujo e ensanguentado, usado
para desmembras as carcaças de carne. Nas portas está pendurada a rede mosquiteira
suja “contra os mosquitos”, no interior um forte cheiro desagradável.
10.
Outra loja provincial típica. Se chama “Produtos” [literalmente produtos, vendia
alimentos, mas também poderia vender alguns objetos do uso diário, como velas,
ratoeiras, cadeados, etc]. Alternativamente podia se chamar “Loja №14 do
Raipisheprom” [algo como Indústriaalimentardistrital].
Uma mulher sai da loja com a face feliz, ela conseguiu o cinco pães bastante
básicos e três garrafas de vodca... A mulher não é pobre — tem a manicure e cabelo
minimamente cuidado, usa o fato-treino com zip. Contraste bastante grande com os
cidadãos ao seu lado que ainda vestem casacões de algodão.
11.
Os mercados provinciais soviéticos, chamados “kolkhozianos” — na década de 1960 diferia muito pouco dos mercados
da época czarista:
12.
Década de 1970, os cavalos praticamente desaparecem, dando o lugar aos camiões/caminhões,
por vezes à lenha. A lama, pobreza, ausência de quaisquer perspetivas para o
futuro ficam as mesmas.
13.
A família dos camponeses idosos na saída do mercado “kolkhoziano”. Aconselha-se à copiar a foto para todos aqueles que
acreditam que “socialismo ainda pode dar certo”.
14.
Mercado, compra de uma pipa/de um barril da madeira. Se parecem com as personagens
do Pieter Bruegel,
o Velho, mas a foto foi tirada na década de 1970, na época de Brejnev.
15.
Mercado “kolkhoziano” numa cidade
provinciana maior. Já existem as bancas, bastante básicas, arcaicas e pobres.
16.
A compra [ou possivelmente o transporte
do televisor para a sua reparação]. Na URSS o televisor custava entre 2 à 5
salários médios. O aparelho é transportado num trenó, por cima do feno,
embrulhado num lenço.
17.
Na província soviética simplesmente não existiam os serviços de entregas ao domicílio
— nas grandes cidades ao menos existiam os “táxis de carga”. Para transportar algo
tinha que negociar com algum motorista ou operador de trator, pagando, muitas
vezes, em vodca ou aguardente caseira [os
proletários gostavam de beber, mas os seus salários eram parcos e a vodca de
qualidade razoável também rareava nas lojas]. Por vezes as coisas eram carregadas
nas costas, como na foto, os cidadãos da pátria socialista carregam umas portas.
18.
Na província funcionavam algumas indústrias — as vezes prejudiciais para a
saúde, que por isso, eram afastadas das grandes cidades. Ainda existiam os escritórios
de pouca utilidade e atividades desmotivantes, algumas poucas lojas que tinham
essa aparência (a vendedora e o estivador):
19.
Além disso, os homens podiam trabalhar como motoristas de camiões/caminhões ou operadores
de máquinas agrícolas. Aos 45-50 anos eles ganhavam essa aparência, depois
disso viviam e trabalhavam mais uns 20 anos, se reformando/aposentando, com
muitas doenças e a saúde completamente debilitada...
20.
Aos 45-50 anos as mulheres se transformavam em babuchkas — com lenço na cabeça, costas dobradas e sem a metade dos
seus dentes. As mulheres ocidentais da sua idade viviam a sua segunda juventude,
usavam minissaias, penteados bonitos e namoravam.
21.
Na província soviética viviam muitos criminosos recidivistas [reincidentes no
crime] — eles perdiam alguns dos direitos civis, nomeadamente, eram
proibidos de viver menos de 100 km das capitais das repúblicas soviéticas e das
grandes cidades:
Assim,
visualmente era a verdadeira província na URSS, tão diferente da
pseudo-realidade mostrada pela propaganda soviética.
Fotos:
arquivo | Texto: Maxim
Mirovich e [Ucrânia em África]
1 comentário:
Bem cinza. Geralmente a visão sobre o comunismo, na Rússia, é de mulheres loiras, internacionalistas proletárias, felizes e joviais.
Enviar um comentário