Nos
dias 23-26 agosto na cidade ucraniana de Bila Tserkva decorreu o festival de
balões de ar quente, atividade turística vista e fotografada pelo blogueiro
ucraniano Ihor Bigdan,
que partilhou connosco as suas fotos, emoções, sensações e conhecimentos.
Os
voos em balões causam constante entusiasmo vibrante, não só entre os que voam,
mas também entre o público espetador. Isso é facilmente explicado –
literalmente, a partir de nada, em meia hora, perante os nossos olhos cresce uma
enorme concha colorida com uma altura do prédio de quatro andares.
O
tamanho dos balões é diferente, os modelos turísticos em média têm entre 2.500
à 5.000 metros³. Quanto o volume é maior – maior é a capacidade de carga do
balão. Geralmente na cesta (gôndola) cabem 3-6 pessoas, incluindo o piloto.
Blogueiro ucraniano Ihor Bigdan com a sua família |
Além
dos passageiros a gôndola leva vários cilindros de gás que alimentam o
queimador, que aquece o ar dentro do reservatório.
Há
dois queimadores na foto em cima, mas apenas um é usado durante o voo – o segundo é de
emergência, existe por questões de segurança, no caso da avaria do primeiro.
O
gás que alimenta o queimador é queimado muito rapidamente – durante uma hora de
voo, foi esgotado um cilindro e começou ser usado o segundo.
O
gás é queimado rapidamente e com barulho – essa talvez é a principal
desvantagem do balonismo, quando o idílio da ausência de peso é perturbado pelo
ruído. Mas por outro lado, o gás não se queima constantemente, mas aos
intervalos – quando o piloto puxa a alavanca apropriada, de modo que a maior
parte do tempo se voa em silêncio.
A
segunda desvantagem – se a sua altura é acima de 1.80 m, o queimador, devido ao
aquecimento da radiação infravermelha irá aquecer demais a sua cabeça :)
Portanto, querendo fazer um voo, não se esquece de levar um boné, realmente
ajuda.
A
temperatura do ar quente dentro do balão chega aos 100°C. Os gases têm a
capacidade de se expandir muito, quando são aquecidos, de modo que o ar dentro
do balão tem uma densidade muito menor do que o ar frio do lado de fora, e o
balão com a carga sobe (ver a lei de Arquimedes).
O
glamour especial é que toda essa construção é incrivelmente arcaica e não mudou
muito desde a época dos irmãos Montgolfier,
que lançaram o seu primeiro balão em 1783. Balões modernos possuem os
revestimentos mais leves e mais resistentes ao fogo e usam o gás, mas ainda hoje
são chamados, em vários países de Montgolfier
e de “balões de ar quente” em Portugal e Brasil (ver também o caso do jesuíta
luso-brasileiro Bartolomeu de Gusmão
e da sua “passarola”).
Tal,
como há três séculos, é possível dirigir o balão em apenas um plano – para cima
e para baixo. Em teoria, é fácil: ligar o queimador – o balão soube, desligar –
desce gradualmente, abre a válvula superior – desce rapidamente. Na prática,
toda a física possui uma grande inércia: desde o momento da ligação do
queimador até o momento da subida passam cerca de dez segundos, por isso é
necessário calcular o tempo de “dar o gás” para não colidir com a linha de eletricidade
ou não cair no galinheiro de alguém.
Piloto
experiente proporciona a delícia aos turistas, subindo muito rapidamente, para
depois levar o balão quase até o chão. Na foto em baixo o balão voa por cima do campo
de milho, e os talos de milho “fazem cócegas” no fundo da gôndola :)
Os cães,
cabras, galinhas, patos e outros animais à vista de um balão literalmente
enlouquecem de horror. Em contraste com os Homo
Sapiens, a mente de animais não é muito adequada para apreciação de novos
fenómenos, e quando em cima de suas cabeças aparece um monstro expelindo as chamas,
a sua reação normal é fugir para se esconder.
Já
as pessoas acenam alegremente de seus jardins e até perguntam aos passageiros
se estes não sentem medo. Ao contrário de um avião, o passageiro é separado do
abismo apenas pelas paredes da gôndola, da qual é muito fácil de cair, e os
passageiros nem sequer usam os cintos de segurança. Mas na prática, apenas os
primeiros minutos de voo são assustadores, quando o balão está rapidamente
ganhando o terreno. Depois, o passageiro se acostuma rapidamente e desfruta da
experiência.
É
impossível levar o balão da frente para trás ou da direita para a esquerda, a sua
direção e velocidade dependem unicamente do vento. Nisso reside o gozo maior,
se mover com a velocidade do fluxo ventoso, de modo que o vento em si quase não
é sentido, o que aumenta a sensação de ausência de peso.
Outro
ponto negativo é perigoso voar com vento forte e é simplesmente proibido de levar
os turistas com os ventos acima de 4 m/s. Assim, os balões podem voar o ano
inteiro, mas não todos os dias – precisam de bom tempo, vento fraco e
temperatura adequada. Na Ucrânia se pode voar à partir da segunda quinzena de
abril até o início de novembro, apenas pelas manhãs – 1-2 horas após o nascer
do sol e à tarde – de 2 à 3 horas antes do pôr-do-sol.
Na
foto acima – a sombra do balão. Em princípio, a luz lateral – é uma coisa boa
para o fotógrafo, exceto quando o voo é numa tarde e o vento sopra para oeste
:( Por isso, todos os balões que voavam acima do balão do blogueiro, foram
fotografados com o sol ao fundo e não ficaram verdadeiramente brilhantes nas
fotos.
No
inverno europeu é possível voar durante todo o dia solar, mas os passageiros apanham
algum frio e a vista é menos interessante – tudo está preto e cinza ou coberto pela
neve. No verão – a beleza está em todos os lados.
Voos
turísticos geralmente duram de 40 à 80 minutos. Dependendo da força do vento,
durante este tempo o balão pode voar entre vários quilómetros às várias dezenas
de quilómetros. Este vou percorreu mais de 20 km.
Em
2002, o empreendedor e viajante americano Steve Fossett tornou-se
a primeira pessoa a voar ao redor do mundo. Para superar 34 mil quilómetros, ele
demorou 13 dias e 12 horas – sem fazer nenhum pouso.
O
balonismo de facto é uma atividade perigosa, mas apenas quando se trata de desporto
e de conquistas. Para os passeios turísticos, as regras são tão restritivas que
a chance de ter um acidente em um balão é muito menor de que na saída do seu
restaurante preferido.
O
balão pode aterrar em qualquer campo não semeado (para não causar o prejuízo
aos agricultores), que pode ser alcançado de carro (para depois retirar de lá o
balão e os passageiros). Às vezes, acontece que o tal campo deve ser procurado muito
rapidamente, antes de escurecer e aparecer a neblina.
Alguma
adrenalina também está sempre presente – por exemplo, neste voo aconteceu a
aterragem ligeiramente durinha, como resultado a gôndola se virou. Mas esta é
uma situação regular e ninguém ficou machucado. Apenas tiveram muita emoção :)
Na
Ucrânia o voo do balão custa cerca de 3.000 UAH por pessoa, por uma hora de voo,
cerca de 100 euros, o preço comercial regular europeu. É de notar que um balão
novo custa aproximadamente o mesmo que um carro de classe executiva. O custo do
balão da segunda mão – cerca de 10.000 Euros. E esses investimentos devem ser
recuperados, tendo em conta que não se consegue fazer mais de dois voos por dia
e não se voa todos os dias, mas menos de cem dias por ano. O gás é queimado a
um ritmo frenético e os pilotos também precisam de ganhar algum dinheiro.
Na
foto acima, a única ucraniana – piloto do balão :)
Ela
é filiada no clube Spart-Aeros, cujos
balões garantem os passeios turísticos em Bila Tserkva desde 1992. Se quiser
organizar uma festa na sua cidade ou garantir um voo individual – todas as
informações podem ser achadas na página do clube na Internet.
O
festival local do balonismo é organizado pela ONG Bila Tserkva Turística (https://www.facebook.com/bctravelcomua).
É uma pena que o festival não pode ser clonado em todas as cidades ucranianas.
Quem não participou no festival neste ano – no próximo verão haverá mais balões
em Bila Tserkva. 100% de garantia.
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