sábado, setembro 22, 2018

O ataque em Ahwaz no Irão (11 fotos)

Na cidade iraniana de Ahvaz/Ahwaz no decorrer de uma parada militar as forças do regime foram atacados pelos militantes desconhecidos. Neste momento já se fala sobre 35 mortos e até 70 feridos. O Daesh/EI e pelo menos uma organização militante sunita já reivindicaram o ataque.
No contexto de crescentes problemas e grande insatisfação social dos cidadãos, além do desejo implícito dos iranianos de desclericalizar a sua sociedade, intensificou as suas atividades a Organização dos Mujahidin do Povo Iraniano, um grupo de inspiração laica e esquerdista, a oposição radical ao regime iraniano. No seu passado histórico, o grupo (que saiu da lista das organizações terroristas dos EUA em 2012) foi responsável pelos vários ataques armados, matando no total cerca de 2.000 pessoas. Além disso, escreve o blogueiro militarista russo el-murid, no Irão podem surgir e surgem outros grupos radicais da nova geração – a rigidez do regime, juntamente com um grande leque de problemas insolúveis, cria as bases perfeitas para a ativização da resistência revolucionária armada.
A agência de informação Amak, próxima do Daesh/EI, anunciou a responsabilidade do Daesh/EI pelo ataque. Ao mesmo tempo, um representante do Movimento Árabe de Libertação de Ahwaz, Jakub Hur Tastari, em entrevista à Reuters, também assumiu a responsabilidade pelo ataque em nome de seu movimento. Neste momento é difícil dizer exatamente quem organizou o ataque. Pode ser Daesh/EI ou alguma estrutura de libertação árabe. Existe até a possibilidade de cooperação entre eles, já que o seu inimigo é comum.
Ahwaz é o centro administrativo da província de Cuzistão, com um número significativo da população árabe. Durante a guerra Irão – Iraque, a província, em parte, se tornou a zona de combates, uma parte considerável dos habitantes morreu na guerra, a atitude do Teerão oficial em relação ao região ainda é muito ambígua, apesar da grande oficialismo e cultivado a psicose patriótica. A população árabe é extremamente hostil às estruturas dos guardas revolucionárias e da Basij, que realizam a política de ocupação contra uma população árabe, potencialmente desleal ao regime. Ahwaz foi um dos centros de protestos populares que eclodiram no Natal de 2017, quando a população local atacava, de forma feroz, os escritórios destas duas estruturas paramilitares.
Deve-se ter em conta que, na sua maioria, os mortos e feridos pertencem às estruturas de guardas revolucionários, embora entre as vítimas também haja civis.
Tal como a URSS na época de guerra de Afeganistão, o Irão está descuidando o bem-estar social da sua própria população, para se concentrar nas duas ou até mesmo em três guerras que mantêm no exterior (na Síria, no Iraque e no Iémen, com uso dos proxies). No caso soviético o resultado foi bastante desastroso.


🇧🇦 (@aldin_ww) September 22, 2018

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