Na
cidade iraniana de Ahvaz/Ahwaz
no decorrer de uma parada militar as forças do regime foram atacados pelos militantes
desconhecidos. Neste momento já se fala sobre 35 mortos e até 70 feridos. O Daesh/EI
e pelo menos uma organização militante sunita já reivindicaram o ataque.
No
contexto de crescentes problemas e grande insatisfação social dos cidadãos, além
do desejo implícito dos iranianos de desclericalizar
a sua sociedade, intensificou as suas atividades a Organização
dos Mujahidin do Povo Iraniano, um grupo de inspiração laica e esquerdista,
a oposição radical ao regime iraniano. No seu passado histórico, o grupo (que
saiu da lista das organizações terroristas dos EUA em 2012) foi responsável
pelos vários ataques armados, matando no total cerca de 2.000 pessoas. Além
disso, escreve o blogueiro militarista russo el-murid, no Irão podem surgir e
surgem outros grupos radicais da nova geração – a rigidez do regime, juntamente
com um grande leque de problemas insolúveis, cria as bases perfeitas para a
ativização da resistência revolucionária armada.
A
agência de informação Amak, próxima do Daesh/EI, anunciou a responsabilidade do
Daesh/EI pelo ataque. Ao mesmo tempo, um representante do Movimento Árabe de
Libertação de Ahwaz, Jakub Hur Tastari, em entrevista à Reuters, também assumiu
a responsabilidade pelo ataque em nome de seu movimento. Neste momento é difícil
dizer exatamente quem organizou o ataque. Pode ser Daesh/EI ou alguma estrutura
de libertação árabe. Existe até a possibilidade de cooperação entre eles, já
que o seu inimigo é comum.
Ahwaz
é o centro administrativo da província de Cuzistão, com um número significativo
da população árabe. Durante a guerra Irão – Iraque, a província, em parte, se
tornou a zona de combates, uma parte considerável dos habitantes morreu na
guerra, a atitude do Teerão oficial em relação ao região ainda é muito ambígua,
apesar da grande oficialismo e cultivado a psicose patriótica. A população
árabe é extremamente hostil às estruturas dos guardas revolucionárias e da
Basij, que realizam a política de ocupação contra uma população árabe, potencialmente
desleal ao regime. Ahwaz foi um dos centros de protestos populares que eclodiram
no Natal de 2017, quando a população local atacava, de forma feroz, os
escritórios destas duas estruturas paramilitares.
Deve-se
ter em conta que, na sua maioria, os mortos e feridos pertencem às estruturas
de guardas revolucionários, embora entre as vítimas também haja civis.
Tal
como a URSS na época de guerra de Afeganistão, o Irão está descuidando o
bem-estar social da sua própria população, para se concentrar nas duas ou até
mesmo em três guerras que mantêm no exterior (na Síria, no Iraque e no Iémen,
com uso dos proxies). No caso soviético o resultado foi bastante desastroso.
🇧🇦 (@aldin_ww) September 22, 2018Moment when Iranian President Hassan Rouhani was informed about attack on military parade in Ahwaz city.pic.twitter.com/RG7M2ABwRQ— Aldin
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