sexta-feira, dezembro 18, 2020

Os genocídios soviéticos contra grupos étnicos e nações inteiras

Em 1937, na União Soviética ocorreu uma série de campanhas repressivas em massa contra os cidadãos soviéticos de etnicidade “estrangeira” (polacos/poloneses, alemães, letões, lituanos, estonianos, finlandeses, gregos, romenos, búlgaros, chineses, iranianos, afegãos e outros). 

No final da década de 1930, e de acordo com o mecanismo de responsabilidade coletiva, todos os cidadãos de etnicidade “estrangeira” (na ótica da URSS), eram vistos como base para atividades de espionagem e sabotagem de serviços de inteligência estrangeiros e como ambiente potencialmente desleal ao regime soviético, caíram sob suspeita. Os oficiais do NKVD começaram uma busca por espiões e sabotadores entre representantes de minorias nacionais muito antes do início do Grande Terror, ainda em 1934. Paralelamente, ocorreram as prisões de clérigos luteranos e católicos. A propaganda introduziu na sociedade soviética a ideia de sabotagem universal, “agentes estrangeiros”, a onipresença dos espiões ocidentais e a presença de uma “quinta coluna” na URSS. 

De agosto de 1937 à novembro de 1938, no âmbito de todas as “operações nacionais”, foram condenadas 335.513 pessoas, das quais 247.157 pessoas foram condenadas à morte, ou seja, 73,66% do total de condenados. No decorrer das “operações nacionais”, foram executados mutos comunistas e os seus simpatizantes que fugiram para a URSS, salvando-se da repressão nos seus países de origem (fonte). 

Cronologia do terror comunista soviético: 

9 de março de 1934 – decreto “Sobre medidas para proteger a URSS da penetração de elementos de espionagem, terrorismo e sabotagem”;

março de 1937 – início da campanha da “saída voluntária” dos estrangeiros da URSS; prisões em massa de pessoas em contato com diplomatas estrangeiros;

25 de julho de 1937 – “Operação alemã”, foram condenadas 55.005 pessoas, das quais 41.898 foram fuziladas;

11 de agosto de 1937 – “Operação polaca/polonesa”, condenadas 139.815 pessoas, das quais 111.071 fuziladas;

17 de agosto de 1937 – “Operação romena”, condenadas 8.292 pessoas, das quais 5.439 foram fuziladas;

20 de setembro de 1937 – “Operação de Harbin”, condenadas mais de 31.000 pessoas, das quais 19 mil fuziladas;

30 de novembro de 1937 – “Operação letã”, condenadas 21.300 pessoas, das quais 16.575 fuziladas;

11 de dezembro de 1937 – “Operação grega”, cerca de 15.000 detidos, cerca de 50% foram fuziladas ou morreram no GULAG;

14 de dezembro de 1937 – a diretiva do NKVD sobre a extensão da repressão no âmbito da “linha letã” contra estónios, lituanos, finlandeses e búlgaros. 9.735 pessoas foram condenadas no âmbito da “linha da Estônia”, incluindo 7.998 pessoas condenadas à morte, 11.066 pessoas foram condenadas no âmbito da “linha da Finlândia”, 9.078  foram condenadas à morte;

29 de janeiro de 1938 – “Operação iraniana”, condenadas 13.297 pessoas, das quais 2.046 à morte. 

Em 31 de janeiro de 1938, a Resolução do Politburo do Comité Central do Partido Comunista de União Soviética foi emitida sobre a extensão das operações nacionais até 15 de abril de 1938

1 de fevereiro de 1938 – “operações nacionais” contra búlgaros e macedônios;

16 de fevereiro de 1938 – “Operação afegã”, 1.557 pessoas foram condenadas, 366 à morte. 

Em 26 de maio de 1938, a Resolução do Politburo do Comité Central do Partido Comunista da URSS foi emitida sobre a extensão das operações nacionais até 1 de agosto de 1938. 

De acordo com essas e outras operações, os seguintes deveriam ser submetidos à repressão: alemães, romenos, búlgaros, polacos/poloneses, finlandeses, noruegueses, estónios, lituanos, letões, pachtuns, macedônios, gregos, persas, mingrelianos, laks, curdos, japoneses, coreanos, chineses, carelianos, etc. 

Com início da II G.M. outros 10 povos foram submetidos à deportação total com base na etnia: coreanos, alemães, finlandeses da Ingermanland, karachais, calmuques, chechenos, inguches, balcares, tártaros da Crimeia e turcos da Mesqueta. Sete deles – alemães, carachais, calmuques, inguches, chechenos, balcares e tártaros da Crimeia – também perderam as suas autonomias nacionais.

Muitas outras categorias étnicas, étnico-confessionais e sociais de cidadãos soviéticos foram submetidas a deportações na URSS: cossacos, kulaks/kurkuls de várias nacionalidades: polacos/poloneses, belarusoss, azeris, curdos, assírios, chineses, russos, iranianos, judeus iranianos, ucranianos, moldavos, lituanos, letões, estónios, gregos, italianos, búlgaros, armênios, hemichis, armênios “dachnacos”, turcos, tajiques, iacutos, abecasos, entre outros.

quinta-feira, dezembro 17, 2020

A noite polaca dos cristais em Lviv

O livro “Lwów – kres iluzji” (Lviv – o fim das ilusões) é o primeiro estudo histórico de grande envergadura que descreve o pogrom antissemita perpetuado pelos militares polacos/poloneses contra os moradores judeus da cidade de Lviv após a queda da República Popular da Ucrânia Ocidental (ZUNR) em novembro de 1918.

Por quase um século a historiografia polaca/polonesa descrevia essa tragédia como uma série de crimes banais, perpetuadas pelos ucranianos ou mesmo judeus, desertados do exército austríaco. 

O historiador polaco/polonês Grzegorz Gauden prova, de uma forma convincente, que a série dos pogroms judaicos que coincidiu com a proclamação da 2ª república polaca não era uma mera coincidência. 

Edição polaca/polonesa

A página histórica ucraniana IstPravda publica os trechos do seu livro: 

Às 5h30 do dia 22 de novembro de 1918 em Lviv, o futuro hino da Polónia soou como uma trombeta, que deu ao exército um sinal para atacar o bairro judeu [da cidade]. 

Após décadas de intensa doutrinação pela Democracia Nacional e pela Igreja Católica [polaca/polonesa], os judeus se tornaram para os polacos/poloneses um demônio que ameaçava o sistema cristão e o quarto invasor da Polónia. Na retórica política polaca/polonesa no início do século XX, os judeus eram retratados como o agressor mais perigoso. 

A sinagoga profanada. Foto: DAS INTERESSANTE BLATT

[…] 

A imagem de soldados polacos/poloneses enfurecidos batendo com espadas os judeus indefesos, mulheres e homens, aparece em muitos depoimentos. Para zombar dos judeus, eles usaram mais do que apenas espadas; eles também usaram coronhas de revólver e de espingardas/rifle, punhos, baionetas, chicotes, paus, lanças e lâmpadas de querosene para atear fogo aos lares judeus. 

O exército e o público polaco/polonês tiraram das “forças estrangeiras”, das forças judaicas, das pessoas indefesas tudo o que poderia ser suportado. E quando algo não podia ser tolerado, eles o destruíam. 

[…] 

A edição ucraniana

O pogrom não se limitou à violência física. Para quem o planeou, a violência simbólica e a humilhação dos judeus foram muito importantes. 

“22/XI, às 11 horas, vi pela janela que em frente ao santuário [judaico] estavam os restos dispersos de publicações da sinagoga, e dois oficiais vieram em uma carroça de duas rodas. Eles observaram por um longo tempo enquanto legionários e civis armados chutavam, queimavam e atiravam – esses restos”, testemunhou Pinya Posthorn. 

[…] 

A queima pública de livros sagrados, a queima de sinagogas e a profanação do cemitério judaico foram uma demonstração do triunfo polaco/polonês e do prazer de humilhar os judeus. 

Os perpetradores polacos/poloneses do pogrom não tinham assassinatos, estupros, incêndios criminosos, tortura e saques suficientes. Os judeus também deveriam ter sido privados de sua dignidade humana. O espetáculo de violência simbólica e corrupção pública, que começou nos dias do pogrom, durou semanas e meses em Lviv. 

Jornal polaco/polonês "Nowy Dziennik", 27/11/1918

[…] 

As histórias de vítimas e testemunhas não são capazes de transmitir o horror desses acontecimentos. Neles não se ouvem os uivos de pessoas espancadas, os gritos de mulheres estupradas, os gemidos de pessoas queimando em casas, os gritos de homens, mulheres e crianças, o lamento vindo das varandas, pátios e ruas do bairro judeu de Lviv. 

Ler mais em polaco/polonês e/ou ucraniano

quinta-feira, dezembro 10, 2020

O comunista canadense que se tornou dissidente ucraniano

O comunista canadense de origem ucraniana, Ivan Kolyaska (John Kolasky), veio à União Soviética estudar o “comunismo científico”. Chegou à ser preso e deportado, se transformando no crítico da União Soviética e da distopia comunista. 

Ivan Kolyaska nasceu em 1915 no Canadá, filho dos pais ucranianos. Tornando-se órfão do pai e passando as necessidades no decorrer da grande depressão, aderiu à ideologia comunista, foi um membro e ativista do PC do Canadá entre 1932 à 1968. Em 1963-64 estudou em Kyiv na Escola Superior do Partido, uma espécie de academia ideológica do PC soviético. 

Na Ucrânia soviética ele vê uma imagem completamente diferente daquela que foi lhe apresentada no Canadá pela propaganda soviética. A principal coisa que o impressionou negativamente foi a política estatal da russificação total, qual, Moscovo, à todo custo escondia dos olhos do exterior. Ele está começando a reunir evidências da política planeada do Kremlin de destruição da língua e da cultura ucraniana. Acabou por ser preso e depois deportado da URSS como estrangeiro indesejável. Se tornou um dos principais porta-vozes da Diáspora ucraniana na campanha pelos direitos nacionais. 

Escreveu vários livros. Não tinha a sua própria família, por isso viveu e morreu na casa de um outro dissidente ucraniano, Levko Lukyanenko. Foi enterrado na aldeia de Khotiv na Ucrânia.

quarta-feira, dezembro 09, 2020

A real escravatura kolkhoziana soviética

Durante décadas, aos camponeses soviéticos não eram atribuídos os passaportes internos, para garantir que sem o documento de identificação eles não abandonassem o campo. Mas além disso, os camponeses reformados recebiam como reforma os valores absolutamente baixos, impossíveis de alimentar uma pessoa adulta. 

Por exemplo, o blogueiro ucraniano Mykola Myts mostra o certificado da reforma da sua mãe, Agrepyna Myts, que em 1964 se reformou, após uma vida inteira trabalhando para uma fazenda agrícola estatal, recebendo a reforma de 6 rublos e 45 copeque (10,93 dólares ao câmbio oficial). Aos preços soviéticos da época, Agrepyna podia comprar 4,03 kg da mortadela mais barata, conhecida na Ucrânia como “felicidade de cão”, que os reformados mais abastados, moradores das cidades, compravam para alimentar os seus gatos e cães (os pets).

No entender do estado soviético, os camponeses poderiam ter a sua própria horta/roça/machamba e poderiam criar os animais domésticos (galinhas, cabritos, vacas), como tal, poderiam sobreviver com uma pensão absolutamente miserável, num país, onde na década de 1960 o salário mínimo era de 60 (e mais tarde de 70) rublos…

terça-feira, dezembro 08, 2020

O extermínio físico da fina flor da elite intelectual da Ucrânia


Nos dias 8-10 de dezembro de 1937 na região russa de Solovki foi fuzilada a 2ª etapa inteira de prisioneiros políticos – no total 510 pessoas. Entre eles a fina flor da elite intelectual da Ucrânia. 

Entre as vítimas estava a médica dermatologista ucraniana Volodymyra (Woldemira) Krushelnytska. No início da década de 1930 com toda a sua família ela se mudou de Lviv, sob ocupação polaca a cidade de Kharkiv, de momento, a capital da Ucrânia soviética. Em Kharkiv, em 1934 ela foi presa e enviada ao campo de concentração de Solovki, no mesmo ano foram presos e fuzilados dois dos seus irmãos, poeta, dramaturgo e pintor Ivan (29) e escritor e tradutor – Taras (26). Um ano depois, do desgosto morreu a mãe deles – atriz e escritora Maria Krushelnytska. No outono de 1937 na mata de Sandermokh na região russa de Karélia, inseridos na 1ª etapa de Solovki foi fuzilado o pai da Volodymyra — escritor Anton Krushelnytskiy (59) e seus dois irmãos economista Bohdan (31) e jornalista Ostap (26). 

Os seus assassinos foram condecorados, no total o grupo de carrascos recebeu 10 pistolas, 4 prendas valiosas, 1 relógio, 1 jogo de chávenas de chá e 150 rublos de prémio. Após o fuzilamento da 1ª e 2ª etapas de Solovki (mais de 1.000 prisioneiros), todos os membros do NKVD de Leninegrado, responsáveis pelo fuzilamento em massa foram condecorados “pelo trabalho altruísta na combate à contrarrevolução” (ordem do NKVD da região de Leninegrado do 20 de dezembro de 1937). 

Oficiais Derevyanko, Larioshin, Tverdohleb, Chigintsev, Vasiliev, Yershov, Kuznetsov e até motorista Fedotos receberam as armas pessoais. 2º tenente Alafer, capitão Matveev, 1º tenente Polikarpov e 2º tenente Shalygin receberam “prendas valiosas”. Motorista Voskresenskiy recebeu relógio. 

Capitão Matveev recebeu um rádio, em 1939 ele próprio foi preso. Três dias depois tenente Polikarpov se suicidou, na eminência também ser detido. O chefe local do NKVD Ivan Dobrovolskiy chegou ao posto do coronel, recebendo uma boa reforma, até que em 1957 foi considerado “despedido, pelas ações que desacreditam a patente do oficial”. 

Tenente Podgorniy, comandante do 225º pelotão de fuzilamento, recebeu em dezembro de 1937 a condecoração e 100 rublos de prémio pelo «bom desempenho dos serviços especiais e garantia da preparação combativa». Alferes Polikarpov recebeu a mesma condecoração e 50 rublos de prémio pelo «bom desempenho dos serviços especiais e garantia da preparação combativa». Oficial Antonov-Gritsiuk levou um jogo de chá (2ª etapa de Solovki). 

Na foto inicial: a família Krushelnytski antes do início do Grande Terror soviético: sentados (da esquerda à direita): Volodymyra (fuzilada), Taras (fuzilado), Maria (mãe), Larisa, pai Anton (fuzilado). De pé: Ostap (fuzilado), Halyna (esposa do Ivan), Ivan (fuzilado), Natália (esposa do Bohdan), Bohdan (fuzilado).

domingo, dezembro 06, 2020

«Ucrânia: História, Cultura e Identidades». O primeiro curso online sobre Ucrânia em inglês

O Instituto Ucraniano, a Universidade Nacional «Academia Kyiv-Mohyla» e o estúdio de educação online EdEra desenvolveram o primeiro curso online sobre Ucrânia em inglês – «Ucrânia: História, Cultura e Identidades». O curso guiará os ouvintes através dos mil anos de história ucraniana, desde Rus de Kyiv até a declaração de independência em 1991.

O curso ajudará a adquirir conhecimentos básicos sobre a história e a cultura ucraniana, além de quebrar os estereótipos de que a Ucrânia está associada apenas à guerra e à catástrofe de Chornobyl. É o maior país da Europa, berço de Kazymyr Malevych, Alla Horska, Oleksandr Dovzhenko e de muitos artistas talentosos e figuras públicas conhecidas em todo o mundo. Ucrânia sempre teve influência na história global.

O curso online «Ucrânia: História, Cultura e Identidades» será lançado como um MOOC. Consiste em 5 módulos:

·         Ucrânia independente;

·         Rus de Kyiv e a Idade Média;

·         Território ucraniano no início da era moderna;

·         Ucrânia no século XIX;

·         Ucrânia no século XX.

Os leitores do curso são os investigadores ucranianos e os professores da Academia Kyiv-Mohyla. O curso será gratuito. A data de lançamento do curso será anunciada em breve. Acompanhe as novidades do projeto nas nossas redes sociais.

Saber mais:

https://ui.org.ua/onlinecourse_en

https://web.facebook.com/UkrainianInstitute

domingo, novembro 29, 2020

Holodomor na demografia soviética

Milhões de ucranianos morreram durante o Holodomor de 1932-33. Mas as autoridades soviéticas não queriam reconhecer nem mesmo o menor indício do genocídio que haviam criado. Isso é evidenciado pelos arquivos atualmente tornados públicos.

Por exemplo, o Censo geral soviético de 1937 demostrou uma verdadeira crise demográfica. Os demógrafos soviéticos esperavam que na Ucrânia vivesse cerca de 35 milhões de habitantes naquela época. Em vez disso, o Censo mostrou apenas 29 milhões, quase no nível de 1926.

Esse relatório final não foi apreciado pela liderança do partido comunista. Portanto, os responsáveis pelo Censo, incluindo Olympiy Kvitkin, foram acusados ​​de “obter figuras artificialmente subestimadas e pervertidas" e e de seguida fuzilados.

Embora o pouco conhecido Kvitkin [russo étnico, social-democrata e depois membro do PC soviético] não tivesse medo de escrever a verdade: que a coletivização levou à extinção do povo, que os camponeses mais ativos e saudáveis ​​fugiam dos kolkhozes (fazendas coletivas e) e estes se desintegraram, que o socialismo “não melhora, mas sufoca o bem-estar das massas”.

Ver e ler outros sobre este caso, coletados pelo Arquivo Estatal do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU): http://avr.org.ua/?idUpCat=1847

segunda-feira, novembro 23, 2020

Os americanos escutam e apreciam a música moderna ucraniana

Dois casais americanos escutam e reagem à música moderna ucraniana: Jinjer – “Pisces”, Verka Serduchka “Dancing Lasha Tumbai” (Eurovisão 2007), Khrystyna Soloviy “Fortepiano” e Onuka “Time”.

Seguramente você também poderá descobrir aqui a sua banda ucraniana preferida!

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As discotecas na URSS na era das proibições (20 fotos)


domingo, novembro 22, 2020

As bandas e cantores proibidos na União Soviética

Os comunistas soviéticos estavam convencidos de que a música, a moda, os filmes e, em geral, toda a cultura de massa e a contracultura do Ocidente eram armas da Guerra Fria – não menos perigosas do que as bombas. Hoje iremos recordar as bandas e cantores que foram proibidos na URSS e como essa proibição era justificada.

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quinta-feira, novembro 19, 2020

Revista “New Eastern Europe”

Está disponível a nova, 6ª edição da revista New Eastern Europe, que ajuda à compreender os valores em tempos incertos: Europa, Europa Central, Ucrânia, Belarus e muito, muito mais.

Obter aa sua cópia aqui https://bit.ly/32P2ngb   

segunda-feira, setembro 21, 2020

De nazi soviético ao separatista “antifascista”


Em abril de 1985 na cidade ucraniana de Voroshylovohrad foi descoberto um grupo de jovens que imitava as práticas do Gestapo, 30 anos depois, o seu líder, jovem comunista outrora, aderiu com corpo e alma à causa terrorista e separatista do leste da Ucrânia.

Em abril de 1985, em Voroshilovgrad, foi descoberto e desmantelado um grupo antissocial (composto por 12 pessoas de 15 à 20 anos), que, imitando às práticas de Gestapo, sadicamente humilhava de seus pares, encenava o enforcamento e estuprava as meninas que aderiram ao bando. O lídee e organizador deste bando foi Konoplitsky S.S., nascido em 1966, membro da juventude comunista Komsomol, o motorista do 2º Departamento de reparação e construção de estradas de Voroshilovgrad, forçava os seus cúmplices a chamá-lo de “Standartenführer SS”. Konoplitsky e sete outros membros do grupo foram presos por cometer crimes nos termos dos artigos 117 e 206 do Código Penal da RSS da Ucrânia (estupro, vandalismo).

Arquivo do KGB da Ucrânia Soviética, cortesia Eduard Andryushchenko

30 anos depois, Konoplitsky Sergey Sergeevich, nascido aos 06/08/1966, é conhecido terrorista e membro de grupos armados ilegais da dita “lnr”. Nom de guerre “Maníaco”.

Combatente ilegal do bando ilegal armado “ batalhão Batman”, contra o qual, em 30 de dezembro de 2014, o “ministério público” dos separatistas de Luhansk abriu um processo criminal sob acusação de “prisão ilegal de duas ou mais pessoas”, “tortura, assassinato, sequestro de civis, extorsão e roubos”.

Base de dados Myrotvorets/Pacificador

Como ele próprio admitiu publicamente entre os métodos de impacto físico costumava utilizar contra as vítimas os golpes de martelo e de canos plásticos:

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sexta-feira, setembro 11, 2020

Caso Ihor Homenyuk. Diplomacia ucraniana questiona Governo português sobre investigação

[Ministro] Augusto Santos Silva garante que o processo decorre “dentro da lei”. Ministério Público [português] negou acesso da viúva aos autos alegando que o processo está em segredo de justiça, escreve Observador.pt 

O ministro dos Negócios Estrangieors da Ucrânia, Dmytro Kuleba esteve em Portugal na quarta-feira para se reunir com o homólogo Santos Silva e com um tema quente na agenda: a investigação e processo judicial sobre a morte de Ihor Homenyuk ocorrida a 12 de março, no Centro de Instalação Temporário do SEF no Aeroporto de Lisboa.

De Portugal, Kuleba levou a garantia de que tudo estava a correr “dentro da lei”, segundo o cônsul Volodymyr Kamarchuk que confirmou ao Publico qual o teor do encontro entre os dois governantes. “A embaixada não quer que este caso seja esquecido, por isso foi mencionado em reuniões de altas instâncias”, detalhou o cônsul, citado no diário.

Sobre a morte do compatriota, Kamarchuk diz não conseguir “encontrar palavras em inglês” que permitam expressar a sua opinião. “Podia ter acontecido a qualquer um. Ele só queria entrar em Portugal. Tento que a comunidade não se esqueça deste caso”, afirmou. 

Já o gabinete de Augusto Santos Silva, disse ao Público que o ministro “transmitiu, de novo, o quanto lamentava o acontecimento e informou que o processo judicial está em curso”. 

A viúva de Ihor, Oksana Homenyuk, constitui-se como assistente no processo, mas o pedido de acesso aos autos foi indeferido pelo Ministério Público, alegando que o processo está em segredo de justiça, o que preocupa a embaixada ucraniana. 

O advogado da família, José Gaspar Schwalbach, argumenta que a alegação de que o processo está em segredo de justiça não encontra base legal uma vez que o Código de Processo Penal Português estipula que “o processo penal é público, sob pena de nulidade, acrescentado o n.º 2 do mesmo preceito que o segredo de justiça existirá quando se entenda que ‘a publicidade prejudica os direitos daqueles sujeitos ou participantes processuais’”.

quinta-feira, setembro 10, 2020

Protocolos dos Sábios de Sião: nascimento dos fake news

Edição da emigração russa em Nova Iorque nos EUA de 1921
No dia 10 de setembro de 1903 em São Petersburgo na Rússia começou ser publicada a mais famosa falsificação antissemita – “Programa de conquista do mundo pelos judeus”, mais conhecida como “Protocolos dos Sábios de Sião”.

A falsificação teve a sua primeira edição no jornal de extrema direita populista russa “Znamya” (Bandeira), editado e publicado pelo deputado da Duma Estatal russa, notável racista, antissemita e anti ucraniano, Pavel Krushevan.

Poucos panfletos antissemitas podem igualar a popularidade aos “Protocolos dos Sábios de Sião”. Publicados no início do século passado na Rússia, o livro ganhou a popularidade internacional a partir de outubro de 1917. A falsificação usada pelos regimes mais odiosos do século passado parecia perder todo o seu apelo. Mas não. O livro ainda é referenciado e citado. E o mais popular permanece em seu país natal – na Rússia.
Embora em 2011, o órgão oficial do partido comunista português (PCP), o Avante!, citou e se baseou na famosa falsificação, acusando o “sionismo global” de atacar os direitos da “classe operária e camponesa”.

segunda-feira, agosto 31, 2020

A fábrica de memes ucranianos @in_ukraine_we_dont_say

Durante os últimos dias no Instagram e no twitter faz muito sucesso a fábrica de memes ucranianos @in_ukraine_we_dont_say ... and I think thats beautiful!

domingo, agosto 30, 2020

Moedas antigas de Rus de Kyiv foram encontradas na Irlanda e na Ucrânia

Imagens de moedas do período do príncipe de Kyiv – São Volodymyr (960/963 –1015) na publicação “O nosso brasão: símbolos ucranianos desde os tempos principescos até ao presente”.
Dois tesouros sensacionais da época de Rus de Kyiv foram acidentalmente encontrados na Irlanda e na região ucraniana de Zhytomyr. As moedas de prata e ouro fornecem novas percepções sobre o período medieval proto-ucraniano.
Esta descoberta é bastante incomum para a Irlanda. Um detector de metais encontrou várias moedas muito raras que datam da época da Rus de Kyiv, há mais de 1000 anos. Essas moedas de prata e ouro são as primeiras de seu tipo encontradas na Irlanda e fornecem novas percepções sobre o período medieval proto-ucraniano.
Eles foram encontrados pelo entusiasta detector de metais Robert Carley em Glanmere, perto da cidade de Cork. Nada mais foi encontrado ao lado das moedas. As moedas são pequenas, com símbolos cristãos em relevo, imagens de monarcas e um tridente ucraniano.

As moedas antigas da Rus de Kyiv datam do século X. Muito provavelmente eles foram cunhadas durante o reinado de Volodymyr, o Grande (958 – 1015 DC). Antes de Volodymyr, o Grande, a Rus de Kyiv usava moedas árabes e bizantinas ou barras de ouro. A cunhagem do próprio dinheiro “foi, de certa forma, uma declaração política da soberania e importância do país”.
As moedas dessa época são extremamente raras e provavelmente foram usadas para pagar mercadores ou mercenários. Quem as enterrou nunca mais voltou a encontrar o seu pequeno tesouro de moedas, que estão extremamente bem conservadas. A identidade do proprietário é desconhecida, mas presume-se que ele era um viking.

Nos séculos X e XI DC, os vikings se estabeleceram na cidade de Cork e a transformaram em um grande centro comercial, que estava ligado às redes comerciais escandinavas, estendendo-se para o leste, até a própria Rus de Kyiv. A pessoa que enterrou as moedas “foi provavelmente um mercenário que as trouxe para a Irlanda”. As moedas mostram como, apesar de sua péssima reputação, os vikings também conectavam partes distantes do mundo, como a Irlanda e a Ucrânia.
Curiosamente, moedas de qualidade inferior são mais comuns nas antigas terras de Rus de Kyiv e as moedas de prata de melhor qualidade – fora dela. Parece que aqueles com maior pureza de prata eram usados ​​para pagar mercadores e mercenários estrangeiros. As moedas viking também podem ser usadas para fins diplomáticos. Os presentes foram importantes para a formação de alianças na Idade Média.

Robert está encantado com sua descoberta e em sua carta afirma que “todo detector de metais amador sonharia em encontrar algo assim”. Ele também acredita que suas descobertas mostram que muitos achados valiosos ainda estão escondidos na Irlanda.


Um tesouro sensacional da época de Rus de Kyiv foi acidentalmente encontrado na região ucraniana de Zhytomyr. Em Horodnytsia (região de Zhytomyr), começou a transferência oficial do tesouro de moedas de prata de São Volodymyr (O Grande) e Sviatopolk Yaropolkovych. Um total de 32 moedas – as primeiras moedas da Rus-Ucrânia, a maior descoberta do género nos últimos 100 anos, informa a Rádio Svoboda.

As moedas de prata que datam de anos 1000-1019 representam o príncipe de Kyiv e, no verso, o emblema do príncipe é um tridente de Volodymyr e um bidente de Sviatopolk, escreve Oleksandr Alfyorov.

sexta-feira, agosto 21, 2020

O general russo Vyacheslav Gladkikh liquidado na Síria

No dia 18 de agosto, na província síria de Deir Ez-Zor, foi fisicamente eliminado o “assessor sénior” do regime sírio, o major-general do exército russo, Vyacheslav Gladkikh.

A filmagem mostra que um artefato explosivo improvisado (AEI) explode após que os militares russos pararam no local onde um comboio do regime do Damasco foi emboscado. Na explosão, que se deu na província de Deir Ez-Zor, morreu o comandante das “Forças de Defesa Nacional” da cidade de Meyadin – Muhammad Tiysir Az-Zahir, também ficaram feridos vários outros militares russos e sírios.
Faça um click se você é maior de 18 anos e se realmente quer ver isso
Segundo o projeto @wargonzo esta é a quarta explosão contra as colunas militares e/ou paramilitares do regime do Damasco na província de Deir ez-Zor nos últimos 10 dias.

Ciência soviética: laboratório toxicológico do NKVD

Imagem meramente ilustrativa
O trabalho com venenos e drogas começou a ser realizado pela OGPU em 1926 sob a direção do Vyacheslav Menzhinsky. O laboratório foi criado para realizar os atos terroristas no exterior, experimentando os derivados de gás mostarda antes da Alemanha nazi(sta).

Pela primeira vez, o trabalho com venenos e drogas começou a ser realizado na OGPU em 1926 sob a direção do Comissário do Povo para a Segurança, Vyacheslav Menzhinsky. O laboratório especial fazia parte de um grupo secreto liderado pelo ex-militante do partido socialista-revolucionário Yakov Serebryansky. O “grupo do Yasha” foi criado para realizar atos terroristas no exterior, estava diretamente subordinado ao Comissário do Povo e existiu até 1938.

O próximo Comissário do Povo, Genrikh Yagoda, estava profissionalmente interessado em venenos: era farmacêutico pela formação académica. Aparentemente, sob Yagoda, um laboratório especial consistia em duas subdivisões: química e químico-bacteriológica. Em 1936, por ordem de Estaline, Yagoda foi afastado do cargo de Comissário do Povo para a Segurança, preso em março de 1937, condenado durante o julgamento de Nikolai Bukharin por organizar assassinatos supostamente cometidos por médicos, e fuzilado em 1938.

Sob o novo Comissário do Povo, Nikolai Yezhov, os métodos do “grupo do Yasha” começaram a ser usados ​​para “limpar” até mesmo na Lubyanka. Em 17 de fevereiro de 1938, o chefe do Departamento de Relações Exteriores do NKVD, Abram Slutsky, foi encontrado morto no escritório de Mikhail Frinovsky, o vice-comissário do povo. Ao lado do corpo de Slutsky, que havia caído desajeitadamente da cadeira, estava um copo vazio de chá. Frinovsky anunciou confidencialmente aos oficiais do NKVD que o médico já havia estabelecido a causa da morte: insuficiência cardíaca. Vários oficiais do NKVD que conheciam os sintomas de envenenamento por cianeto de potássio notaram manchas azuladas específicas no rosto de Slutsky.

Sob o novo Comissário do Povo, Lavrenty Beria, o laboratório secreto foi reorganizado. Desde 1938, integrava o 4º departamento especial do NKVD e, desde março de 1939, era chefiado por Mikhail Filimonov, farmacêutico de formação, que tinha a licenciatura em ciências médicas. A partir desse momento, Mairanovsky foi alistado como chefe do 7º departamento do 2º departamento especial do NKVD, um dos dois laboratórios deste departamento especial.

“De 1946 a 1953, um notório laboratório chamado “Kamera” existiu como parte da estrutura do Ministério da Segurança do Estado em Moscovo/u. Era composto por um diretor médico e vários assistentes. Eles conduziram experiências com pessoas – prisioneiros no corredor da morte – para determinar a eficácia de vários venenos e injeções, bem como uso de hipnose e drogas nos interrogatórios. Apenas o Ministro da Segurança do Estado e quatro oficiais da alta direção do MGB tiveram acesso a este laboratório” (do livro do ex-oficial da KGB, não-retornado Peter Deryabin).

O coronel Bobrenev, que teve acesso aos arquivos investigativos de Mayranovsky e Beria, descreve o "laboratório da morte" da seguinte forma: “Para o laboratório ... eles alocaram uma grande sala no primeiro andar de um prédio de esquina na ruela Varsanofievsky. A sala estava dividida em cinco celas, cujas portas com vigias ligeiramente aumentadas se abriam para uma espaçosa área de recepção. Aqui, durante as experiências, alguém da equipa/e do laboratório estava constantemente de plantão...

...Quase diariamente, os prisioneiros condenados à morte eram entregues ao laboratório. O procedimento parecia um exame médico regular. O “médico” gentilmente perguntava ao “paciente” sobre seu estado de saúde, dava conselhos e imediatamente oferecia um remédio...”

Segundo testemunhas oculares, “Mairanovsky trouxe para o laboratório pessoas decrépitas e cheias de saúde, gordas e magras... Alguns morreram depois de três ou quatro dias, outros sofreram por uma semana”.

O principal objetivo do laboratório era encontrar venenos que não pudessem ser identificados na autópsia. Primeiro, Mayranovsky experimentou derivados insípidos de gás mostarda. Tudo indica que ele começou a experimentar essas substâncias ainda antes de seus colegas na Alemanha nazi(sta), onde as primeiras experiências com gás mostarda foram realizadas em prisioneiros de Sachsenhausen em 1939.

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Calendário do Património Ucraniano de 2021

A organização sem fins lucrativos “Ukrainian San Antonio” (EUA) tem o orgulho de apresentar o seu primeiro Calendário do Património Ucraniano de 2021, que mostra roupas tradicionais ucranianas autênticas de todas as principais regiões da Ucrânia.

No sábado, 22 de agosto de 2020, será organizada uma apresentação oficial do calendário online.

Membros de comunidade ucraniana local tiveram a oportunidade única de colaborar com Natalia Sturgill, uma colecionadora particular de roupas ucranianas autênticas, para recriar imagens de ucranianos do início da era pré-soviética do século XX. A coleção impressionante de roupas e atributos autênticos feitos à mão da Sra. Sturgill é um tesouro da herança ucraniana que temos a sorte de testemunhar em primeira mão e apresentar ao resto do mundo.

Um grupo de ucranianos texanos viajou para a Geórgia, nos Estados Unidos, por quase uma semana, para participar da sessão de fotos do calendário. Parecia uma viagem no tempo para experimentar a maneira como ancestrais ucranianos eram e viviam. Estamos muito orgulhosos de que os membros mais jovens da comunidade, com menos de quatro anos, tenham participado desse projeto.
Esperamos que, ao folhear as páginas do calendário, você se inspire na beleza criada por nossos ancestrais, sinta uma conexão mais profunda com suas raízes e continue seu compromisso com a cultura e herança ucraniana.

Fique conectado, curtindo a página no Facebook: https://www.facebook.com/ukrainiansanantonio

Você pode encontrar mais informações sobre como adquirir o Calendário do Património Ucraniano de 2021 em qualquer uma das seguintes mídias:
Instagram: ukrainian_san_antonio

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