Por quase um século a historiografia polaca/polonesa descrevia essa tragédia como uma série de crimes banais, perpetuadas pelos ucranianos ou mesmo judeus, desertados do exército austríaco.
O historiador polaco/polonês Grzegorz Gauden prova, de uma forma convincente, que a série dos pogroms judaicos que coincidiu com a proclamação da 2ª república polaca não era uma mera coincidência.
Edição polaca/polonesa |
A página histórica ucraniana IstPravda publica os trechos do seu livro:
Às 5h30 do dia 22 de novembro de 1918 em Lviv, o futuro hino da Polónia soou como uma trombeta, que deu ao exército um sinal para atacar o bairro judeu [da cidade].
Após décadas de intensa doutrinação pela Democracia Nacional e pela Igreja Católica [polaca/polonesa], os judeus se tornaram para os polacos/poloneses um demônio que ameaçava o sistema cristão e o quarto invasor da Polónia. Na retórica política polaca/polonesa no início do século XX, os judeus eram retratados como o agressor mais perigoso.
A sinagoga profanada. Foto: DAS INTERESSANTE BLATT |
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A imagem de soldados polacos/poloneses enfurecidos batendo com espadas os judeus indefesos, mulheres e homens, aparece em muitos depoimentos. Para zombar dos judeus, eles usaram mais do que apenas espadas; eles também usaram coronhas de revólver e de espingardas/rifle, punhos, baionetas, chicotes, paus, lanças e lâmpadas de querosene para atear fogo aos lares judeus.
O exército e o público polaco/polonês tiraram das “forças estrangeiras”, das forças judaicas, das pessoas indefesas tudo o que poderia ser suportado. E quando algo não podia ser tolerado, eles o destruíam.
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A edição ucraniana |
O pogrom não se limitou à violência física. Para quem o planeou, a violência simbólica e a humilhação dos judeus foram muito importantes.
“22/XI, às 11 horas, vi pela janela que em frente ao santuário [judaico] estavam os restos dispersos de publicações da sinagoga, e dois oficiais vieram em uma carroça de duas rodas. Eles observaram por um longo tempo enquanto legionários e civis armados chutavam, queimavam e atiravam – esses restos”, testemunhou Pinya Posthorn.
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A queima pública de livros sagrados, a queima de sinagogas e a profanação do cemitério judaico foram uma demonstração do triunfo polaco/polonês e do prazer de humilhar os judeus.
Os perpetradores polacos/poloneses do pogrom não tinham assassinatos, estupros, incêndios criminosos, tortura e saques suficientes. Os judeus também deveriam ter sido privados de sua dignidade humana. O espetáculo de violência simbólica e corrupção pública, que começou nos dias do pogrom, durou semanas e meses em Lviv.
Jornal polaco/polonês "Nowy Dziennik", 27/11/1918 |
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As histórias de vítimas e testemunhas não são capazes de transmitir o horror desses acontecimentos. Neles não se ouvem os uivos de pessoas espancadas, os gritos de mulheres estupradas, os gemidos de pessoas queimando em casas, os gritos de homens, mulheres e crianças, o lamento vindo das varandas, pátios e ruas do bairro judeu de Lviv.
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