sexta-feira, agosto 21, 2020

Ciência soviética: laboratório toxicológico do NKVD

Imagem meramente ilustrativa
O trabalho com venenos e drogas começou a ser realizado pela OGPU em 1926 sob a direção do Vyacheslav Menzhinsky. O laboratório foi criado para realizar os atos terroristas no exterior, experimentando os derivados de gás mostarda antes da Alemanha nazi(sta).

Pela primeira vez, o trabalho com venenos e drogas começou a ser realizado na OGPU em 1926 sob a direção do Comissário do Povo para a Segurança, Vyacheslav Menzhinsky. O laboratório especial fazia parte de um grupo secreto liderado pelo ex-militante do partido socialista-revolucionário Yakov Serebryansky. O “grupo do Yasha” foi criado para realizar atos terroristas no exterior, estava diretamente subordinado ao Comissário do Povo e existiu até 1938.

O próximo Comissário do Povo, Genrikh Yagoda, estava profissionalmente interessado em venenos: era farmacêutico pela formação académica. Aparentemente, sob Yagoda, um laboratório especial consistia em duas subdivisões: química e químico-bacteriológica. Em 1936, por ordem de Estaline, Yagoda foi afastado do cargo de Comissário do Povo para a Segurança, preso em março de 1937, condenado durante o julgamento de Nikolai Bukharin por organizar assassinatos supostamente cometidos por médicos, e fuzilado em 1938.

Sob o novo Comissário do Povo, Nikolai Yezhov, os métodos do “grupo do Yasha” começaram a ser usados ​​para “limpar” até mesmo na Lubyanka. Em 17 de fevereiro de 1938, o chefe do Departamento de Relações Exteriores do NKVD, Abram Slutsky, foi encontrado morto no escritório de Mikhail Frinovsky, o vice-comissário do povo. Ao lado do corpo de Slutsky, que havia caído desajeitadamente da cadeira, estava um copo vazio de chá. Frinovsky anunciou confidencialmente aos oficiais do NKVD que o médico já havia estabelecido a causa da morte: insuficiência cardíaca. Vários oficiais do NKVD que conheciam os sintomas de envenenamento por cianeto de potássio notaram manchas azuladas específicas no rosto de Slutsky.

Sob o novo Comissário do Povo, Lavrenty Beria, o laboratório secreto foi reorganizado. Desde 1938, integrava o 4º departamento especial do NKVD e, desde março de 1939, era chefiado por Mikhail Filimonov, farmacêutico de formação, que tinha a licenciatura em ciências médicas. A partir desse momento, Mairanovsky foi alistado como chefe do 7º departamento do 2º departamento especial do NKVD, um dos dois laboratórios deste departamento especial.

“De 1946 a 1953, um notório laboratório chamado “Kamera” existiu como parte da estrutura do Ministério da Segurança do Estado em Moscovo/u. Era composto por um diretor médico e vários assistentes. Eles conduziram experiências com pessoas – prisioneiros no corredor da morte – para determinar a eficácia de vários venenos e injeções, bem como uso de hipnose e drogas nos interrogatórios. Apenas o Ministro da Segurança do Estado e quatro oficiais da alta direção do MGB tiveram acesso a este laboratório” (do livro do ex-oficial da KGB, não-retornado Peter Deryabin).

O coronel Bobrenev, que teve acesso aos arquivos investigativos de Mayranovsky e Beria, descreve o "laboratório da morte" da seguinte forma: “Para o laboratório ... eles alocaram uma grande sala no primeiro andar de um prédio de esquina na ruela Varsanofievsky. A sala estava dividida em cinco celas, cujas portas com vigias ligeiramente aumentadas se abriam para uma espaçosa área de recepção. Aqui, durante as experiências, alguém da equipa/e do laboratório estava constantemente de plantão...

...Quase diariamente, os prisioneiros condenados à morte eram entregues ao laboratório. O procedimento parecia um exame médico regular. O “médico” gentilmente perguntava ao “paciente” sobre seu estado de saúde, dava conselhos e imediatamente oferecia um remédio...”

Segundo testemunhas oculares, “Mairanovsky trouxe para o laboratório pessoas decrépitas e cheias de saúde, gordas e magras... Alguns morreram depois de três ou quatro dias, outros sofreram por uma semana”.

O principal objetivo do laboratório era encontrar venenos que não pudessem ser identificados na autópsia. Primeiro, Mayranovsky experimentou derivados insípidos de gás mostarda. Tudo indica que ele começou a experimentar essas substâncias ainda antes de seus colegas na Alemanha nazi(sta), onde as primeiras experiências com gás mostarda foram realizadas em prisioneiros de Sachsenhausen em 1939.

Ler mais em russo

Sem comentários: