terça-feira, dezembro 08, 2020

O extermínio físico da fina flor da elite intelectual da Ucrânia


Nos dias 8-10 de dezembro de 1937 na região russa de Solovki foi fuzilada a 2ª etapa inteira de prisioneiros políticos – no total 510 pessoas. Entre eles a fina flor da elite intelectual da Ucrânia. 

Entre as vítimas estava a médica dermatologista ucraniana Volodymyra (Woldemira) Krushelnytska. No início da década de 1930 com toda a sua família ela se mudou de Lviv, sob ocupação polaca a cidade de Kharkiv, de momento, a capital da Ucrânia soviética. Em Kharkiv, em 1934 ela foi presa e enviada ao campo de concentração de Solovki, no mesmo ano foram presos e fuzilados dois dos seus irmãos, poeta, dramaturgo e pintor Ivan (29) e escritor e tradutor – Taras (26). Um ano depois, do desgosto morreu a mãe deles – atriz e escritora Maria Krushelnytska. No outono de 1937 na mata de Sandermokh na região russa de Karélia, inseridos na 1ª etapa de Solovki foi fuzilado o pai da Volodymyra — escritor Anton Krushelnytskiy (59) e seus dois irmãos economista Bohdan (31) e jornalista Ostap (26). 

Os seus assassinos foram condecorados, no total o grupo de carrascos recebeu 10 pistolas, 4 prendas valiosas, 1 relógio, 1 jogo de chávenas de chá e 150 rublos de prémio. Após o fuzilamento da 1ª e 2ª etapas de Solovki (mais de 1.000 prisioneiros), todos os membros do NKVD de Leninegrado, responsáveis pelo fuzilamento em massa foram condecorados “pelo trabalho altruísta na combate à contrarrevolução” (ordem do NKVD da região de Leninegrado do 20 de dezembro de 1937). 

Oficiais Derevyanko, Larioshin, Tverdohleb, Chigintsev, Vasiliev, Yershov, Kuznetsov e até motorista Fedotos receberam as armas pessoais. 2º tenente Alafer, capitão Matveev, 1º tenente Polikarpov e 2º tenente Shalygin receberam “prendas valiosas”. Motorista Voskresenskiy recebeu relógio. 

Capitão Matveev recebeu um rádio, em 1939 ele próprio foi preso. Três dias depois tenente Polikarpov se suicidou, na eminência também ser detido. O chefe local do NKVD Ivan Dobrovolskiy chegou ao posto do coronel, recebendo uma boa reforma, até que em 1957 foi considerado “despedido, pelas ações que desacreditam a patente do oficial”. 

Tenente Podgorniy, comandante do 225º pelotão de fuzilamento, recebeu em dezembro de 1937 a condecoração e 100 rublos de prémio pelo «bom desempenho dos serviços especiais e garantia da preparação combativa». Alferes Polikarpov recebeu a mesma condecoração e 50 rublos de prémio pelo «bom desempenho dos serviços especiais e garantia da preparação combativa». Oficial Antonov-Gritsiuk levou um jogo de chá (2ª etapa de Solovki). 

Na foto inicial: a família Krushelnytski antes do início do Grande Terror soviético: sentados (da esquerda à direita): Volodymyra (fuzilada), Taras (fuzilado), Maria (mãe), Larisa, pai Anton (fuzilado). De pé: Ostap (fuzilado), Halyna (esposa do Ivan), Ivan (fuzilado), Natália (esposa do Bohdan), Bohdan (fuzilado).

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