quarta-feira, junho 19, 2019

Chornobyl desconhecida de 1988-89 em fotos inéditas

Em 1988-89 biólogo ucraniano Gennadiy Tsurkov trabalhou em Chornobyl estudando os efeitos da radiação no meio-ambiente. A fotografia é um dos passatempos do Gennady, a maioria de suas fotos de Chornobyl eram coloridas de alta qualidade, graças à película alemã. Diferentemente de outras fotografias de Chornobyl daquela época: feitas por amadoras e à preto-e-branco.

Todas as fotos são inéditas.

02. 1988, aldeia de Kopachi. Situado nos arredores da estação/usina nuclear, a aldeia foi demolida e enterrada por inteiro, segundo uma lenda popular devido aos “altíssimos níveis de radiação”. No jogo “S.T.A.L.K.E.R.” — Kopachi semidestruídos é um dos lugares mais radioativos em toda a zona de exclusão.
Na verdade, a aldeia foi destruída para não deixar as casas potencialmente habitáveis nas proximidades da estação/usina nuclear, a demolição aconteceu em 1990. Na foto, o membro correspondente da Academia de Ciências da Ucrânia, Volodymyr Dolin experimenta morangos locais – realmente Kopachi não tinham “níveis altíssimos de radiação”.

03. IMR (máquina separadora de engenharia, equipamento especial militar no chassi do tanque), o equipamento era usado para demolir os edificações na zona de exclusão (incluindo em Kopachi). Primeiro, a escavadeira cavava um buraco, após disso vinha IMR que com a ajuda de uma garra e despejo especiais, empurrava a casa ao buraco. A cabine do IMR é revestida com chumbo – para proteger o seu condutor dos efeitos da radiação.

04. A garra cortada da IMR. Em tempos de guerra, estas máquinas deveriam desmantelar as barricadas e arrastar as árvores caídas, em Chornobyl foram usadas para manipular o lixo radioativo – por exemplo, grandes fragmentos do núcleo do IV reator (explodido) espalhados nas suas imediações.
A garra nesta foto, muito provavelmente, foi cortada devido à sua alta poluição radioativa – para não desativar a viatura inteira. Nenhum IMR deixou a zona de exclusão de Chornobyl – ficaram enferrujando junto às paredes do novo sarcófago.

05. Arredores da cidade de Chornobyl em 1988-89. Os saqueadores chegaram a todas as coisas valiosas e desmontaram completamente o carro deixado pelos militares. As casas ao fundo ainda possuem aparência bastante decente, agora quase todas as casas de madeira têm telhados caídos, e as próprias casas estão escondidas por uma floresta densa e intransponível, na qual se transformaram os velhos pomares e jardins.

06. Os trabalhadores da Zona de exclusão possuíam o seu próprio transporte – na foto, Gennady muda a roda de um Lada de Chornobyl – a frota foi formada a partir de veículos de moradores de Chornobyl e Pripyat, que devido à poluição não foram autorizados a tirar os seus carros fora da Zona [não parece que os donos das viaturas foram indemnizados por estado soviético pela perda dos seus bens]. As viaturas foram usadas por liquidatários e cientistas que trabalhavam dentro do perímetro da zona de exclusão. Cada veículo recebeu um registo especial, com o número pintado nos dois lados, bem como no porta-malas ou teto – para que o carro pudesse ser rapidamente identificado à partir do helicóptero.

07. Uma foto completamente original – uma clube de vídeo chamado “Stalker” em Chornobyl, à noite, de vez em quando, lá exibiam os filmes porno/pornô na tela de 3x4 metros. A própria palavra “stalker” foi criada pelos irmãos Arkady e Boris Strugatsky, um neologismo da sua novela “Piquenique à Beira da Estrada” (1972).
A palavra stalker” também foi usada como o título do filme de Andrey Tarkovsky, de 1979, baseado na obra dos Strugatsky:


08. Nas proximidades da estação/usina de Chornobyl. Estação fica à esquerda (de lá saem as linhas de alta tensão), à direita fica a “Floresta ruiva”, nas costas — ponte para a cidade de Pripyat. A placa diz “Contaminado” e menciona o nível de contaminação radioativa em Röntgen / hora.

09. Realmente um dos locais mais radioativos da Zona é um campo aberto no local da antiga “Floresta ruiva”. No horizonte, pode-se ver o tubo de ventilação e o sarcófago da IV bloco – quando o reator explodiu, o vento soprou fumaça radioativa no direção do pinhal – em poucas horas os pinheiros literalmente se “queimaram” da radiação e ficaram enferrujados ruivos, daí que a floresta recebeu o seu nome.
Em 1988-89, a “Floresta ruiva” foi destruída – escavadeiras cavaram as trincheiras especiais nas quais os IMR e retroescavadoras empurravam as árvores. Para conter a radiação daquela floresta decidiu-se enterrar as árvores no subsolo.

10. Uma tentativa de “renovar” o território – biólogos fazem plantios experimentais de árvores jovens no local da “Floresta ruiva” – mas árvores rapidamente se “queimam” por causa de radiação alta. A foto de Gennady mostra os pinheiros queimados, plantados no local da “Floresta ruiva”.

11. Esta é parte mais distante da floresta – não foi enterrada, mas também sofreu. Gennady indica árvores coníferas “queimadas” pela radiação – os pinheiros não toleram a radiação alta e morrem rapidamente.

12. Uma imagem forte – no primeiro plano está um antigo cemitério de aldeia, ao fundo – a central nuclear de Chornobyl. No meio – árvores mortas pela radiação.

13. A foto à esquerda é feita na área da lagoa de resfriamento da estação/usina nuclear, atrás do IV bloco. Em 1988-89, havia níveis muito altos de radiação, que parcialmente afetaram as fotografias. Se pode ver peixe morto – não devido à radiação, mas devido aos reagentes que foram pulverizados de helicópteros. Os reagentes, fixando-se na água, formavam uma película de polímero que ligava a poeira radioativa, após disso o polímero era coletado e enterrado nos depósitos especiais.
Na foto à direita, o depósito de bagagens no porto fluvial de Chornobyl.

14. Loja “Pripyat” no porto fluvial de Chornobyl. As janelas estão intactas, todos os balcões e mostruários permaneceram inteiros, aparentemente, as portas estão trancadas. Possivelmente isso aconteceu porque a loja está localizada perto de alguns pontos operacionais da zona de exclusão.

15. Barcaças abandonadas em Chornobyl. Com base neste local, foi criada a base “Skadovsk” no jogo “S.T.A.L.K.E.R. – Call of Pripyat”.

16. Outra foto do porto fluvial:

17. Gennady numa das instalações portuárias:

18. Guindastes portuários. Filmados fora da cidade de Chernobyl, mas não muito longe, e por trás da estação/usina de Chernobyl.

19. Já em 1988-89 (isto é, apenas 2-3 anos após o acidente), a Zona de Chornobyl foi sido completamente saqueada e ter tomado quase a mesma aparência em que a conhecemos na década de 2000 – o início do turismo em massa.
Igreja na aldeia de Chervone, saqueada pelos saqueadores:

20. Uma das casas de Chornobyl, é notável a procura pelas coisas valiosas.

21. Outra casa. Piano e coisas quebradas – aparentemente os saqueadores procuravam os esconderijos com dinheiro e objetos de valor. Já no fim da década de 1980, da Pripyat abandonada, os saqueadores levavam carros inteiros cheios de tapetes e casacos de pele de ovelha, que eram então vendidos através de “lojas de comissões” [uma espécie de lojas second hand na URSS].

22. Sofá estripado em buscas de “tesouros”.

23. A foto mais assustadora. Um berço em forma de cesto junto ao cadáver de um cão. Provavelmente, este é um cão de algum dos habitantes de Chornobyl ou de Pripyat – durante a evacuação, as pessoas não podiam levar animais de estimação/pets e tinham que os deixar na zona de exclusão. Depois os militares alistaram os caçadores, que foram enviados para Chornobyl para matar e aniquilar estes animais abandonados.
Na foto à direita — um cacto seco na janela.

24. A fábrica de tecelagem de Chornobyl saqueada. Já em 1988-89, os saqueadores saquearam tudo ou quase tudo em Chornobyl. O raciocínio daqueles que sonham ir para Pripyat e encontrar um apartamento “esquecido” e onde tudo é deixado “como nos tempos soviéticos”, parece ridículo e ingénuo – já em 1990 estes apartamentos deixaram de existir.

25. Também fábrica de tecelagem. A inscrição no cartaz: “O trabalho na URSS é uma questão de honra, valor e heroísmo”.

26. Uma das casas queimadas em Chornobyl. Existe uma teoria de que os próprios bombeiros incendiavam as casas, cujos postos de trabalho numa certa época começavam a ser cortados. As cortes laborais pararam – os incêndios também pararam.

27. As ruas e casas vazias de Chornobyl:

28. Herdade antiga.

Fotos: Gennadiy Tsurkov | Texto: Maxim Mirovich e [Ucrânia em África]

2 comentários:

Anónimo disse...

Um espiao russo esta envolvido no caso Greenwald?

Anónimo disse...

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