Todas
as fotos são inéditas.
02. 1988, aldeia de Kopachi. Situado nos arredores da estação/usina nuclear,
a aldeia foi demolida e enterrada por inteiro, segundo uma lenda popular devido
aos “altíssimos níveis de radiação”. No jogo “S.T.A.L.K.E.R.” — Kopachi semidestruídos
é um dos lugares mais radioativos em toda a zona de exclusão.
Na
verdade, a aldeia foi destruída para não deixar as casas potencialmente habitáveis
nas proximidades da estação/usina nuclear, a demolição aconteceu em 1990. Na
foto, o membro correspondente da Academia de Ciências da Ucrânia, Volodymyr Dolin
experimenta morangos locais – realmente Kopachi não tinham “níveis altíssimos de
radiação”.
03.
IMR (máquina separadora de engenharia, equipamento especial militar no chassi
do tanque), o equipamento era usado para demolir os edificações na zona de exclusão
(incluindo em Kopachi). Primeiro, a escavadeira cavava um buraco, após disso
vinha IMR que com a ajuda de uma garra e despejo especiais, empurrava a casa ao
buraco. A cabine do IMR é revestida com chumbo – para proteger o seu condutor
dos efeitos da radiação.
04.
A garra cortada da IMR. Em tempos de guerra, estas máquinas deveriam
desmantelar as barricadas e arrastar as árvores caídas, em Chornobyl foram
usadas para manipular o lixo radioativo – por exemplo, grandes fragmentos do
núcleo do IV reator (explodido) espalhados nas suas imediações.
A
garra nesta foto, muito provavelmente, foi cortada devido à sua alta poluição radioativa
– para não desativar a viatura inteira. Nenhum IMR deixou a zona de exclusão de
Chornobyl – ficaram enferrujando junto às paredes do novo sarcófago.
05.
Arredores da cidade de Chornobyl em 1988-89. Os saqueadores chegaram a todas as
coisas valiosas e desmontaram completamente o carro deixado pelos militares. As
casas ao fundo ainda possuem aparência bastante decente, agora quase todas as
casas de madeira têm telhados caídos, e as próprias casas estão escondidas por
uma floresta densa e intransponível, na qual se transformaram os velhos pomares
e jardins.
06.
Os trabalhadores da Zona de
exclusão
possuíam o seu próprio transporte – na foto, Gennady muda a roda de um Lada de
Chornobyl – a frota foi formada a partir de veículos de moradores de Chornobyl
e Pripyat, que devido à poluição não foram autorizados a tirar os seus carros
fora da Zona [não parece que os donos das viaturas foram indemnizados por
estado soviético pela perda dos seus bens]. As viaturas foram usadas por
liquidatários e cientistas que trabalhavam dentro do perímetro da zona de
exclusão. Cada veículo recebeu um registo especial, com o número pintado nos dois
lados, bem como no porta-malas ou teto – para que o carro pudesse ser
rapidamente identificado à partir do helicóptero.
07.
Uma foto completamente original – uma clube de vídeo chamado “Stalker” em Chornobyl,
à noite, de vez em quando, lá exibiam os filmes porno/pornô na tela de 3x4
metros. A própria palavra “stalker” foi criada pelos irmãos Arkady e Boris Strugatsky,
um neologismo da sua novela “Piquenique à Beira da Estrada” (1972).
A palavra “stalker” também foi usada como o título do filme de Andrey Tarkovsky, de 1979, baseado na obra dos Strugatsky:
08.
Nas proximidades da estação/usina de Chornobyl. Estação fica à esquerda (de lá
saem as linhas de alta tensão), à direita fica a “Floresta ruiva”, nas costas —
ponte para a cidade de Pripyat. A placa diz “Contaminado” e menciona o nível de
contaminação radioativa em Röntgen
/ hora.
09.
Realmente um dos locais mais radioativos da Zona é um campo aberto no local da
antiga “Floresta ruiva”. No horizonte, pode-se ver o tubo de ventilação e o
sarcófago da IV bloco – quando o reator explodiu, o vento soprou fumaça
radioativa no direção do pinhal – em poucas horas os pinheiros literalmente se “queimaram”
da radiação e ficaram enferrujados ruivos, daí que a floresta recebeu o seu
nome.
Em
1988-89, a “Floresta ruiva” foi destruída – escavadeiras cavaram as trincheiras
especiais nas quais os IMR e retroescavadoras empurravam as árvores. Para
conter a radiação daquela floresta decidiu-se enterrar as árvores no subsolo.
10.
Uma tentativa de “renovar” o território – biólogos fazem plantios experimentais
de árvores jovens no local da “Floresta ruiva” – mas árvores rapidamente se “queimam”
por causa de radiação alta. A foto de Gennady mostra os pinheiros queimados,
plantados no local da “Floresta ruiva”.
11.
Esta é parte mais distante da floresta – não foi enterrada, mas também sofreu.
Gennady indica árvores coníferas “queimadas” pela radiação – os pinheiros não
toleram a radiação alta e morrem rapidamente.
12.
Uma imagem forte – no primeiro plano está um antigo cemitério de aldeia, ao
fundo – a central nuclear de Chornobyl. No meio – árvores mortas pela radiação.
13.
A foto à esquerda é feita na área da lagoa de resfriamento da estação/usina
nuclear, atrás do IV bloco. Em 1988-89, havia níveis muito altos de radiação, que
parcialmente afetaram as fotografias. Se pode ver peixe morto – não devido à radiação,
mas devido aos reagentes que foram pulverizados de helicópteros. Os reagentes,
fixando-se na água, formavam uma película de polímero que ligava a poeira
radioativa, após disso o polímero era coletado e enterrado nos depósitos
especiais.
14.
Loja “Pripyat” no porto fluvial de Chornobyl. As janelas estão intactas, todos
os balcões e mostruários permaneceram inteiros, aparentemente, as portas estão
trancadas. Possivelmente isso aconteceu porque a loja está localizada perto de
alguns pontos operacionais da zona de exclusão.
15.
Barcaças abandonadas em Chornobyl. Com base neste local, foi criada a base “Skadovsk”
no jogo “S.T.A.L.K.E.R. – Call of Pripyat”.
16.
Outra foto do porto fluvial:
17.
Gennady numa das instalações portuárias:
18.
Guindastes portuários. Filmados fora da cidade de Chernobyl, mas não muito
longe, e por trás da estação/usina de Chernobyl.
19.
Já em 1988-89 (isto é, apenas 2-3 anos após o acidente), a Zona de Chornobyl foi
sido completamente saqueada e ter tomado quase a mesma aparência em que a
conhecemos na década de 2000 – o início do turismo em massa.
20.
Uma das casas de Chornobyl, é notável a procura pelas coisas valiosas.
21.
Outra casa. Piano e coisas quebradas – aparentemente os saqueadores procuravam
os esconderijos com dinheiro e objetos de valor. Já no fim da década de 1980,
da Pripyat abandonada, os saqueadores levavam carros inteiros cheios de tapetes
e casacos de pele de ovelha, que eram então vendidos através de “lojas de
comissões” [uma espécie de lojas second
hand na URSS].
22.
Sofá estripado em buscas de “tesouros”.
23.
A foto mais assustadora. Um berço em forma de cesto junto ao cadáver de um cão.
Provavelmente, este é um cão de algum dos habitantes de Chornobyl ou de Pripyat
– durante a evacuação, as pessoas não podiam levar animais de estimação/pets e
tinham que os deixar na zona de exclusão. Depois os militares alistaram os
caçadores, que foram enviados para Chornobyl para matar e aniquilar estes animais
abandonados.
24.
A fábrica de tecelagem de Chornobyl saqueada. Já em 1988-89, os saqueadores
saquearam tudo ou quase tudo em Chornobyl. O raciocínio daqueles que sonham ir
para Pripyat e encontrar um apartamento “esquecido” e onde tudo é deixado “como
nos tempos soviéticos”, parece ridículo e ingénuo – já em 1990 estes apartamentos
deixaram de existir.
25.
Também fábrica de tecelagem. A inscrição no cartaz: “O trabalho na URSS é uma
questão de honra, valor e heroísmo”.
26.
Uma das casas queimadas em Chornobyl. Existe uma teoria de que os próprios bombeiros
incendiavam as casas, cujos postos de trabalho numa certa época começavam a ser
cortados. As cortes laborais pararam – os incêndios também pararam.
27.
As ruas e casas vazias de Chornobyl:
28. Herdade
antiga.
Fotos:
Gennadiy Tsurkov | Texto: Maxim
Mirovich e [Ucrânia em África]
2 comentários:
Um espiao russo esta envolvido no caso Greenwald?
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