segunda-feira, junho 03, 2019

O massacre comunista dos operários soviéticos na cidade de Novocherkassk

Em 2 de junho de 1962, na cidade de Novocherkassk, na região russa de Rostov, as autoridades soviéticas abriram fogo real contra uma manifestação pacífica de operários. Os cidadãos exigiam a melhoria das condições sociais: aumento de salários e melhoramento das condições de trabalho. Em resposta, 26 deles foram mortos, 7 fuzilados e 105 (114) condenados aos campos de concentração e cadeias soviéticas.

Em 1962 em conexão com a difícil situação económica, na União Soviética começou se sentir a escassez de alimentos. O governo soviético aumentou os preços dos produtos da primeira necessidade. Os operários da Fábrica de Locomotivas Elétricas de Novocherkassk viram as suas normas aumentadas em cerca de um terço e os salários, pelo contrário, diminuirem.

Na manhã do dia 1 de junho, cerca de 200 trabalhadores da unidade de aço aderiram à manif improvisada com a demanda de aumentar os salários. Os manifestantes foram acompanhados por trabalhadores de outras unidades fabris. Como resultado, milhares de operários se juntaram nas portas da direção da fábrica. A greve foi sentida em toda a cidade e durou o dia todo, o número de manifestantes chegou aos cerca de cinco mil pessoas. O líder soviético Nikita Khrushchev foi imediatamente informado sobre o caso. Ele exigiu o uso de todos os meios possíveis para suprimir as manifestações, enviado ao Novocherkassk os membros da cúpula (Presidium) do Comité Central do PCUS.
Um dos cartazes reais dos manifestantes: "carne, manteiga, aumento salarial!"
Na noite de 2 de Junho, na cidade entraram vários tanques, veículos blindados e unidades de infantaria. Eles ocuparam todos os locais importantes, do Gosbank (Banco do Estado) foram retirados e transferidos todos os valores. De manhã, uma multidão de operários e suas famílias marchou até o centro da cidade: homens, mulheres e crianças. Na ponte sobre o rio Tuzlov que divide a cidade, eles foram bloqueados por unidades do exército, que, no entanto, não os deteve, sem recorrer à força. O vice-comandante do Distrito Militar do Norte do Cáucaso, tenente-general Matvey Shaposhnikov, recusou-se ao usar os blindados contra a população, desobedecendo uma ordem direta do seu chefe superior, declarando: “Eu não vejo um inimigo que deve ser atacado por nossos tanques”.
Uma das raras fotos reais da manif, 2/06/1962
O chefe do Comité Executivo da cidade de Novocherkassk se dirigiu à multidão com exigência de parar o comício e voltar aos seus postos de trabalho. Os operários responderam-lhe atirando paus e pedras. Ao edifício do Comité executivo chegou o chefe da guarnição de Novocherkassk major Oleshko com cerca de 50 soldados armados. Oleshko apelou à multidão para se dispersar. De seguida os soldados abriram fogo ao ar.
Local da manifestação, filmagem operativa do KGB
Depois disso, eles começaram o fogo contra a multidão (existe a versão de que os soldados realmente disparavam ao ar, e a multidão foi vítima do fogo dos franco-atiradores do KGB). Oficialmente, 26 manifestantes desarmados morreram e 87 ficaram feridos (os mortos foram sepultados em segredo nos túmulos alheios e em três localidades diferentes). Embora as testemunhas oculares dizem que viram os cadáveres de crianças, os documentos oficiais não mencionam as vítimas infantis.

De acordo com as testemunhas, toda a praça central da cidade estava coberta de sangue. As autoridades tentaram lavar vestígios de sangue com água, depois simplesmente a asfaltaram. Apesar das mortes, as manifestações na cidade continuaram. Mas logo começaram as prisões em massa, as autoridades comunistas colocaram a culpa do uso de munição real em “elementos hulíganes”.

Na sequência da manifestação as autoridades soviéticas detiveram 240 pessoas, colocando as em julgamentos “abertos ao público”. Os 7 ativistas mais importantes foram fuzilados e outras 105 (ou 114) pessoas foram condenadaos às penas entre 10 à 15 anos.
O caso do morte dos cidadãos em Novocherkassk foi classificado até o colapso da União Soviética. Só em 1992 foi aberto um processo criminal contra Khrushchev e alguns líderes do CC do PCUS, fechado de seguida “devido a morte dos acusados”. A reabilitação de manifestantes condenados em Novocherkassk ocorreu apenas em 1996.

Em 1966, o tenente-general Shaposhnikov foi demitido do exército. Em janeiro de 1967, ele foi expulso do PCUS. 26 de agosto de 1967 o KGB da região de Rostov o acusou formalmente de propaganda anti-soviética (Artigo 70 do Código Penal da Rússia Soviética). Em 23 de dezembro de 1967 o caso foi encerrado à troca do “arrependimento” do general, que foi reabilitado e readmitido no PCUS em 6 de dezembro de 1988 (morreu em 28 de junho de 1994).
O tenente-general Matvey K. Shaposhnikov
O massacre de Novocherkassk foi uma das consequências das políticas falhadas do Nikita Khrushev de alcançar e ultrapassar os EUA economicamente e também foi uma das razões, entre muitas, que ditaram a sua queda posterior (fonte).

1 comentário:

Jest nas Wielu disse...

O canal Spotniks é um canal bem-intencionado, se está copiando descaradamente o conteúdo do nosso blogue, isso é mau, deveriam mencionar a autoria, o nosso blogue sempre faz isso. Vamos divulgar o vídeo deles:
https://www.youtube.com/watch?v=GbQwr6DZ7Lg

Já o Cristiano Lima, o nosso querido ex-empregado de McDonalds, traumatizado pela sua experiência capitalista, e que se considera um grande anti-imperialista, enfim, quem mais é que seria o amigo íntimo do Cristiano Alves?