terça-feira, junho 25, 2019

APCE/PACE: a venda absurda da consciência europeia

A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) aprovou na madrugada desta terça-feira um texto que torna possível o retorno da Rússia ao organismo, o que deve acabar com cinco anos de crise institucional com Moscovo.
Após quatro horas de debates, 118 parlamentares dos estados-membros do Conselho da Europa aceitaram (62 deputados votaram contra, 10 se abstiveram e alguns simplesmente não apareceram no plenário) que a Rússia apresente uma delegação já nesta terça-feira, o que lhe permitirá participar na quarta-feira da eleição do/a Secretário-geral desta organização de defesa dos direitos humanos.
Cartoon histórico: Líderes da "democracia" sem espinha dorsal, década de 1940
O deputado croata da APCE/PACE, liberal Goran Beus Richembergh, foi demolidor para com a venda da consciência europeia:
Goran Beus Richembergh | Facebook
Nunca nos 70 anos da sua história a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa não se reunia até a noite, sendo vergada aos interesses de um Estado-Membro, como é actualmente. A instituição que durante sete décadas foi a guardiã dos princípios da democracia, do Estado de direito e dos direitos humanos na Europa, agora cedeu à chantagem da Rússia, que durante dois anos não pagava as suas contribuições do membro, colocando [APCE] de joelhos e abrindo um enorme buraco no seu orçamento.

Um pequeno grupo de deputados tenta apresentar mais de 200 alterações ao resultado absurdo que a intenção da maioria de aprovação de um relatório especial da Comissão sobre as regras e funcionamento da delegação parlamentar russa que volta [ao APCE] com todos os seus direitos, independentemente da anexação da Crimeia, da ocupação de Donbas, dos 12.000 de vidas perdidas, ignorando a decisão do Tribunal Europeu do Direitos Humanos, apesar da proibição aos Comissários dos Direitos Humanos de visitar a Federação Russa [Sic!], [apesar] dos 70 presos políticos nas prisões russas, da liquidação de dissidentes políticos em casa e no exterior, da captura dos marinheiros ucranianos, da culpa comprovada no abate de um avião comercial [MH17] de centenas de pessoas mortas na Ucrânia e muito mais pelo que [Rússia] foi excluída da Assembleia Parlamentar durante cinco anos. Mas quase todos os grupos políticos, exceto parte de nós liberais, dos conservadores (britânicos), dos deputados ucranianos e [dos países] bálticos [e da Geórgia] inclinaram a cabeça e decidiram, por cerca de 30 milhões [de euros] da dívida russa, expor à humilhação a mais antiga instituição europeia e acabar com os últimos remanescentes de sua autoridade, permitindo aos russos regressarem amanhã [25/06/2019] triunfalmente ao Estrasburgo e participarem na eleição do novo Secretário-Geral ou da nova Secretária-Geral da UE na quarta-feira, como se nada tivesse acontecido.
Imagens: artista georgiano Shota Leladze.

Artista: Andriy Yermolenko (Ucrânia)
Blogueiro: uma deputada georgiana da APCE/PACE fez a pergunta retórica aos delegados: quantos países da Europa devem se tornar as vítimas da agressão russa para que em Estrasburgo reconheçam a verdadeira ameaça russa?

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