O documentário “A Lição do Silêncio”, realizado pelo jornalista brasileiro Celso Fontão Jr., conta a história da vida, obra e legado
do professor Bohdan Wijtenko
(1921-1985), nascido na Ucrânia e que viveu no Brasil
desde 1951.
Além de professor da Faculdade
de Filosofia em Sorocaba (SP) entre
1960 à 1985, Bohdan Wijtenko se
dedicou ao ensino da prática da meditação, com o objetivo de formar o que ele
chamava de “técnicos”, para que levassem a meditação às escolas do Brasil.
No Brasil Dr. Wijtenko deixou mais de 15 mil discípulos, muitos dos quais
continuam levar a prática da meditação nas escolas.
Dr. Wijtenko no Brasil, possivelmente em Sorocaba (SP) |
O documentário foi gravado ao
longo dos últimos dois anos, com entrevistas em Sorocaba, Votorantim, São
Paulo, Rio de Janeiro e Mykolaiv, na Ucrânia. Segundo o diretor, Celso Fontão Jr., isso foi possível graças a
uma extensa rede de apoio de instituições.
“Eu considero que A Lição do
Silêncio é uma ação entre amigos, alguns que conheceram e conviveram com o
professor Bohdan. Em vez de patrocínio, temos a parceria e a colaboração de
diversas instituições e pessoas do Brasil e do exterior”, afirma Celso Fontão
Jr.,
citado pela Agita
Pirenopolis.com.br
Cientista
emérito, com formação que ia da engenharia química à arqueologia, passando pela
filosofia Hindu e línguas (ele falava 14 idiomas), o professor Bohdan tornou-se
um mestre do yoga da meditação. Iniciou mais de 15 mil pessoas nessa prática,
com o objetivo de capacitá-las para que levassem a meditação às escolas, às
crianças. Trabalho que até hoje alguns de seus discípulos realizam
voluntariamente em Sorocaba.
O Prof. Dr. Wijtenko tornou-se no Brasil um mestre do yoga e da meditação |
A
vida e o trabalho do professor Bohdan ,
considerado um dos primeiros mestres a fazer a síntese oriente/ocidente, já
foram objeto de estudos académicos, com uma tese de mestrado sobre a meditação
nas escolas e outra de doutorado, pela professora Irani Cordeiro Wullstein (PUC
- SP) – “Yoga, Meditação e Silêncio – Um estudo na tradição de grandes mestres
e na visão científica de Bohdan Wijtenko”, escreve Teatro
Ipanema.
A
LIÇÃO DO SILÊNCIO NA UCRÂNIA
O
filme já foi exibido na Ucrânia, no dia 26 de novembro de 2018 na Embaixada do
Brasil em Kyiv (com a presença da professora ucraniana Halyna Lozko (na foto em cima),
entrevistada no filme. No dia 28
na Universidade Taras Schevchenko, em Kyiv e no dia 29 na
Universidade Nacional Politécnica de Lviv, em Lviv (ver mais na página do Facebook do
realizador).
Capa ucraniana do filme | ler mais |
Ver
o filme no YouTube (a plataforma exibi o marco “não para todos”, possivelmente
só os verdadeiros amigos da Ucrânia poderão ver o filme, experimente para saber
se você é um deles!):
Professor denunciou genocídio estalinista à ONU
Nascido em 21 de novembro de
1921, no vilarejo de Zukotyn, no município de Kolomyia, Bohdan Wijtenko
enfrentou, na década de 1930, o flagelo do Holodomor — o genocídio do povo
ucraniano, cometido pelos estalinistas. Fugiu do país durante a Segunda Guerra
Mundial e denunciou crimes do estalinismo à Organização das Nações Unidas (ONU). Morou
na Alemanha e na Inglaterra antes de se mudar para o Brasil, em 1951, onde se
tornaria um mestre da ioga e da meditação.
ler mais |
Celso Fontão conta que a vinda
dele ocorreu logo após a publicação do manifesto “I Accuse, Stalin”, em 1950,
dirigido à recém-criada Corte Internacional de Justiça da ONU. “Eu considero
meu dever sagrado lutar com as minhas armas em qualquer lugar, tempo e por
qualquer pessoa que tiver os princípios da humanidade, liberdade, direito e
ordem atacados sob a óbvia tentativa de destruí-los”, escreveu no documento,
que atualmente integra o acervo das principais bibliotecas de universidades do
mundo. “[A vinda ao Brasil] certamente foi motivada pelo medo de ser perseguido
pela polícia secreta soviética [NKVD-MGB], por causa do teor incisivo do manifesto”, diz Fontão.
Dr. Wijtenko no Brasil |
O diretor do filme acrescenta
que a atuação do professor Bohdan pela independência da Ucrânia, desde o
domínio soviético, fez dele uma espécie de “herói nacional ucraniano”, nas
palavras do embaixador Rostylav Tronenko, que tomou conhecimento da biografia
ao assistir ao filme “A lição do silêncio”, em uma sessão especial realizada em
dezembro, no Cine Brasília, na capital federal. Na ocasião, o embaixador
expressou sua gratidão aos autores do filme por “mais uma história de vida que
une a Ucrânia e o Brasil”, escreve Jornal Cruzeiro.