sexta-feira, novembro 30, 2018

«A Lição do Silêncio»: o tributo ao ucraniano-brasileiro Bohdan Wijtenko

O documentário A Lição do Silêncio, realizado pelo jornalista brasileiro Celso Fontão Jr., conta a história da vida, obra e legado do professor Bohdan Wijtenko (1921-1985), nascido na Ucrânia e que viveu no Brasil desde 1951.

Além de professor da Faculdade de Filosofia em Sorocaba (SP) entre 1960 à 1985, Bohdan Wijtenko se dedicou ao ensino da prática da meditação, com o objetivo de formar o que ele chamava de “técnicos”, para que levassem a meditação às escolas do Brasil. No Brasil Dr. Wijtenko deixou mais de 15 mil discípulos, muitos dos quais continuam levar a prática da meditação nas escolas.
Dr. Wijtenko no Brasil, possivelmente em Sorocaba (SP)
O documentário foi gravado ao longo dos últimos dois anos, com entrevistas em Sorocaba, Votorantim, São Paulo, Rio de Janeiro e Mykolaiv, na Ucrânia. Segundo o diretor, Celso Fontão Jr., isso foi possível graças a uma extensa rede de apoio de instituições.

“Eu considero que A Lição do Silêncio é uma ação entre amigos, alguns que conheceram e conviveram com o professor Bohdan. Em vez de patrocínio, temos a parceria e a colaboração de diversas instituições e pessoas do Brasil e do exterior”, afirma Celso Fontão Jr., citado pela Agita Pirenopolis.com.br

Cientista emérito, com formação que ia da engenharia química à arqueologia, passando pela filosofia Hindu e línguas (ele falava 14 idiomas), o professor Bohdan tornou-se um mestre do yoga da meditação. Iniciou mais de 15 mil pessoas nessa prática, com o objetivo de capacitá-las para que levassem a meditação às escolas, às crianças. Trabalho que até hoje alguns de seus discípulos realizam voluntariamente em Sorocaba.
O Prof. Dr. Wijtenko tornou-se no Brasil um mestre do yoga e da meditação
A vida e o trabalho do professor Bohdan , considerado um dos primeiros mestres a fazer a síntese oriente/ocidente, já foram objeto de estudos académicos, com uma tese de mestrado sobre a meditação nas escolas e outra de doutorado, pela professora Irani Cordeiro Wullstein (PUC - SP) – “Yoga, Meditação e Silêncio – Um estudo na tradição de grandes mestres e na visão científica de Bohdan Wijtenko”, escreve Teatro Ipanema.

A LIÇÃO DO SILÊNCIO NA UCRÂNIA
O filme já foi exibido na Ucrânia, no dia 26 de novembro de 2018 na Embaixada do Brasil em Kyiv (com a presença da professora ucraniana Halyna Lozko (na foto em cima), entrevistada no filme. No dia 28 na Universidade Taras Schevchenko, em Kyiv e no dia 29 na Universidade Nacional Politécnica de Lviv, em Lviv (ver mais na página do Facebook do realizador).
Capa ucraniana do filme | ler mais
Ver o filme no YouTube (a plataforma exibi o marco “não para todos”, possivelmente só os verdadeiros amigos da Ucrânia poderão ver o filme, experimente para saber se você é um deles!):

Professor denunciou genocídio estalinista à ONU

Nascido em 21 de novembro de 1921, no vilarejo de Zukotyn, no município de Kolomyia, Bohdan Wijtenko enfrentou, na década de 1930, o flagelo do Holodomor — o genocídio do povo ucraniano, cometido pelos estalinistas. Fugiu do país durante a Segunda Guerra Mundial e denunciou crimes do estalinismo à Organização das Nações Unidas (ONU). Morou na Alemanha e na Inglaterra antes de se mudar para o Brasil, em 1951, onde se tornaria um mestre da ioga e da meditação.
ler mais
Celso Fontão conta que a vinda dele ocorreu logo após a publicação do manifesto “I Accuse, Stalin”, em 1950, dirigido à recém-criada Corte Internacional de Justiça da ONU. “Eu considero meu dever sagrado lutar com as minhas armas em qualquer lugar, tempo e por qualquer pessoa que tiver os princípios da humanidade, liberdade, direito e ordem atacados sob a óbvia tentativa de destruí-los”, escreveu no documento, que atualmente integra o acervo das principais bibliotecas de universidades do mundo. “[A vinda ao Brasil] certamente foi motivada pelo medo de ser perseguido pela polícia secreta soviética [NKVD-MGB], por causa do teor incisivo do manifesto”, diz Fontão.
Dr. Wijtenko no Brasil
O diretor do filme acrescenta que a atuação do professor Bohdan pela independência da Ucrânia, desde o domínio soviético, fez dele uma espécie de “herói nacional ucraniano”, nas palavras do embaixador Rostylav Tronenko, que tomou conhecimento da biografia ao assistir ao filme “A lição do silêncio”, em uma sessão especial realizada em dezembro, no Cine Brasília, na capital federal. Na ocasião, o embaixador expressou sua gratidão aos autores do filme por “mais uma história de vida que une a Ucrânia e o Brasil”, escreve Jornal Cruzeiro.

Sem comentários: