A
embaixada da Ucrânia em Portugal espera que haja mais esclarecimentos sobre o
ataque russo aos navios ucranianos e ações decisivas contra o agressor russo,
incluindo a imposição de novas sanções e o aumento da pressão política sobre
Moscovo.
por: Helena Bento
Não foi um “erro”, nem um “acidente”, mas sim “uma ação deliberada, incluindo “o uso de armas contra os marinheiros ucranianos”. Assim descreveu a embaixada da Ucrânia em Portugal, em comunicado enviado às redações, o incidente envolvendo três embarcações ucranianas, ocorrido no domingo.
Não foi um “erro”, nem um “acidente”, mas sim “uma ação deliberada, incluindo “o uso de armas contra os marinheiros ucranianos”. Assim descreveu a embaixada da Ucrânia em Portugal, em comunicado enviado às redações, o incidente envolvendo três embarcações ucranianas, ocorrido no domingo.
Segundo
a embaixada, as ações da Rússia no Estreito de Kertch, que liga o mar Negro e o
mar de Azov, constituem “uma violação flagrante da Carta da ONU e da Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar”.
Marca do canhão AK-630 de 30 mm disparado do navio russo
"Izumrud". A lancha "Berdyansk" foi atingida para matar, contra o ponte de comando, não contra os motores. |
Um
acordo assinado pela Rússia e a Ucrânia em 2003 veio determinar a partilha
destas águas pelos dois países e isso mesmo assinalou a embaixada no referido
comunicado - referiu que o Estreito de Kerch é um “estreito internacional” à
luz da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e que “qualquer
interferência na passagem pacífica e rápida pelo Estreito de Kerch é
estritamente proibida pelo Direito Internacional”.
O
ataque aos dois navios da Marinha ucraniana e a um rebocador (“Berdyansk”,
“Nikopol” e “Jany Kapu”) deu-se no domingo. Segundo Moscovo, as referidas
embarcações violaram a fronteira com a Rússia e cometeram “ações ilegais nas
águas territoriais russas”. Os serviços de segurança da Rússia (FSB, antiga
KGB) deram conta de três feridos que já terão recebido tratamento médico e
cujas vidas “não estão em risco”. Também fizeram saber que os referidos navios
receberam ordens para abandonar a zona mas que se terão recusado a fazê-lo,
efetuando uma “manobra perigosa”.
Já
a Ucrânia, por sua vez, denunciou “um ato agressivo da Rússia visando uma
escalada premeditada” nesta região e afirmou que estavam, no momento do
incidente, 23 ucranianos a bordo e que seis deles ficaram feridos. Também
referiu que Moscovo tinha sido previamente informado sobre as deslocações dos
navios, informação que a embaixada ucraniana em Portugal reforça no comunicado:
“O lado russo foi informado da intenção de realizar esta transição, a fim de
garantir a segurança da navegação.”
Depois
do ataque, os navios prosseguiram caminho mas foram depois bloqueados por um
petroleiro ao aproximarem-se da chamada Ponte da Crimeia ou Ponte de Kerch, que
na verdade consiste em duas pontes paralelas construídas pela Rússia.
Para
a embaixada ucraniana em Portugal, as ações da Rússia representam “uma ameaça à
passagem não só dos navios ucranianos”, mas também de “centenas de navios de
bandeira internacional” que atravessam o Estreito de Kerch.
Assim,
é grande a preocupação no que toca à “segurança” na zona em causa, cuja
situação a embaixada diz agora ter piorado “devido à provocação deliberada e ao
comportamento agressivo da federação russa”. “Pela primeira vez, os militares
russos ordenaram oficialmente o abrir fogo contra navios ucranianos para
deliberadamente atingir os ucranianos”, afirma ainda o comunicado, segundo o
qual há gravações e “provas irrefutáveis” de que esta agressão não foi “um
erro”, nem um “acidente”, mas sim “uma ação deliberada, incluindo o uso de
armas contra os marinheiros ucranianos”.
O
incidente ocorrido no domingo veio aumentar a tensão entre a Rússia e a Ucrânia
– e isto porque há vários anos que os exércitos dos dois países não entravam em
conflito direto, embora as forças ucranianas tenham vindo a lutar contra os
separatistas apoiados por Moscovo no leste do país.
A embaixada da Ucrânia
em Portugal diz mesmo temer “mais comportamentos agressivos e provocações” por
parte da Rússia. Também espera que haja mais esclarecimentos sobre o ataque
russo aos navios ucranianos e “ações decisivas contra o agressor russo”,
incluindo a “imposição de novas sanções e o aumento da pressão política sobre
Moscovo, para amenizar a situação da segurança no mar e desbloquear a passagem
livre do canal de Kerch-Yenikale pelos navios militares ucranianos”.
Sem comentários:
Enviar um comentário