A
ativista ucraniana anti-corrupção Kateryna
Handziuk faleceu este domingo, três meses após ser atacada com ácido
sulfúrico, tendo sofrido queimaduras em quase 40% do seu corpo. O caso foi notado na Europa, que muito habitualmente ignora as mortes de homens e mulheres
ucranianas, que dia sim – dia não, tombam na defesa da Ucrânia na frente leste...
A
informação privilegiada no caso de Kateryna Handziuk:
por:
Karl Volokh
e [Ucrânia em África]
1.
Os executantes [quatro reais
veteranos da OAT, detidos pela polícia ucraniana e presos
preventivamente] estão colaborar com investigação, eles dizem que receberam
todas as instruções do organizador [Serhiy Torbin, aka “Oper”, também detido, preso
no estabelecimento prisional sob controlo da secreta ucraniana SBU, para a sua
maior segurança]. Organizador não colabora com investigação, os executantes não
sabem de quem partiu a ordem, mas a possibilidade de existir um mandante não é
de excluir.
2.
Os executantes dizem [sob juramento], que organizador, supostamente, tinha motivos
pessoais de animosidade contra Kateryna, mas a investigação não considera essa
versão muito convincente (pelo menos por enquanto).
3.
Não foi estabelecido nenhum outro motivo convincente, isto é, situação em que a
morte de Kateryna teria resolvido algum conflito social ou económico sério.
4.
Considerando o esforço despendido na execução deste assassinato, incluindo
certos custos financeiros, os investigadores ucranianos consideram a versão da
existência de um mandante é a mais provável, mas não possuem as evidências
disso.
5.
Não é de excluir, entre outras hipóteses, de que a tarefa dos criminosos era
simplesmente desestabilizar a situação na Ucrânia ou desacreditar o atual Governo
ucraniano nas vésperas das eleições presidenciais. Neste caso, o mandante final
pode ser o serviço secreto de um país vizinho.
6.
Se o organizador [Serhiy “Oper” Torbin] não falar, será extremamente difícil,
se não impossível, descobrir o mandante final. No entanto, mesmo que ele concordar
em depor (caso contrário se arrisca à prisão perpétua), não há garantias que as
suas alegações poderão ser provadas no tribunal.
7.
Se o objetivo do assassinato era perturbar a sociedade ucraniana e fomentar o seu
descontentamento para com o poder central (Governo e Presidente), então os
serviços secretos de um país vizinho conseguiram cumprir a sua missão, embora
não aos cem por cento. É muito fácil manipular um povo para quem a ideia da
independência e da soberania do Estado ainda não se tornou um valor sério.
Alguns outros casos sonantes de mortes dos ativistas ucranianos (2014-2018):
por:
Mark
Gordienko
Advogada
e defensora dos direitos humanos Iryna Nozdrovska, o seu corpo foi achado em
1/01/2018 nos arredores de Kyiv. O presumível assassino se chama Yuri
Rossoshansky (1954), é pai de um jovem, que graças ao empenho da advogada foi
condenado aos 7 anos da cadeia pelo acidente de trânsito, que matou a irmã da Iryna.
O presumível assassino foi detido, ele reconheceu a sua culpa e colabora com a
investigação. Mesmo assim, arrisca-se à uma prisão perpétua.
Veterano
da OAT, Vitaly “Sarmat” Oleshko, foi assassinado em 31 de julho de 2018 na
cidade de Berdyansk. O assassino, os cúmplices e o mandante foram detidos pela
polícia ucraniana, todos colaboram com a investigação. Motivo do assassinato – disputas
comerciais.
Oleksandr Muzychko,
conhecido como “Sashko Biliy”, aventureiro, ativista social, coordenador
regional do Setor da Direita, agiota, morto pela polícia ucraniana (unidade “Sokil”)
em 24 de março de 2014. Após a vitória da Revolução de Dignidade (conhecida
como Maydan), Muzychko “Biliy” achou genuinamente que chegou à hora das
expropriações revolucionárias (pior que poderia acontecer à Ucrânia). A solução
não foi bonita, mas chegou rapidamente e evitou o aparecimento dos outros como
ele.
Oleh Muzhchil, budista, aventureiro, combatente da
guerra russo-ucraniana, presumível terrorista, liquidado pelo SBU em 9 de
dezembro de 2015 em Kyiv.
De acordo com as memórias do
fundador e primeiro líder do Setor da Direita, Dmytro Yarosh, Oleh Muzhchil (“Lesnik”, também conhecido como “Serhiy Amirov”), apareceu no campo do Setor da
Direita em agosto de 2014 e ofereceu os
seus serviços na realização de ataques na
retaguarda dos separatistas. Yarosh achou essa proposta
racional, pois Muzhchil-Amirov era natural da cidade de
Donetsk. Ao executar uma
das missões de sabotagem, ele desapareceu, tendo aparecido alguns dias depois com uma ideia brilhante de “colocar mais ênfase não em combate ao inimigo externo, mas em suprimir o regime de ocupação
interna”. Na noite de 9 aos 10 de dezembro de 2015, Oleh Muzhchil (Serhiy “Lesnik” Amirov) foi abatido pela SBU na tomada de seu apartamento seguro em Kyiv, onde ele guardava 20 granadas e 4 quilos de TNT.
Apenas
cinco casos mais sonantes. Alguns dos assassinos (e dos assassinados) eram heróis
da OAT, combatentes reais, com feitios reais, que ganharam as suas medalhas de
uma forma absolutamente justa e eram heróis na guerra russo-ucraniana.
O
poder ucraniano, representado pelo Presidente Petró Poroshenko e pelo Ministro
do Interior Arsen Avakov, não os cobriram, e todos os participantes e os
organizadores destes crimes foram detidos. Apesar do enorme dano reputacional,
político e eleitoral.
Quatro
ilações podem ser tiradas disso:
1.
A lei finalmente funciona na Ucrânia, com nuances e problemas, mas funciona.
2.
Petró Poroshenko e Arsen Avakov querem que a lei funcione.
3.
A sociedade civil da Ucrânia é uma força que pode fazer a lei funcionar.
4.
Os pontos 1, 2, 3 fazem parte da nova tendência e fazem parte da nossa
realidade.
A
morte da Kateryna Handziuk é amplamente usada pela quinta coluna pró-russa, por
uma parte da imprensa alegadamente ucraniana e por alguns ativistas, que tentam
ganhar alguns pontos pessoais e/ou eleitoralistas, alegando que “poder não
investiga” e “está acobertar” não se sabe à quem.
A
demissão do Procurador-geral da Ucrânia
O
Procurador-eral da Ucrânia, Yuriy Lutsenko informou os deputados do parlamento
ucraniano que irá apresentar a sua demissão formal. A Rada Suprema deverá
considerar a sua carta de renúncia ainda esta semana.
“Ninguém
se apega ao poder. Estou enviando minha renúncia ao Presidente da Ucrânia hoje.
E vocês, no parlamento, devem considerar esta questão. Peço-vos para fazer isso
ainda nesta semana. Eu fiz o meu trabalho e vou fazê-lo. Tudo, o que prometi à Kateryna
Handziuk no hospital, foi feito e será feito”, disse Yuriy
Lutsenko.
Como
era de esperar, os mesmos ativistas que ainda na segunda-feira (5/10/2018) exigiam
histericamente a “demissão imediata” do Procurador-geral, estão novamente
descontentes, exigem não menos histericamente que este “fique até o fim, para
compartilhar as responsabilidades”.
É
muito difícil não considerar alguns deles de “idiotas úteis” clássicos, senão a
quinta coluna fiel às forças nada amigáveis à Ucrânia...
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