The
Chekist (O Chequista) é um drama franco-russo de 1992, assinado pelo realizador
russo Aleksandr Rogozhkin e guionista francês Jacques Baynac. O filme foi exibido
na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes, caindo em esquecimento
desde então. Uma película à
não perder.
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A capa da edição russa |
O
filme conta a história das execuções em massa conduzidas pela Cheka no decorrer da guerra civil
russa (1917–1923) através dos olhos do Andrey Srubov, o chefe do Cheka numa
pequena urbe russa. O russo Srubov na companhia do letão Jan Pepel e judeu Isaac
Katz formam “internacional socialista” que durante dias decide o destino de centenas
de pessoas. Para, testemunhar como logo a noite, as mesmas sejam abatidas nas
caves de Cheka, que se transforma numa espécie de matadouro dos seres humanos.
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Uma das cenas do filme |
A
culpa dos executados é diversa: uns serviram nos exércitos monárquicos ou lhes
ajudavam; outros falaram mal dos bolcheviques no mercado ou num outro lugar
público; ainda há os cuja maior culpa é a sua origem social não proletária. A
sentença é sempre igual, rapidíssima e incondicional: o fuzilamento. A “legalidade
revolucionária” consiste apenas em necessidade de decidir cada caso de forma individual.
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Uma mãe tenta oferecer a filha ao camarada Srubov para salvar o filho de 18 anos |
Após
a condenação, os presos são retirados das celas e levados para o chuveiro no porão,
onde são ordenados a se despir, colocados, em grupos de cinco pessoas contra a
parede, e fuzilados com um tiro de revolver na cabeça. Em seguida, os corpos são
arrastados ao exterior, onde são carregados no camião que diariamente leva as
vítimas nuas às valas comuns.
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Os amigos se despedem momentos antes de serem fuzilados |
O
tema central do filme é a tragédia interior do intelectual Srubov que se
manifesta na sua tentativa de justificar a violência extrema com as
necessidades da revolução. Ao contrário dos seus colegas de pouca ou quase
nenhuma formação académica, para quem a revolução é a oportunidade de vingança
histórica contra classe “opressora”, Srubov tenta construir uma filosofia que ajudaria
justificar o derramamento de sangue em nome do bem-estar público. Impossibilidade,
a priori, da resolução desta matéria o leva ao tormento insuportável de
consciência e, consequentemente, à loucura final. Afinal, viver,
permanentemente cercado pelos mortos, é muito pior do que a morte, na companhia
dos vivos.
O filme é baseado na novela “Shepka” (Lasca) do Vladimir Zazubrin, também ele fuzilado no decorrer da onda do Grande Terror estalinista em 1937. Escrito em 1923, a novela foi publicada apenas em 1989, na mesma revista siberiana, onde Zazubrin trabalhou como editor entre 1923 à 1928.
1 comentário:
Estava lendo um livro sobre a Guerra do Paraguai e vi muitas semelhanças entre Solano Lopez e Stalin.
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