No
dia 24 de agosto Ucrânia celebra o seu Dia da Independência – neste dia, há 27
anos, em 24 de agosto de 1991, Ucrânia se tornou um país independente e URSS deixou
de existir de facto. Como frisou o Presidente da Ucrânia Petró Poroshenko – a sua
independência real Ucrânia alcançou apenas em fevereiro de 2014 – quando ganhou
Maydan e país começou se mover na direção à União Europeia.
Para
comemorar o Dia da Independência, em Kyiv foi realizada a parada militar especial
e diferente de anos anteriores – este ano Ucrânia celebra não apenas o 27º
aniversário da sua Independência, mas também o centenário da proclamação da 1ª
República, que ocorreu em 1918. A parada foi oficialmente chamada de “Marcha do
Novo Exército” – ao público foram mostrados muitos equipamentos militares novos;
marcharam cerca de 4,5 mil militares; e também, pela primeira vez em 8 anos, na
parada participaram diversas unidades da aviação militar ucraniana.
Na
parada também foi apresentado o novo fardamento: este ano as Forças Aerotransportadas
de Assalto abandonaram boinas azuis e mudaram para boinas do padrão europeu
(cor de areia). As boinas azuis, pela primeira vez foram usadas pelo exército
soviético na ocupação da Checoslováquia para fazer parecer os ocupantes
soviéticos com as tropas da ONU, desorientando os checos e eslovacos, e hoje os
ucranianos decidiram abandonar este velho padrão completamente.
O
que disse Petró Poroshenko
O
presidente ucraniano disse que desde 2014 Ucrânia recuperou o seu exército e garantiu
o apoio de aliados ocidentais. Presidente recordou que a luta de libertação nacional
no início do século XX durou quatro anos (1917-1921), mas, os ucranianos não conseguiram
defender a sua Independência – e então começou a época da repressão, fomes e tentativas
de assimilar a nação ucraniana nas imensidades da Eurásia (alusão ao processo
de deskulakização/deskurkulização e deportação
dos ucranianos para além dos Montes Urais).
Como
notou o Presidente – hoje as novas gerações de ucranianos têm a tarefa de
quebrar este círculo histórico vicioso, para que a independência da Ucrânia não
seja medida em meses, lamentando depois a sua perda, mas se orgulhando pelas vitórias
e sucessos da Ucrânia independente.
Presidente recordou que durante os quatro últimos anos de guerra, os ucranianos preservaram e
consolidaram o seu Estado, consolidaram a Nação, criaram um exército forte e
escolheram o caminho do desenvolvimento, e já não podem se desviar deste, por
causa de inimigos externos e seus agentes no interior do país, devendo tornar Ucrânia
grande e forte, sem a chance de retornar à zona de influência russa.
Presidente
também observou que Ucrânia está se tornando a parte do espaço europeu – por
mais de um ano funciona o sistema de abolição de vistos com a União Europeia; foi
assinado o acordo de associação com a UE e foi feita a escolha estratégica para
se tornar a parte da União Europeia; por mais de 1.000 dias Ucrânia deixou de comprar
o gás russo, ganhou o caso na arbitragem de Estocolmo contra Gazprom, o
obrigando à pagar 4,5 bilhões de dólares, está se preparando para criação de uma
igreja ortodoxa local, separada de Moscovo (obtendo o tomos, a independência religiosa).
No
fim, presidente Petró Poroshenko acrescentou que sem Ucrânia, a UE seria um
projeto inacabado – a fronteira da Europa agora passa pela fronteira leste da
Ucrânia – e a entrada da Ucrânia na UE e na NATO/OTAN deve ser consolidada de
forma constitucional.
Em
memória dos Heróis
No
fim do discurso de Petró Poroshenko, houve um minuto de silêncio em memória de
todos que deram suas vidas pela independência da Ucrânia, bem como em memória
de civis e militares mortos [na atual guerra russo-ucraniana]. Neste momento,
no leste da Ucrânia, continua um conflito militar – no dia 23 de agosto
morreram em combates cinco militares do exército ucraniano (FAU). Presidente Poroshenko
enfatizou que Ucrânia nunca esquecerá e não perdoará aos agressores as suas vítimas.
Presidente
ainda disse que submeteu ao Parlamento ucraniano o projeto-lei para que a saudação
“Glória à Ucrânia – Glória aos Heróis” de agora em diante seja a saudação
oficial do exército ucraniano [assim como o hino da OUN, que se tornou, em
forma estilizada, o novo hino oficial das FAU]:
Marcha
do novo exército da Ucrânia
01.
Após o discurso do Presidente, pela avenida Khreshchatyk desfilaram as colunas do
exército ucraniano. A unidade mista das Forças Terrestres da Ucrânia em um novo
fardamento de campo. Os militares calçam novas botas táticas, vestem um
uniforme novo com coletes de descarga, as suas armas e equipamentos seguem os
padrões da NATO/OTAN. Os 16 militares das forças terrestres foram condecorados
com o título de Herói da Ucrânia, e mais de cinco mil receberam diversas outras
condecorações oficiais.
02.
Os militares da 36ª Brigada dos fuzileiros navais, também em nova uniforme de
campo, em vez das boinas negras soviéticas – a nova boina turquesa, tudo o resto
também à um bom nível. Desde 2018 o Corpo de Fuzileiros Navais da Ucrânia irá comemorar
o seu dia em 23 de maio. Depois dos fuzileiros, marcham as Forças Aerotransportadas
de Assalto, ostentando as suas boinas novas, de parada, cor-de-carmesim.
03.
A unidade feminina mista do Instituto Militar “Taras Shevchenko”. Hoje, no
exército da Ucrânia servem cerca de 55 mil mulheres, desempenhando várias tarefas
e ocupando diversos postos do comando [nas três primeiras fotos, os militares
desfilam com a pistolas automáticas “Fort”, fabricadas na Ucrânia – a cópia
licenciada do “Tavor” israelita/israelense].
Foto da UNIAN tirada no ensaio geral nas vésperas da parada |
04.
Os militares dos EUA na parada – este país oferece à Ucrânia um apoio militar muito
importante. Na parada de Kyiv também participaram militares de muitos países da
UE, que fornecem todo o apoio possível à Ucrânia – Lituânia, Letónia, Estónia,
Finlândia, Suécia, Polónia, Roménia, Moldova e muitos outros.
05.
Passagem da coluna mecanizada. Os tanques principais de batalha (MBT) da série T-64
modernizada, da produção ucraniana.
06.
As unidades antitanque – blindados ligeiros Varta, armados com mísseis
americanos Javelin:
07.
Sistemas de fogo simultâneo Grad-24 modificados, da produção ucraniana:
08. Novos
sistemas de mísseis de artilharia “Vilkha”.
Foto tirada no ensaio geral nas vésperas da parada |
Futuro da Ucrânia
Apesar
de tudo, e desde 2014, Ucrânia realmente conseguiu criar um exército moderno, e
este Dia da Independência é apenas uma confirmação – apesar de todas as
circunstâncias adversas, a Ucrânia é, e continua a ser um país independente, e que
assim seja para sempre.
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