Em
1960, a URSS foi atingida por uma aguda crise alimentar. Nas lojas
desapareceram vários tipos de cereais, massas, manteiga, leite derretido,
produtos semiacabados de carne, carne de porco cozida, etc. Surgiram problemas
com farinha e pão de trigo. Nas padarias foram impostos os limites na compra do
pão, se vendia o pão feito com aditivo da farinha de feijão.
por: Dmytro Chekalkin, Ucrânia
por: Dmytro Chekalkin, Ucrânia
Em
dezembro de 1963, o governo soviético compra nos EUA o primeiro lote de 12
milhões de toneladas de trigo, na década de 1970, as importações de trigo são
constantes. Em troca, Washington impões ao Moscovo a baixa dos preços de
petróleo.
Em
20 de outubro de 1975, entre URSS e os EUA assinam um acordo de longo prazo,
segundo o qual a URSS se compromete à comprar, anualmente, 6 milhões de
toneladas de trigo nos EUA.
No
fim da década de 1970, as regiões da Rússia Central vivem a falta constante do
pão, carne, leite e outros produtos alimentares mais básios. A falta dos alimentos
obriga os moradores destas regiões se deslocarem às compras nas lojas de
Moscovo, Leninegrado e outras grandes cidades. Os alimentos estão disponíveis
nos mercados chamados “kolkhozianos”,
mas seus preços são demasiadamente altos aos bolsos do cidadão comum.
A intelligentsia citadina soviética na "ajuda voluntária" ao algum kolkhoz "milionário", década de 1980 |
Em
25 de agosto de 1983, a URSS assinou um dos maiores acordos de comércio
exterior, silenciado, por completo, na imprensa soviética: compra de grãos nos
EUA ao preço recorde de 10 bilhões de dólares. Em comparação, a compra de
gigantesca fábrica de automóveis Fiat, rebatizados na URSS como VAZ (Lada
Zhiguli), que na década de 1970 fabricava mais de metade de todas as viaturas
particulares soviéticas, custou aos cofres da URSS apenas 900 milhões de
dólares (11 vezes menos).
Em
1984 a URSS chegou à mais um “recorde de construção do comunismo”: pela
primeira vez, o volume de importações de grãos ultrapassou 40 milhões de
toneladas, representando quase um quarto das necessidades soviéticas (toda 4ª
tonelada de trigo era comprada pela URSS no exterior). O “país do socialismo
desenvolvido”, tornou-se o maior importador mundial de grãos.
No
ano seguinte, 1985, o volume de importações aumentou e atingiu o recorde
absoluto de 44 milhões de toneladas. Cerca de 50 anos de experiências
comunistas levaram à um colapso completo na agricultura, apesar dos enormes
esforços e altos investimentos na produção dos equipamentos agrícolas, em que a
União Soviética, em números absolutos, estava em primeiro lugar mundial. Mas nada
disso ajudou, o próprio sistema era inviável.
Slogan da década de 1930: "Kolkhozianos, na base da colectivização total liquidaremos kulak como a classe" |
As
estatísticas mostravam: se em 1954-1958 a colheita média do trigo chegou na
URSS aos 730 kg por hectare, em 1962 as colheitas caíram aos 610 kg por
hectares. Quando a URSS não dispunha de quantidades suficientes da moeda forte,
o fornecimento de trigo era pago em suas reservas de ouro. Segundo analistas
americanos, na compra de trigo e outros cereais, desde o início dos anos 1960
até os meados da década de 1980, a União Soviética gastou mais de 900 toneladas
de ouro. Por ano, a URSS gastava em média, de 12% a 15% de suas reservas de
ouro.
Especialistas
soviéticos/russos apontam mais uma razão da dependência soviética do trigo
americano. Até à década de 1960, na URSS, uma proporção significativa de moagem
de farinha e de panificação estava efetuada pelas cooperativas. As padarias
estatais existiam principalmente nas grandes cidades, e a sua variedade de pão
era extremamente escassa; a maioria da produção de panificação era produzida por
padarias pertencentes às cooperativas.
O tal famoso, "sorvete saboroso", que se tornou um meme, décadas de 1970-80 |
Mas
por outra, quem é que precisava de pão num país, que produzia o sorvete tão saboroso?
Na foto do arquivo: uma fila feminina (pois homens ou bebiam, ou morreram ou fugiram do kolkhoz) para comprar o pão numa
aldeia da Rússia soviética, década de 1960
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