quarta-feira, julho 19, 2017

Pogroms de Hamburgo vs Maydan ucraniano (7 fotos)

No decorrer da cimeira de G20 em Hamburgo os “antiglobalistas” causaram prejuízos no valor de cerca de 12 milhões de dólares. Durante Maydan de Kyiv, que chegou à reunir até 1,5 milhão de pessoas, as lojas e cafés estavam funcionando, mesmo no epicentro da revolta ucraniana.   

Maydan ucraniano de 2013/2014 nada tem à ver com os acontecimentos de Hamburgo, embora em ambos os casos existiram os confrontos entre os manifestantes e a polícia, que provocaram o uso de canhões de água e existência de barricadas em chamas, mas as razões e objectivos destas acções eram completamente diferentes.

01. Os “manifestantes” de Hamburgo saíram às ruas sem um propósito claramente definido. Não existe nenhum “movimento antiglobalização” comum – geralmente este “movimento” é composto pelo público marginal bastante diverso, desde a esquerda comunista com os retratos de Che Guevara e Fidel Castro nos seus em t-shirt, aos assim chamados skinheads da “extrema-direita”, com slogans contra “negros e migrantes”. Não existe a diferença substancial entre os bandos da rua da “direita” e da “esquerda” – são unidos pela ideia de protestar contra qualquer governo e desejo de “se apropriar e dividir”.
Maydan ucraniano começou e se desenvolveu com os objectivos claramente definidos – o movimento da Ucrânia em direção à Europa, as mudanças legislativas segundo as normas europeias, a remoção do poder da ex-nomenklatura soviética. Quase todos os dias na Maydan de Kyiv decorriam diversos eventos associados aos objetivos declarados – os delegados de Maydan negociavam com as autoridades e representantes internacionais, constantemente decorriam diversas ações, e apenas a TV russa mostrava unicamente “a linha da frente” dos confrontos com a polícia – “vejam, os hooligans vieram destruir a cidade de Kiev!”

02. Os manifestantes de Hamburgo, no essencial, são a horda espontânea de elementos lúmpen, enquanto Maydan já nos primeiros dias da sua existência adquiriu uma organização clara com fins acima referidos. A espinha dorsal dos manifestantes ucranianos eram as Centenas de Autodefesa, encabeçadas pelos centuriões e capatazes. Autodefesa zelava pela defesa da Maydan contra as forças de Yanukovych – polícia “Berkut”, as tropas do Ministério de Interior e bandos de jovens criminosos conhecidos como “titushki”, se empenhado na manutenção da ordem dentro da Maydan. Ou seja, a principal tarefa de Autodefesa era a manutenção de ordem pública e defesa das tentativas do assalto de Maydan por parte das forças governamentais e não um qualquer motim urbano.

03. Manifestantes em Hamburgo começaram partir os vidros e as montras de lojas. Em Kyiv, na avenida em Khreshchatyk, quase metade da qual foi cercada por barricadas e pertencia ao movimento Maydan, bem como na rua Hrushevsky, continuaram à funcionar os cafés e as lojas caras. Mesmo durante os confrontos mais violentos de manifestantes e tropas leais ao Yanukovych na rua Hrushevsky e no cruzamento das ruas Instytutska / Shovkovychna – todas as pedras e telhas de pavimento voavam estritamente contra as forças do Yanukovych, não foi quebrada uma única janela – isso facilmente poderá ser verificado nos vídeos e fotos tiradas em Kyiv.
Existiram apenas um par de casos quando alguém na multidão quebrou alguma montra, mas esses tipos foram imediatamente detidos pelos próprios manifestantes e entregues à Autodefesa da Maydan.

04. Manifestantes em Hamburgo atacavam a polícia sem nenhuma razão e de forma agressiva, sem resolver nem os objectivos táticos, nem estratégicos, mas simplesmente praticando o vandalismo.
Os manifestantes ucranianos não atacavam a polícia primeiro, em muitos vídeos é possível ouvir as vozes dos centuriões de Maydan e também vindas do palco central – “ficamos firmes, não provocamos”. Os manifestantes não tinham para que atacar a polícia – a sua principal tarefa era defender o perímetro da Maydan e as ruas subjacentes, à fim de permitir aos representantes de Maydan de negociar, enquanto as forças de Yanukovych estavam constantemente tentar invadir Maydan e resolver a situação pela força – a absoluta maioria de todos os confrontos na área de Maydan começou com ataques das forças governamentais contra os manifestantes.

05. Os manifestantes de Hamburgo saquearam as lojas e ficaram bêbados. Na Maydan ucraniano não havia pessoas bêbadas – todos os que que tomavam alguma “pinga” à mais, eram levados para fora do perímetro da Maydan com as palavras – “tio, vá ficar sóbrio e volte amanhã”. Na Maydan não bebiam mesmo aqueles que na vida real gostavam dos copos – as pessoas entendiam a responsabilidade pelo que estava acontecendo ao seu redor, fortemente enfatizado que Maydan – é o estado da oposição da sociedade civil contra usurpador soviético e tentavam se comportar de acordo. Claro, era impossível controlar todo o mundo, mas a espinha dorsal dos ativistas da Maydan eram assim.
Nas suas reportagens as TV putinistas procuravam, à todo o custo, os elementos marginais, tentando os apresentar como “maydanistas”, mas geralmente era coisa bem fraca – as reportagens sobre “bandidos sem lei e ordem, drogados e cheios de vodca” eram desmentidas pelas imagens de ações disciplinadas e bem concertadas das Centenas de Autodefesas da Maydan.

06. Lúmpen “esquerdista direitista” de Hamburgo nunca poderá ganhar – pois não têm objetivos claramente definidos, e há apenas programas destrutivos como “se apropriar e dividir”.
Maydan ucraniano – ganhou. Em parte, apenas porque demonstrou a imagem de um possível futuro às pessoas desesperadas, que com os escudos feitos de contraplacado, avançavam contra as balas dos soldados de Yanukovych. Hoje, Ucrânia – lentamente, com dificuldades, mas começa se desdobrar na direção do futuro, aprovando e simplificando as leis relevantes e gradualmente saindo do pântano soviético.

Foto: Jeff J. Mitchel | Alexander Koerner | Vladimir Shtanko/Anadolu Agency | Texto Maxim Mirovich

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