terça-feira, julho 25, 2017

Crimeia russa morre em ruínas (11 fotos)

No Extremo Oriente russo se situa a sua própria Crimeia, nas proximidades da auto-estrada Vladivostok-Nakhodka, a localidade abriga duas unidades militares e apenas duas últimas famílias de residentes. Crimeia local é uma espécie de modelo, em miniatura, da Crimeia ucraniana ocupada. O espelho do seu futuro próximo…
A localidade de Crimeia está localizada à 6 km da vila de Fokino, na direção do assentamento urbano Dunay (Danúbio), fundado pelos emigrantes da Moldova em 1907. É muito simples falhar a entrada na Crimeia, não existe nenhuma placa na entrada, apenas algumas casas que espreitam através das árvores indicam que alguma vez aqui viviam as pessoas.
Em 2006 viviam na Crimeia 29 pessoas. A vila continua ser o local de aquartelamento de duas unidades militares em funcionamento, mas os moradores deixaram o local por volta de 2009. O alojamento em Crimeia foi considerado degradado e os moradores receberam os apartamentos em Fokino.
A moradora local Svetlana conta que os residentes não queriam deixar a localidade. Até se ofereciam para comprar os edifícios em que moravam, mas não tiveram nenhuma resposta. Depois de saída deles, os edifícios foram colocados à venda na haste pública, por cerca de 2 milhões de rublos (cerca de 66.000 dólares ao câmbio de 2009), mas naquela altura já ninguém estava interessado na sua compra. Na localidade ficaram a viver apenas duas famílias e cerca de 30 gatos, abandonados pelos seus antigos proprietários. Svetlana, tendo a pena dos bichos, os alimenta de vez em quando.
A escola da Crimeia foi fechada na década de 1970, neste momento do edifício resta apenas a carcaça. Mais tarde se fechou a única loja. Se entortaram e quase entraram em colapso pequenas casinhas de madeira nos talhões abandonados. No interior das casas, ainda ficaram preservados alguns móveis e os objetos pessoais como lembrete de que antigamente viviam aqui as pessoas que até gostavam deste lugar isolado.
Edifício da antiga escola
A Crimeia possui apenas quatro edifícios de alvenaria. Agora, quase todos são abandonados. Alguns ainda possuem os apartamentos habitáveis, que são visitados pelos antigos moradores. Um desses se chama Ilya.
Periodicamente venho aqui como para a casa de campo. No verão aparece muita gente, rumo ao mar, então temos que zelar pelos restantes apartamentos. Várias vezes perseguimos os indivíduos caucasianos que tentam desmontar as casas em tábuas e tijolos, mas é impossível verificar tudo e todos. Os edifícios são desmontados lentamente, – explica o ex-morador da Crimeia.
Perguntado pelo jornalista se ele acompanha a situação com a Crimeia ucraniana, Ilya diz que constantemente vê as notícias e sinceramente se preocupa com as pessoas: – São russos, iguais a nós (Sic!). E uma nação não deve lutar entre si. Espero que todos eles estarão bem no futuro próximo.
Nota histórica: a vila de Crimeia foi chamada assim pelos imigrantes ucranianos em honra da península da Crimeia no Mar Negro. Crimeia do Extremo Oriente foi povoada por imigrantes ucranianos no início do século XX. Na região russa de Primorye, existem várias localidades com os nomes ucranianos: aldeia Kievka (em homenagem à cidade de Kyiv) no distrito de Lazovsky, aldeia Khreshchatyk (em homenagem à principal avenida de Kyiv) na área de Kavalerovskiy; aldeia de Tavrichanka (em homenagem à Távria, região no sul da Ucrânia) no distrito de Nadezhdensky, entre outras. 
Em 1958, Nikita Khrushchev durante uma visita ao Extremo Oriente estava nadando no golfo de Pedro o Grande. A delegação governamental foi surpreendida por baías exóticas, os militares não escondiam o prazer, olhando para as colinas verdes, às praias de areia dourada, o sol desenfreado, quase da Crimeia e o aroma perfumado de morangos silvestres locais. “Aqui, é como na Crimeia!” – disse Khrushchev, enfatizando os pontos bucólicos do local, chamado assim em honra da península ucraniana do Mar Negro.
Apenas 56 anos depois, o local parece uma lixeira ao seu aberto, visitada pelos extraterrestres/aliens. Mas não, Crimeia simplesmente foi atingida em cheio pelo “mundo russo”…

@ Reportagem é de 13.03.2014

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