quinta-feira, julho 20, 2017

Coreia do Norte: a viagem ao zoo comunista (26 fotos)

O youtuber russo Pyotr Lovigin voltou vivo da Coreia do Norte e conta as suas experiências no país do “ditador gordinho com um penteado legal” em três reportagens fotográficas e também em vídeo.
RPDC é imaginada por maioria de pessoas como um estado militarizado cinzento, onde todas as pessoas marcham em filas, onde cada segundo cidadão está preso nos campos de concentração e o país é governado por um herdeiro trintão de uma dinastia que está no poder há 70 anos. Pai, Filho e Espírito Santo. Kim Jong-un, Kim Jong-il e Kim Il Sung.
O que é possível dizer? ...Apenas que os norte-coreanos realmente marcham em filas!!! Foi a primeira coisa que vi pela janela: um grupo de trabalhadores do aeroporto estava marchar até o local de reboque da aeronave. Um par de vezes nos também tínhamos que marchar.
Ainda no avião recebemos as publicações propagandistas com a seguinte passagem: “Lágrimas correram pelas bochechas dos trabalhadores da Grande Coreia no momento da aparência do Amável chefe do partido no estádio”.

Estamos em Pyongyang. No controlo aduaneiro me tiraram todos o flash-drives, mas não verificaram nenhum. Ainda bem que tirei da carteira as fotos de natureza erótica. São proibidas de entrar na Coreia do Norte.
Verificação dos bens, carimbo, um par de perguntas em russo e encontramo-nos sob os cuidados do nosso guia Song Hwa e o “major”, representante dos serviços secretos. O chekista e guia vão nos seguir incansavelmente durante toda a estadia no país. À um estrangeiro é proibido para deixar o hotel sozinho, caminhar na cidade, fazer os pagamentos em moeda local.

As pessoas com experiência na RPDC aconselharam levar os presentes do continente: uísque, perfumes, cigarros. Dessas pessoas depende da forma como o turista verá o país.

O mais legal foi o motorista. Ele falava apenas em coreano, mas as suas emoções já eram suficientes. Este foi o norte-coreano mais positivo da Coreia do Norte, dos que foram vistos por mim.
O programa da estadia não permitia muitas as liberdades. No primeiro dia foi programada a visita à Biblioteca, Memorial dos soldados soviéticos, Museu da guerra e lojas de souvenirs. Tedioso, hein? O nome do grande líder estava metido em cada ponto da visita.

Lojas de souvenirs – éramos levados para lá diariamente e não compramos nada. Bem, porque a oferta é uma porcaria.
Na cidade, o autocarro/ônibus turístico circula em grande velocidade – de modo que não tivemos tempo para fotografar nada. No entanto, é permitido fotografar apenas aquilo que é permitido. É proibido fotografar os militares, e qualquer objeto minimalmente relacionado com a defesa. Isso é difícil – porque os militares estão em toda a parte. Entre a multidão, no metro, nas repartições, em toda parte!
Quem precisa de todos esses memoriais, monumentos e outro porra de propaganda comunista?! Mas ninguém pergunta se isso nos interessa ou não. A Coreia do Norte vive no seu próprio mundo e quem quer voltar vivo tem que respeitar as suas regras.

A impressão inicial de Pyongyang é de ser a cópia da URSS da década de 1950, como se as filmagens daquela época fossem pintadas no tom de óculos de sol.
A Biblioteca Nacional foi construída em 21 meses. Mas na ausência de Internet no país, ela ficou no século XX. A pergunta “Qual é a frequência com que são atualizados os livros sobre os computadores?” colocou a nossa guia no primeiro impasse.
A nossa atenção chamou o livro “Anedotas” de autoria de Kim Il-Sung.

 Ele escrevia as anedotas? – perguntamos – suposto de ser engraçadas?..
 Não, não foi ele... Isso é, ele, mas não as anedotas.
 Mas está escrito “Anedotas”. São engraçadas?
 Não é engraçado.
 Mas são anedotas, entende-se que devem ser engraçadas...!
Menina bibliotecária começou à ficar confusa no seu depoimento e decidiu acabar com a conversa com esta frase: “Este é um livro muito bom”.

Claro, mesmo se não for engraçado, ninguém quer ir ao GULAG!
Na biblioteca entramos no elevador. Nele permanentemente está uma menina (foto abaixo), que pressiona os botões. Perguntamos:
 É o seu trabalho: apenas pressionar os botões do elevador?
Os guias dizem:
 Sim... (a pausa de alguns segundos)... Mas em geral, ela também canta.

Entramos no hotel. Este é um dos edifícios mais altos da cidade. O mesmo hotel onde foi roubado o malfadado cartaz que custou a vida do estudante norte-americano Otto Warmbier.

Vieram umas mulheres...
por acaso, não é uma piada. De acordo com rumores, todos os quartos estão equipados com escutas. Mas isso não nos impede de falar sobre o sistema existente. Pessoalmente, acredito que países como a Coreia do Norte devem existir na Terra. Com eles a vida é mais interessante [os zoos comunistas realmente são importantes e didáticos para mostrar “como não se deve viver”, pena que isso não inibe as pessoas de querer experimentar um pouco de comunismo].

À noite, sentamos com os guias norte-coreanos, discutindo os planos futuros. Escolhemos circo, carreira do tiro, cervejaria, metro e o Museu das prendas do grande líder Kim Il Sung... Não há muita escolha. Os coreanos conseguiram nos levar ao Museu de flores, onde cada flor tem o nome dos Grandes líderes e chefes.
Na cave do hotel existe ping-pong, bilhar, karaoke e uma piscina. Cada prazer vale 3 euros por hora. Como bónus existe a possibilidade de se comunicar com a coreana entediada atrás do balcão.
Máquinas do ginásio escondidas atrás das flores.

Os norte-coreanos têm uma fixação especial na guerra com a Coreia do Sul e com os EUA em meados do século passado. Eles se recusam categoricamente a dizer o número das suas baixas, mas constantemente dizem o número de imperialistas mortos e capturados. Se vangloriam da sua generosidade, dizendo que todos foram libertados após um pedido de desculpas. No entanto, o orgulho especial é captura do navio americano Pueblo, localizado ao lado do museu.
O Museu de prendas é realmente luxuoso. Apenas não é permitido tirar as fotos. Há corvos bicando soldados americanos mortos, uma estátua de cera de Kim Il Sung, o panorama giratório de toda a guerra coreana. O chefe do estado marechal Kim Jong-un supervisionou pessoalmente a construção deste museu.
À minha pergunta “Você viu marechal Kim Jong-un ao vivo?” a donzela delicada vestida no estilo militar (foto em cima) respondeu:
- Não, mas é o meu sonho!
A propósito, de todas as pessoas que perguntei – ninguém viu Kim Jong-un ao vivo. Estou começando à duvidar de sua existência.
As mulheres de azul. Assim que eu peguei a câmara – então apareceu a responsável do grupo e alertou todas as participantes que na presença dos estrangeiros não podem falhar!!
São donas de casa simples que de livre e espontânea pressão se juntam em tais conjuntos que são usados para chamar as pessoas ao trabalho.
E é tudo por hoje. Na próxima edição vamos ao Palácio dos Pioneiros e comeremos o cão/cachorro.

Foto e texto @Pyotr Lovigin

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